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como ocorre a atuação de desintoxicação promovida pelo fígado??

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Lethycia Fernandes

FISIOLOGIA HEPÁTICA 

Funcões do fígado
    Genericamente, a função do fígado é regular a concentração sérica de várias espécies químicas de extrema importância fisiológica. Especificamente, as funções do fígado são:

  • Regulação dos níveis séricos de carboidratos, de lipídios, de proteínas e dos produtos do seu metabolismo. Ao fazê-lo o fígado participa de forma relevante do metabolismo destas espécies químicas
  • Síntese de proteínas e de outras moléculas (aminoácidos não essenciais, por exemplo) séricas
  • Armazenamento de vitaminas e metais (Fe)
  • Degradação de hormônios
  • Inativação de drogas e de toxinas e excreção dos produtos da degradação (desintoxicação).
  • Excreção do colesterol (ácidos e sais biliares).
  • Excreção de produtos do metabolismo da hemoglobina (Bilirubina).
  • A bile produzida e lançada na luz duodenal é indispensável para a digestão e absorção das gorduras.


Relação estrutura-atividade
    Circulação hepática
        O fígado recebe sangue da veia porta-hepática, que já passou pelos capilares do território gastrintestinal, e da artéria hepática. Do sangue venoso, que lhe chega pelo sistema porta, o fígado vigia e controla eficientemente as alterações da concentração sérica promovidas pela absorção intestinal. Como este sangue, venoso, tem baixa pressão parcial de O2, para o metabolismo próprio das células hepáticas, o O2 vem da circulação arterial. As quantidades são assim: a circulação hepática fica com 25 % do débito cardíaco, 3/4 de sangue venoso, chegando pela veia porta, e 1/4 de sangue arterial. A capacitância do fígado é significativa, com 15 % do volume sangüíneo (750 ml). Em hipotensões hipovolêmicas, a metade deste volume pode ser mobilizada. A circulação portal não sofre autoregulação. A arterial é autorregulada, com participação da adenosina. Os fluxos venoso e arterial variam reciprocamente.
        Como a pressão na veia porta é de 10 mmHg e nas veias centrais fica entre 2 e 3 mmHg, a pressão nos sinusóides hepáticos, fica entre estes valores. Como a pressão arterial média é de 90 mmHg, sítios de resistência pré-capilar contribuem com um proporção muito maior que os pós-capilares para a resistência total. Esta distribuição das resistências torna o balanço das forças de Starling vulnerável à pressão venosa central. Uma elevação desta, como ocorre na insuficiência cardíaca congestiva, provoca ascite (acúmulo de fluido na cavidade peritonial). Por outro lado, o sistema porta, nas cirroses hepáticas, aumenta a pressão esplâncnica, com edema peritonial. Veias que se anastomosam com a porta, nestas condições, experimentam aumento de pressão, com dilatação. Esta é uma das causas de varizes esofágicas. O tônus simpático promove constrição nos sítios de resistência arterial e venosa. O consumo de O2 pelas células hepáticas é constante. Nas eventuais reduções do fluxo sanguíneo, a fração de extração aumenta. Embora a PO2 seja menor que a arterial, a pouca permuta por contra-corrente entre arteríolas e vênulas permite uma pressão parcial do gás suficiente para as células hepáticas.

    Estrutura do parênquima hepático.
        Nos lóbulos há uma veia central para onde drena o sangue que percorre os sinusoides. Na periferia dos lóbulos há ramos da veia porta e da artéria hepática, que formam vênulas e arteríolas que irrigam os capilares, que no tecido hepático se denomimam sinusoides. Estes têm poros mais amplos que permitem um contato incomum dos hepatócitos com o plasma. Os hepatócitos, eles próprios, formam os canalículos biliares, delimitados pelas junções entre as células. Estes canalículos drenam para os dutos biliares, formados por células epiteliais. Estes dutos convergem para o duto hepático comum, que se bifurca entre o duto cístico e o colédoco.
        Os componentes orgânicos da bile (sais biliares 60%, fosfolipídios 20%, colesterol 4%, proteínas 5%, pigmentos biliares, 0,3%) são secretados pelos hepatócitos, estimulados pela colecistocinina. Os dutos biliares secretam uma solução de bicarbonato de Na+, estimulados pela secretina. A secreção da bile é um processo ativo e não uma filtração. Nas fases interdigestivas, com o esfíncter de Oddi cerrado, a bile (250 a 1550 ml) é armazenada na vesícula biliar, onde é concentrada de 5 a 20 vezes. Durante a  fase digestiva a bile vesical é expulsa por contração da vesícula, estimulada pelo parassimpático e pela colecistocinina.

