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o que é poder dominante e não dominante?

💡 2 Respostas

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Wellken Brito

Já o poder dominante é típico dos Estados, que o exerce de forma imperativa, nãoexistindo outra forma de poder que concorra com este. Vale dizer que caso o exercício desse poder encontre qualquer tipo de resistência, o poder dominanteserá exercido, inclusive, pelo uso da força.

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LR

Há quem diga que é possível verificar o poder segundo duas naturezas: o poder dominante e o poder não dominante. O poder dominante estaria presente no grupo de seres humanos quase perfeitamente organizados: o Estado em sua condição de ordenamento jurídico (Território + Povo + Poder), dessa forma a defesa que se faz é a de que o Estado é detentor do poder dominante. O poder não-dominante estaria presente em todas as outras sociedades, sociedade escolar, sociedade territorial, ou seja, eu todo agrupamento de pessoas que não seja o Estado. Entretanto, essa forma de compreender o poder é bastante polêmica, pois há quem diga que não é possível considerar o poder em termos de dominante e não dominante. O debate a seguir irá esclarecer a questão.

Ciência do Estado X Ciência do Poder

Primeiramente é necessário determinar qual é o objeto da Ciência Política (sinônimo de Sociologia política). Estamos tratando aqui do “ramo das ciências sociais que estuda os fenômenos do poder” (DUVERGER, 1968: 24). Mas há duas formas de verificar os fenômenos do poder, capaz de modificar o olhar que se tem da disciplina: A ciência política é uma ciência do Estado ou uma ciência do poder? Duverger defende a segunda opção, pelo seu caráter “mais ‘operacional’” (DUVERGER, 1968: 13). A questão é se devemos ou não compreender o Estado (enquanto um possível fenômeno de poder) como objeto único da ciência, e não logo o poder em si, para além do Estado. A concepção de uma ciência do Estado vem  da compreensão de que Política é o “conhecimento de totó que se relaciona com a arte de governar um Estado e de dirigir suas relações com os demais Estados” (DUVERGER, 1968: 14). Essa noção de política pressupõe que o Estado é “uma categoria particular de agrupamentos humanos, de sociedades”, cujos sentidos podem ser dois: “Estado-nação e Estado-governo” (DUVERGER, 1968: 14). Ambas os sentidos são formas bastante restritas de tratar o Estado. O primeiro carrega um forte teor conjuntural (datado), “O Estado, no sentido de Estado-nação, designa a sociedade nacional, quer dizer, um tipo de comunidade, nascida no fim da Idade Média e que é hoje o mais fortemente organizado e o melhor integrado” (DUVERGER, 1968: 14), ou seja, trata-se do Estado Moderno. O problema dessa definição é que não há um consenso a respeito da continuidade ou da descontinuidade do termo Estado. Há quem defenda que o Estado (Moderno) inaugurado por Maquiavel, aquele ‘novo’ que nasce da desagregação do mundo Feudal, em defesa da descontinuidade do termo (BOBBIO, 1987: 67-68). Entretanto há quem defenda sua continuidade, por não considera o Estado Moderno um fenômeno de fato ‘novo, na medida em que se apresenta como mais do que possível realizar analises comparativas com o Estado descrito, por exemplo por Aristóteles (Grécia antiga) (BOBBIO, 1987: 70). O segundo sentido é também bastante restrito pois considera que os únicos atores políticos relevantes são aqueles que de fato ocupam um espaço no Estado (instituição), desconsiderando que há diversos outros atores políticos (nacionais e internacionais) de muitíssima relevância, o mercado (nacionais e internacional) e a sociedade civil são exemplos disso, restritivo pois a noção de Estado é a de um “Estado-governo [que] designa os governantes, os chefes desta sociedade nacional” (DUVERGER, 1968: 14) e ninguém mais. Assumir a Ciência (Sociologia) Política como uma ciência do Estado é relega-la ao mesmo patamar que a sociologia urbana, jurídica, religiosa, mas claramente a disciplina vai muito além do que as especificidades já citadas (pelos motivos inclusive já expostos). A Ciência Política compreendida como uma ciência do poder considera-se ser também a ciência “do governo, da autoridade, do mando, em todas as sociedades humanas e não apenas na sociedade nacional” (DUIVERGER, 1968: 14), e dessa forma ela se mostra acumulativa, ampla (multidimensional e complexa), e não restrita. Duverger defende a ciência do poder nos seguintes aspectos:

1. “Fazer da sociologia política a ciência do Estado, isolando o estudo de uma sociedade nacional do das outras sociedades, é sugerir, implicitamente, que o Estado e a sociedade nacional são de natureza diversa da dos demais grupos humanos. Essa tendência se prende a uma teoria, nascida com o próprio Estado no fim da Idade Média: o da ‘soberania’, que dominou o pensamento jurídico até a Primeira Guerra Mundial. O Estado seria uma espécie de sociedade perfeita, não dependendo de nenhuma outra e dominando todas as restantes: seria, assim, ‘soberano’. Os governantes do Estado teriam, em consequência, uma qualidade particular, de que os chefes dos demais grupos não partilhariam, e que se chamava, igualmente, ‘soberania’. As duas noções, de ‘soberania do Estado’ e de ‘soberania no Estado’ correspondem, respectivamente, aos conceitos de Estado-nação e de Estado-governo’, que se descreveu acima.” (DUVERGER, 1968: 15).

2. “Os sustentadores da ‘sociologia [ciência] política = ciência do poder’ tendem, pelo contrário, a pensar que o poder no Estado não difere, por natureza, do que ele representa em outras sociedades humanas e que ele se distingue dos demais unicamente pela perfeição de sua organização interna ou pelo grau de obediência que obtém. Implicitamente, eles rejeitam a teoria da soberania. Mais exatamente: consideram-na como um sistema de valores, que teve importância em certos momentos da História, que a conserva ainda em parte, mas que não tem significação científica e não corresponde a uma realidade positiva” (DUVERGER, 1968: 15-16).

3. “Do ponto de vista científico, a concepção da ‘sociologia política = ciência do poder’ é superior a primeira. Não se pode dizer que ela está mais de acordo com a realidade, pois as definições dos diferentes ramos da ciência servem unicamente para estabelecer fronteiras, a fim de possibilitar a repartição de pesquisas entre especialistas. A superioridade verdadeira da concepção ‘sociologia política = sociologia do poder’ é que ela é mais operacional do que a outra: somente ela permite, de fato, a verificação de sua hipótese básica. Ao estudar de maneira comparativa, o poder em todos os grupos humanos, poder-se-á descobrir as diferenças de natureza entre o poder no Estado e o poder nos outros grupos, quando essas diferenças existirem.” (DUVERGER, 1968: 16).

* Poder: “Em seu significado mais geral, (...) a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais (como na expressão Poder calorífico, Poder de absorção).” (BOBBIO, 1993: 993).  E “em sentido especificamente social, ou seja, na sua relação com a vida do homem em sociedade”, o Poder assume sua forma mais precisa, a do “Poder do homem sobre o Homem”, e isso significa dizer que o Poder “pode ir desde a capacidade geral de agir, até à capacidade do homem em determinar o comportamento do homem” (BOBBIO, 1993: 993). “O homem é não só o sujeito mas também o objeto do Poder social. E Poder social a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um Governo de dar ordens aos cidadãos.” (BOBBIO, 1993: 993).

Referencias bibliográficas:

DUVERGER, Maurice. Sociologia Política. Rio de Janeiro: Companhia Editora Forense, 1968.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Adunb, 1993.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

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