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Em relação à Escola Monista podemos afirmar que:
 
    a teoria de Kelsen mais se aproxima da doutrina defendida pela Escola Pluralista;
    não há distinção doutrinária entre monismo e pluralismo, haja vista que ambas as escolas defendem a tese de que qualquer grupo político estaria apto a criar normas de direito;
    a Escola Monista, na realidade, defende o duplo grau de jurisdição, permitindo que diferentes juízes se manifestem em um mesmo processo.
    a Teoria Pura de Kelsen mais se identifica com o monismo jurídico;
    a Escola Monista defende que, além do grupo político, a sociedade, através dos costumes, também pode criar normas jurídicas;

 

 
 

💡 2 Respostas

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Laiana Cavalcante

A teoria Pura de Kelsen mais se identifica com o monismo jurídico

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LR

Resposta: Está CORRETA a alternativa que afirma que a Teoria Pura de Kelsen mais se identifica com o monismo jurídico.

Justificativa:

Considerando que o Monismo é uma “concepção que rêmora ao eleatismo grego, segundo o qual a realidade é constituída como um princípio único, um fundamento elementar, sendo os múltiplos seres redutíveis em ultima instância a essa unidade.”, que a visão da Escola Monista do campo jurídico determina que há apenas um único ordenamento e que Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito e do Estado busca reduzir a compreensão o todo em termos um único ordenamento jurídico (não podendo haver dois ordenamentos, pois há apenas um Direito, e não dois), então, há ligação entre o autor e a escola é absolutamente factível.

Com relação a doutrina sociológica, a doutrina jurídica apresenta um contraponto do entendimento do Estado: “Esta distinção tornara-se necessária em seguida à tecnicização do direito público e à consideração do Estado como pessoa jurídica, que dela derivava.” (BOBBIO, 2010: 56). A importante da concepção do Estado como pessoa jurídica é de tal definição deriva em da concepção de Estado de direito: “Por sua vez, a tecnicização do direito público era a consequência natural da concepção do Estado como Estado de direito, como Estado concebido principalmente como órgão de produção jurídica e, no seu conjunto, como ordenamento jurídico.” (BOBBIO, 2010: 56).

O Estado de direito relaciona-se a necessidade de garantir os direitos fundamentais. Esses direitos dizem respeito às “liberdades burguesas: liberdade pessoal, política e econômica” (BOBBIO, 1993: 401), e podem ser traduzidos unicamente  por “um direito contra a intervenção do Estado” (BOBBIO, 1993: 401). Assim, quando se aponta para a questão do Estado como ordenamento jurídico e a relação disso com a visão do Estado como Estado de direitos, entende-se que o Estado deve ser concebido formalmente como estrutura organizada por um sistema jurídico que visa a garantia do status quo burguês.

-- O Estado entendido como ordenamento jurídico:

Kelsen define Estado, segundo a doutrina jurídica, da seguinte forma: 1. “O Estado é a comunidade criada por uma ordem jurídica nacional (em contraposição a uma internacional). O Estado como pessoa jurídica é a personificação dessa comunidade ou a ordem jurídica nacional que constitui essa comunidade.” (KELSEN, 2005: 261 – 262); 2. “Um sistema de normas, segundo essa visão, possui a unidade e a individualidade, que faz merecer o nome de ordem jurídica nacional, exatamente porque está, de um modo ou de outro, relacionado a um Estado como fato social concreto, porque é criado ‘por’ um Estado ou válido ‘para’ um Estado.” (KELSEN, 2005: 262); 3. “O Estado é aquela ordem da conduta humana que camacha de ordem jurídica, a ordem à qual se ajustam as ações humanas, a ideia à qual os indivíduos  adaptam sua conduta.” (KELSEN, 2005: 272); 4. “Apenas como ordem normativa o Estado pode ser uma autoridade com o poder de obrigar, especialmente se essa autoridade for soberana” (KELSEN, 2005: 273); 5. “O Estado é uma organização política por ser uma ordem que regula o uso da força, porque ela monopoliza o uso da força. Porem (...) esse é um dos caracteres essenciais do Direito. O Estado é uma sociedade politicamente organizada porque é um comunidade constituída por uma ordem coercitiva, e essa ordem coercitiva é o Direito.” (KELSEN, 2005: 273).

Kelson, em Teoria Geral do direito e do Estado (2005), aponta para a seguinte direção: “A doutrina tradicional distingue três ‘elementos’ do Estado: seu território, seu povo e seu poder.” (KELSEN, 2005: 299). O capítulo Os elementos do Estado, presente no livro citado, tem como conteúdo um aprofundamento a respeito do que essa afirmação inicial sugere.

