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Preparações farmacêuticas em Fitoterapia Profª. Jessica Hellen Souza da Silva Descrição O desenvolvimento de um fitoterápico: da pesquisa com plantas medicinais ao medicamento. Propósito Conforme determinado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), o farmacêutico deve participar da constituição de todas as Comissões Assessoras que envolvam assuntos pertinentes às atividades de produção e utilização terapêutica das plantas medicinais, seus derivados e fitoterápicos. Nesse contexto profissional, é extremamente importante que o farmacêutico conheça os termos técnicos e os caminhos possíveis a serem percorridos na produção de um fitoterápico. Objetivos Módulo 1 Formas farmacêuticas em Fitoterapia Identificar as principais formas farmacêuticas utilizadas em Fitoterapia. Módulo 2 Métodos extrativos em Fitoterapia 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 1/65 Descrever os principais métodos extrativos empregados na preparação de fitoterápicos. Módulo 3 Plantas medicinais e o desenvolvimento de medicamentos �toterápicos Relacionar a pesquisa com plantas medicinais e os eventos ligados ao desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos. Módulo 4 Controle da Qualidade de drogas e derivados vegetais Reconhecer os critérios para o controle da qualidade de derivados vegetais. Dentre as diversas áreas de atuação do farmacêutico, temos a Fitoterapia, que abrange atribuições profissionais específicas e privativas voltadas à Fitoterapia em si e ao âmbito de fitoterápicos, de plantas medicinais e seus derivados – na manipulação farmacotécnica e na produção industrial de drogas vegetais e seus derivados. Tais atribuições são exercidas no sistema de saúde, na farmácia magistral, na farmácia comunitária, na indústria farmacêutica, na educação, na qualificação profissional, na pesquisa e desenvolvimento, no processamento de insumos de origem vegetal, e no fornecimento, distribuição, importação e exportação das plantas medicinais, drogas vegetais e seus derivados. Mediante isso, é de interesse do futuro farmacêutico conhecer um pouco sobre aquilo que é relativo à produção de fitoterápicos e/ou de seus insumos de produção. Para isso, colocaremos aqui conhecimentos práticos farmacotécnicos, farmacobotânicos, farmacológicos etc. que são aplicáveis à pesquisa, produção, ao controle de qualidade e registro de fitoterápicos. Vamos começar? Orientação sobre unidade de medida Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e Introdução 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 2/65 1 - Formas farmacêuticas em Fitoterapia Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as principais formas farmacêuticas utilizadas em Fitoterapia. Formas farmacêuticas Você lembra o que é uma forma farmacêutica? Podemos definir forma farmacêutica como o estado final de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações executadas com ou sem a adição de excipientes apropriados, a fim de facilitar sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a determinada via de administração. As formas farmacêuticas também podem ser agrupadas e/ou classificadas de acordo com a forma física de apresentação: Formas farmacêuticas sólidas. Formas farmacêuticas sólidas Exemplo: comprimidos. demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 3/65 Formas farmacêuticas líquidas. Formas farmacêuticas líquidas Exemplo: xarope. Formas farmacêuticas semissólidas. Formas farmacêuticas semissólidas Exemplo: gel. Formas farmacêuticas gasosas. Formas farmacêuticas gasosas Exemplo: gás anestésico. Ou seja, dentro do conceito de medicamento, a forma farmacêutica representa a apresentação final do produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado. Os fitoterápicos podem ser definidos como produtos obtidos de matéria- prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 4/65 Medicamento �toterápico (MF) É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações técnico- científicas ou evidências clínicas. Produto tradicional �toterápico (PTF) Aquele obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança seja baseada por meio da tradicionalidade de uso e que seja caracterizado pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Medicamento �toterápico (MF) Medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. Atenção! Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais (RDC nº 17/2010). Folhas de Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek) O medicamento fitoterápico GASTROSIL®, por exemplo, feito com as folhas de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reissek), apresenta-se no mercado em duas formas farmacêuticas: emulsão oral e cápsula. Veja a seguir essas duas formas farmacêuticas: 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 5/65 Emulsão oral A emulsão oral seria uma forma farmacêutica líquida. Cápsula A cápsula seria uma forma farmacêutica sólida. Temos a seguir um esquema com as principais formas farmacêuticas utilizadas em fitoterapia: Formas farmacêuticas em Fitoterapia. As formas farmacêuticas em Fitoterapia podem ser concentradas ou diluídas para compor uma forma farmacêutica. Por exemplo, a castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum L.) pode ser utilizada de forma oral ou tópica. A forma farmacêutica de uso oral pode ser cápsula com extrato seco das sementes, enquanto o uso tópico pode ser o gel com tintura. Uma tintura, após retirada de solvente, pode se transformar em um extrato seco, ou seja, mais concentrado. A união do extrato seco com excipientes em uma cápsula configura uma forma farmacêutica final sólida, D 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 6/65 enquanto a tintura das sementes incorporada ao gel base configura uma forma farmacêutica final semissólida. Observe o esquema a seguir: Observe que, em Fitoterapia, quando tratamos da mesma matéria-prima vegetal, podem existir caminhos diferentes para se ter a mesma forma farmacêutica final. Podemos observar também que, às vezes, para alcançarmos determinada forma farmacêutica, temos outras intermediárias na produção farmacotécnica, conforme vimos no esquema acima. As formas farmacêuticas em Fitoterapia podem ser divididas em convencionais (ex.: comprimido, xarope e pomada) e extrativas (ex.: tintura, extrato fluido e extrato seco). As formas farmacêuticas extrativas são aquelasque são obtidas após a aplicação de métodos extrativos como: maceração, percolação, extração por fluido supercrítico etc. Apesar da divisão entre as formas, as convencionais são feitas a partir de formas farmacêuticas extrativas como, por exemplo, uma suspensão de extrato seco vegetal ou um gel de tintura vegetal. Curiosidade Dentro do linguajar técnico de produção de fitoterápicos, existe o termo Insumo Farmacêutico Ativo Vegetal, o IFAV. Um IFAV seria a matéria- prima ativa vegetal (droga ou derivado vegetal), utilizada no processo de fabricação de um fitoterápico que, quando administrado em um paciente, atua como ingrediente ativo (princípio ativo). Ele corresponde aos IFAs (Insumos Farmacêuticos Ativos) dos medicamentos alopáticos convencionais. O IFA é a substância que dá ao medicamento sua característica farmacêutica, ou seja, aquilo que faz com que determinado medicamento funcione. Seria qualquer substância introduzida na formulação de uma forma farmacêutica que, quando administrada em um paciente, atua como ingrediente ativo. Sendo assim, um fitoterápico, seja ele medicamento fitoterápico ou produto tradicional fitoterápico, pode ter como IFAV uma droga vegetal ou um derivado vegetal. Medicamento alopático Drágeas de Buscopan® Cada drágea contém: 10mg de butilbrometo de escopolamina, correspondentes a Produto tradicional �toterápico Solução oral de HEPATILON® Cada 10mL de solução contém: extrato de 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 7/65 6,89mg de escopolamina. Excipientes: fosfato de cálcio dibásico, amido de milho, dióxido de silício, ácido esteárico, povidona, sacarose, talco, goma arábica, dióxido de titânio, macrogol, cera de carnaúba, cera branca de abelha, álcool etílico, água purificada. Peumus boldus 0,67mL (padronizada em 0,67mg (0,1%) de alcaloides totais expresso em boldina). Equivalente a 0,67mg de alcaloides totais expressos em boldina/10mL. Excipientes: metilparabeno, extrato fluido de Citrus aurantium L., tintura de menta, corante caramelo, edetato dissódico, metabissulfito de sódio, álcool etílico, glicerol e água purificada. Veja que o butilbrometo de escopolamina é o IFA das drágeas de Buscopan®, enquanto o Extrato de Peumus boldus é o IFAV da solução oral do HEPATILON®. O IFAV não é uma substância isolada como o butilbrometo de escopolamina, ele é a droga vegetal ou o derivado vegetal que possui um fitocomplexo, ou seja, um conjunto de substâncias originadas do metabolismo primário ou secundário vegetal, que em conjunto são responsáveis pelos efeitos biológicos da planta medicinal ou de seus derivados. Por definição, o derivado vegetal é o produto da extração da planta medicinal fresca ou da droga vegetal que contém as substâncias responsáveis pela ação terapêutica, podendo ocorrer na forma de extrato, óleo fixo e volátil, cera, exsudato e outros. Ou seja, as formas farmacêuticas extrativas - tintura, extrato fluido, extrato mole, extrato seco, extrato oleoso, infuso e decocto - podem configurar um IFAV na forma de um derivado vegetal. Sendo assim, vamos aprender um pouco mais sobre os principais métodos extrativos para obtenção de IFAVs na forma de derivados vegetais para, em seguida, desenvolvermos um pouco mais os conceitos referentes às diferentes formas farmacêuticas líquidas, sólidas e semissólidas em Fitoterapia. Exsudato Líquido orgânico que emana das paredes e membranas celulares devido a lesão física ou inflamação. