Para o índio, toda palavra possui espírito. Um nome é uma alma provida de assento, diz-se na língua ayvu. ... (...) Quando o espírito é entoado, torna-se, passa a ser, ou seja, possui um tom. Antes de existir a palavra “índio” para designar todos os povos indígenas, já havia o espírito índio espalhado em centenas de tons.
Um nome é uma alma provida de assento, diz-se na língua ayvu. É uma vida entoada em uma forma. (...) Quando o espírito é entoado, torna-se, passa a ser, ou seja, possui um tom. Antes de existir a palavra “índio” para designar todos os povos indígenas, já havia o espírito índio espalhado em centenas de tons. Os tons se dividem por afinidade, formando clãs, que formam tribos, que habitam aldeias, constituindo nações. Os mais antigos vão parindo os mais novos. O índio mais antigo dessa terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que na língua sagrada, o abanhaenga, significa: tu = som, barulho; e py = pé, assento; ou seja, o som-de-pé, o som-assentado, o entoado. (...) Cabe lembrar que tudo entoa: pedra, planta, bicho, gente, céu, terra. É assim, como foi ensinado pelos meus avós, que as vidas acontecem. (...) Os Nanderus são os ancestrais do ser humano. Essas divindades têm muitos nomes, pois somos muitas nações com muitas línguas diferentes, ou seja, muitas formas de perceber as realidades sagradas. (...) É da natureza do índio reverenciar os ancestrais, os antepassados. Faz isso em sinal de gratidão, pois foram eles os artesãos, modeladores e moldes do tecido chamado corpo, feito dos fios perfeitos da terra, água, fogo e ar, entrelaçando-os em sete níveis do tom que somos, assentando o organismo, os sentimentos, as sensações e os pensamentos que comportam um Ser, que é parte da Grande Música Divina. Em gratidão e memória dos que amalgamam o pote-corpo para que a palavra habite, expresse e flua, existem os ritos, as cerimônias, as danças e os cantos sagrados. Kaká Werá Jecupé. A terra dos mil povos: história indígena do
Um nome é uma alma provida de assento, diz-se na língua ayvu. ... O índio mais antigo dessa terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que na língua sagrada, o abanhaenga, significa: tu = som, barulho; e py = pé, assento; ou seja, o som-de-pé, o som-assentado, o entoado.
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