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O incapaz pode exercer atividade empresarial?

💡 8 Respostas

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Camila Mendonça

artigo 974 do código civil disciplina tanto o exercício de atividade empresarial por incapaz, seja como empresário individual ou como sociedade empresária/Eireli.Para o empresário individual é possível somente dar continuidade a atividade empresarial, mas nunca a iniciar.Segundo o artigo 974 do código civil, poderá o incapaz, sempre por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a atividade empresarial antes exercida por ele mesmo enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança em caso de assumir a atividade empresarial através de sucessão por morte.
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Eduardo Monarim

A atividade empresarial no Brasil é disciplinada em grande parte pelo código civil, o qual define quem pode ser empresário. Basicamente a regra é a de que empresária é a pessoa que exerce empresa, essa sendo definida como atividade econômica organizada (implementação dos fatores de produção: mão-de-obra, capital, insumos e tecnologia).Como existem duas formas de pessoa, natural e jurídica, isso acaba criando duas formas de empresário. Quando a empresa é exercida por pessoa natural em seu próprio nome temos o empresário individual e quando a empresa é exercida por pessoa jurídica, temos as sociedades empresárias ou Eireli.É sempre bom lembrar que sócio não é empresário, empresária é a pessoa jurídica cujo capital social o sócio participa.O empresário tem a obrigação de se registrar, conforme regra do artigo 967 do código civil, no Registro Público de Empresas Mercantis, não havendo exceção para o empresário incapaz. Em harmonia com tal disposição o artigo 976 da mesma legislação estabelece que a comprovação da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, bem como a revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis.Pois bem, o artigo 974 do código civil disciplina tanto o exercício de atividade empresarial por incapaz, seja como empresário individual ou como sociedade empresária/Eireli.Para o empresário individual é possível somente dar continuidade a atividade empresarial, mas nunca a iniciar.Segundo o artigo 974 do código civil, poderá o incapaz, sempre por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a atividade empresarial antes exercida por ele mesmo enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança em caso de assumir a atividade empresarial através de sucessão por morte.O Enunciado 203 da III Jornada de Direito Civil estabelece que “O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte.”Nos casos de exercício de empresa por empresário individual incapaz devidamente representado, será necessária autorização judicial por meio de ação de alvará judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo tal autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.Esse cuidado se deve ao fato de o empresário individual responder de forma ilimitada e sem benefício de ordem quanto aos bens da empresa ou alheios a ela.Por conta dessa responsabilidade mais intensa é necessário atenuar a responsabilidade empresarial do empresário incapaz, assim não ficam sujeitos aos resultados da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que não estejam afetados à atividade empresarial (não necessariamente uso pessoal), devendo tais fatos constar na autorização judicial mencionada em parágrafos anteriores.Nos casos onde existe sócio incapaz em uma sociedade empresária/Eireli a regra muda, podendo este sócio participar da constituição da pessoa jurídica e não apenas a continuação.Vale lembrar que a Eireli é uma forma de PJ constituída por um único sócio, sendo esse uma pessoa natural, isso fez com que se discutisse a possibilidade de criação de Eireli por incapaz.Assim, o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), na data de 8 de março de 2019, editou a Instrução Normativa 55, que possibilitou o Registro de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) por sócio incapaz.Também vale salientar que a Medida Provisória 881/19 cria a Sociedade Limitada Unipessoal, ainda não regulamentada pelo DREI, mas entendemos ser aplicável à ela as disposições da sociedade limitada pluripessoal e Eireli por analogia.O Enunciado 396 da IV Jornada de Direito Civil estabelece que “A capacidade para contratar a constituição da sociedade submete-se à lei vigente no momento do registro.”. Regra compatível com a estabelecida no artigo 985 do código civil sobre a personalidade jurídica.O Registro Público de Empresas Mercantis, sob a coordenação do DREI e executado pelas Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade (atos constitutivos) que inclua sócio incapaz no quadro societário, desde que atendidos, de forma cumulativa, os seguintes requisitos:I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;II – o capital social deve ser totalmente integralizado;III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.O Enunciado 467 da V Jornada de Direito Civil estabelece que “A exigência de integralização do capital social prevista no art. 974, § 3º, não se aplica à participação de incapazes em sociedades anônimas e em sociedades com sócios de responsabilidade ilimitada nas quais a integralização do capital social não influa na proteção do incapaz.”O artigo 975 do código civil estabelece que, no caso de o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por determinação legal, for impedida para o exercício de atividade empresarial, este nomeará, desde que haja a aprovação do magistrado, um ou mais gerentes para a empresa. O mesmo ocorrerá sempre que o juiz entender apropriado.A nomeação do representante ou assistente não será definida com base no interesse da empresa, mas do incapaz. Os atos praticados pelos gerentes são de responsabilidade do representante ou assistente, tendo em vista que foi dele a indicação.Percebe-se que a escolha do legislador em autorizar o exercício de atividade empresária por incapaz não é só uma questão de livre iniciativa, mas de proteção ao potencial econômico do empresário.
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Amanda Santana

A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
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