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Qual a relação dos principios gerais do direito com a completude do ordenamento jurídico e as fontes matériais do direito?

💡 2 Respostas

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Alysson Rocha

Editei a resposta por haver erros de digitação!

Devido ao dinamismo da vida social, o ordenamento jurídico - e os legisladores - não consegue prever todas as ações e comportamentos que emergem no meio social. Disto isto, haverá casos que não foram previstos pelas normas jurídicas e, logo, haverá lacunas. Quando ocorre a omissão de uma norma, ou seja, quando há lacunas no ordenamento, ocorre o problema da completude do Ordenamento Jurídico. O Ordenamento Jurídico antevendo uma eventual omissão da lei estipulou regra visando sanar a omissão. É o caso do art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB - que prevê que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Analogia, costumes e os princípios gerais de direito são chamados de métodos de integração (ou de preenchimento das lacunas) do Ordenamento Jurídico. Atualmente, é consenso que os princípios gerais de direito constituem também fonte do direito. Os princípios gerais de direito têm a classificação de fonte formal mediata do direito, juntamente com a jurisprudência, doutrina e os costumes por servirem de auxílio para a aplicação do Direito. Ou seja, os princípios gerais de direito além de fazerem parte dos métodos de integração do ordenamento jurídico, são também uma das fontes do direito.

Espero que essa explicação seja norteadora para que você entenda por você mesma a relação. Espero ter ajudado! Bons estudos!

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DLRV Advogados

A expressão “fonte do direito”, com bem salienta Tercio Sampaio Ferraz Jr., é uma metáfora que acaba causando varias interpretações, “posto que por fonte quer-se significar simultaneamente e, às vezes confusamente, a origem histórica, sociológica, psicológica, mas também a gênese analítica, os processos de elaboração e dedução de regras obrigatórias, ou ainda a natureza filosófica do direito, seu fundamento”.

São múltiplos os critérios metodológicos para se estabelecer uma classificação para as fontes do direito, mas de forma geral, podemos classificar em fontes materiais e fontes formais.

Iremos aqui tratar sobre as materiais:

Tem-se por fontes materiais a própria sociedade. São consideradas fontes materiais “todas as autoridades, pessoas, grupos e situações que influenciam a criação do direito em determinada sociedade”, segundo Dimitri Dimoulis. 

Citando Hüber Gallo, Paulo Nader aduz que as fontes matériais podem ser classificadas em diretas e indiretas. As primeiras corresponderiam aos órgãos elaboradores do direito positivo como o Poder Legislativo, que cria as leis, e o Poder Judiciário, que cria a jurisprudência. Já as segundas seriam os fatores jurídicos, como a Moral, a Economia, a Geografia, entre outros.

Tais fontes materiais são, portanto, aquelas responsáveis por criar ou influenciar na criação do direito positivo. No entanto, é natural que o ordenamento jurídico criado não possua normas para regular todos os fatos da vida cotidiana, gerando as chamadas lacunas normativas.

Segundo a definição de Engisch, "lacuna é uma incompletude insatisfatória dentro da totalidade jurídica."

A problemática das lacunas tem dois aspectos: o primeiro se refere a sua configuração sistemática. É o problema da completude do ordenamento. O segundo refere-se à questão de, admitida a incompletude, sabermos como devem ser preenchidas as lacunas.

O problema da incompletude do sistema é resolvido mediante as chamadas técnicas de integração.

“Art. 4º LINDB. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.

Também podem ser resolvidas por equidade, e pela jurisprudência.

  • Analogia:

Analogia, em específico, consiste em julgar casos semelhantes de maneira semelhante. Segundo Francisco Ferreira, "consiste em aplicar à hipótese não prevista especialmente em lei dispositivo relativo a caso semelhante. Nesse caso, o magistrado estende um preceito legal a casos não diretamente compreendidos na descrição legal, porém, semelhantes".

"A analogia pode ser legal (legis), quando o juiz pega uma única lei que regula o caso parecido e aplica-a por analogia; ou jurídica (iuris), quando o juiz pega um conjunto de normas e aplica por analogia diante da lacuna, não utilizando apenas uma única lei como paradigma."

  • Costume:

O costume advém de uma fonte material indireta, e pode ser conceituada como a norma criada e imposta pelo uso social; é uma forma espontânea e popular de criação do Direito.

Conceituam-se como costumes as regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e prolongada, o que resulta numa certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica.

  • Princípios Gerais do Direito:

Segundo Ana Targueta, os Princípios Gerais do Direito são enunciados normativos, de valor muitas vezes universal, que orientam a compreensão do ordenamento jurídico no tocante à elaboração, aplicação, integração, alteração (derrogação) ou supressão (ab-rogação) das normas. Assim, o legislador não encontrando solução na analogia e nos costumes, por exemplo, para preenchimento das lacunas presentes nas leis, poderá buscá-lo nos princípios gerais do Direito, sendo estes constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e podem ser universalmente aceitas, mesmo não escritas.

  • Equidade:

A equidade, segundo Ferraz Jr., é "o sentimento do justo concreto, em harmonia com as circunstâncias e adequado ao caso. O juízo por equidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma espécie de intuição, no concreto, das exigências da justiça enquanto igualdade proporcional”.

  • Jurisprudência:

Segundo Miguel Reale, pela palavra “jurisprudência”, devemos entender a forma de revelação do direito que se processa através do exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais.

Importa ressaltar que o direito jurisprudencial não se forma através de uma, duas ou três sentenças. É necessário que haja uma série de julgados que guardem, entre si, uma linha essencial de continuidade e coerência.

Para que se possa falar em jurisprudência de um Tribunal, é necessário certo número de decisões que coincidam quanto à substância das questões objeto de seu pronunciamento.

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