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A nova ética é imoral ao olhar da ética pretérita?

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Jaqueline Cristiane Domingues

Ética é uma área da filosofia que busca problematizar as questões relativas aos costumes e à moral de uma sociedade, sem recorrer ao senso comum. A ética tenta estabelecer, de maneira moderada e com uma visão questionadora, o que é o certo e o errado e a linha, muitas vezes tênue, entre o bem e o mal. A ética está intimamente ligada à moral e consiste numa importante ferramenta para o bom convívio entre as pessoas e para o bom funcionamento das relações e das instituições sociais. Com a problematização acerca da moral e do convívio das pessoas, surgia a chamada filosofia moral, que mais tarde ficaria conhecida como ética. A ética foi sistematizada pela primeira vez pelo filósofo grego antigo Aristóteles, que formulou uma teoria ética baseada em uma espécie de guia moral das ações que visava sempre, na visão do filósofo, o alcance da felicidade.

Os filósofos helenistas, como epicuristas, cínicos estoicos, também apresentaram visões de vida que podem ser reconhecidas como modelos éticos, porém são modelos de ética prática, pois tais teóricos ultrapassaram a especulação intelectual da filosofia e partiram para uma visão prática da ética, voltada para as ações cotidianas.

Durante a escolástica, a questão da ação humana para a filosofia deveria subordinar-se à vontade de Deus, e, por muito tempo, não houve grande modificação nos estudos sobre ética. Foi Nicolau Maquiavel quem marcou o Renascimento em relação à ética e moral, ao propor uma teoria do poder que, na prática, dissociava ética de política.

Os estudos sobre ética somente ganharam novo fôlego no fim da Modernidade, no período iluminista da Europa, em que questões políticas voltaram ao centro do debate e a ética veio como uma necessidade para controlar as ações das pessoas em meio a tantas revoluções na sociedade.

É nesse período em que o filósofo iluminista alemão Immanuel Kant escreveu o seu livro Fundamentação da metafísica dos costumes, apresentando uma teoria ética milimetricamente pensada: um sistema complexo baseado no dever, sendo que uma ação somente é ética se ela estiver de acordo com o dever e for empenhada pelo dever.

O sistema ético kantiano não admitia qualquer desvio da norma como ação moralmente válida, e o guia para encontrar a ação moralmente correta era o que o filósofo chamou de imperativo categórico. Para Kant, o ser humano deve fazer um exercício antes de agir. Esse exercício simples consiste em pensar se aquela ação pode ser considerada boa ou correta em qualquer situação em que ela for empenhada. Se a resposta for sim, então é uma ação moralmente correta. Se a resposta for não, é uma ação moralmente condenável.

Outras teorias éticas surgiram no século XIX para explicar a questão da moral e da ética, entre elas o utilitarismo, criado pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham e finalizado pelo filósofo inglês John Stuart Mill. O utilitarismo afirma que a moralidade de uma ação não está na ação em si, mas em sua finalidade e nos resultados dela. Nesse sentido, ações que, a princípio, são moralmente condenáveis, como a mentira e o furto, podem ser consideradas moralmente aceitas se forem praticadas visando um bem maior.


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