Respostas
Para responder essa pergunta precisamos colocar em prática nossos conhecimentos da disciplina de Antropologia.
A primeira impressão dos textos deixa uma clara percepção de ideias contraditórias sobre o mesmo período histórico. É preciso que se faça uma discussão ou reflexão sobre o processo de miscigenação no Brasil.
A história marcada na pele, cultura, linguagem, etc, dos brasileiros é fruto de atividades como escravização, imperialismo, estupro e resistência. A vinda dos portugueses para o Brasil marca a exploração do território brasileiro e suas riquezas, bem como a dominação e imposição cultural sobre os povos indígenas. Há que se ressaltar que dominação não foi pacífica durante muito tempo. Com a chegada dos escravos africanos, a miscigenação é aprofundada. O importante é analisar de que forma ela se deu. É possível que os negros, que eram mantidos em senzalas e em regime de chicotadas, atraiam as paixões do povo português. Porém, a narrativa mais consciente deve se voltar para a relação entre os negros e portugueses. Nesse sentido, a ideia de português e negros em matrimônio parece insustentável, evidenciando a verdadeira forma violenta na qual se deu a miscigenação, através do estupro. A capoeira, que é marco das raízes brasileiras atualmente, nasceu na resistência negra, como forma de luta. Mesmo após a abolição da escravidão, o povo negro foi abandonado sem educação ou especialização para realizar trabalhos e produzir seu sustento e ainda, às margens do racismo branco da época.
Tendo vista a análise histórica, é possível perceber uma visão romantizada do que foi o processo de miscigenação segundo Gilberto Freyre. O descrito no texto 1 por Gilberto Freyre é muito improvável quando analisado sob a narrativa de tratamento do povo negro escravo. O trecho “Permitiu constante mobilidade de classe para classe e até de uma raça para outra’ dá a ideia de povos livre, o que não é verdade.
No texto 2, redigido por Florestan Fernandes, há uma descrição mais realista do processo de miscigenação. O texto fala da dificuldade dos indivíduos descritos como “de cor” se integrarem na sociedade competitiva e sobre os preconceitos enfrentados.
Gilberto Freyre e Florestan Fernandes são dois grandes expoentes do pensamento social brasileiro, tendo especial relevo na questão da herança colonial e escravista e suas marcas na sociedade brasileira. Ambos têm visões opostas acerca da inserção do negro na sociedade brasileira. Cabe destacar que ambos conceberam as suas concepções em momentos distintos, refletindo aspirações e percepções ideológicas e culturais inerentes a cada momento histórico.
Freyre, em Casa Grande & Senzala, parte do pressuposto de que o Brasil é uma sociedade etnica e culturalmente mestiça, miscigenada, reafimando o aspecto da integração do negro e do mulato e a democracia racial, ao passo que Fernandes, como o título da sua obra sugere, O Negro no Mundo dos Brancos, a percebe como uma sociedade dividida entre uma elite branca, detentora dos privilégios, dos benefícios e da hegemonia cultural de um lado e, do outro lado, um amplo seguimento da população composta por negros e mulatos, alijados da ascensão econômica e social pela "barreira de cor", enfatizando em sua obra a segregação e a luta pela democracia racial.
Freyre concebeu a sua obra no princípio da década de 30, momento de intenso debate acerca da verdadeira identidade nacional, e da compreensão da alma do Brasil, simultaneamente ao grande esforço de integração nacional empreendido na década de 30. Freyre teve o mérito de conceber de forma positiva o papel do negro e a sua contribuição na sociedade colonial, ao contrário das interpretações do Brasil anteriores, influenciadas pelas ideias deterministas e evolucionistas, que atribuiam um viés negativo à participação do negro, de forma pessimista, inviabilizando o futuro do país. Assim, Freyre inaugurou um novo paradigma para o pensamento social brasileiro, o qual se caracterizou, segundo Ricardo Benzaquen, pela assimilação da "contribuição do negro" - e em menor escala do índio -, em pé de igualdade com o branco, na nossa formação histórica, e pelo reconhecimento do caráter híbrido da nossa sociedade, de forma a lançar as bases para a formação de uma identidade nacional e de uma consciência coletiva. Essa assimilação e permeabilidade do negro teria se dado por meio de uma pretensamente pequena distância entre os senhores e os escravos, entre dominadores e a massa trabalhadora constituida de "homens de cor", que teria resultado numa situação de dependentes, protegidos, e até mesmo de "solidário e afim", resultando num "equilíbrio de antagonismos" entre negros e brancos. Em suma, em Casa Grande & senzala, Gilberto Freire pretensamente solucionou um dilema nacional que inviabilizaria culturalmente o futuro do Brasil como nação.
Florestan Fernandes, por sua vez, publicou O Negro no Mundo dos Brancos no início dos anos 70, momento em que estava em pauta nos meios intelectuais a satisfação das demandas das classes populares, dos oprimidos, a luta de classes e o antagonismo entre dominadores e dominados, refletindo o clima ideológico vigente à época. Em continuidade a outros trabalhos anteriores, Fernandes dedica-se à relação entre negros e brancos, atacando a hipocrisia representada pela "democracia racial", denunciando a "barreira de cor" que, segundo a sua concepção, impedem a ascensão do negro na sociedade brasileira. Dessa forma a teoria social de Florestan Fernandes traz ao debate o "dilema racial dea sociedade brasileira.
Por fim, cabe destacar que as obras supramencionadas, embora abordem a questão racial, são opostas em suas concepções, refletindo o clima cultural e ideológico de cada momento histórico.
Para responder essa pergunta precisamos colocar em prática nossos conhecimentos da disciplina de Antropologia.
A primeira impressão dos textos deixa uma clara percepção de ideias contraditórias sobre o mesmo período histórico. É preciso que se faça uma discussão ou reflexão sobre o processo de miscigenação no Brasil.
A história marcada na pele, cultura, linguagem, etc, dos brasileiros é fruto de atividades como escravização, imperialismo, estupro e resistência. A vinda dos portugueses para o Brasil marca a exploração do território brasileiro e suas riquezas, bem como a dominação e imposição cultural sobre os povos indígenas. Há que se ressaltar que dominação não foi pacífica durante muito tempo. Com a chegada dos escravos africanos, a miscigenação é aprofundada. O importante é analisar de que forma ela se deu. É possível que os negros, que eram mantidos em senzalas e em regime de chicotadas, atraiam as paixões do povo português. Porém, a narrativa mais consciente deve se voltar para a relação entre os negros e portugueses. Nesse sentido, a ideia de português e negros em matrimônio parece insustentável, evidenciando a verdadeira forma violenta na qual se deu a miscigenação, através do estupro. A capoeira, que é marco das raízes brasileiras atualmente, nasceu na resistência negra, como forma de luta. Mesmo após a abolição da escravidão, o povo negro foi abandonado sem educação ou especialização para realizar trabalhos e produzir seu sustento e ainda, às margens do racismo branco da época.
Tendo vista a análise histórica, é possível perceber uma visão romantizada do que foi o processo de miscigenação segundo Gilberto Freyre. O descrito no texto 1 por Gilberto Freyre é muito improvável quando analisado sob a narrativa de tratamento do povo negro escravo. O trecho “Permitiu constante mobilidade de classe para classe e até de uma raça para outra’ dá a ideia de povos livre, o que não é verdade.
No texto 2, redigido por Florestan Fernandes, há uma descrição mais realista do processo de miscigenação. O texto fala da dificuldade dos indivíduos descritos como “de cor” se integrarem na sociedade competitiva e sobre os preconceitos enfrentados.
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