Buscar

Solicito por meio deste, argumentos sólidos para uma apresentação de acusação à Antígona, a trama entre o Direito Natural e Direito Positivo.

💡 5 Respostas

User badge image

RD Resoluções

Antígona é uma peça escrita pelo dramaturgo grego Sófocles que aborda alguns dos temas que sempre estarão presentes em qualquer sociedade humana, que são: a consciência individual; o poder do Estado; a obrigação ou não de aceitarmos todas as leis; e a própria existência de uma Lei natural que transcende à dos homens. Antígona fica sabendo que um dos seus irmãos mortos teve o direito à sepultura negado. Ambos haviam lutado durante a guerra civil pelo trono de Tebas. Creonte, que tomou o poder, decide que Polinices, irmão de Antígona, terá seu cadáver exposto às aves de rapina. Antígona revolta-se contra o decreto de Creonte e decide oferecer um sepultamento digno a seu irmão. Isto acontece porque sua consciência individual elevada traz para a tragédia a questão da Lei Natural, que terá tanta importância futura no Cristianismo. A Lei dos Deuses permite que ela desobedeça às ordens de Creonte porque são superiores e estão além de qualquer governo de qualquer época.

Historicamente, a Lei Natural foi facilmente colocada de lado por governantes e instituições em várias ocasiões. O eterno conflito entre a consciência de cada um e as leis estabelecidas por Estados e governantes poderosos deu origem a muitas situações dramáticas. Creonte rapidamente condena Antígona à morte.

Ao analisar a obra de Sófocles percebe-se a discrepância entre a lei para Antígona e para Creonte. Para a primeira haveria uma lei eterna e superior que se sobrepões a vontade dos homens. Já para o segundo, a lei seria a lei positivada, posta, a lei vigente. Ocorre então uma clara oposição entre um Direito Natural x Direito positivo. Antes de adentrarmos no que compele a essas duas escolas do Direito, faz por bem esmiuçarmos as personagens Creonte e Antígona.

Quando Antígona defende seu direito eterno assegurado pelos deuses percebe-se a similaridade entre seu discurso e o Direito Natural que consiste em um conjunto de normas jurídicas que derivam da natureza, caracterizado por sua permanência pois deriva de valores que antecedem a criação do Estado, universalidade pois seus

preceitos são idênticos a todos os seres humanos, independentemente de suas condições culturais específicas e, seu caráter absoluto pois independe de qualquer autoridade local que o positive e que lhe dê valor.

Já o discurso de Creonte revela uma aspiração positivista do direito onde as normas jurídicas são aquelas positivadas pelo Estado e não dependem de critérios externos a elas, como a moral, o costume, a religião ou o direito natural.

A obra de Sófocles revela-se até hoje atual, por simbolizar o embate entre o direito posto e a subjetividade moral de cada pessoa. Antígona em sua essência então representaria a personificação dos direitos individuais, mesmo que na época clássica tais direitos nem cogitavam existir pois a vontade das pessoas era submissa à vontade do Estado-Cidade. Entretanto, a obra pode ser observada do ponto de vista da evolução do direito perante os conflitos que permeiam a sociedade. Em suas obras, Sófocles propõe uma discussão política onde os meios para a obtenção de justiça seriam através da construção da subjetividade do direito. A busca pelo justo para Creonte e Antígona representou a negação do posicionamento um do outro e culminou a tragédia. Mesmo nas democracias da atualidade, não é raro surgirem normas jurídicas e morais antagônicas revelando que nem sempre os interesses do Estado e dos indivíduos coincidem e reclamando por uma solução que preserve a eficácia exigida do primeiro e as liberdades individuais do segundo — sem a qual a cidadania dá lugar à tirania.

1
Dislike0
User badge image

Adriano César

muito bom

 
0
Dislike0
User badge image

Andre Smaira

Antígona é uma peça escrita pelo dramaturgo grego Sófocles que aborda alguns dos temas que sempre estarão presentes em qualquer sociedade humana, que são: a consciência individual; o poder do Estado; a obrigação ou não de aceitarmos todas as leis; e a própria existência de uma Lei natural que transcende à dos homens. Antígona fica sabendo que um dos seus irmãos mortos teve o direito à sepultura negado. Ambos haviam lutado durante a guerra civil pelo trono de Tebas. Creonte, que tomou o poder, decide que Polinices, irmão de Antígona, terá seu cadáver exposto às aves de rapina. Antígona revolta-se contra o decreto de Creonte e decide oferecer um sepultamento digno a seu irmão. Isto acontece porque sua consciência individual elevada traz para a tragédia a questão da Lei Natural, que terá tanta importância futura no Cristianismo. A Lei dos Deuses permite que ela desobedeça às ordens de Creonte porque são superiores e estão além de qualquer governo de qualquer época.

Historicamente, a Lei Natural foi facilmente colocada de lado por governantes e instituições em várias ocasiões. O eterno conflito entre a consciência de cada um e as leis estabelecidas por Estados e governantes poderosos deu origem a muitas situações dramáticas. Creonte rapidamente condena Antígona à morte.

Ao analisar a obra de Sófocles percebe-se a discrepância entre a lei para Antígona e para Creonte. Para a primeira haveria uma lei eterna e superior que se sobrepões a vontade dos homens. Já para o segundo, a lei seria a lei positivada, posta, a lei vigente. Ocorre então uma clara oposição entre um Direito Natural x Direito positivo. Antes de adentrarmos no que compele a essas duas escolas do Direito, faz por bem esmiuçarmos as personagens Creonte e Antígona.

Quando Antígona defende seu direito eterno assegurado pelos deuses percebe-se a similaridade entre seu discurso e o Direito Natural que consiste em um conjunto de normas jurídicas que derivam da natureza, caracterizado por sua permanência pois deriva de valores que antecedem a criação do Estado, universalidade pois seus

preceitos são idênticos a todos os seres humanos, independentemente de suas condições culturais específicas e, seu caráter absoluto pois independe de qualquer autoridade local que o positive e que lhe dê valor.

Já o discurso de Creonte revela uma aspiração positivista do direito onde as normas jurídicas são aquelas positivadas pelo Estado e não dependem de critérios externos a elas, como a moral, o costume, a religião ou o direito natural.

A obra de Sófocles revela-se até hoje atual, por simbolizar o embate entre o direito posto e a subjetividade moral de cada pessoa. Antígona em sua essência então

representaria a personificação dos direitos individuais, mesmo que na época clássica tais direitos nem cogitavam existir pois a vontade das pessoas era submissa à vontade do Estado-Cidade. Entretanto, a obra pode ser observada do ponto de vista da evolução do direito perante os conflitos que permeiam a sociedade. Em suas obras, Sófocles propõe uma discussão política onde os meios para a obtenção de justiça seriam através da construção da subjetividade do direito. A busca pelo justo para Creonte e Antígona representou a negação do posicionamento um do outro e culminou a tragédia. Mesmo nas democracias da atualidade, não é raro surgirem normas jurídicas e morais antagônicas revelando que nem sempre os interesses do Estado e dos indivíduos coincidem e reclamando por uma solução que preserve a eficácia exigida do primeiro e as liberdades individuais do segundo — sem a qual a cidadania dá lugar à tirania.

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais