Pode-se dizer que a Igreja Católica foi a alma da sociedade feudal, onde o clero era constituído como a única classe letrada e, os servos e senhores, na maioria ignorantes e completamente analfabetos. Os sacerdotes, arcebispos, padres e párocos constituíam o clero secular, porque seus membros viviam na sociedade ou no mundo (do latim seculum). Os bispos governavam uma diocese constituída de várias paróquias e administravam em nome da Igreja. Já o clero regular era dividido em diversos grupos de comunidades e, cada comunidade de convento que obedecia à mesma regra, denominava-se , como ainda hoje denomina-se "ordem". A importância do clero regular na cultura medieval foi enorme. Bastaria dizer-se que as obras mestras da literatura latina chegaram até os nossos dias através dos manuscritos copiados pelos monges. O respeito que impunham criava ao redor dos mosteiros uma zona de segurança, onde a massa campesina encontrava asilo e proteção. A Igreja enaltecia a dignidade do trabalho, dando o exemplo com a operosidade de seus monges na agricultura: "Ora et labora" - reza e trabalha.[1]
A pertinência da citação consiste no fato de que pode-se visualizar de forma objetiva como se configurava o processo de organização social cujo protagonismo era proveniente da igreja católica, ou seja, pode-se pensar que no topo da pirâmide social estão os religiosos católicos, numa segunda escala estão os senhores feudais e em último lugar os servos.
É por isso que entre tantos fatos sociais, vê-se que as relações de direito são permeadas pelos princípios religiosos e vão, de camada em camada se consolidando e implementando leis que regem tais grupos sociais.
É importante destacar que para a configuração do direito enquanto elemento de organização social a posse da terra torna-se fundamental ferramenta de consolidação desse direito, pois a era a posse de terra que definia a divisão da sociedade.
A partir dessa definição pôde-se considerar a existência das duas classes supracitadas: os senhores feudais, proprietários, que poderiam ser leigos ou eclesiásticos; e os não proprietários, isto é, os servos (a maioria da população).
Por não haver mobilidade entre esses dois grupos sociais, pois a condição era dada por hereditariedade (filho de nobre era nobre, filho de servo era servo), cada segmento tinha uma situação jurídica e social própria a inalterável, tornando a sociedade fortemente estratificada; e mais
A relação entre essas classes baseava-se na exploração do trabalho do servo. Era assim que o senhor feudal se mantinha como elite. O servo era trabalhador rural, que, sem a propriedade da terra e desamparado de qualquer defesa militar ou jurídica, buscava a proteção do nobre. Em troca das terras concedidas pelos senhores, de proteção militar e jurídica os servos deviam uma série de obrigações como a corvéia[2], a talha[3] e as banalidades[4]. Mas não havia apenas servos trabalhando; havia ainda trabalhadores livres (vilões, ou seja, moradores da vila). (MORAES, 2008, p. 85).
A fim de complementar a pertinente afirmação de Moraes, vale lembrar que a mobilidade social praticamente inexistis e que do ponto de vista do direito, rígidas tradições e vínculos jurídicos determinavam a posição social das pessoas já desde o nascimento.
Portanto, conclui-se que a mão-de-obra predominante na Idade Média foi a servil, o que configura que tal camada foi de fundamental importância para se pensar o direito como forma de inclusão aos menos favorecidos, ou excluídos socialmente; já que para os mais favorecidos ele sempre foi um elemento básico.
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História do Direito
•UFRGS
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