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Disserte acerca do instituto da Compliance e sua aplicação no ordenamento jurídico pátrio.

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Especialistas PD

Em interessante artigo sobre o tema, Carolina Louzada Petrarca e Gabriela Rollemberg ensinam que:

“Analisando historicamente a relação entre empresas e burocracia, pode-se perceber que a dificuldade em distinguir os domínios público e privado não constitui uma peculiaridade dos servidores. Pelo contrário, o setor privado assentou-se, em grande medida, sobre as bases de uma espécie de clientelismo na relação com a burocracia. Nesse cenário, as leis anticorrupção e as práticas da boa governança não devem abranger apenas atos da administração pública, mas também, e fundamentalmente, a governança corporativa das empresas privadas, por meio de regras de natureza geral e normas autoimpostas, como os programas de integridade, mais conhecidos pelo termo compliance.

Oriunda de avanços nos regimes internacionais, a ideia da boa governança adentrou o ordenamento jurídico brasileiro tanto pela via do direito público quanto pela do privado, haja vista a influência sobre este dos mais modernos imperativos da administração. Dessa forma, novos critérios, como transparência, prestação de contas, responsabilização de gestores e da administração passam a ser parâmetros de conduta adotados pelas empresas. A adoção desse conjunto de práticas passa a ser crescente na relação entre os conselhos administrativos, os acionistas e outras partes interessadas.”

No Brasil, a Lei Anticorrupção (Lei 12.846, de 2013, também denominada Lei da Empresa Limpa) e o Decreto 8.420, que a regulamenta, representam o início de um movimento que impacta diretamente o setor empresarial, primeiro em sua relação com a administração pública, e, posteriormente, incutindo nas empresas a necessidade de se autorregularem em consonância com a nova categoria do direito empresarial, os programas de integridade autoimpostos” (https://www.conjur.com.br/2018-jun-11/opiniao-compliance-fundamental-transparencia-mercado).

A Lei 13.303/2016, chamada de Estatuto das Estatais, também demonstra forte preocupação com a implementação de mecanismos de compliance e boa governança. Vejamos

Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos. 

§ 7o  Na participação em sociedade empresarial em que a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias não detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no dever de fiscalizar, práticas de governança e controle proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do qual são partícipes, considerando, para esse fim: 

Art. 6o  O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias deverá observar regras de governança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle interno, composição da administração e, havendo acionistas, mecanismos para sua proteção, todos constantes desta Lei.

Art. 8o  As empresas públicas e as sociedades de economia mista deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos de transparência: 

III - divulgação tempestiva e atualizada de informações relevantes, em especial as relativas a atividades desenvolvidas, estrutura de controle, fatores de risco, dados econômico-financeiros, comentários dos administradores sobre o desempenho, políticas e práticas de governança corporativa e descrição da composição e da remuneração da administração; 

Art. 9o  A empresa pública e a sociedade de economia mista adotarão regras de estruturas e práticas de gestão de riscos e controle interno que abranjam: 

I - ação dos administradores e empregados, por meio da implementação cotidiana de práticas de controle interno;

§ 1o  Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre: 

I - princípios, valores e missão da empresa pública e da sociedade de economia mista, bem como orientações sobre a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude; 

II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação do Código de Conduta e Integridade; 

III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias internas e externas relativas ao descumprimento do Código de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e obrigacionais; 

IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias; 

V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código de Conduta e Integridade; 

VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre Código de Conduta e Integridade, a empregados e administradores, e sobre a política de gestão de riscos, a administradores. 

O tema ainda é recente, mas, conforme o exposto, já se pode notar que o legislador tem buscado desenvolver o tema no país.

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