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Caso 7 - Objetivos ● Dados Clarice, 10 anos, - Antes de 1 ano: anemia crônica. - 7 meses: dores e inchaços nos dedos das mãos. Na UPA recebia oxigênio e hidratação venosa. - Infecção Respiratória: dores nas pernas e no abdome quando apresentava-se com alguma infecção respiratória. Ficava ictérica e precisava tomar oxigênio, ser hidratada e tomar antibiótico. - Pneumonia: Clarice teve muitas pneumonias e precisou se internar, sempre com icterícia e dores abdominais; segundo a mãe, tinha fígado e baço aumentados. - 5 anos: durante episódio de pneumonia, apresentou aumento súbito do baço que atingiu grandes proporções; ficou muito anêmica, tendo recebido transfusão de sangue. - 7 anos: apresentou subitamente desvio da comissura labial para a esquerda e paralisia do membro superior e inferior direito e foi internada; - Consulta: lesão no pé esquerdo, que apareceu há 1 semana, e parece um caminho avermelhado. ● Termos Desconhecidos: Dermatite Seraginosa ● Objetivos: 1 - Desdobramento de bulha e sopro. 2 - Hemoglobinopatias. 3 - Anemia Falciforme Anemia falciforme é a hemoglobinopatia caracterizada pela substituição do aminoácido ácido glutâmico pela valina na sexta posição da cadeia beta do DNA do gene hemoglobina (GAG → GTG). HBA 》HBS. ***** Hemácia normal dura 120 dias, na anemia falciforme dura em média 10 dias. Normalmente os pais possuem um gene alterado, ou seja, são heterozigotos ( traço falcêmico) , tendo cada um deles um gene HbA e HbS (AS), e dessa forma não apresentam sintomas. Caso os pais transmitam cada um deles o gene alterado para a criança, ela terá o gene anormal em dose dupla, ou seja, em homozigose SS. A denominação “anemia falciforme” é reservada para a forma da doença que ocorre nesses homozigotos SS. As manifestações clínicas na HbSS são mais graves, porém o acompanhamento e a terapêutica seguem a mesma rotina dos pacientes com doença falciforme. ● Hemoglobina A hemoglobina é uma proteína que se localiza dentro da hemácia e que tem como função realizar o transporte de oxigênio, ela é a responsável pela coloração avermelhada do sangue. Existem três tipos de hemoglobina que são consideradas normais nos seres humanos: ** A hemoglobina A1(cerca de 97% da hemoglobina do adulto), hemoglobina A2 (2% da hemoglobina do adulto) e hemoglobina F (hemoglobina fetal – presente nos primeiros meses de vida). O fenótipo AA da hemoglobina é considerado normal para um adulto. Hemoglobinopatias são alterações na estrutura da hemoglobina, geralmente de característica hereditária. Essas alterações podem levar a hemoglobinas SS, AS, SC, SD, entre outros. O termo doença falciforme (DF) é usado para definir as hemoglobinopatias, nas quais o fenótipo predominante é o da Hb S, mesmo quando associada a outra hemoglobina variante (Hb Var). Os tipos de DF mais frequentes são Hb SS, a HbS-beta-talassemia e as duplas heterozigoses Hb SC e Hb SD. Essas variações, causadas por heterozigoses compostas, podem apresentar quadros clínicos variados. Na doença falciforme ocorre a mutação que leva à troca de um aminoácido na cadeia beta da hemoglobina, o ácido glutâmico (hidrofílico) por uma valina (hidrofóbica) na posição 6. Essa alteração na estrutura da hemoglobina leva a alterações dessa molécula no seu estado desoxigenado. A substituição de um aminoácido hidrofílico por um hidrofóbico cria uma área que não interage com a água. Na tentativa de manter a hidrofilia, a hemoglobina S forma agregados. Essas alterações levam ao evento conhecido como falcização, que é a mudança da alteração morfológica normal da hemácia para a forma de foice ou meia-lua, resultando em alterações estruturais tanto das hemácias quanto dos eritrócitos, ou seja, isso vai levar a um processo de redução da capacidade desse glóbulo vermelho de se deformar, sendo este processo essencial para sua adequada circulação. **** Durante os 6 primeiros meses de vida, esses indivíduos geralmente não apresentam sintomas devido aos altos níveis de hemoglobina Fetal (HF). ● Diagnóstico a) Triagem neonatal para HbS, também conhecida como “Teste do Pezinho”, a amostra de sangue deve ser colhida entre 48 horas e sete dias após o nascimento, embora seja aceitável ate o 30º dia. b) Eletroforese de Hemoglobina: para diagnosticar a doença falciforme, é necessário detectar a variante hemoglobina S (HbS) ou outras que estejam associadas a ela. Em casos de transfusão de sangue, a eletroforese será prejudicada, por