De acordo com a teoria tradicional, o povo, assim como o território e o poder, é um dos elementos do constitutivos do Estado. Assim como não há Estado sem território, não há Estado sem povo – um Estado, um território, um povo. Assim como deve haver uma unidade territorial, o povo também deve compor um outro tipo de unidade, uma unidade composta de seres humanos que habitam um determinado espaço (o território de um Estado). “Assim como o Estado tem apenas um território, ele tem apenas um povo, e, como a unidade do território é jurídica e não natural, assim o é a unidade do povo. Ele é constituído pela unidade da ordem jurídica válida entre os indivíduos cuja conduta é regulamentada pela ordem jurídica nacional, ou seja, é a esfera pessoal de validade dessa ordem. Exatamente como a esfera territorial de validade da ordem jurídica nacional é limitada, assim também o é a esfera pessoal. Um indivíduo pertence ao povo de um dado Estado se estiver incluído na esfera pessoal de validade de sua ordem jurídica. Assim como todo Estado contemporâneo abrange apenas uma parte do espaço, ele também compreende apenas uma parte da humanidade. E, assim como a esfera territorial de validade da ordem jurídica nacional é determinada pelo Direito internacional, assim o é a sua esfera pessoa.” (KELSEN, 2005: 334). “A ordem jurídica regulamenta a conduta de um indivíduo vinculando uma sanção coercitiva à conduta contrária, sendo este condição da sanção. Mas, segundo o Direto internacional, o ato coercitivo estipulado pela ordem jurídica nacional só pode ser dirigido a indivíduos que estejam dentro do território do Estado (...). Isso não significa que a ordem jurídica só possa vincular atos coercitivos aos atos realizados dentro do território. (...). No entanto, essas sanções só podem ser executadas contra indivíduos que estão dentro do território. Desse modo, a esfera pessoal de validade da ordem jurídica nacional é determinada pelo Direto internacional. Trata-se de uma determinação indireta. Ela resulta da determinação da esfera territorial de validade.” (KELSEN, 2005: 335)

“A cidadania ou nacionalidade é um status pessoal, a aquisição e a perda são reguladas pelo Direto nacional e pelo internacional A ordem jurídica nacional faz desse status a condição de certos deveres e direitos.” (KELSEN, 2005: 336) / “O compromisso de fidelidade é habitualmente citado como um dos deveres específicos dos cidadãos. Quando se concede cidadania a uma pessoa, ela às vezes tem de jurar fidelidade ao seu novo Estado. (...). Juridicamente, a fidelidade nada mais significa que a obrigação geral de obedecer à ordem jurídica, uma obrigação que os estrangeiros também têm e que não é criada pelo juramente de fidelidade.” (KELSEN, 2005: 337). “As vezes, fala-se do direito de um cidadão ser ‘protegido’ por seu Estado como a contraparte de sua fidelidade a este. (...) Fidelidade e proteção são consideradas obrigações recíprocas. Mas, exatamente como a fidelidade não significa nada além dos deveres que a ordem jurídica impõe aos cidadãos a ela sujeitos, assim o direito do cidadão à proteção não possui nenhum conteúdo a não ser os deveres que a ordem jurídica impõe aos órgãos do Estado para com os cidadãos.” (KELSEN, 2005: 340)

“Os chamados direitos políticos encontram-se entre os direitos que a ordem jurídica costuma reservar a cidadãos. Eles são comumente definidos como os direitos que são ao seu possuidor um poder de influência na formação da vontade do Estado. O principal direito político é o direito de votar, isto é, o direito de participar na eleição dos membros do corpo legislativo e de outros funcionários de Estado.” (KELSEN: 2005: 337). “Também são considerados direitos políticos certas liberdades garantidas pela constituição, tais como liberdade religiosa, liberdade de expressão e de imprensa, o direito de manter e portar armas, o direito do povo à segurança de suas pessoas, casas, documentos e bens, o direito contra buscas e apreensões desarrazoadas, o direito de não ser privado de vida, liberdade ou propriedade sem o devido procedimento de Direito, de não ser desapropriado sem justa compensação, etc.” (KELSEN: 2005: 338). “Habitualmente, considera-se também um direito político a capacidade – em geral reservada a cidadãos – de ser eleito ou nomeado para um cargo público.” (KELSEN: 2005: 339).

Referências bibliográficas:

BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: Para uma teoria geral da política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do Estado. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

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