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 8/65 Processos extrativos em Fitoterapia: fatores in�uenciadores Os processos extrativos visam à retirada dos constituintes que possuem atividade farmacológica de dentro de determinada planta medicinal ou droga vegetal por meio de um solvente, obtendo-se, assim, formas farmacêuticas mais convenientes ao manuseio e à administração, conforme veremos a seguir: Representação geral de processo extrativo. Após o processo extrativo, obtém-se uma solução extrativa (extrato), resultado da dissolução parcial de uma droga vegetal de composição heterogênea num solvente. Alguns fatores podem influenciar a eficiência extrativa dos métodos empregados em Fitoterapia, sendo elas: a seletividade do solvente, o estado de divisão da droga vegetal, a tensão superficial, a agitação, o tempo de contato com a droga vegetal, a temperatura e as substâncias intrínsecas e extrínsecas. Dessa maneira, veremos a seguir esses fatores influenciadores do processo de extração. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 9/65 Seletividade do solvente Ao permear, ou seja, difundir-se pelos tecidos vegetais, o solvente dissolve e carrega consigo apenas alguns dos constituintes do vegetal, apenas aqueles que possuem afinidade química por ele. Esses constituintes podem pertencer a uma ou mais classes de componentes a seguir: alcaloides, taninos, heterosídeos flavônicos, antraquinônicos, cumarínicos, antociânicos, saponínicos, cardioativos, cianogênicos, resinas, bálsamos, essências etc. É sempre preferencial o uso de solventes econômicos, conservantes e pouco tóxicos nos processos extrativos em Fitoterapia. Dentre os solventes mais utilizados para a preparação dos extratos, temos a água, o etanol, a glicerina, propilenoglicol e a acetona. A acetona, especificamente, deve ser eliminada na sua totalidade antes que o extrato seja utilizado como fitoterápico. A seguir, temos uma tabela que relaciona a seletividade de alguns dos solventes mais utilizados em fitoterapia. Bálsamos São substâncias aromáticas/odoríferas exsudadas por algumas plantas, em consequência de um corte ou por vias naturais, composta de resinas, óleos essenciais, ácido benzoico, cinâmico e seus ésteres. Constituintes vegetais (princípios ativos) Solventes Água Etanol Mistura água-álc 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 10/65 Constituintes vegetais (princípios ativos) Solventes Bases de alcaloides Praticamente insolúvel ou insolúvel Solúvel Muito po solúvel Sais de alcaloides Facilmente solúvel Solúvel Facilmen solúvel Heterosídeos Facilmente solúvel Facilmente solúvel Facilmen solúvel Substâncias amargas Facilmente solúvel Facilmente solúvel Facilmen solúvel Taninos Facilmente solúvel Facilmente solúvel Facilmen solúvel Óleos essenciais Muito pouco solúvel Solúvel Praticam insolúvel insolúvel Óleos fixos, ceras Praticamente insolúvel ou insolúvel Praticamente insolúvel ou insolúvel Praticam insolúvel insolúvel Bálsamos, resinas Praticamente insolúvel ou insolúvel Solúvel Muito po solúvel Açúcares Facilmente solúvel Solúvel Solúvel Amido Muito pouco solúvel Praticamente insolúvel ou insolúvel Praticam insolúvel insolúvel Celulose Praticamente insolúvel ou insolúvel Praticamente insolúvel ou insolúvel Praticam insolúvel insolúvel Pectinas Solúvel Praticamente insolúvel ou insolúvel Muito po solúvel Albuminas Solúvel Precipitação Muito po solúvel Sais inorgânicos Solúvel Muito pouco solúvel Pouco solúvel/m pouco so 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 11/65 Tabela: Seletividade de solventes extrativos água/etanol. Elaborado por: Jessica Silva. As solubilidades dos constituintes vegetais indicadas acima não devem ser tomadas no sentido estrito de constante física, mas como simples informação. As indicações sobre a solubilidade normalmente referem-se às determinações feitas à temperatura de 25°C. Os termos "solúvel", "pouco solúvel"etc. são dados com base em partes de solvente, que se refere à dissolução de 1g de sólido ou 1mL de líquido no número de mililitros do solvente estabelecido no número de partes. Ou seja, as solubilidades aproximadas constantes aqui são designadas por meio de termo descritivo para solubilidade em processo extrativo, tais como "muito solúvel" - em menos de 1 parte de solvente, e "praticamente insolúvel" - em mais de 10.000 partes. Estado de divisão da droga vegetal e tensão super�cial do solvente Como descrito previamente, os processos extrativos podem ser feitos com a planta medicinal in natura (fresca) ou com a droga vegetal. Droga vegetal Planta medicinal ou suas partes após processos de coleta, estabilização e secagem. Atenção! A extração a partir de drogas vegetais é mais usual devido ao tempo de validade da matéria-prima vegetal. Por estarem secas e, quando necessário, estabilizadas, podem ser armazenadas fora do congelamento e resistem mais tempo a processos extrativos prolongados sem grande proliferação fúngica e bacteriana no meio extrativo. As drogas vegetais podem estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada, e seu estado de divisão tem influência decisiva nos processos de dissolução extrativa, pois quanto menor o tamanho de partícula das drogas vegetais, maior será a superfície total de contato com o solvente extrator, o que por si só eleva a velocidade de difusão dos princípios ativos carreados pelo solvente. A trituração rompe as paredes celulares vegetais que aprisionam os princípios ativos, favorecendo o contato destes com o solvente extrator. Porém, a excessiva diminuição do tamanho de partícula pode resultar num aumento de dificuldade de passagem do solvente pelo material vegetal, devido à maior tendência a formação de aglomerados e à diminuição do espaço intersticial - espaço entre as partículas. O que pode exigir um aumento no tempo de contato droga-solvente e agitação do sistema para que haja efetiva extração. Quando um solvente líquido entra em contato com uma superfície sólida como a das partículas de droga vegetal, dois fatores podem atuar para 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 12/65 facilitar ou dificultar a extração: a tensão superficial, sendo ela uma das propriedades dos líquidos de oferecerem a menor superfície para contato com outro meio, no caso, o meio sólido, adquirindo assim uma forma esférica; e a maior ou menor capacidade dos sólidos em absorverem líquidos. A diminuição da tensão superficial do solvente (líquido extrator) ou o aumento das propriedades absortivas das partículas da droga vegetal (sólido) levam a um contato mais amplo entre droga-solvente, aumentando assim o rendimento extrativo. Em alguns casos de extração com solventes hidrofílicos, recorre-se à utilização de tensoativos para extração de substâncias lipossolúveis. Esses tensoativos devem ser sempre de natureza não iônica como os polissorbatos, por exemplo. Também devem ser removidos imediatamente após a extração, pois, mesmo que de forma breve, a utilização de tensoativos pode acelerar o processo de degradação de ativos vegetais, inclusive a simples utilização de tensoativos reduz o período útil, o prazo de validade de extratos vegetais obtidos dessa forma. Agitação A agitação desempenha um papel de grande influência na velocidade de dissolução. Ela pode reduzir muito o tempo de duração de um processo extrativo. Tal fenômeno ocorre porque a agitação torna possível o contato droga-solvente menos concentrado em determinados pontos do sistema. O sistema de extração sem agitação propicia a formação de zonas de concentração de solvente ao redor de cada partícula da droga e um processo lento de dissolução, ou seja, de solubilização dos princípios ativos vegetais no solvente extrator. A agitação permite que as moléculas de solvente acessem mais rápido todas as partículas de droga do sistema, acelerando a dissolução e, consequentemente, a extração. Tempo de contato com a droga vegetal Quanto maior for o tempo de contato droga-solvente, melhor será a extração, pois haverá mais tempo para que ocorra o fluxo de difusão do solvente através das paredes celulares da droga vegetal, contribuindo para o equilíbrio de concentração de princípios ativos dentro e fora dos tecidos vegetais. Esse tempo de contato é necessário pois a solubilidade dos ativos no solvente não se dá de forma instantânea e, geralmente, eles se encontram revestidos por uma parede celular que impede o contato direto com o solvente. Assim, se inicialmente tivermos determinada concentração de ativos na droga vegetal, ao final de um intervalo de tempo de contato droga-solvente, ocorrerá uma diminuição 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 13/65 da concentração de princípios no interior da droga, ao passo que se eleva a presença destes junto ao solvente. Recomendação Dependendo do tipo de solvente utilizado e do método extrativo, o prolongamento do tempo de contato droga-solvente pode gerar degradação da solução extrativa, pela ocorrência de hidrólise, fermentação, ou outros processos que diminuem a qualidade do extrato, como ocorre se o solvente for água ou soluções alcoólicas muito diluídas (abaixo de 20%). Além disso, pode propiciar a dissolução daqueles materiais de menor solubilidade, que nem sempre são de interesse. Logo, é importante que sejam obedecidas as condições especificadas para obtenção de cada solução extrativa particular, visando sempre à qualidade e a constância dela para os extratos obtidos. Temperatura O aumento da temperatura, ou seja, o fornecimento de calor ao sistema extrativo contribui diretamente para a solubilização das substâncias, diminuição da viscosidade do solvente e aumento da velocidade de difusão. Pode ser útil em alguns casos para facilitar a extração. Não se deve usar o aquecimento para extração de princípios ativos termolábeis ou que se volatilizem com facilidade. Exemplos: proteínas (termolábeis) e fenilpropanoides (voláteis). O calor também é um fator que contribui para acelerar reações orgânicas, favorecendo reações de hidrólise, de oxidação e decomposições, que são desfavoráveis à manutenção da qualidade dos extratos. Substâncias intrínsecas e extrínsecas As substâncias intrínsecas correspondem àquelas presentes na droga vegetal, sendo princípio ativo ou não, que contribuem significativamente para facilitar ou dificultar o processo extrativo. Como, por exemplo, os ácidos orgânicos málico, tartárico e cítrico, que uma vez presentes em drogas vegetais de princípios ativos alcaloídicos, facilitam a extração dos alcaloides por solventes aquosos. Esses ácidos orgânicos ligam-se aos alcaloides base livre transformando-os em sais que são mais solúveis em meios aquosos, facilitando então a extração desses por solventes mais polares/aquosos. Na imagem a seguir, acompanhe a reação de alcaloides com ácidos: 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 14/65 Reação de alcaloides com ácidos. Os óleos vegetais, as ceras, as pectinas e as proteínas também são substâncias intrínsecas que em muitos casos dificultam o processo extrativo, seja por insolubilidade no solvente extrator ou por causar precipitação ou geleificação do meio extrativo, diminuindo ou impedindo a extração de ativos. As substâncias extrínsecas correspondem àquelas que são adicionadas ao meio extrativo para facilitar a dissolução e extração dos princípios ativos vegetais, sem interferir na tensão superficial, como por exemplo, ácidos minerais e orgânicos, que são adicionados para facilitar a extração de bases fracas como os alcaloides, e a adição de bases como hidróxido de amônio para alcalinizar o meio extrativoe aumentar a eficiência de extração de princípios ativos de caráter de ácido fraco, como as antraquinonas. Antraquinonas em meio alcalino. Formas Farmacêuticas em Fitoterapia Assista o vídeo para ver um pouco mais sobre as principais formas farmacêuticas utilizadas em Fitoterapia e os fatores que influenciam no processo extrativo. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 15/65 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Conforme abordado neste módulo, a seletividade do solvente é um dos principais fatores que influenciam a eficiência extrativa dos métodos extrativos empregados em Fitoterapia. Porém, vimos também que ela não é o único fator de influência direta na eficiência extrativa. Sendo assim, assinale a alternativa que pontua todos os demais fatores abordados: A Estado de divisão da droga vegetal, tensão superficial, agitação, tempo de contato com a droga 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 16/65 Parabéns! A alternativa E está correta. Apesar de a seletividade do solvente ser o fator de maior interferência na capacidade e eficiência de um método extrativo, fatores como o estado de divisão da droga vegetal, tensão superficial, agitação, tempo de contato droga-solvente, temperatura e as substâncias intrínsecas e extrínsecas também podem contribuir para um aumento ou redução de eficiência extrativa. Questão 2 Com base naquilo que foi estudado neste módulo, marque a opção que caracteriza um fator de interferência na eficiência extrativa que, ao ser adicionado ao meio extrativo, facilita a dissolução e extração dos princípios ativos vegetais, sem interferir na tensão superficial. vegetal, temperatura e substâncias intrínsecas B Tensão superficial, agitação, tempo de contato com a droga vegetal, temperatura e substâncias intrínsecas e extrínsecas C Estado de divisão da droga vegetal, tensão superficial, agitação, tempo de contato com a droga vegetal e substâncias intrínsecas e extrínsecas D Estado de divisão da droga vegetal, tensão superficial, agitação, tempo de contato com a droga vegetal, temperatura e substâncias extrínsecas E Estado de divisão da droga vegetal, tensão superficial, agitação, tempo de contato com a droga vegetal, temperatura e substâncias intrínsecas e extrínsecas A Solvente B Substâncias extrínsecas C Substâncias intrínsecas D Tensoativos 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 17/65 Parabéns! A alternativa B está correta. Seriam as substâncias extrínsecas aquelas que são adicionadas ao meio extrativo para facilitar a dissolução e extração dos princípios ativos vegetais, sem interferir na tensão superficial. Sendo, portanto, a opção desta questão, visto que o solvente, o triturador e as substâncias intrínsecas não são adicionais ao meio extrativo e os tensoativos diminuem a tensão superficial. 2 - Métodos extrativos em Fitoterapia Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os principais métodos extrativos empregados na preparação de �toterápicos. Obtenção de extratos vegetais Os principais métodos extrativos para obtenção de extratos vegetais são: Maceração Enfleurage (enfloragem) Percolação Turbólise (turbo-extração) Prensagem (expressão) Extração em contracorrente Digestão Infusão Decocção Hidrodestilação* (por arraste a vapor e coobação) E Triturador 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 18/65 Extração contínua a quente (por soxhlet) Extração assistida por micro-ondas, ultrassom e fluido supercrítico Dentre os métodos citados, os mais recorrentes nas monografias oficiais do país, como o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, são a maceração, a percolação, a infusão e a decocção. Os métodos extrativos infusão, decocção e digestão também podem ser classificados como métodos caseiros, embora possam ser realizados em laboratório. Maceração Representação de maceração. A maceração é o processo que consiste em manter a planta fresca ou droga vegetal convenientemente rasurada, triturada ou pulverizada, nas proporções ideais para cada formulação, em contato com o líquido extrator apropriado, em repouso por tempo determinado para cada preparação fitoterápica (8 horas, 20 dias etc.). Normalmente ocorre em temperatura ambiente, em recipiente que elimina o contato com a luz e sob a agitação ocasional, sem renovação do líquido extrator. Algumas variações nessa operação podem ser feitas visando ao aumento da eficiência extrativa. Portanto, a maceração pode tornar-se dinâmica: maceração feita sob constante agitação mecânica. Ou ainda pode-se propor esgotamento da droga vegetal por remaceração. Podemos considerar como vantagem da técnica a extração sem degradação de substâncias ativas termolábeis. Como desvantagens, temos a baixa permeabilidade do solvente à droga, pouca solubilidade dos ativos a frio, saturação do solvente e lentidão do processo. Remaceração 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 19/65 Quando a operação é repetida utilizando o mesmo material vegetal, renovando apenas o líquido extrator. En�eurage (en�oragem ou en�oração) A enfloragem é um dos métodos extrativos mais antigos (século XVIII) e de uso predominante na perfumaria. A parte vegetal – como flores, por exemplo – é colocada sobre uma placa de vidro com gordura, que vai absorver o óleo das flores, que são substituídas por flores novas todos os dias até que a concentração certa seja obtida, sendo a operação de troca repetida entre 30 e 40 vezes. Enfloragem. Após o processo, a gordura com o óleo vegetal é filtrada e destilada. O concentrado oleoso que resulta desse processo é misturado ao álcool e novamente destilado. O produto final seria o óleo essencial das flores. Percolação (ou lixiviação) A percolação, também conhecida como lixiviação, é o processo extrativo que consiste na passagem de solvente através da droga vegetal pulverizada e previamente umedecida (macerada) com o líquido extrator. Para compreender detalhadamente, observe a imagem a seguir: 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 20/65 Organização interna de percolador preenchido. Foto de percolador de aço inoxidável. Para que se faça a extração via percolação, o material vegetal umedecido é colocado dentro do equipamento, entre camadas de algodão, areia e disco (ou prato) perfurado para que se inicie a colocação do solvente e, consequentemente, o fluxo. A ação do solvente, que atravessa toda extensão do recipiente, desloca-se de cima para baixo sob velocidade de gotejamento controlada. O produto obtido é denominado percolato. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 21/65 Em função do caráter cinético da percolação, a difusão é acentuadamente mais rápida que na maceração, pois o equilíbrio absoluto entre as concentrações dos líquidos intra e extracelular nunca é atingido, uma vez que o solvente é constantemente renovado no sistema. Dessa maneira, é possível obter o esgotamento total da droga vegetal. A extração continua a ocorrer enquanto houver material para dissolver e enquanto o solvente for renovado. Podemos considerar como vantagem da técnica a não saturação do solvente, o que torna a extração mais eficiente. Como desvantagens, tem-se a influência da permeabilidade do solvente na droga vegetal, a solubilidade a frio dos ativose o gasto de grandes volumes de solvente. Turbólise (turboextração) A turbólise ou turboextração baseia-se na extração que ocorre concomitantemente com a redução do tamanho de partícula do material vegetal, resultado da aplicação de elevadas forças de cisalhamento em rotações de 5.000 a 20.000 rpm. Normalmente pelo movimento cortante das hélices de um liquidificador industrial de aço inoxidável ou de agitadores ou misturadores de laboratório. A redução drástica do tamanho das partículas com o consequente rompimento das células favorece a rápida dissolução das substâncias ativas, resultando em tempos de extração da ordem de minutos e o quase esgotamento da droga. Podemos considerar como vantagens da técnica a simplicidade, rapidez e versatilidade. Como desvantagens, a difícil separação da solução extrativa por filtração; geração de calor no sistema durante o procedimento, obrigando o controle de temperatura do sistema; impossibilidade de uso para extração de substâncias voláteis e limitação do uso para matéria-prima vegetal de elevada dureza, muito fibrosa. Observe, na imagem a seguir, os tipos de hélices de agitadores de laboratório: Tipos de hélices de agitadores de laboratório. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 22/65 Prensagem (expressão) A extração por prensagem, também conhecida como expressão, é um processo muito utilizado atualmente para extração em pequena escala para extração de óleos vegetais fixos, como o de amendoim, girassol, gergelim etc., além de ser um método extrativo de óleos vegetais voláteis de frutos cítricos. As cascas dos frutos são prensadas, obtendo-se uma emulsão óleo essencial e água que após diversos processos físicos, como a decantação, centrifugação ou destilação, transforma-se em óleo essencial puro. Existem dois modelos de prensas: contínuas e hidráulicas. Prensas contínuas As prensas contínuas são dotadas de uma rosca ou parafuso sem fim que esmaga o material, liberando o óleo. Prensas hidráulicas As prensas hidráulicas (prensagem descontínua) apresentam um cilindro perfurado onde se desloca um êmbolo que faz pressão na matéria-prima (que fica dentro de um saco de pano ou lona). Podemos considerar como vantagem da técnica a extração de constituintes voláteis que se alteram com o calor. Como desvantagem, podemos considerar a necessidade de realização de processos físicos posteriores para obtenção do produto final puro (óleo). 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 23/65 Extração em contracorrente A extração em contracorrente é um processo que ocorre de forma contínua, diferente das outras formas de extração vistas até o momento, que são feitas por batelada. A extração em contracorrente usada em Fitoterapia é uma extração sólido-líquido em que o solvente passa pela droga vegetal que é continuamente alimentada em sentido contrário ao da passagem do líquido extrator. As condições do processo extrativo são controladas de forma a assegurar uma extração máxima dos ativos existentes na droga, utilizando-se um mínimo de solvente num menor tempo. A técnica é mais usada em laboratórios industriais em que o investimento em equipamentos para a produção contínua é viável. A produção contínua permite fazer a alimentação com droga vegetal e solvente e, ao mesmo tempo, retirar o resíduo e extrato Esquema de equipamento para extração em contracorrente. Digestão Neste processo extrativo, o contato droga-solvente é mantido a uma temperatura de 40°C-60°C. É semelhante a uma maceração com a diferença de que o líquido extrator é aquecido a 40°C-60°C. Infusão A técnica de extração por infusão consiste em verter o solvente extrator aquecido, (normalmente água fervente) sobre a droga vegetal em recipiente fechado, ou seja, após a adição do solvente, o recipiente é tampado ou abafado por certo tempo. Resíduo 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 24/65 Infusão. Recomendação Esse método extrativo é indicado para drogas vegetais de consistência menos rígida, como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou que contenham substâncias ativas voláteis. Decocção Decocção. A extração por decocção consiste na extração dos princípios ativos através da ebulição da droga vegetal, durante certo tempo, em um solvente que normalmente é a água potável. Esta técnica possui emprego restrito, pois muitas substâncias ativas são alteradas por aquecimento prolongado. Costuma-se empregar este tipo de extração com materiais vegetais rígidos e de natureza lenhosa, como cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 25/65 Hidrodestilação* (por arraste a vapor e coobação) A hidrodestilação ou arraste a vapor normalmente é utilizada para extração de princípios ativos de planta fresca. A hidrodestilação pode ser dividida em duas técnicas – arraste a vapor e coobação – e, em ambas, o vapor de água passa pelo material vegetal e arrasta os constituintes voláteis. Na hidrodestilação por arraste a vapor, o vapor de água que passa pelo balão arrasta os constituintes voláteis da amostra vegetal. Hidrodestilação por arraste a vapor. Na fase líquida do balão, encontram-se a amostra vegetal e água condensada; na fase de vapor, a água e os componentes da amostra volatilizados se encaminham para o condensador. O vapor se condensa para um líquido de duas fases: a fase aquosa e a fase orgânica (óleo), imiscíveis. Obtém-se o óleo após separação por decantação. Na hidrodestilação por coobação, a extração funciona em circuito fechado com recirculação de águas condensadas e normalmente utiliza- se o sistema Clevenger, que é o mais conhecido e bastante utilizado em escala laboratorial, podendo operar em circuito aberto ou fechado, onde a perda de voláteis é mínima. Hidrodestilação com sistema Clevenger. Os extratores que operam em circuito fechado apresentam perda mínima de voláteis e a eficiência de extração não fica condicionada à manipulação adequada no decorrer do processo de destilação. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 26/65 Extração contínua a quente (por soxhlet) Extração por soxhlet. Na extração, utilizando o aparelho soxhlet, inicialmente o balão possui o solvente extrator que entrará em ebulição e será destilado. Ao destilar-se no condensador, ele cai sobre a amostra vegetal que se encontra empacotada num cartucho filtrante. Ao alcançar determinado volume no cartucho, o solvente e os componentes extraídos retornam para o balão, onde o solvente irá novamente ser destilado e passar pela amostra vegetal (refluxo), conforme ilustração ao lado. Esta técnica de extração tem como vantagem o fato de se atingir o esgotamento da droga com facilidade, usando pequeno volume de solvente, pois ele é destilado e reutilizado no sistema. Como desvantagem, temos a qualidade do extrato obtido que pode ser comprometida devido à constante ebulição do extrato durante o processo extrativo, o que pode levar ao aparecimento de artefatos oriundos da decomposição das substâncias vegetais originalmente extraídas. Extração assistida por micro-ondas, ultrassom e �uido supercrítico Conheça a definição de cada um dos tipos de extração assistida: 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 27/65 É um tipo de extração sólido-líquido que combina micro-ondas com a extração tradicional por solventes, quando necessário, mas pode ser feita sem adição de solvente extrase a amostra contiver água em abundância. As micro-ondas são consideradas um tipo de radiação eletromagnética produzida na região do espectro entre 300MHz (100cm) a 300GHz (0,1cm). Essa radiação apresenta ações que são capazes de aquecer substâncias, principalmente as compostas por água. Quando as moléculas polares de água são expostas à ação de um campo elétrico, elas oscilam e absorvem a energia causada pela onda. Ocorre