' Na data de hoje, um deputado federal apresentou um projeto de emenda constitucional com o seguinte teor:
"Art. 1.º Fica convocada uma revisão constitucional a ser realizada em 1.º de janeiro de 2015, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, por votação unicameral.
Art. 2.º A revisão constitucional prevista no art. 1.º desta Emenda deverá observar os limites materiais ao poder de reforma previsto no art. 60, parágrafo 4.º da CF/88"
Você é o Procurador da referida Casa Legislativa, e foi incubido de emitir parecer jurídico fundamentado acerca da viabilidade da proposta, no qual deverá abordar todos os aspectos do tema. Elabore então o referido parecer. '
O parecer deve defender a impossibilidade de convocação de uma revisão constitucional porque tal possibilidade exauriu-se.
ADCT
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Nesse sentido, Nathalia Masson:
“Realizada a revisão, ainda que lamentável tenha sido seu resultado, a norma constitucional do ADCT que a previa se exauriu, ficou com sua aplicabilidade esgotada. Nesse sentido, não há que se falar na convocação de um novo procedimento revisionai: o dispositivo constitucional foi bem claro ao mencionar "a revisão", isco é, uma única revisão, agora já feira e encerrada.
Há na doutrina, em contrapartida, quem defenda a viabilidade de uma emenda constitucional que altere o art. 3°do AOCT, propiciando uma nova revisão. Essa alteração, porém, só se legitimaria se grandiosas e substanciais mudanças fossem percebidas na sociedade, de modo que necessária se romaria uma revisão global do texto, com o fito de adequar a Constituição a (nova) realidade a ser normatizada.
Respeitamos a tese, mas advogamos cm sentido oposto: parece-nos que o poder originário somente consentiu com uma única convocação do procedimento revisionai; se esta foi iniciada de modo precipitado e seu resultado foi tímido e inexpressivo (porque não promoveu mudanças significativas no ordenamento) não há nada mais que se possa fazer!
Em conclusão, qualquer eventual emenda à Constituição que permitir nova revisão nos parecerá uma absurda e fraudulenta tentativa de ferir a vontade do poder originário, propiciando modificações no texto constitucional por procedimento mais acessível e simples.” (Manual de Direito Constitucional. 4ª ed. pg. 146)
Na mesma linha, Bernardo Gonçalves afirma:
“muito se discute atualmente se seria cabível uma nova reforma global do texto constitucional, nos moldes expressos nele. A resposta insofismável é que não, pois o texto do ADCT só estabeleceu a previsão de uma revisão constitucional (como observamos já realizada).” (Curso de Direito Constitucional, 9ª Ed. Pg. 136)
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