Buscar

Quais as noções básicas para um leigo começar a estudar direito administrativo?

💡 2 Respostas

User badge image

Beatriz Ribeiro Guerra

Começando pelos princípios, mata essa parte do conteúdo que o resto você vai tirar de letra. 

0
Dislike0
User badge image

Especialistas PD

Os principais temas de Direito Administrativo são:

  1. ATOS ADMINISTRATIVOS
  2. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
  3. AGENTES PÚBLICOS
  4. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
  5. LICITAÇÃO
  6. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

 

  • ATOS ADMINISTRATIVOS

Ato da administração é qualquer ato praticado pela administração pública; é gênero do qual o ato administrativo é espécie.

Os atos da administração incluem:

  • Atos administrativos propriamente ditos;
  • Atos da administração pública regidos pelo direito privado;
  • Atos materiais praticados pela administração pública;
  • Atos Políticos ou de Governo.

Segundo Hely Lopes Meirelles, “Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.

Por fim, fala-se também em “fato administrativo”, que corresponde a todo acontecimento da natureza que repercute nas relações jurídicas que envolvem a administração pública. Exemplo: a morte do servidor público é um acontecimento que gera uma consequência para a administração pública, qual seja, a vacância do cargo que o servidor falecido ocupava.

Os atributos dos atos administrativos são:

  1. Presunção de Legitimidade e Veracidade
  2. Imperatividade
  3. Autoexecutoriedade
  4. Tipicidade

 

  • Presunção de Legitimidade e Veracidade

Presume-se que os atos administrativos foram editados em de acordo com o ordenamento jurídico. Presume-se, ainda, que as informações neles contidas são verdadeiras.

Efeitos da presunção de legitimidade e veracidade:

    • Autoexecutoriedade dos atos administrativos
    • Inversão do ônus da prova.

 

  • Imperatividade

Os atos administrativos obrigam, de modo que devem ser observados e cumpridos pelos administrados independentemente de sua vontade.

 

  • Autoexecutoriedade

A administração pode executar sua vontade independentemente de autorização do Poder Judiciário.

 

  • Tipicidade

Significa que os atos administrativos estão sempre previstos em lei.

Vale mencionar que esse atributo não é unânime na doutrina.

 

 

  • ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

A administração pública divide-se em administração direta e indireta.

A Administração Direta compreende os Entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) e seus órgãos (Polícia Federal, Receita Federal, DETRAN, Defensoria Pública, etc).

Administração Indireta são as entidades administrativas, pessoas jurídicas que integram a administração pública dotadas de certa autonomia administrativa mas sem autonomia política. É composta por:

a) Autarquia

b) Fundação

c) empresa pública

d) sociedade de economia mista

 

Empresa Pública

Sociedade de Economia Mista

Capital 100% público

Capital Misto

Qualquer forma societária admitida em Direito

Sempre constituídas na forma de Sociedade Anônima

Justiça Federal é competente para julgar ações das EP Federais

Justiça Estadual é competente pra julgar as ações das SEM Federais ou Estaduais

 

  • AGENTES PÚBLICOS

Classificam-se em:

  1. agentes políticos
  2. servidores públicos
    1. estatutários
    2. trabalhistas ou celetistas
    3. temporários
  3. particulares em colaboração

Alguns entendem que agentes políticos são tão somente os ocupantes de cargos eletivos, ou seja, Parlamentares e Chefes do Poder Executivo, além dos Ministros de Estado (ou secretários).

Outros, no entanto, defendem que na categoria de agentes políticos incluem-se, além dos citados acima, também os magistrados, membros do Ministério Público, isso porque essas figuras exercem funções essenciais ao Estado e refletem o poder soberano.

“Os servidores públicos representam a grande maioria dos agentes públicos. São aqueles que possuem vínculos profissionais variados com o Estado e que desempenham a função pública de forma remunerada e não eventual. São espécies de servidores públicos: estatutários, celetistas (empregados públicos) e temporários.

Os particulares em colaboração, também conhecidos como agentes honoríficos, são aqueles que exercem, transitoriamente, a função pública, mediante delegação, requisição, nomeação ou outra forma de vínculo, mas não ocupam cargos ou empregos públicos. Exs.: jurados, mesários em eleições, empregados das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, notários e registradores, particulares requisitados para o serviço militar, estagiários contratados pela Administração Pública etc.” (Rafael Carvalho Rezende Oliveira. Curso de Direito Administrativo. e-book. 6ª ed. pg. 733-734)

 

  • RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

A responsabilidade civil do estado no âmbito do direito administrativo, em regra, é objetiva, conforme se depreende do art. 37, §6º, da Constituição Federal.

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Nesse contexto, vale mencionar que a doutrina majoritária entende que a responsabilidade civil da administração por OMISSÃO é subjetiva.

 

  • LICITAÇÃO

A realização da licitação é um dever do Estado, sempre que necessitar de contratar com o particular, seja para a compra de produtos, para a contratação de serviços, realização de obras ou a venda de bens do patrimônio público, ressalvadas as exceções previstas na legislação sobre dispensa e inexigibilidade.

A obrigação do procedimento licitatório tem previsão constitucional, assim estabelecido no art. 37, XXI.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

A licitação, na legislação infraconstitucional, está disposta na Lei nº 8.666/93.

Para uma melhor compreensão, entende-se a licitação como sendo um procedimento administrativo que tem as seguintes finalidades: buscar a melhor proposta para o Estado, tratar os participantes de forma isonômica e promover o desenvolvimento.