um aquecimento seletivo do solvente, o que aumenta a cinética de extração e rendimento do processo. As micro-ondas atuam seletivamente sobre as células vegetais, vaporizando a matriz de água, provocando a quebra das células e libertando os ativos vegetais. Inclusive, preservando propriedades organolépticas e físico-químicas de voláteis. A extração assistida por micro-ondas oferece várias vantagens em relação às técnicas mais tradicionais, reduz o tempo de extração, há menor uso de solventes, maiores taxas de extração de compostos e um custo total de processamento mais baixo. Baseada na ação de ondas eletromagnéticas que provocam o fenômeno denominado cavitação acústica. O ultrassom pode ser definido como o conjunto de ondas eletromagnéticas com frequência superior a 20kHz. A cavitação é conhecida por produzir diversos efeitos na matriz vegetal, tais como: a circulação do líquido (agitação do solvente) no sistema e a geração de turbulência, colapso de bolhas de cavitação, que refletem em áreas pontuais de alta pressão e temperatura e que pode auxiliar no aumento da transferência de massa, facilitando o processo de extração dos ativos vegetais. A irradiação por ultrassom pode ser realizada isoladamente ou acoplada a outros métodos extrativos, como na extração por fluidos supercríticos. É uma técnica que representa uma alternativa aos métodos tradicionais de extração, em que o solvente é empregado em condições de temperatura e pressão acima do ponto crítico (condições supercríticas). Os fluidos supercríticos possuem propriedades intermediárias entre aquelas de substâncias no estado líquido e no estado gasoso, o que os confere características únicas que fazem com que possam ser usados como solventes. Esta técnica pode ser aplicada a compostos quimicamente estáveis e é frequentemente Extração assistida por micro-ondas Extração assistida por ultrassom Extração com fluido supercrítico 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 28/65 empregada para extração de compostos de baixa polaridade. Porém, a polaridade pode ser alterada com auxílio de cossolventes como etanol e metanol. Temos como exemplos de fluidos supercríticos o dióxido de carbono, o óxido nitroso e o amoníaco. As vantagens desta técnica residem na possibilidade de alteração da seletividade de extração por mudança de temperatura ou de pressão do gás, e em sua completa eliminação quando o sistema retorna às condições normais de temperatura e pressão. Entretanto, a elevada pressão necessária, a limitada polaridade dos fluidos extratores e o custo elevado dos equipamentos são aspectos considerados como desvantagem ao uso da técnica. Condições supercríticas Gráfico de mudança de fases do CO₂. Formas farmacêuticas extrativas em �toterapia Conforme representado no esquema Formas farmacêuticas em Fitoterapia, essas formas podem ser divididas em formas farmacêuticas convencionais (ex.: comprimido, xarope e pomada) e formas farmacêuticas extrativas (ex.: extrato seco, tintura, extrato fluido, extrato mole, infuso etc.). As formas farmacêuticas extrativas são aquelas obtidas após a aplicação de método extrativo, como os vistos previamente: maceração, percolação etc. Apesar da divisão, as formas farmacêuticas convencionais em Fitoterapia são feitas a partir das extrativas, visto que necessariamente deve-se fazer a extração de ativos vegetais para que eles sejam transformados ou incorporados em uma forma farmacêutica. Veremos a seguir alguns exemplos de fitoterápicos comercializados na forma farmacêutica final extrativa e na forma farmacêutica final convencional. Faremos a organização de acordo com a classificação de forma farmacêutica líquida, sólida e semissólida. Formas farmacêuticas em Fitoterapia 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 29/65 Esquema representativo sobre as formas farmacêuticas em Fitoterapia. Medicamentos �toterápicos de forma farmacêutica líquida Para os medicamentos fitoterápicos líquidos, temos produtos disponíveis no mercado tanto na forma farmacêutica final extrativa como convencional. Veja os exemplos a seguir: Figatil® Observe que para o medicamento fitoterápico Figatil®, a forma farmacêutica líquida final é extrativa, trata-se de uma mistura de extratos fluidos de alcachofra e boldo. Libera�ux® Já para o medicamento Liberaflux®, a forma farmacêutica líquida final é convencional (xarope), porém ela é feita com o extrato seco da planta medicinal Hedera helix, sendo o extrato seco uma forma farmacêutica extrativa sólida que ao ser incorporada ao xarope transforma-se em forma farmacêutica líquida. Figatil® Forma Farmacêutica e apresentação Via Oral - Composição Solução oral concentrada Cada colher de chá (5mL) contém: Ext. fl. de alcachofra..............0,8335mL[ a] Ext. fl. de D 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 30/65 Forma Farmacêutica e Via Oral - Composição Extratos �uidos É a preparação líquida obtida por extração com líquido apropriado em que, geralmente, uma parte do extrato, em massa ou volume, corresponde a uma parte, em massa, da droga vegetal seca utilizada na sua preparação. Podem ainda ser adicionados conservantes. Devem apresentar especificações quanto ao teor de marcadores e resíduo seco. No caso de extratos classificados como padronizados, a proporção entre a droga vegetal e o extrato pode ser modificada em função dos ajustes necessários para obtenção do teor de constituintes ativos especificado (ANVISA, 2021). Libera�ux® Forma Farmacêutica e apresentação Via Oral - Composição Xarope Cada colher de chá (5mL) contém: Extrato seco de Hedera Helix a 10%..............7,5 mg[a] [a] equivalente a 0,75mg/mL de hederacosídeo C Forma farmacêutica e composição do Liberaflux®. Medicamentos �toterápicos de forma farmacêutica sólida Apesar de termos todas as formas farmacêuticas sólidas citadas descritas nos compêndios oficiais brasileiros de Fitoterapia, a grande maioria dos fitoterápicos sólidos encontram-se na forma de comprimidos e cápsulas, ou seja, apresentam-se na forma farmacêutica final convencional, como as cápsulas do medicamento fitoterápico Gastrosil®, feitas com extrato seco de espinheira-santa. Entretanto, em relação aos fitoterápicos que se enquadram na classificação de produto tradicional fitoterápico, podemos ter medicamentos da mesma planta medicinal com forma farmacêutica sólida convencional feita com droga vegetal. Lembrando também que as drogas vegetais na forma de pó, ou seja, na forma farmacêutica sólida também podem se configurar como um IFAV. Observe o que está disponível na lista de produtos tradicionais fitoterápicos disponibilizada pela ANVISA, em agosto de 2021, para a cúrcuma: Gastrosil® 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 31/65 Forma Farmacêutica e apresentação Via Oral - Composição Cápsulas gelatinosas Cada cápsula do produto contém: Extrato seco de Maytenus ilicifolia..............380,0mg[a] [a] Padronizado a 3,5% p/p de Linha de Produção Medicamento Especificações Farmaco que cont monogra que deve ser utiliz para padroniz do contro qualidad Sólido Cápsula com droga vegetal 350mga 360mg de rizoma em uma cápsula. Para a d FE, FBri, FAm-c Cápsula com derivado de Curcuma longa RDE 13-25:1. Equivalente à dose diária de 90mg a 162mg em uma cápsula. O derivado deve ser obtido utilizando álcool etílico a 96%, seguindo a RDE 13-25:1. Para a d FE, FBri, 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 32/65 Linha de Produção Medicamento Especificações Farmaco que cont monogra que deve ser utiliz para padroniz do contro qualidad Cápsula com derivado de Curcuma longa 75% a 85% de curcuminoides. 670mg de extrato seco do rizoma em uma cápsula. O derivado deve ser obtido com a remoção da oleorresina do extrato etílico bruto semissólido e padronizado para 75% a 85% de curcuminoides. Para a d FE, FBri, FAm-C. FB – Farmacopeia Brasileira 6ª edição; FBri – Farmacopeia Britânica 2021; FE – Farmacopeia Europeia 10.3; FAm-C – Farmacopeia Americana 43ª edição Quadro: Parte da lista de produtos tradicionais fitoterápicos passíveis de notificação. Extraído de ANVISA, 2021. Veja que podemos ter fitoterápicos de forma farmacêutica sólida convencional (cápsulas), feitas tanto de droga vegetal como de derivado vegetal (extrato seco) de Curcuma longa. Medicamentos �toterápicos de forma farmacêutica semissólida Apesar de termos diversas formas farmacêuticas semissólidas citadas nos compêndios oficiais brasileiros de Fitoterapia, a grande maioria dos fitoterápicos semissólidos citados correspondem à forma de pomada, creme e gel, ou seja, apresentam-se na forma farmacêutica final convencional. Exemplo Como exemplo de um medicamento fitoterápico totalmente brasileiro e de forma farmacêutica semissólida, temos o Acheflan® , um creme 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 33/65 contendo óleo essencial de Cordia verbenacea (erva baleeira). Ache�an® Forma Farmacêutica e apresentação Uso tópico - Composição Creme Cada g de creme de Acheflan contém: Cordia verbenacea DC. (óleo essencial) ..............5mg[a] [a] Equivalente a 0,130mg de alfa-humuleno. Métodos Extrativos Neste vídeo, a especialista demostrará a técnica de maceração. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 34/65 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O IFAV (Insumo Farmacêutico Ativo Vegetal) é a matéria-prima ativa vegetal que é utilizada no processo de fabricação do fitoterápico que, quando administrado a um paciente, atua como ingrediente ativo (princípio ativo). Sendo assim, conforme os conceitos aprendidos até aqui, marque a alternativa que apresenta as duas formas de apresentação possíveis de um IFAV: A Droga vegetal e extrato. B Droga vegetal e planta medicinal in natura. C Derivado vegetal e planta medicinal in natura. D Derivado vegetal e droga vegetal. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 35/65 Parabéns! A alternativa D está correta. Independentemente do fitoterápico, seja ele medicamento fitoterápico ou produto tradicional fitoterápico, seu IFAV (Insumo Farmacêutico Ativo Vegetal) ou é uma droga vegetal, ou um derivado vegetal. Questão 2 Vimos neste conteúdo diversas técnicas extrativas e as vantagens e desvantagens envolvidas nas metodologias. Dentre as técnicas vistas, quais delas são usadas para a obtenção de óleos essenciais? Parabéns! A alternativa B está correta. A hidrodestilação pode ser por arraste a vapor e coobação, e em ambas as formas o vapor de água passa pelo material vegetal e arrasta os constituintes voláteis. A extração por prensagem, apesar de ser mais aplicada para a obtenção de óleos fixos, também é um método extrativo utilizado para a obtenção de óleos vegetais voláteis de frutos cítricos. E Extrato e planta medicinal in natura. A Extração assistida por ultrassom e extração contínua a quente (por soxhlet). B Hidrodestilação e prensagem. C Infusão e maceração. D Extração em contracorrente e decocção. E Turboextração e percolação. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 36/65 3 - Plantas medicinais e o desenvolvimento de medicamentos �toterápicos Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar a pesquisa com plantas medicinais e os eventos relacionados ao desenvolvimento de medicamentos �toterápicos Desenvolvimento de medicamento �toterápico São diversas as etapas e os processos envolvidos desde a pesquisa de uma planta medicinal até sua transformação em um medicamento fitoterápico. Para termos uma visão geral dessas etapas e processos, podemos fazer uma esquematização geral e resumida de 12 etapas que serão melhor desenvolvidas ao longo deste material. Observe: Resumo de etapas envolvidas no desenvolvimento de um medicamento fitoterápico. Tais etapas podem ser consideradas também para o desenvolvimento de fitomedicamentos e produtos tradicionais fitoterápicos, com diferença na necessidade de comprovação de segurança e eficácia, obrigatoriamente por meio de ensaios clínicos para os fitomedicamentos, e redução de algumas etapas relacionadas a derivado vegetal, para produtos tradicionais fitoterápicos registrados ou notificados na forma de droga vegetal. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 37/65 Pesquisa com plantas medicinais para o desenvolvimento de medicamento �toterápico O desenvolvimento de um medicamento fitoterápico sempre tem início na pesquisa de uma planta medicinal, sendo ele fruto de algumas das abordagens de pesquisa a seguir para a escolha do vegetal a ser estudado/pesquisado: Randômica Baseada na coleta ao acaso de plantas para triagens fitoquímicas e farmacológicas. Etológica Baseada nos estudos de comportamento animal com primatas. Quimiotaxonômica Baseada na seleção de espécies de uma família ou um gênero, para os quais se tenha algum conhecimento fitoquímico de ao menos uma espécie do grupo. Etnodirigida Baseada na seleção de espécies de acordo com a indicação de grupos populacionais específicos, em determinados contextos de uso, enfatizando a busca pelo conhecimento construído localmente a respeito dos recursos naturais e a aplicação que fazem deles nos sistemas de saúde e doença. Etnofarmacológica Vertente da abordagem etnodirigida de aplicação dos vegetais nos sistemas de saúde e doença. Costuma ser a abordagem mais aplicada, que combina informações adquiridas das comunidades locais que fazem uso da flora medicinal com estudos químicos e farmacológicos realizados em laboratórios. Ela aumenta a probabilidade da descoberta de novas substâncias bioativas e de economia de tempo e dinheiro durante o processo de pesquisa. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 38/65 Após escolha do vegetal a ser estudado, segue-se para a etapa de coleta e identificação, quando se faz a identificação botânica, obtendo-se o nome científico. Esta etapa normalmente é executada comparando as características do material vegetal coletado com as exsicatas depositadas em herbários sistemáticos ou com monografias especiais. Informações como local da coleta, porte do exemplar e coloração das flores devem ser anotadas para a identificação do vegetal. Exsicatas São amostras de plantas secas, prensadas em estufa e fixadas em cartolina especial contendo informações sistemáticas e de coleta da amostra e que ficam armazenadas em herbário para fins de referência e pesquisa. Saiba maisNormalmente, essa coleta é registrada em um museu ou herbário e os estudos botânicos feitos nessa etapa estabelecem características que evitam equívocos durante o controle de qualidade do material vegetal nas etapas posteriores para a produção do fitoterápico. Na etapa de identificação, ocorre o que chamamos de verificação de autenticidade do material vegetal. Após a identi�cação botânica, segue-se para o estudo �toquímico e de atividade biológica Estudos �toquímicos Os estudos fitoquímicos tem por objetivo a identificação, o isolamento e a elucidação estrutural dos constituintes mais importantes da planta, principalmente metabólitos secundários responsáveis ou não pela ação biológica. Vale lembrar que, para a realização desses estudos, é necessário o uso de amostras para análise fitoquímica e, normalmente, essas amostras são extratos ou frações obtidas pelos métodos extrativos vistos previamente. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 39/65 A análise fitoquímica normalmente é feita com a junção de ensaios clássicos ou “marcha analítica” e outros métodos de identificação e elucidação estrutural, como: Cromatografia em camada delgada (CCD) Cromatografia gasosa (CG) Ressonância magnética nuclear (RMN) Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Espectrometria de massas (EM) Espectroscopia de infravermelho (IV) Espectrometria de Ultravioleta (UV) etc. Essas técnicas podem ser ligadas umas às outras, em sequência, ditas técnicas hifenadas, tais como CG-EM, CLAE-EM, CLAE-RMN, CLAE-UV etc. Algumas delas também podem ser realizadas in loco, sem a necessidade de preparo de amostra para análise fitoquímica. Veja a seguir algumas reações utilizadas na marcha analítica da análise fitoquímica: Grupos de metabólitos Reações gerais Reações específicas Alcaloides Reação de Mayer Reação de Dragendorff Reação de Wagner Reação de Bertrand Reação de Otto (indólicos) Reação de Vitali (tropânicos) Reação de Wasicky (tropânicos) Antraquinonas Reação de Bornträger Flavonoides Reação de Shinoda 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 40/65 Grupos de metabólitos Reações gerais Reações específicas Glicosídeos cardiotônicos Reação de Liebermann- Burchard Reação de Salkowsky Reação de Kedde (cardenolídeos) Reação de Keller-Killiani (desoxioses) Metilxantinas Reação de murexida Taninos Reação com FeCl₃ Reação com vanilina clorídrica Precipitação com gelatina Precipitação com acetato de chumbo Precipitação com sais de alcaloides Triterpenos/esteroides Reação de Liebermann- Burchard Quadro: Ensaios clássicos ou “marcha analítica” de análise fitoquímica. Elaborado por Jessica Silva. Às vezes, para o isolamento e a elucidação estrutural dos constituintes mais importantes da planta, é necessário o fracionamento. Este procedimento visa à obtenção de frações enriquecidas em compostos bioativos, ou à redução dos teores de compostos com potencial de toxicidade. A sequência clássica passa por procedimento de partição com solventes líquidos (partição líquido-líquido) de polaridades diferentes (imiscíveis), como podemos observar a seguir: Exemplo de fracionamento com solventes de polaridades diferentes. O fracionamento permite a separação das substâncias devido às diferenças de solubilidade e coeficientes de partição. Durante o processo de fracionamento, observa-se que há uma etapa de evaporação ou concentração do extrato obtido. Isso ocorre inclusive para o preparo de extratos vegetais comerciais, visto que muitas vezes a concentração de substâncias ativas arrastadas para a solução extrativa não é suficiente 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 41/65 para a obtenção de um efeito biológico/farmacológico adequado, ou foi obtida com solvente de elevada toxicidade. Nessas situações, o extrato deve ser submetido a um processo de remoção total ou parcial do solvente, de modo a aumentar a concentração de ativos no produto dessa operação, ou tornar