Funções
    Metabolismo de carboidratos
        Com os músculos esqueléticos, os hepatócitos são os principais sítios de armazenamento de glicose, na forma de glicogênio. Os hepatócitos estão enzimaticamente equipados para a síntese de glicogênio, para a glicogenólise e para a neoglicogênese. O metabolismo da glicose e o metabolismo de lipídios em adipócitos e hepatócitos, coordenados pelo glucagon e pela insulina, estão integrados, assegurando o suprimento energético às células do organismo. Em surtos de intensa atividade muscular esquelética, a demanda por ATP recorre à glicólise e à degradação de proteína, com produção de, respectivamente, piruvato e alanina. Estes são removidos da circulação pelos hepatócitos, que os utilizam na neoglicogênese.

    Metabolismo de proteínas
        Degradação de aminoácidos:
            O primeiro passo na degradação dos aminoácidos é a conversão a glutamato, pela reação com alfa-cetoácido. A desaminação do glutamato produz NH4+/NH3. O íon amônio é tóxico às células. Em mamíferos, este íon é prontamente convertido a uréia pelos hepatócitos. A uréia é excretada pelos rins.
        Síntese de proteínas séricas:
            O fígado sintetiza e exporta para o plasma várias das suas proteínas: albumina, globulinas, lipoproteínas, fibrinogênio e outras proteínas implicadas na coagulação sanguínea.
        Síntese de aminoácidos não essenciais.
            Os onze aminoácidos não essenciais são sintetizados pelos hepatócitos.

    Metabolismo de lipídios.
        Os produtos da hidrólise luminal dos lipídios - monoglicerídios, lisofosfolipídios e colesterol - são absorvidos pelo enterócito e nele processados Os lipídios são agregados em quilomicrons, envolvidos por beta-lipoproteína, e exportados por exocitose. Os trigliceridios dos quilomicrons são hidrolizados por lipases do endotélio vascular a glicerol e ácidos graxos que, capturados pelos adipócitos, são reconvertidos a triglicerídios e armazenados. Os quilomicrons originais tinham 90% de triglicerídios, 5% de fosfolipídios e 1% de colesterol, além da apolipoproteína. Com a hidrólise pelas lipases, os triglicerídios são removidos, e os quilomicrons remanescentes se enriquecem em colesterol. Estes são removidos da circulação pelos hepatócitos que convertem o colesterol em ácidos biliares, mais adiante discutidos, e os excretam na bile. Este é o único mecanismo de excreção do colesterol. Os hepatócitos produzem as apoproteínas  que formam os VLDL. Estes agregados supramoleculares - partículas de lipoproteínas -  são as formas de transporte dos lipídios para os tecidos, onde são usados na síntese de membranas e de hormônios esteroídicos .
        Condições de citoglicopenia severa, como ocorre no diabetes mellitus descompensado, a beta-oxidação de ácidos graxos produz corpos cetônicos (beta-hidroxibutirato, acetoacetato, acetona), exportados para o plasma. Estas espécies químicas produzem acidose metabólica.
 

        Excreção dos sais biliares.
            Os sais biliares produzidos pelos hepatócitos por transformação do colesterol, são a única forma de excreção deste lipídio. A transformação do colesterol em ácidos biliares, é o primeiro processo. Os ácidos biliares são conjugados com a taurina ou com a glicina o que acentua o caráter anfipático, de detergente, das moléculas. Bactérias intestinais podem desconjugar os sais e modificar os ácidos. A desconjugação por infecção bacteriana no intestino delgado produz ácidos que inibem o transporte de eletrólitos, aminoácidos e açúcares. No intestino grosso os sais biliares inibem a reabsorção de eletrólitos e água sobrevindo a diarreia. Contudo, ocorre para os sais biliares o que se chama de circulação enterro-hepática. Secretados para o duodeno durante a digestão, em torno de 90% da massa é reabsorvida  no íleo. A perda fecal diária, de 0,2 a 0,6 g/dia, é reposta por síntese hepática, de maneira que o "pool"de 3 a 4 g é mantido. Os sais biliares reabsorvidos no íleo são prontamente secretados para a bile pelos hepatócitos
            Os sais biliares, pelo seu caráter anfipático, formam micelas com os demais lipídios (lecitinas) presentes na bile. Na digestão dos lipídios são importantes pois os emulsificam, e formam as micelas que dispersam os produtos da digestão e os conduzem até as membranas dos enterócitos para a absorção.
            A síntese de sais biliares pelos enterócitos está determinada pela velocidade da reabsorção ileal, de forma a manter o "pool" constante. A redução na reabsorção aumenta a velocidade de síntese, de forma saturável. A concentração da bile na vesícula biliar, dependendo da concentração inicial, pode provocar a precipitação do colesterol, como cristais formando os cálculos biliares.