Alguns princípios irão orientar o processo licitatórios, sendo os principais:

a) sigilo das propostas: mesmo a licitação sendo pública, as propostas devem ser sigilosas até o momento da abertura dos envelopes, de modo a preservar a ampla concorrência entre os participantes e obter a melhor proposta para o ente público;

b) vedação à oferta de vantagem: as propostas devem ser individualizadas, objetivas e determinadas, apresentadas individualmente para o objetivo do procedimento realizado, sem que haja qualquer vantagem particular;

c) vinculação ao instrumento convocatório: tanto a Administração Pública licitante quanto as partes envolvidas estão vinculadas ao instrumento convocatório. É o mesmo que dizer que o Edital é a Lei da licitação;

d) julgamento objetivo: na avaliação da melhor proposta a Administração Pública deve perquirir o cumprimento dos requisitos de forma objetiva, sempre com foco no cumprimento do edital, sem avaliações subjetivas sobre as partes envolvidas;

e) adjudicação compulsória: o vencedor tem o direito de receber o objeto licitado, mas a contratação com o poder público é uma expectativa de direito.

3o  A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Quando se trata de licitação, dois temas possuem grande relevância, principalmente quando se trata de um resumo rápido sobre a matéria, sendo os tipos e as modalidades. Os tipos de licitação são os critérios para a escolha do vencedor. As modalidades são os procedimentos adotados, conforme a lei especifica.

Constituem tipos de licitação:

  1. menor preço
  2. melhor técnica
  3. técnica e preço
  4. maior lance ou oferta

Dentre as modalidades de licitação previstas na lei há:

  1. concorrência: destinada a casos de grande monta, como obras e serviços de engenharia de valor superior a R$1.500.000,00 e compra de bens maiores que R$650.000,00;
  2. tomada de preços: que são os casos de média monta, como obras e serviços de engenharia com valor de R$150.000,00 até R$1.500.000,00 e compra de bens com valor de R$80.000,00 até R$650.000,00;
  3. convite: é a modalidade para pequenas licitações, como obras e serviços de engenharia com valor até R$150.000,00 e compra de bens com valor até R$80.000,00;
  4. concurso: para escolher trabalhos técnicos, científicos ou artísticos, com premiação ou remuneração ao vencedor;
  5. leilão: utilizada para alienar bens e produtos legalmente apreendidos. Aplicável tanto para bens móveis quanto imóveis, que são inservíveis para a Administração Pública. Importante a ressalva que não serão leiloados produtos ilegais; e
  6. pregão: regulamentado por lei específica (Lei nº 10.520/2002), nos casos de aquisição de bens e serviços comuns, que devem ser objetivamente descritos no edital.

 

A licitação possui duas fases:

1. Fase Interna

2. Fase Externa

 

A Fase Interna (art. 38, Lei 8666/93) se dá com a abertura do processo administrativo.

Na Fase Externa (art. 43, Lei 8666/93), a licitação é tornada pública e ocorrem os seguintes atos:

  1. Publicação do edital ou envio da carta convite
  2. Habilitação
  3. Análise das Propostas dos concorrentes habilitados
  4. Julgamento
  5. Classificação
  6. Homologação
  7. Adjudicação

Do exposto, percebe-se que a adjudicação é o ato final do procedimento de licitação. É o ato por meio do qual a Administração atribui ao licitante vencedor o objeto da licitação.

 

  • CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Sobre o tema, Rafael Carvalho Rezende Oliveira ensina que:

“A expressão “contratos da Administração” é o gênero que comporta todo e qualquer ajuste bilateral celebrado pela Administração Pública. São duas as espécies de contratos da Administração:

a) Contratos administrativos: são os ajustes celebrados entre a Administração Pública e o particular, regidos predominantemente pelo direito público, para execução de atividades de interesse público. É natural, aqui, a presença das cláusulas exorbitantes (art. 58 da Lei 8.666/1993) que conferem superioridade à Administração em detrimento do particular, independentemente de previsão contratual. As características básicas dos contratos administrativos são: (i) verticalidade: desequilíbrio contratual em favor da Administração, tendo em vista a presença das cláusulas exorbitantes; e (ii) regime predominantemente de direito público, aplicando-se, supletivamente, asnormas de direito privado. Ex.: contratos de concessão de serviço público, de obras públicas, de concessão de uso de bem público etc.

b) Contratos privados da Administração ou contratos semipúblicos: são os ajustes em que a Administração Pública e o particular estão em situação de relativa igualdade, regidos predominantemente pelo direito privado. Frise-se que o art. 62, § 3.º, I, da Lei 8.666/1993 admite a aplicação das cláusulas exorbitantes, “no que couber”, aos contratos privados da Administração. É evidente, todavia, que as cláusulas exorbitantes desnaturariam esses contratos, aproximando-os dos contratos administrativos típicos, razão pela qual a presença dessas cláusulas nos contratos privados depende da vontade das partes e a sua aplicação está condicionada à expressa previsão contratual.

As características básicas dos contratos privados da Administração são: (i) horizontalidade: equilíbrio contratual relativo, em razão da ausência, em regra, das cláusulas exorbitantes; e (ii) regime predominantemente de direito privado, devendo ser observadas, no entanto, algumas normas de direito público (ex.: licitação, cláusulas necessárias etc.). Ex.: contratos de compra e venda, de seguro, de locação (quando a Administração for locatária) etc.” (Curso de Direito Administrativo. e-book. 6ª ed. pg. 530-531)

 

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais