A linguagem constitui um claro exemplo de uma função superior do cérebro cujo desenvolvimento sustenta-se, por um lado, numa estrutura anatomofuncional geneticamente determinada e por outro, no estímulo verbal que lhe da o meio. Dentro da estrutura anatomofuncional participam diversos sistemas e subsistemas que actuam em série e em paralelo. Grande parte do nosso conhecimento sobre as bases neurofisiológicas da linguagem provém das observações de doentes adultos com lesões circunscritas e suas consequências clínicas (afasias). A isto agregaram-se nos últimos tempos estudos com imagens funcionais em voluntários submetidos a provas linguísticas. Segundo Damásio, na linguagem operam três sistemas funcionais: 1. Sistema instrumental, correspondente à região perisílvica do hemisfério dominante onde tem lugar o processamento fonológico; 2. Sistema de mediação, que engloba áreas temporais, frontais e parietais que rodeiam o anterior e onde o léxico se organiza de forma modular, de acordo com categorias, acções e palavras funcionais ou conectores; 3. Sistema semântico, que inclui extensas áreas corticais de ambos os hemisférios, assento de conceitos e significados. A evolução que segue a criança no seu desenvolvimento para chegar à organização neurolinguística do cérebro adulto requer a integridade e o funcionamento adequado destas estruturas predominantemente localizadas no hemisfério dominante. São revistas as diversas teorias defendidas na literatura médica especializada sobre as causas e mecanismos fisiopatogénicos das disfasias infantis
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