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sociologia

Avaliação:

Avaliação I - Individual FLEX ( Cod.:423226) ( peso.:1,50)

Prova Objetiva:

8600355

1. A Sociologia surge no período da modernidade, num contexto fortemente influenciado pela Revolução Industrial, pelo Iluminismo, Renascimento Cultural, Reforma Protestante, entre outros eventos e movimentos que ocorreram a partir do século XV-XVI, estendendo-se até a contemporaneidade. A Sociologia surge com a preocupação de entender o funcionamento da sociedade daquela época, porém foram atribuídos concepções e pressupostos que acompanharam a disciplina em outros períodos. Com relação às concepções e pressupostos da Sociologia, analise as sentenças a seguir:

I- Pretende ser um estudo sistemático do comportamento social e dos grupos humanos, as relações que estes estabelecem e as influências que estes recebem e exercem na sociedade.
II- Representa uma tentativa de compreender o indivíduo, suas manifestações e interações psíquicas em regime de confinamento e isolamento.
III- Parte do pressuposto de que os padrões e os valores sociais influenciam e interferem no comportamento dos indivíduos que compõem determinado grupo e sociedade. 
IV- Deve concentrar-se nos aspectos de organizações, instituições, mecanismos, manifestações, interações e problemas sociais.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

💡 1 Resposta

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LR

RESPOSTA: IV - Deve concentrar-se nos aspectos de organizações, instituições, mecanismos, manifestações, interações e problemas sociais.

JUSTIFICATIVA: Apesar de ser possível verificar em todas as alternativas objetos de estudos em potencial para a disciplina a alternativa mais correta, que mais se aproxima do significado puro da disciplina é a IV - Deve concentrar-se nos aspectos de organizações, instituições, mecanismos, manifestações, interações e problemas sociais.

Sobre o debate levantado pela questão a respeito da concepção e os pressupostos da disciplina, a justificada para da alternativa correta está presente nos itens: 1) Concepção da sociologia; 2) Pressupostos da sociologia.

 

1) Concepção da sociologia:

A concepção da disciplina “sociologia’ é usualmente atribuído a Comte (1798 – 1857):“O termo ‘sociologia’ foi criado por Augusto Comte em 1839, no IV volume de seu Curso de Filosofia Positiva, para designar a ciência da sociedade” (DUVERGE: 1966:1). A sociologia surge juntamente com o processo de industrialização e das mudanças estruturais das sociedades ocidentais, em virtude da grande onda de desenvolvimento e acumulação de novos conhecimentos. As ciências ganham neste período um impulso de grande valor. A existência de atores como Comte, ganha maior relevância em função do tempo de intensas mudanças em que se vivia.

Por volta de 1780, a Inglaterra começa a viver os primeiros indícios de um processo de “transformação rápida, fundamental e qualitativa” (HOBSBAWM, 2010: 60). A Revolução Industrial representou um novo momento histórico na humanidade que nunca se completou, pois ainda hoje tal revolução prossegue: “sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma desde então” (Ibidem, p. 60). Diz-se que em dado momento a Revolução Industrial explodiu, o que significa dizer que ineditamente na história do mundo “foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas” (Ibidem, p. 59) e “que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços” (Ibidem, p. 59). Até então não havia sido possível superar os limites sociais, tecnológicos e intelectuais (ciências) que estruturavam a sociedade pré-industrial. Periodicamente, atingia-se um colapso impeditivo representado pela fome e pela morte.

Os efeitos da revolução industrial apenas começaram a ser sentidos a partir da década de 1830. A literatura e as artes passaram a ser “abertamente obcecadas pela ascensão da sociedade capitalista, por um mundo no qual todas os laços sociais se desintegravam exceto os laços entre o ouro e o papel-moeda” (Ibidem, p. 58). Na década de 1840, a “literatura oficial e não oficial [buscavam compreender] sobre os efeitos sociais da revolução industrial que ainda não começara a fluir” (Ibidem, p. 58). Esse esforço acadêmico veio  exatamente quando “o proletariado, rebento da revolução industrial, e o comunismo, que se achava agora ligado ais seus movimentos sociais – o espectro do Manifesto Comunista –, abriram caminho pelo continente.” (Ibidem, p. 58).