esse motivo ela só deve ser coletada antes de transfusões em casos suspeitos e se for feita a transfusão antes da coleta, o exame só poderá ser realizado após três meses. c) Hemograma para avaliar grau de anemia.A anemia da DF é normocrômica e normocítica. ● Manifestações Clínicas *****As manifestações clínicas dos pacientes falcêmicos devem-se principalmente a dois fatores: a oclusão vascular pelos glóbulos vermelhos seguida de infarto nos diversos tecidos e órgãos, e a hemólise crônica e seus mecanismos compensadores. A crise álgica é a principal manifestação clínica do paciente com anemia falciforme, onde os locais que o mesmo mais vai referir dor são nos osso longos, articulações, região lombar, tórax, pelve, couro cabeludo e face. O fenômeno da vaso-oclusão também leva à destruição progressiva do baço e consequentemente à autoesplenectomia, sendo responsável pela susceptibilidade aumentada a infecções graves. Como há a possibilidade potencial de evolução com choque hipovo-lêmico, trata-se de uma emergência clínica. As crianças com anemia falciforme têm como segunda causa de morte o sequestro esplênico que pode ocorrer entre os dois meses até três anos de idade, e também nos pacientes maiores. Sua manifestação é abrupta, levando a palidez, aumento do volume do baço, dor abdominal e fraqueza súbita. Alguns casos podem ser desencadeados por infecções. Por isso os pais são ensinados a palpar o baço, para que possam identificar precocemente o sequestro esplênico e procurar ajuda. A síndrome torácica aguda (STA) é multifatorial e tem como resultado final a trombose microvascular. Esse termo é utilizado, pois existe uma dificuldade de distinguir a infecção pulmonar de outras condições que podem existir na doença falciforme, como: embolia gordurosa, infarto pulmonar por oclusão da microvasculatura e tromboembolismo, pois essas manifestações causam alterações inflamatórias no pulmão. Os pacientes falcêmicos são suscetíveis às infecções sobretudo por germes encapsulados, uma vez que a função esplênica é perdida devido ao progressivo infarto no baço. Há elevado risco de sepse fulminante no paciente falcêmico já nos primeiros anos de vida, e embora diminua após os 5 anos, pacientes podem desenvolver infecções graves mais tarde. Essas infecções virais e bacterianas fazem com que o fibrinogênio aumente e com isso estimule a aderência da célula falciforme ao endotélio, levando à vasoconstrição e à hipóxia tecidual. Esse processo ocasiona uma lesão tecidual que pode provocar crises dolorosas, acidente vascular cerebral (AVC) ou síndrome torácica aguda (STA). Geralmente os pacientes portadores da DF toleram bem a anemia crônica e precisam de transfusão sanguínea somente em condições clínicas especiais como: crise aplástica, sequestro esplênico, acidente vascular cerebral e síndrome torácica aguda. ● Tratamento Crianças com essa doença devem estar com cartão vacinal atualizado e somado a isso receber outras vacinas adicionais, como contra o pneumococo, meningite e vírus influenza. Essas são indicadas e realizadas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Em crianças de 3 a 6 meses de idade, foi vista uma redução em 84% de incidência de bacteremia por pneumococo após uso de penicilina profilática via oral, duas vezes ao dia. Os portadores de doença falciforme possuem uma hiperplasia eritropoética, ou seja, a medula óssea deles está sempre hiperplásica devido a muita hemólise e, assim, aumento maior de consumo de ácido fólico. Por isso, eles têm ganho quando fazem reposição com ácido fólico,cuja dose diária é de 5mg. Outra medicação, que é a hidroxiureia (ela aumenta a síntese de hemoglobina fetal), pode ser usada em alguns pacientes selecionados, sendo eles aqueles que têm anemia falciforme e os que possuem S/beta/talassemia, para quem tem crise dolorosa frequente (3 ou mais internações no ano), anemia grave, ou outra complicação vaso-oclusiva grave (como crise de priaprismo). ****** As elevações de HbF têm um papel muito importante para modular o quadro das doenças falciformes. Como consequência do papel inibitório que a HbF exerce sobre o processo de falcização, reduzindo a gravidade das manifestações clínicas, desenvolveu-se uma busca ativa de drogas que reativassem a síntese de HbF no período pós-natal. Essa busca levou à descoberta do efeito terapêutico da hidroxiuréia na doença, e à investigação de numerosos outros compostos em fase experimental. Embora o efeito terapêutico