utilizável um extrato obtido através da utilização de solventes de elevada toxicidade. Sendo assim, seguem as principais técnicas utilizadas para concentração de soluções extrativas: Consiste no aquecimento do extrato ou solução extrativa em banho-maria, preferivelmente sob pressão reduzida, de modo a facilitar a evaporação do solvente, reduzindo assim o volume do extrato e mantendo a quantidade de ativos, ou seja, aumentando a concentração deles no extrato ou no resíduo resultante desta operação Rota-evaporador utilizado para concentração de soluções extrativas. É um processo que ocorre em temperatura abaixo do ponto de congelamento da água, sendo a perda do solvente realizada por sublimação em alto vácuo em equipamento denominado liofilizador Liofilizador de laboratório. O processo permite a manutenção da integridade química dos ativos, mas exige que a solução extrativa de origem tenha sido obtida em meio aquoso. Além disso, o resíduo sólido final obtido costuma ser extremamente higroscópico e de aspecto esponjoso, tendo de ser cuidadosamente conservado. Evaporação simples Liofilização Spray drying 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 42/65 Também conhecido por secagem por nebulização, secagem por atomização, secagem por pulverização e secagem por aspersão. É um método de produção de pó seco a partir de um líquido ou suspensão por secagem rápida com um gás quente. O atomizador transforma a amostra – que pode estar em solução, emulsão ou suspensão – em pequenas gotículas que entram em contato com o ar aquecido no interior da câmara de secagem Spray dryer para laboratório O ar aquecido remove água ou solvente da gotícula, resultando em um pó fino que passa por um ciclone e é acondicionado em um coletor. A aplicação desta técnica deve ser cuidadosamente avaliada pelo fato de ser empregado ar quente para a secagem de gotículas de extrato, o que expõe uma grande área superficial total para a que a evaporação ocorra de forma rápida, deixando o risco de provocar oxidação de substâncias facilmente oxidáveis como polifenóis e vitaminas. Estudos de atividade biológica A avaliação biológica inclui a investigação farmacológica e toxicológica das substâncias isoladas, de frações ou extratos totais obtidos da planta medicinal. Podemos considerar alguns desses ensaios também como ensaios pré-clínicos. Avaliação biológica das substâncias vegetais. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 43/65 O objetivo dos testes de atividade biológica é comprovar o efeito que motivou o estudo para a elaboração do medicamento fitoterápico. Os testes toxicológicos podem ser de diversos níveis: molecular, celular, tecido/órgão e modelo animal de doença. Obtenção de droga vegetal Como citado previamente, alguns produtos fitoterápicos são comercializados já na forma de droga vegetal, mas, além disso, a droga vegetal também é um IFAV para a manufatura de muitos medicamentos fitoterápicos e, portanto, vislumbrando a produção em larga escala de um fitoterápico, é necessário que haja estudos agronômicos tais como: edafo-climáticos, de micropropagação, ecológicos, de cultivo e de melhoramento genético da espécie vegetal para que se alcance a obtenção do vegetal em grande quantidade, sem a necessidade de extrativismo. Para que se tenha uma droga vegetal de qualidade, deve-se avaliar pontualmente as ações transformadoras da planta medicinal em droga vegetal, sendo essas ações: o cultivo, a colheita, a seleção, a desinfecção, a secagem(estabilização) e a divisão. O conjunto de todas as etapas posteriores ao cultivo, ou seja, a colheita, a seleção, a desinfecção, a secagem, a estabilização e a divisão, pode ser chamado de beneficiamento. Cultivo No cultivo, temos os fatores que influenciam a biossíntese dos princípios ativos vegetais que são fundamentais para a qualidade da droga vegetal. Seriam alguns desses fatores as condições de multiplicação (ex.: por semeadura direta, por mudas produzidas em sementeiras, por multiplicação vegetativa etc.); as condições climáticas (temperatura, umidade, luz/fotoperíodo, altitude e latitude); as condições do solo/edáficas (teor de húmus, tamanho das partículas, porosidade e pH) e o tipo de controle de pragas e doenças (práticas culturais tais como rotação de culturas, uso de variedades tolerantes e/ou resistentes, uso de sementes, mudas e estacas produzidas localmente, consorciação etc.). 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 44/65 Deve-se sempre avaliar a área de cultivo, sempre levando em consideração aspectos sustentáveis e as boas práticas agrícolas. Colheita A época da colheita das plantas medicinais vai variar conforme presença e concentração dos ativos na planta. Deve-se observar diversos aspectos para a determinação do ponto de colheita. O ponto de colheita varia de acordo com o órgão da planta, estágio de desenvolvimento e época do ano e hora do dia. A distribuição das substâncias ativas numa planta pode ser bem irregular. Alguns grupos de substância localizam-se preferencialmente em partes específicas, como, por exemplo, os flavonóides que, de maneira geral, 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 45/65 estão mais concentrados nas partes aéreas da planta. O estágio de desenvolvimento é muito importante para que se determine o ponto da colheita, principalmente em plantas perenes e anuais de ciclo longo, em que a máxima concentração é atingida a partir de certa idade ou fase do desenvolvimento. Exemplo O Jaborandi, por exemplo, apresenta baixo teor de pilocarpina (alcaloide) quando jovem. A concentração de princípios ativos durante o dia pode variar muito. Os alcaloides e óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, e os glicosídeos, à tarde. A colheita de plantas medicinais em determinado momento tem o objetivo de assegurar o máximo teor de princípio ativo. No entanto, na maioria das vezes, nada impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto para uso imediato. O problema vai ser a redução do valor terapêutico e, em alguns casos, a predominância de princípios tóxicos. Veja a seguir o ponto de colheita ideal para a parte ou órgão da planta medicinal a ser colhida: Parte colhida Ponto de colheita Casca e entrecasca Quando uma estiver florida Flores No início da floração Frutos e sementes Quando maduros Raízes Quando a planta estiver adulta Talos e folhas Antes do florescimento Elaborado por RODRIGUES, 2004, p. 21 - 25. Seleção (padronização) Após a colheita, realiza-se uma seleção (padronização) do material vegetal coletado para que este siga um padrão de qualidade. Normalmente, a seleção é realizada manualmente, mas pode ser feita com auxílio de aparelhos. Deve-se descartar exemplares com manchas, doentes, deformados, rompidos, fora do padrão, sem características organolépticas, perfurados por insetos, com poeira, com terra ou qualquer outro corpo estranho. Desinfecção A desinfecção da planta medicinal é realizada na manufatura de algumas drogas vegetais após a seleção. Sendo considerados métodos de desinfecção: a submissão da planta ao calor (60°C), à pressão de CO₂ ou p-diclorobenzeno ou brometo de metila, ou à radiação eletromagnética, sendo esta última não muito recomendável devido à 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 46/65 possibilidade de ativar reações químicas entre as substâncias presentes no material vegetal. Estabilização Para o preparo de algumas drogas vegetais também é necessária a etapa de estabilização que visa destruir as enzimas responsáveis pela modificação de conteúdo químico das células vegetais. Utiliza-se o calor úmido (vapor de álcool superaquecido) e irradiação ultravioleta. Secagem A secagem de plantas medicinais visa diminuir volume e facilitar a conservação dos princípios ativos da planta, considerando-se o teor de umidade permitido para algumas partes vegetais e a porcentagem de água necessária para ação de agentes deletérios. Percebe-se que a umidade é um fator que pode interferir drasticamente na qualidade de uma droga vegetal, sendo esse um dos fatores que mais desqualifica o padrão de qualidade das drogas vegetais, normalmente, devido ao armazenamento inadequado. Veja o teor de umidade de drogas vegetais: Teor de Umidade Permitido nas Drogas Vegetais (%) Parte do vegetal Vegetal fresco Permitida Casca 50-55 8-14 Erva 50-90 12-15 Folha 60-98 8-14 Flor 60-95 8-15 Fruto 15-95 8-15 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 47/65 Teor de Umidade Permitido nas Drogas Vegetais (%) Raiz 50-85 8-14 Rizoma 50-85 12-16 Semente 10-15 12-13 % de água necessária para ação de agentes deletérios Bactérias 40-45 Fungos 15-20 Enzimas 20-25 Tabela: Teor de umidade de drogas vegetais. Extraído de Simões et al., 2017, p. 93, adaptada por Jessica Silva. Saiba mais Na prática, os métodos de secagem se dividem em natural ou artificial. O método artificial pode ser dividido em secagem com fluxo de ar frio ou aquecido. Todos os métodos podem ser usados na secagem de plantas, desde que haja um mecanismo de controle de temperatura que permita mantê-las naquela temperatura recomendada para cada espécie. Divisão Algumas drogas vegetais podem ser comercializadas na forma rasurada, triturada ou pulverizada. Para a redução dessas drogas vegetais, costuma-se utilizar moinhos ou energia fluida, conforme quadro a seguir. Tipos de Moinhos para Redução de Droga Vegetal Tipo Ação Granulometria (mesh) Uso Facas Corte 20-80 Material fibroso Martelos Impacto 4-325 Todos os materiais Rolos Pressão 20-200 Materiais moles Atrito Atrito 20-200 Materiais moles e fibrosos Energia Fluida Misto 1-30 Materiais moles e aderentes 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 48/65 Quadro: Tipos de moinho para de redução de droga vegetal. Elaborado por Jessica Silva. Após redução da droga vegetal, realiza-se a tamisação para padronização do tamanho de partícula. A tamisação pode ser sequencial ou não. Observe as diferenças nas imagens a seguir: Tamises em sequência. Tamisação para padronização de granulação. Quanto maior a abertura da malha, maior é a granulometria do pó retido, e menor a tenuidade: 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 49/65 Tamisação e tenuidade de pós. Pesquisa e desenvolvimento de �toterápicos Neste vídeo, a especialista apresentará as etapas de pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 50/65 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Dentre as abordagens de pesquisa de plantas medicinais apresentadas neste conteúdo, qual delas é a mais utilizada nas etapas iniciais para o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico, por aumentar a probabilidade de descoberta de novas substâncias bioativas e as chances de economiade tempo e dinheiro durante o processo de pesquisa? A Abordagem randômica. B Abordagem etológica. C Abordagem quimiotaxonômica. D Abordagem etnodirigida. E Abordagem etnofarmacológica. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 51/65 Parabéns! A alternativa E está correta. Aprendemos neste módulo que a abordagem etnofarmacológica é uma vertente da abordagem etnodirigida de aplicação dos vegetais nos sistemas de saúde e doença, e que é ela, ainda nos dias de hoje, a abordagem mais aplicada para o desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos. Questão 2 Dentre as ações de transformação de uma planta medicinal em droga vegetal, há duas que devem ser cautelosamente estudadas e efetuadas por estarem diretamente ligadas à produção e ao acúmulo de princípios ativos vegetais. Ou seja, se realizadas de forma inadequada, vão comprometer diretamente a eficácia farmacológica do produto fitoterápico final. Dessa maneira, assinale a alternativa correspondente a essas duas ações de transformação de planta medicinal. Parabéns! A alternativa A está correta. Aprendemos nesta unidade que, no cultivo, ocorre a biossíntese dos princípios ativos vegetais enquanto a época da colheita vai variar conforme a presença e concentração dos ativos na planta. A Cultivo e colheita. B Cultivo e seleção. C Colheita e desinfecção. D Cultivo e secagem. E Colheita e divisão. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 52/65 4 - Controle da Qualidade de drogas e derivados vegetais Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os critérios para o controle da qualidade de derivados vegetais. Controle de qualidade de droga vegetal O controle de qualidade de drogas vegetais costuma estar relacionado a testes analíticos para a comprovação de identidade, pureza, integridade e quantificação de compostos químicos de interesse presentes neste tipo de material. Esses ensaios normalmente são descritos em farmacopeias e códigos equivalentes, porém, na ausência de métodos aplicáveis ao material vegetal em pesquisa, os métodos analíticos propostos devem ser validados. Ou seja, a validação de procedimentos analíticos reúne uma série de ensaios laboratoriais capazes de confirmar a adequabilidade do método à finalidade que se propõe. Há diversos documentos que apresentam os passos a serem seguidos para a realização da validação de métodos analíticos como o “Guia de validação de métodos analíticos e bioanalíticos” disponibilizado pela ANVISA e indicado como documento para preparação de estudos de qualidade. Segue uma sequência de testes convencionalmente realizados para controle de qualidade de drogas vegetais: Teste 1 Determinação de matérias estranhas. Teste 2 Determinação de água. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 53/65 Teste 3 Determinação de cinzas totais. Teste 4 Determinação de cinzas insolúveis em ácido clorídrico, a ser realizada quando citada a necessidade dessa avaliação em documentação técnico-científica. Teste 5 Determinação de metais pesados. Teste 6 Determinação de resíduos de agrotóxicos e afins. Teste 7 Determinação de radioatividade, quando aplicável. Teste 8 Determinação de contaminantes microbiológicos. Teste 9 Determinação de micotoxinas, a ser realizada quando citados, em documentação técnico- científica, a necessidade dessa avaliação ou relatos da contaminação da espécie por micotoxinas. 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 54/65 De�nição do derivado vegetal a ser utilizado no preparo do medicamento �toterápico O tipo de derivado vegetal a ser utilizado vai definir a forma farmacêutica final para o produto acabado e sua escolha vai depender dos estudos de pré-formulação do medicamento fitoterápico. O derivado vegetal utilizado na formulação final normalmente se apresenta na forma de um extrato vegetal concentrado e padronizado, oriundo de processos de obtenção de soluções extrativas. Tipos de extratos vegetais e expressão de concentração Neste vídeo, a partir das definições descritas nas normas técnicas e monografias oficiais de fitoterápicos, a especialista reflete sobre os diferentes tipos de extratos vegetais e explica o que significam as diferentes expressões de concentração para esses extratos contidas nos rótulos e/ou bulas dos medicamentos fitoterápicos. Controle de qualidade do derivado vegetal 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 55/65 Após definição do derivado vegetal a ser utilizado na formulação do medicamento fitoterápico, deve-se propor testes para controle de qualidade, visto que ele será o IFAV do medicamento fitoterápico. Esses testes envolvem ensaios analíticos de avaliações físico-químicas: aparência, cor, odor, solubilidade, densidade, pH e viscosidade; avaliação química: como o perfil cromatográfico e dosagem de ativos ou marcador e avaliação microbiológica da quantidade de microrganismos viáveis. Marcador Substância ou classe de substâncias (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos graxos etc.) utilizada como referência no controle de qualidade da matéria- prima vegetal e do fitoterápico, preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico. O marcador pode ser do tipo ativo, quando relacionado com a atividade terapêutica do fitocomplexo, ou analítico, quando não demonstrada, até o momento, sua relação com a atividade terapêutica do fitocomplexo (RDC 26/14 ANVISA). Desenvolvimento de formulação/produto, teste de produção e garantia da qualidade Na etapa de desenvolvimento de formulação, são realizados alguns estudos farmacotécnicos e/ou de tecnologia visando à melhor forma farmacêutica que garanta a atividade farmacológica do IFAV. Sendo assim, pode-se propor diversos estudos para o uso da própria forma extrativa. Por exemplo, a adição de adjuvantes à forma extrativa, secar o extrato para que Desenvolvimento de formulação/produto 06/05/2024, 21:57 Preparações farmacêuticas em Fitoterapia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02720/index.html?brand=estacio# 56/65 ele seja incorporado em uma cápsula ou em um comprimido, ou ainda fazer um granulado do extrato seco para que este seja incorporado em uma forma farmacêutica. Os ensaios mais comuns de pré-formulação para sólidos, por exemplo, compreendem: solubilidade, tamanho de partículas, ponto de fusão, pesquisa de polimorfismo, compatibilidade com excipientes, estabilidade, densidade e ângulo de repouso. Os processos relacionados aos testes de produção de medicamentos fitoterápicos são aos mesmos feitos para qualquer outro tipo de fármaco. Seguem alguns dos testes necessários: Fabricação de lotes de bancada Definição da embalagem primária Fabricação de lotes pilotos semi-industriais Elaboração de relatório de desenvolvimento de produto Desenvolvimento de método analítico de produto acabado Estudo de estabilidade acelerada Estudo de estabilidade de longa duração Estudos de foto-estabilidade O acompanhamento do processo cinético de degradação dos constituintes ativos de um medicamento fitoterápico não é uma tarefa fácil devido à complexidade química dos IFAVs. No entanto, essa avaliação pode se dar em diversos níveis para o estabelecimento de prazo de validade do produto final, sendo eles a análise da estabilidade física, química e microbiológica. Consulte a lista de legislação básica para a produção de fitoterápicos indicada na preparação deste material e saiba mais sobre este conteúdo. A garantia da qualidade é a totalidade das providências tomadas com objetivo
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