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Diferenças entre a capacidade jurídica das pessoas naturais e das pessoas jurídicas, seus direitos e deveres básicos e forma de representação legal

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ana julia santos

DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Nota introdutória: o Código Civil pátrio, “disciplina as relações sociais, de pessoa a pessoa, física ou jurídica, que produzem efeitos no âmbito do direito” (Carlos Roberto Gonçalves).

Tais relações são jurídicas, de direito privado, decorrentes da vida em sociedade e se formam apenas entre pessoas.

Personalidade

Conceito de pessoa: em consonância a doutrina dita como tradicional, “pessoa é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito” (Maria Helena Diniz).

Sujeito de direito: é aquele que é “sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não-cumprimento do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial” (Clóvis Beviláqua).

Personalidade jurídica: toda pessoa é dotada de personalidade, é conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os homens indistintamente, consagrando-a na legislação civil e nos direito constitucionais de vida, liberdade e igualdade. É a qualidade jurídica que se revela como condição preliminar de todos os direitos e deveres (Haroldo Valladão in Maria Helena Diniz).

Para Caio Mário da Silva Pereira, liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.

O conceito de personalidade está totalmente relacionado ao conceito de pessoa, pois àquele que nasce com vida, torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Ser pessoa e consequentemente adquirir personalidade, é pressuposto básico para inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica.

O CC de 2002 reconhece a personalidade para toda pessoa natural (ser humano), bem como para certas entidades morais, denominadas pessoas jurídicas (agrupamentos humanos), que se subordinam aos preceitos legais e se associam para melhor atingir seus objetivos sejam de ordem econômica ou social, como associações e sociedades, ou através de fundações, constituídas de um patrimônio destinado a um fim determinado.

Capacidade jurídica e legitimação:

Art. 1º, CC, “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.

Para Sílvio Rodrigues, “afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele tem capacidade para ser titular de direitos”. O direito civil pátrio encaixou o conceito de capacidade ao de personalidade, assim pode-se dizer que a capacidade é a medida da personalidade, ou seja, para alguns a capacidade é plena e para outros é limitada.

Assim sendo “para ser pessoa basta que o homem exista, e, para ser capaz, o ser humano precisa preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo de uma relação jurídica. Eis porque os autores distinguem entre capacidade de direito ou de gozo e capacidade de exercício ou de fato” (Antônio Chaves).

No entanto, apesar dos autores via de regra considerarem sinônimas as expressões personalidade jurídica e capacidade jurídica, para José Carlos Moreira Alves, se faz necessário diferenciá-las. Assim, personalidade jurídica é conceito absoluto, ou seja, ela existe ou não existe enquanto capacidade jurídica é conceito relativo, ou seja, pode ter-se mais capacidade jurídica, ou menos. Concluindo, a personalidade jurídica é a potencialidade de adquirir direitos e contrair obrigações; a capacidade jurídica é o limite dessa potencialidade.

Capacidade de direito ou de gozo: é a que todos têm e adquirem ao nascimento com vida, não pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de se negar sua qualidade de pessoa. Pode ser chamada também de capacidade de aquisição de direitos.

Todo ser humano possui a capacidade de direito, indistintamente, estendendo-se aos privados de discernimento e as crianças, independentemente do seu grau de desenvolvimento mental, podendo assim herdar, receber doações, etc.

Capacidade de fato ou de exercício ou de ação: é a aptidão para exercer por si só, os atos da vida civil. Por faltarem para algumas pessoas requisitos como a maioridade, saúde, desenvolvimento mental, a lei no intuito de protegê-las, exige a participação de outra pessoa, que as represente ou assista.

Por isso os recém nascidos e amentais possuem apenas a capacidade de direito, mas não capacidade de fato.

Aquele que possui as duas capacidades tem a chamada capacidade plena, já os que só tem a de direito, tem a capacidade limitada, necessitando que outra pessoa o substitua ou complete sua vontade, por essa razão são denominados incapazes.

Legitimação: é uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações, é a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos, como por exemplo, o casado, exceto no regime de separação absoluta de bens, de alienar imóveis sem outorga do outro cônjuge (art. 1.647, CC), ou os tutores ou curadores de dar em comodato os bens confiados a sua guarda sem autorização especial (art. 580, CC), etc.

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Júnior Oliveira

Há dois tipos de capacidade: a capacidade de direito, correspondente a quem possui personalidade jurídica, que é a aptidão genérica para aquisição de direitos e deveres, iniciada com a vida; e a capacidade civil de fato ou de exercício, que é a aptidão de praticar os atos da vida civil.

Toda pessoa natural possui personalidade, mas nem toda pessoa pode praticar os atos da vida civil. São chamadas de incapazes as pessoas que necessitam de assistência ou representação de alguém para a prática de tais atos. Entre os 16 e os 18 anos de idade, o indivíduo se amolda à condição de "relativamente incapaz", nos termos do art. 3º, I, CC/02:

Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:   

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

Nesse período da vida, a pessoa humana não pode exercer quaisquer atos negociais sem assistência dos pais ou responsável legal, sob pena de invalidade. 

Portanto, podemos depreender que, não se tratando de atos negociais, o menor relativaemente incapaz pode praticar quaisquer atos do cotidiano, o que, na prática, se torna um rol bastante estrito. Pegar um ônibus ou pagar por uma corrida de táxi, por exemplo, são atos que o relativamente incapaz pode praticar. 

Quanto às pessoas jurídicas,o Código Civil, em seu art. 52, prevê expressamente a proteção dos direitos da personalidade:

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

É o que ocorre em relação ao direito à integralidade da honra, à privacidade moral, ao nome etc.

 Assim como ocorre com as pessoas naturais em relação ao nome e à figura, às pessoas jurídicas é garantido o resguardo à sua honra, materializado na fama da empresa. Por exemplo: imagine que um jornal afirme levianamente que MARIA cometera um homicídio. Evidentemente, MARIA poderá processar o jornal para retratação e pagamento de indenização por danos morais. Agora, da mesma forma, se esse jornal afirmar que a sociedade empresária ARROZ BRASIL S.A. cometera um crime ambiental, essa empresa também terá seu nome e sua imagem manchados, podendo, igualmente, requerer compensação em virtude dos danos causados.

A vontade humana criadora direcionada para sua formação é requisito essencial de existência da pessoa jurídica. Ela deve ser manifestada através de um ato constitutivo expresso registrado em cartório, em atendimento ao art.45 do Código Civil.

  Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

A finalidade da constituição de uma pessoa jurídica deve ser pautada pela liceidade de propósitos. Esse é mais um dos requisitos de existência da pessoa jurídica, a licitude do seu objeto.

Por fim, a Constituição Federal deve ser respeitada em seus princípios, inclusive no que diz respeito à criação de pessoas jurídicas de direito privado.

 

 

 

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