da hidroxiuréia provavelmente compreenda outros fenômenos, como a modificação das moléculas de adesão de hemácias, granulócitos e plaquetas, e a redução da produção de granulócitos, participantes diretos dos fenômenos inflamatórios da doença, seu efeito elevando a HbF é muito consistente. **** Complicações Em alguns pacientes, a destruição intravascular de eritrócitos falciformes libera quantidades excessivas de hemoglobina na circulação, o que leva a depleção de haptoglobina e a remoção do NO. Este processo promove um fenótipo vasoconstritor e pró-inflamatório, que desencadeia as complicações vaso oclusivas. ● Anemia (crônica) A principal causa da anemia nesses pacientes é a menor sobrevida das hemácias; trata-se, pois, de anemia hemolítica, com aumento da bilirrubina indireta, hiperplasia eritróide da medula óssea e elevação dos reticulócitos. Sintomas e consequências da anemia, em especial dos homozigotos: retardo da maturação sexual, sobrecarga cardíaca com insuficiência cardíaca na terceira década de vida e contribuição para a gênese das úlceras de perna. As crises aplásticas são mais frequentes nos primeiros anos de vida; são causadas por infecção por parvovírus, que provoca uma parada passageira da eritropoese. ● Autoesplenomegalia (baço) Ocorre em virtude dos repetidos episódios de enfartes esplênicos, com consequente cicatrização e destruição do órgão. A principal consequência da asplenia é o aumento do risco de infecções graves, especialmente por Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis e Klebsiella sp., entre outros, que produzem meningites ou septicemias graves associadas a elevada mortalidade. ● Dor No quadro agudo, a dor está associada a isquemia tecidual aguda causada pela vaso-oclusão. A topografia mais frequentemente relatada abrange membros inferiores e superiores. Em casos mais graves, a dor em região torácica acompanhada de febre, dispnéia e hipoxemia caracteriza a síndrome torácica aguda, complicação aguda com maior índice de mortalidade na doença falciforme. ● Eventos vaso-oclusivos Com as hemácias fragilizadas em forma de foice, elas se rompem e liberam hemoglobina livre no intravascular. Essa hemoglobina é danosa e vai provocar ativação das células endoteliais vasculares, levando a uma resposta inflamatória vascular, ou seja, a partir de liberação de citocinas e outras substâncias ocorre um processo de adesão das células brancas e vermelhas na parede do vaso juntamente com a vasoconstrição (redução do fluxo sanguíneo que favorece a vaso-oclusão), propiciando a formação de trombo e consequentemente trombose. ● Sequestro Esplênico O baço retém um grande volume de hemácias no prazo de algumas horas. Além do acentuado aumento do volume do baço, provoca uma queda rápida da hemoglobina, produzindo um quadro que se assemelha a um choque hemorrágico. ● Lesões Teciduais Quatro mecanismos básicos constituem as bases das lesões teciduais nesses pacientes: a) anemia; b) vaso-oclusão com hipóxia, necrose, fibrose e desorganização microvascular; c) sobrecarga de ferro; d) asplenia (ausência do baço). - Esplenomegalia - Hepatomegalia - Chance de adoecimento - Icterícia X Dor na perna X Infecção Respiratória ( agente etiológico na anemia falciforme) - Vacinação - AVC na infância - Autoesplenectomia do baço - Raça negra - Pneumonia de repetição - Aconselhamento Genético 4 - Anemias 5 - AVC e desvio da comissura labial - Exame físico neurológico ***** A causa mais comum de acidente vascular cerebral (AVC) na infância é a anemia falciforme, o homozigoto da hemoglobina S ou Hb SS. Os pacientes com hemólise mais grave parecem ser mais suscetíveis a AVC. Os eritócitos falciformes e a alta velocidade do fluxo sanguíneo relacionada à anemia causam dano vascular. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes: AVC hemorrágico: ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico. AVC isquêmico: ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). SINTOMAS Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC são: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou compreensão; alteração na visão (em um ou ambos os olhos); alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente. DIAGNÓSTICO O diagnóstico do AVC é feito por meio de exames de imagem, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral. Tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC isquêmico agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia. Assim que o paciente chega