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Com que objetivo o autor conta a história de Robinson Crusoé nesse capítulo do livro?

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Mariana Tinoco

Robinson Crusoé, de Daniel Defoe , é um romance em que o protagonista conta sobre sua vida como aventureiro, tornando-o um romance autobiográfico.
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Érika Cruz

Olá Ronnald,

INTRODUÇÃO

Transcorridos mais de duzentos anos após a sua primeira edição, “As Aventuras de Robinson Crusoé”, personagem fictício do romance do escritor inglês Daniel Defoe (1660 ou 1661 – 1731), tornou-se um clássico da literatura mundial encantando leitores de vários países a diversas gerações.

Contudo, essa obra literária também já foi (e continua sendo) usada por ilustres filósofos e doutrinadores para explicar aspectos jurídicos, econômicos e políticos da sociedade.

Assim, através de “Robinson Crusoé”, Defoe foi reconhecido mundialmente e citado por inúmeros filósofos, desde Rousseau até Goethe.

De fato, existem três obras sobre a mesma aventura; a primeira, publicada em 1719, intitula-se “The life and strange surprising adventures of Robinson Crusoe”; a segunda, publicada no mesmo ano, denomina-se “The Farther adventures of Robinson Crusoe”; por fim, mas não menos importante, “The serious reflections during the life of Robinson Crusoe”, datada de 1720.

Isto posto, destina-se o presente artigo jurídico a realizar uma perfunctória análise do significado de “Robinson Crusoé”’ para o Direito.

2. RESUMO DA HISTÓRIA.

o ponto de partida da aventura do herói ocorre com a negação de sua estabilidade social e financeira, não aceitando a proteção paterna. Assim, Robinson Crusoé era um jovem que se rebelando contra a vida pacata, metódica e rotineira da classe média de York, Inglaterra, decide fugir de casa e se tornar marinheiro. Em uma de suas viagens uma tempestade faz o navio onde estava abordo naufragar. Único sobrevivente da tragédia, Crusoé logra chegar a uma ilha deserta, nela permanecendo por quase três décadas As ferramentas, cordas, tábuas e outros utensílios que retira do navio o ajudam a enfrentar o desamparo e a solidão. Enquanto se mete em diversas peripécias e supera inúmeras dificuldades e privações, acaba ficando meditabundo acerca de valores humanos e religiosos. Em decorrência disso, Robinson se encontra em freqüente conflito entre as reflexões morais e religiosas e a sua prudência que o leva a optar por comportamentos que gerem vantagens econômicas (v.g.: quando o capitão português lhe propõe a compra de seu criado Xuri).

Após vinte e cinco anos de solidão na ilha, termina por surpreendentemente salvar a vida de um nativo selvagem fugitivo que iria ser sacrificado por um grupo de canibais vindo do continente, decidindo chamá-lo “Sexta-Feira” numa alusão ao dia da semana em que o encontrou. Em face disso, Crusoé ensina o índio a falar seu idioma, procurando lhe transmitir seus valores éticos e religiosos e, ao retornar à Inglaterra, leva-o consigo. Depois de recuperar sua fortuna, contrai matrimônio e constitui família. Ao enviuvar, já um homem sexagenário, revisita a aludida ilha, onde havia deixado três amotinados do navio que o resgatara e alguns espanhóis que naufragaram perto do local, encerrando o relato falando da possibilidade de registrar novas aventuras.

IDÉIAS GERAIS.

O sucesso de “Robinson Crusoé” faz com que suas peripécias e agruras fiquem conhecidas como as famosas “robinsonadas”, sendo elas o meio pertinente de divulgar as idéias contidas no romance, por exemplo, a necessidade de uma lei moral, a justificativa da organização civil, etc.

Eis, pois, em linhas gerais, algumas das idéias centrais tratadas na obra em tela:

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· As “robinsonadas” simbolizam a ascensão do individualismo na sociedade moderna;

· Robinson Crusoé retrata, ilustra e exemplifica o pensamento lockeano, uma vez que o personagem principal se encontra em estado natural e, na contingência de produzir sua sobrevivência, seu trabalho vai expandindo suas posses até ele se sentir dono de toda a ilha. Para John Locke, a propriedade é um direito natural e fruto do trabalho, portanto, para evitar a ameaça ao gozo da propriedade, das liberdades e da igualdade, o homem obriga-se a abandonar o estado natural e criar a sociedade política, através do pacto social;

· Em diversas ocasiões, o contrato está presente, a forma possível de relação entre os indivíduos, como um tipo de salvaguarda, dado que se sustenta em leis civis e não mais na subserviência a soberanos (v.g.: quando deixa as terras do Brasil para seus vizinhos administrarem, quando realiza a colonização de sua ilha)[1];

· A superação do estado natural vai ocorrendo gradativamente por meio da conquista e da dominação dos elementos da natureza, pelo trabalho e pelo conhecimento técnico-cultural;

· A dominação do meio natural possibilita a Crusoé realizar a negação do estado natural, que ele completa através de uma regeneração, por intermédio dos princípios morais derivados de suas reflexões;

· Enquanto “sua” ilha esteve no estágio predominantemente não civilizado, mas natural, apesar de toda a luta travada por Crusoé pela dominação da natureza e do selvagem, a relação social encetada foi escravista. No momento, porém, que retorna à ilha com o fulcro de a colonizar, o faz ao modo do regime capitalista, inaugurando a propriedade privada e criando uma sociedade civil (de classes);

· O autor age, igual a Locke e Rousseau, identificando o novo estado – a sociedade civil, em contraposição ao estado natural – à sociedade capitalista;

· A hegemonia do contrato é ressaltada na obra, porque a grande parte das relações de Robinson com outros civilizados se faz contratualmente;

· Além da hegemonia, há o respeito ao que estabelece o contrato – “Pacta Sunt Servanda (v.g.: quando Robinson nega o pagamento pelo camelo não recebido, vê-se obrigado a cumprir o trato inicial).

· Por fim, em suma, outras idéias abordadas são: a defesa do protestantismo religioso, do regime capitalista, da figura burguesa do “selfmade man” e do Estado político como poder supremo e mediador, em oposição e contrariedade às formas diretas de exercício do poder como no absolutismo e no escravismo (pelos quais o próprio personagem passara na trama).

[...]

. CONCLUSÃO.


O criador de Robinson Crusoé pertence a uma época na qual começavam a se delinear os contornos do mundo moderno. Assim, Daniel Defoe e seu personagem personificam um pensamento coeso que veio de encontro à velha ordem econômica e social então vigente.

Conclui-se, pois, que a contribuição do romance foi relevante e significativa para diversas searas.


FONTE: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-50/uma-releitura-do-significado-de-robinson-crusoe-para-o-direito/

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