 Se por um lado, a revolução industrial trouxe grandes avanços econômicos e científicos, desde o início de um processo de maior intercomunicação entre as áreas do mundo conhecido, passando pelos grandes incrementos científicos e organizativos gerados pela expansão da produção industrial, por outro lado gerou uma grave impacto no âmbito social: “a transição da nova economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social” (Ibidem, p. 75), talvez esta a mais grave de todas as outras possíveis consequências. “E, de fato, a revolução social eclodiu na forma de levantes espontâneos dos trabalhadores da indústria e das populações pobres das cidades, produzindo as revoluções no continente e os amplos movimentos cartistas na Grã-Bretanha. O descontentamento não estava ligado apenas ais trabalhadores pobres. Os pequenos comerciantes, sem saída, a pequena burguesia, setores especiais da economia eram também vítimas da revolução industrial e de suas ramificações. (...) A exploração da mão de obra, que mantinha sua renda em nível de subsistência, possibilitando aos ricos acumularem os lucros que financiavam a industrialização (e seus próprios e amplos confortos), criava um conflito com o proletariado. (...) Os trabalhadores e a queixosa pequena burguesia, prestes a desabar no abismo dos destituídos de propriedades, partilhavam os mesmos descontentamentos. Estes descontentamentos por sua vez uniam-nos nos movimentos de massa do ‘radicalismo’, da ‘democracia’ ou da ‘república’ (...).” (Ibidem, p. 75). “Uma sociedade de bem-estar social (Welfare) ou socialista teria, sem dúvida, distribuído alguns destes vastos acúmulos para fins sociais. No período que focalizamos nada menos provável. Virtualmente livres de impostos, as classes médias continuaram portanto a acumular em meio a um populacho faminto, cuja fome era o reverso daquela acumulação.” (Ibidem, p. 86)

2) Pressupostos da sociologia:

Por Sociologia podemos compreender ser “a ciência da sociedade, entendendo-se por sociedade o campo das relações intersubjetivas” (ABBAGNANO, 2007: 1083), usualmente referida para indicar “qualquer tipo ou espécie de análise empírica ou teórica que se refira aos fatos sociais, ou seja, às efetivas relações inter-subjetivas, em oposição às ‘filosóficas’ ou ‘metafísicas’ da sociedade, que pretendem explicar a natureza da sociedade como um todo, independentemente dos fatos e de modo definitivo” (ABBAGNANO, 2007: 1083). Ou seja, é objeto de estudo da sociologia tudo o que possa ser tomado como fato social, e por fato social entende-se ser todas as relações inter-subjetivas presentes na sociedade. Assim, mando, poder, coerção, consenso, são exemplos de termos sempre presentes, pois havendo relação social, ou seja, havendo um forma qualquer de convivência humano, há objeto a ser estudado pela sociologia. No vasto campo da análise sociológica, há um campo especificamente voltado à política, nomeado de Sociologia Política.

Se por sociologia compreendemos então o estudo dos fatos sociais, as relações sociais são consideradas assim fatos sociais. Para esclarecer, cabe expor aqui a definição feita por Durkheim de fato social. Em As regras do método sociológico (1966), Durkheim define que compete a sociologia exclusivamente o estudo do fato social, e que este fato deve ter o status de coisa, caso contrário não se trata de um fato, e assim não deve ser tomado como objeto de estudos. Ser coisa é ser um fenômeno externo e ao mesmo tempo generalizado. Generalizado porque tal fenômeno deve ter certo nível de recorrência no conjunto da sociedade. Externo porque deve ser algo afastado das consciências individuais, ou seja, algo independente das manifestações isoladas. Em um país onde o sistema de governo organiza-se em torno de eleições periódicas, as eleições, ou mesmo o sistema de governo como um todo, seria um fato social? A democracia é um fenômeno naturalizado no conjunto de uma determinada sociedade, os períodos eleitorais são momentos não apenas normais, como esperados. Caso um único indivíduo não concorde com esta forma de organização acarretará em um golpe de Estado? Em uma mudança organizativa? Segundo Durkheim, não, o indivíduo isolado não é capaz de sobrepor sua opinião a esta estrutura já dada por haver nela uma poder coercitivo, uma força imperativa, que pode ter uma origem naturalizada por meios como os costumes, a educação, a família, ou uma origem da coerção mais violenta que se manifesta pelo uso repressivo do exército ou da polícia, em cumprimento do que a justiça e seus “interpretes autorizados” determinam (DURKHEIM, 1966: 2). Por ser algo generalizado e independente da consciência individual, o exemplo dado tem status de coisa, tem a solidez necessária para ser considerado um fato social, e assim ser relevante em uma pesquisa sociológica.

Retomando assim, se por sociologia compreendemos então o estudo dos fatos sociais, e há este campo da Sociologia política, todas as possíveis relações políticas são consideradas assim fatos sociais. Quando “se inicia a reflexão sociológica sobre o poder, o Estado e o dever político” (BOBBIO, 1993: 1217), desponta-se com isso o campo específico da sociologia política. Para além de Durkheim, a sociologia política possui dois outros patronos, Marx e Weber.  Por eles, e tantos outros de menor vulto, “O poder, o Estado, o dever político, são vistos como elementos do ‘social’, quer representem uma ‘função’ na sociedade civil, quer revelem, em vez disso em forma institucional, a coercitividade como elemento da ‘luta de classes’.” (BOBBIO, 1993: 1217).

 

Referências Bibliográficas:

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 4ed, 1966.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

DUVERGER, Maurice. Ciência Política, Teoria e Método. Rio de Janeiro: Editora Zatar, 1966.

HOBSBAWM, Eric J.. A era das Revoluções: 1789 - 1848. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

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