ao hospital, entre os cuidados clínicos de emergência estão: Verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura. Checar a glicemia. Colocar a pessoa deitada, exceto se houver vômitos. Colocar acesso venoso no braço que não estiver paralisado. Administrar oxigênio, caso a pessoa precise. Determinar o horário de início dos sintomas por meio de questionário ao paciente ou acompanhante. FATORES DE RISCO Hipertensão; Diabetes tipo 2; Colesterol alto; Sobrepeso; Obesidade; Tabagismo; Uso excessivo de álcool; Idade avançada; Sedentarismo; Uso de drogas ilícitas; Histórico familiar; Ser do sexo masculino. CAUSA DO AVC HEMORRÁGICO O AVC hemorrágico tem como causa, principalmente, a pressão alta descontrolada e a ruptura de um aneurisma. No entanto, também pode ser provocado por outros fatores, como: Hemofilia ou outros distúrbios coagulação do sangue; Ferimentos na cabeça ou no pescoço; Tratamento com radiação para câncer no pescoço ou cérebro; Arritmias cardíacas; Doenças das válvulas cardíacas; Defeitos cardíacos congênitos; Vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos), que pode ser provocada por infecções a partir de doenças como sífilis, doença de Lyme, vasculite e tuberculose; Insuficiência cardíaca; Infarto agudo do miocárdio. CAUSA DO AVC ISQUÊMICO O AVC isquêmico se divide em quatro subgrupos, com causas distintas: ● AVC isquêmico aterotrombótico: provocado por doença que causa formação de placas nos vasos sanguíneos maiores (aterosclerose), provocando a oclusão do vaso sanguíneo ou formação de êmbolos. ● AVC isquêmico cardioembólico: ocorre quando o êmbolo causador do derrame parte do coração. ● AVC isquêmico de outra etiologia: é mais comum em pessoas jovens e pode estar relacionado a distúrbios de coagulação no sangue. ● AVC isquêmico criptogênico: ocorre quando a causa doAVC isquêmico não foi identificada, mesmo após investigação detalhada pela equipe médica. PREVENÇÃO Não fumar; Não consumir álcool; Não fazer uso de drogas ilícitas; Manter alimentação saudável; Manter o peso ideal; Beber bastante água; Praticar atividades físicas regularmente; Manter a pressão sob controle; Manter a glicose sob controle. 6 - Níveis de Atenção, Tratamento (terapia celular), acompanhamento, Formulários de referência e contra-referência Realizado o diagnóstico, e efetivadas as condutas com relação aos familiares preconizadas pelo PNTN, as crianças devem ser encaminhadas para o centro de referência de sua região, a fim de serem cadastradas e ter início a assistência especializada. Nesse centro, devem ser reforçadas todas as informações sobre a doença e seu caráter hereditário, além de se iniciarem as principais medidas de profilaxia, como a penicilina e vacinas e o uso contínuo de ácido fólico, e de se estabelecer o vínculo com a UBS local, de acordo com a organização da rede. A assistência deve ocorrer na UBS mais próxima possível da resi- dência da pessoa com DF e iniciada tão logo seja feito o diagnóstico, nessa própria unidade ou por encaminhamento do ambulatório ou centro de referência após os procedimentos iniciais dos cuidados preconizados. As pessoas serão acompanhadas pelas ESF, quando houver. Caso contrário, ficarão a cargo de médicos generalistas e demais profissionais de promoção da saúde. A relação do ambulatório ou centro de referência com a UBS de moradia do diagnosticado deve ser estabelecida e estreitada para o acolhimento das pessoas. Ao retornar à UBS, as condutas do especialista necessitam ser reforçadas pelas equipes que acolherem essas pessoas: o uso de ácido fólico, vacinas usuais e especiais, penicilina profilática nas crianças até cinco anos 7 - Bicho geográfico A larva migrans cutânea, conhecida popularmente por bicho geográfico, é uma infecção causada pelas larvas de parasitas que vivem nos intestinos de cães e gatos, como os helmintos Ancylostoma braziliense ou Ancylostoma caninum. ● Transmissão O ciclo de vida dos parasitas que causam a larva migrans cutânea começa quando animais infectados pelos helmintos eliminam os ovos do parasita nas fezes. As fezes contaminadas quando em contato com um solo quente, úmido e arenoso se tornam um meio ótimo para a evolução dos ovos, que eclodem, liberando as larvas. No solo, as larvas recém-nascidas se alimentam de bactérias, e ao longo de 5 a 10 dias, passam por duas fases evolutivas até se tornarem aptas a infectar humanos ou outros animais. Larvas na 3º fase evolutiva (fase infecciosa) podem sobreviver no ambiente por até 4 semanas, se encontrarem condições favoráveis. A contaminação do homem se dá quando há um contato da pele com o solo contaminado por larvas, habitualmente, quando andamos descalços sobre terreno arenoso. Praias, principalmente aquelas onde há fezes de cães e gatos na areia, são locais propícios para conterem larvas de helmintos. As regiões da areia onde há sombra, mas não há contato com a água do mar, são os melhores pontos para o desenvolvimento das larvas. Outro local comum de contaminação são as caixas de areia ao ar livre onde as crianças brincam. Gatos costumam procurar locais com terra ou areia para enterrar suas fezes, podendo facilmente contaminar estas áreas. As larvas na 3º fase evolutiva conseguem penetrar a camada mais superficial da pele humana, mas não conseguem atravessar as camadas subjacentes. Sem conseguir invadir mais profundamente, os vermes passam se movimentar ao acaso por baixo da pele, formando um pequeno túnel que dá origem a desenhos na pele, parecendo um mapa, daí o nome popular de bicho geográfico. ● Sintomas O momento da penetração das larvas pode passar despercebido, mas em alguns pacientes é possível notar a presença de uma pápula (um ponto com relevo de mais ou menos 1 cm de diâmetro) avermelhado e pruriginoso. Se o solo estiver intensamente contaminado por larvas, várias pápulas podem surgir na pele, indicando vários pontos de invasão. Dentro de dois a três dias depois da invasão, surgem os pequenos túneis causados pela migração do verme por baixo da pele. Cada invasão origina um túnel. Estas lesões são discretamente elevadas, serpiginosas, marrom-avermelhadas e provocam muita coceira. Os túneis avançam cerca de 2 a 5 cm por dia. ● Larva migrans Com o passar dos dias, a parte mais antiga do trajeto tende a desinflamar, deixando em seu lugar apenas uma faixa mais escurecida, que desaparecerá mais tarde. A duração do processo é muito variável podendo curar-se espontaneamente ao fim de 2 semanas ou durar meses. A larva migrans quando desaparece espontaneamente, sem tratamento, pode reaparecer semanas ou meses depois. O sintoma que mais incomoda é a coceira, podendo, inclusive, impedir o paciente de dormir. Se o paciente cocar demais a área, pode causar feridas e facilitar a contaminação da pele por bactérias, levando a quadros de celulite ou erisipela. ● Tratamento O tratamento da larva migrans é feito com drogas antiparasitárias que tenham ação contra helmintos, como Tiabendazol, Albendazol ou Ivermectina. O tratamento tópico dura de 5 a 7 dias, mas as lesões e a coceira costumam apresentar melhora já nas primeiras 48 horas de tratamento. 8 - Dados vitais Hemoglobina –6,3 g%; Pulso rítmico, cheio, frequência de 85/min. TA 80/50 mmHg. Temperatura 36,8ºC. FR 28/min. Peso: 17,3 Kg. Altura: 1,05 m. Pele: palidez de +/IV, com turgor e elasticidade preservados, hidratada, com uma lesão hiperemiada serpiginosa no pé esquerdo. Fâneros normais. Mucosas hipocrômicas ++/IV, com discreta icterícia ++/IV, sem lesões. TCSC quantidade normal. Gânglios pequenos, móveis, indolores, elásticos, não aderidos, em região submandibular, cervical anterior e posterior e inguinal. Cabeça: forma e tamanho normais; olhos: discreta icterícia em escleróticas; nariz: mucosa rósea, sem secreção, septo mediano, cornetos inferiores de tamanho normal; boca: dentes sem cáries; mucosa oral íntegra; orofaringe sem hiperemia e exsudatos. Pescoço: cilíndrico, simétrico; laringe e traquéia medianas; carótidas simétricas; jugulares sem estase a 45 graus; tireóide normal ao exame. Tórax: forma normal; expansibilidade normal; FTV palpável em todo o tórax, som claro pulmonar à percussão; ausculta: MV normal, sem ruídos adventícios. Ictus no 5º EIE, LMC, não impulsivo. Ausência de IPEE. Bulhas normofonéticas. Desdobramento da segunda bulha à inspiração, no foco pulmonar e aórtico secundário. Sopro mesossistólico, grau II em VI, melhor audível na expiração, em todos os focos. Abdome: levemente globoso; fígado a 4 cm do RCD e do AX; baço impalpável; RHA normais; sem sinais de ascite. Extremidades: sem edemas; sem dor à palpação e compressão; sem deformidades articulares; apresenta dermatite serpiginosa, no pé esquerdo. Sistema nervoso: lúcida e orientada; leve hemiparesia à direita, comprometendo discretamente a marcha; discreta assimetria facial; coordenação, equilíbrio, sensibilidade sem anormalidades, hiperreflexia nos membros direitos.
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