    Excreção de hormônios, drogas e toxinas.
            Os hepatócitos são capazes de inativar várias espécies químicas com ação biológicas. Por conjugação com taurina, glicina, ácido glucurônico ou glutationa criam compostos mais hidrosolúveis que podem ser excretados na bile ou na urina.

    Pigmentos biliares.
            Os eritrócitos são destruídos a cada 120 dias pelo sistema retículo-endotelial. A bilirubina é o produto do metabolismo do grupamento Heme da hemoglobina e, insolúvel, viaja no plasma conjugada com a albumina. O complexo é retirado da circulação pelos hepatócitos. A bilirubina é conjugada com o ácido glucurônico e excretada na bile. No intestino grosso a bilirubina é convertida a urobilinogênio. Boa parte deste é excretado. O que é reabsorvido é secretado para a bile pelos hepatócitos ou eliminado na urina. Sais de Ca2+ da bilirubina não conjugada são insolúveis e podem  formar cálculos vesicais.
            Os hepatócitos armazenam espécies químicas de importância fisiológica. Destacam-se entre elas o Fe e as vitaminas A, D e B12.

Questões orientadoras do estudo
1. Analise a circulação hepática
2. Faça um esquema da estrutura do parênquima hepático.
3. Investigue a composição e a origem da bile. Qual é a principal modificação que a vesícula biliar impõe à bile?
4. Discuta a o metabolismo de carboidratos, com ênfase na participação do fígado.
5. Quanto às proteínas, discuta com algum detalhe: o metabolismo de aminoácidos, degradação e síntese, a síntese de proteínas séricas.
6. Discuta o metabolismo de lipídios, com ênfase na participação hepática.
7. Discuta a excreção do colesterol.
8. Discuta a excreção hepática de moléculas pouco hidrossolúveis naturalmente presentes no plasma e as que são introduzidas com finalidades

 

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Andre Smaira

De drogas e álcool a substâncias estranhas desconhecidas, o fígado ajuda a filtrar e desintoxicar os materiais que não deveriam estar em nosso corpo. Garantir que as toxinas sejam removidas com segurança do sangue é um dos trabalhos mais importantes do fígado.


O primeiro passo utiliza enzimas e oxigênio para queimar toxinas, especialmente as gordurosas. A segunda etapa de desintoxicação combina toxinas com aminoácidos para que possam ser removidas do fígado através da bile ou da urina.


Toxinas externas específicas: certos medicamentos, aditivos alimentares, conservantes, corantes alimentares, edulcorantes, intensificadores de sabor, produtos químicos usados ​​na agricultura, álcoois, compostos orgânicos voláteis, fumos, poluição do ar e muitos outros fatores.


O fígado é também a fonte da bílis, que funciona para decompor as gorduras. É uma fonte de energia, armazenando glicose na forma de glicogênio que é convertido de volta à glicose. Metabolizando carboidratos, proteínas e gorduras, tornando os alimentos disponíveis para o corpo, para energia, construção de tecidos, ativando enzimas.


Os modernos programas de desintoxicação de hoje raramente usam o jejum, mas olham para a modificação da dieta. Programas modernos de desintoxicação alimentam as vias de desintoxicação do fígado, ao mesmo tempo em que fornecem nutrientes para otimizar o reparo do corpo e do intestino.

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Andre Smaira

De drogas e álcool a substâncias estranhas desconhecidas, o fígado ajuda a filtrar e desintoxicar os materiais que não deveriam estar em nosso corpo. Garantir que as toxinas sejam removidas com segurança do sangue é um dos trabalhos mais importantes do fígado.


O primeiro passo utiliza enzimas e oxigênio para queimar toxinas, especialmente as gordurosas. A segunda etapa de desintoxicação combina toxinas com aminoácidos para que possam ser removidas do fígado através da bile ou da urina.


Toxinas externas específicas: certos medicamentos, aditivos alimentares, conservantes, corantes alimentares, edulcorantes, intensificadores de sabor, produtos químicos usados ​​na agricultura, álcoois, compostos orgânicos voláteis, fumos, poluição do ar e muitos outros fatores.


O fígado é também a fonte da bílis, que funciona para decompor as gorduras. É uma fonte de energia, armazenando glicose na forma de glicogênio que é convertido de volta à glicose. Metabolizando carboidratos, proteínas e gorduras, tornando os alimentos disponíveis para o corpo, para energia, construção de tecidos, ativando enzimas.


Os modernos programas de desintoxicação de hoje raramente usam o jejum, mas olham para a modificação da dieta. Programas modernos de desintoxicação alimentam as vias de desintoxicação do fígado, ao mesmo tempo em que fornecem nutrientes para otimizar o reparo do corpo e do intestino.

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