Dentro do contexto chamado de acumulação primitiva de Karl Marx, onde Marx explica o surgimento de um novo modo de produção capital. Cenário este que menciona dois lados, o lado capitalista e lado do trabalhador. O lado capitalista é o dono dos meios de produção, proprietário do dinheiro, que aumenta suas riquezas com a compra do trabalhador, restando lhe apenas a alternativa de vender seu trabalho braçal.
Karl Marx faz uma crítica, pois a diferença social era muito grande, com o crescimento da produção capitalista nasceu a exclusão, o trabalho em massa, sem benefícios de horas extras, com isso a burguesia crescia em grande escala detendo grande parcela de terras e poder diante das sociedades, influenciando em leis governamentais a qual trazia privilégios para os senhores feudais e sofrimento para os camponeses.
Diante desse contexto real, Karl Marx faz uma crítica aos senhores feudais da Grã-Bretanha, que além de escravizar a mão de obras dos camponeses, os mesmos usurpavam suas terras, para criação de ovelhas para produção de lã que estavam em alta, onde as terras agrícolas foram transformadas em pastagens, por isso ele cita “ as ovelhas devoram os seres humanos”, mostrando evidencias da situação real dos camponeses, onde as ovelhas tinham mais valor do que o próprio ser humano, para a burguesia.
Humanos devoram ovelhas (*). Fato curioso é que, na mitologia de vários povos da Antiguidade, era corrente que os homens, de início vegetarianos, haviam, a partir de certo momento, se tornado carnívoros. Entre os antigos gregos alguns pensavam que os humanos, que eram frugívoros, só experimentaram carne depois que Prometeu entregou a eles o fogo - entende-se facilmente a relação de causalidade. Seria, desde então, que animais começaram a ser oferecidos em sacrifício aos deuses... E, se era permitido aos deuses, por que não aos homens?
Mas pode ser pior. Houve quem atribuísse a origem dos hábitos carnívoros à deusa Deméter (Ceres, entre os romanos), aquela, que, segundo se supunha, amparava as searas. A contradição é apenas aparente: tendo a deusa cultivado uma bela plantação de cereais, que prometia farta colheita, um suíno teve a ideia de lá entrar e estragar tudo. Furiosa, Deméter cortou o fio da existência ao pobre animal, e, por conseguinte, condenou à morte todos os demais porcos, que passaram a ser criados apenas para morrer. Destino inglório, esse!
Bem, meus leitores, as lendas desse tipo são muitas, mas é melhor abandonar o assunto dos humanos carnívoros e passar ao caso das ovelhas devoradoras de homens. Pois saibam que foi Thomas Mourus em seu livro Utopia, quem, no Século XVI, acusou as ovelhas inglesas de antropofagia. Não que as meigas criaturas lanígeras houvessem, de súbito, adotado mudanças em seus hábitos alimentares, e nem mesmo eram elas as culpadas. O problema começara (suprema inovação!) com os homens.
Expliquemos.
A ordem rural que prevalecera na Inglaterra da Idade Média andava a ruir. Criar carneiros tornou-se lucrativo, de modo que os proprietários de terras, pondo em uso uma série de expedientes, trataram de expulsar os camponeses, e, em pouco tempo, nuvens de ovinos eram vistas cobrindo os campos outrora cultivados. A lavoura da época requeria muita mão de obra; para a criação de carneiros, poucos pastores eram necessários.
Esse fenômeno, que ficou conhecido como "cercamento dos campos", desencadeou uma série de consequências, dentre as quais:
Vejam então, leitores, que a acusação de "antropofagia", com que Thomas Morus invectivou as ovelhas, melhor caberia aos proprietários de terras - a nobreza e o clero, como o próprio Morus explicou. Exagero ou não, segundo esse autor, depois que os camponeses eram expulsos, nada mais ficava em pé entre as construções das aldeias, a não ser as igrejas. Eram usadas como estábulos.
O tempo da Revolução Industrial estava ainda longe, mas entende-se que o cercamento dos campos foi um dentre muitos fatores que proporcionaram condições para o surgimento da atividade fabril, na qual o ramo da tecelagem alcançou destaque. A enorme produção de lã assegurava um suprimento contínuo de matéria-prima para as fábricas. A configuração urbana mudou drasticamente, com o aparecimento de vastos e miseráveis subúrbios de onde provinha a mão de obra. Em quantidade e qualidade, tecidos ingleses mostraram-se superiores e, gradualmente, conquistaram mercados, mesmo em terras distantes. O que aconteceu na Inglaterra influenciou o mundo.
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