Segundo a Doutrina e o CP.
O legislador, por entender que as relações familiares devem receber especial atenção do estado, estabeleceu que, havendo prática de crime patrimonial entre parentes próximos (pai e filho, tio e sobrinho, por exemplo), estes crimes não devem ser punidos, ou, ao menos, devem depender da vontade da vítima (representação).
As imunidades penais nada mais são do que um conjunto de normas não incriminadoras, muitas delas verdadeiras normas permissivas (que ampliam o âmbito de licitude do comportamento do sujeito ativo), que fundam-se em motivos de ordem política que atendem ao interesse da solidariedade e harmonia família no círculo familiar.
As imunidades penais absolutas incidem nos crimes praticados entre cônjuges, na constância da sociedade conjugal, e entre ascendentes e/ou descendentes, enquanto as imunidades penais relativas incidem nos crimes praticados entre cônjuges separados judicialmente, entre irmãos e entre tio e sobrinho. As absolutas impedem a propositura da ação penal, enquanto as relativas tornam os crimes de ação penal pública incondicionada em condicionada à representação do ofendido. Não incidira qualquer das imunidades se a vítima for pessoa idosa, se o crime for cometido com violência ou grave ameaça, nem se estende ao terceiro.
Por fim, conclui-se que as imunidades penais são institutos despenalisadores que possuem natureza jurídica de causas extintiva de punibilidade, no caso das absolutas, e causas de procedibilidade nos casos das relativas.
Caro Anderson,
O furto entre parentes, de modo geral, é possível. Entretanto, dependendo do parentesco, pode haver isenção de pena, devendo-se levar em conta as regra dos arts. 181 a 183, C.P.
"Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título (dos crimes contra o patrimônio), em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Portanto, segundo a doutrina e considerando o C.P., vemos que o furto entre parentes é sempre possível, pois a conduta típica não faz distinção às vítimas. As disposições gerais do Título II da parte especial do C.P. é que apresentam casos de isenção de pena, o que é diferente de desqualificação da conduta.
Espero ter ajudado. Sds e bons estudos.
Mário Augusto.
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