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Como se da o controle exercido sobre a decretação do estado de defesa,realizado pelo legislativo e judiciário?

💡 2 Respostas

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Ademir Maciel

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estado de defesa, conforme art. 136 da Constituição Federal, poderá ser decretado para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

Regras e procedimentos

Conforme art. 84, IX, compete privativamente ao Presidente da República decretar o estado de defesa. Para isto, conforme art. 136, deve ouvir previamente o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, órgãos de consulta, mas cujos pareceres não têm caráter vinculativo. Dessa forma, o Presidente poderá decretar o estado de defesa mesmo com parecer opinando pela desnecessidade.

O decreto presidencial que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem durante sua vigência.

São medidas coercitivas que poderão ser tomadas durante o estado de defesa restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio das associações, e ao sigilo de correspondência e de comunicação telegráfica e telefônica. Poderá ocorrer também, na hipótese de calamidade pública, a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

O tempo de duração do estado de defesa não será superior a 30 dias, podendo ser prorrogado 1 vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.

Durante sua vigência, poderá ser decretada prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida. Esta prisão deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial.

A comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação. Além disso, é vedada a incomunicabilidade do preso.

A prisão ou detenção de qualquer pessoa também não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário.

Controle político do estado de defesa

Enchente

A decretação do estado de defesa está sujeita a controle político tanto imediato (no momento da decretação), quanto concomitante (durante a vigência) e 

sucessivo, este após cessada a sua vigência.

O controle político imediato é realizado pelo Congresso Nacional, nos termos dos §§ 4º a 7º do art. 136. Conforme esses dispositivos, decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 dias, pelo presidente do Seando.

O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de 10 dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.

O controle político concomitante ocorre conforme regra do art. 140. Segundo este artigo, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de 5 de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa.

Quanto ao controle sucessivo ou a posteriori, o art. 141, parágrafo único, estabelece que, logo que cesse o estado de defesa, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, bem como a relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Caso essas informações não sejam aceitas pelo Congresso Nacional, a doutrina entender ser o caso de crime de responsabilidade do Presidente da República, sujeito ao processo de impeachment.

Controle judicial do estado de defesa

Assim como o controle político, o controle judicial do estado de defesa, conforme entendimento doutrinário, ocorre de forma imediata, concomitante e sucessiva.

O controle judicial imediato ocorre em caso de abuso ou desvio de finalidade no ato político de decretação do estado de defesa. A doutrina não é unânime quanto à possibilidade de controle judicial do ato político de decretação, e o Supremo Tribunal Federal ainda não se posicionou quanto ao tema. De qualquer forma, conforme os defensores da tese, esse controle deve ser realizado com parcimônia e em hipóteses excepcionais.

Quanto ao controle judicial concomitante, a prisão ou detenção de qualquer pessoa durante a vigência do estado de defesa não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. Além disso, com base no que determina o art. 5º, XXXV, da Constituição, qualquer lesão ou ameaça a direito poderá ser apreciada pelo Judiciário, com o intuito de reprimir abusos e ilegalidades, observados os limites constitucionais das restrições permitidas.

O controle judicial sucessivo, por sua vez, fundamenta-se no art. 141, caput, segundo o qual cessado o estado de defesa, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

O Congresso Nacional exerce um controle político do Estado de Defesa, mas só pode se dar em momento posterior à decretação da intervenção federal (art. 49, IV, da CRFB). Percebamos, que o dispositivo fala em aprovação da intervenção federal, sendo certo que somente se aprova aquilo que já está feito.

Do contrário, quando trata do Estado de Sìtio, fala em autorização, que seria prévia, o que ratifica a linha de raciocínio trazida acima e já assentada pela doutrina.

Ademais, o decreto de Estado de Defesa deve ser submetido ao Congresso Nacional, no prazo de 24 horas, inclusive quando se tratar de mera prorrogação (art. 136, §4º, da CRFB).

Quanto ao controle jurisdicional, temos o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, razão pela qual somente a CRFB/88 poderia impedir que determinada matéria fosse levada ao conhecimento do Poder Judiciário, o que não foi feito no presente caso. 

Sendo assim, é possível o controle do Estado de Defesa e da Intervenção Federal pelo Supremo Tribunal Federal, mas não será controle político, se limitando a verificar a juridicidade e o atendimento de todas as regras estabelecidas no decreto presidencial, bem como na aprovação do Congresso Nacional e das normas constitucionais estabelecidas.

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