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FORMAÇÃO DA QUARTA REPÚBLICA

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FORMAÇÃO DA QUARTA REPÚBLICA
O seu governo está inserido dentro de um período da nossa história conhecido como Quarta República. Esse período foi iniciado quando o próprio Vargas foi forçado a renunciar em 1945. A partir daí, foi necessário construir uma democracia para o Brasil – a primeira de sua história.
Novos partidos políticos foram formados, e uma eleição presidencial foi organizada, ainda em 1945. O general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente, e uma nova Constituição foi promulgada em 1946. Entre 1946 e 1949, Vargas manteve-se presente na política e fazia uma estratégia política para retornar ao poder o mais breve possível.
ELEIÇÃO DE 1950
Vargas concorreu à presidência na eleição de 1950. A estratégia de Vargas foi perfeita e deu-lhe grande vantagem sobre seus adversários. Primeiramente, Vargas procurou apoio de pessoas importantes e que lhe garantiriam uma grande quantidade de votos. Além disso, ele procurou realizar alianças com membros do PSD e outros partidos. 
Na campanha, defendeu uma política de bem-estar social, com a ampliação dos benefícios para os trabalhadores, e defendeu a priorização da industrialização para promover o desenvolvimento econômico do Brasil. Vargas também soube moldar seu discurso para cada local do país em que passava e dizia aquilo que as pessoas queriam ouvir.
O resultado da estratégia de campanha não poderia ter sido outro: ele venceu por uma larga vantagem os seus adversários e obteve 48,7% dos votos. Com isso, garantiu o seu retorno à presidência.
COMO FOI O SEGUNDO GOVERNO DE VARGAS?
O segundo governo de Vargas ficou marcado por forte crise política e muita tensão social. A tensão social resultava da crise política, mas também dos problemas que a economia brasileira enfrentava.
CRISE POLÍTICA
A crise política concentrou-se em um assunto central do debate político brasileiro na época – o caminho para o desenvolvimento econômico do Brasil. Existiam duas tendências abertamente opostas para o crescimento do país: uma tinha uma postura mais nacionalista, e a outra, uma postura mais liberal.
Os nacionalistas defendiam que o desenvolvimento do país deveria passar pela atuação de empresas estatais que explorassem recursos e áreas fundamentais da economia. Além disso, a influência do capital estrangeiro deveria ser limitada por meio da intervenção do Estado na economia. A proposta liberal defendia que o desenvolvimento brasileiro deveria ser realizado com a utilização de capital estrangeiro, e a intervenção do Estado na economia deveria ser limitada ao máximo.
Getúlio Vargas tendia para a proposta desenvolvimentista-nacionalista, e a ação do governo que mais repercutiu foi a proposta de criação de uma estatal para explorar o petróleo e de outra para a produção de energia elétrica – a Petrobras e a Eletrobras, respectivamente. A Petrobras acabou sendo fundada em um clima de mobilização nacional muito grande, enquanto o projeto da Eletrobras não avançou.
O fato de Vargas estar na presidência e seu histórico de uma política próxima dos trabalhadores já desagradavam à elite do país. A intervenção estatal e a ação do governo para retirar investimentos estrangeiros em áreas importantes prejudicaram os interesses de grupos poderosos, que se voltaram contra o governo.
Vargas procurou contornar essa situação ao tentar aproximar-se dos grandes partidos do Brasil. Os debates e a divisão do país eram tão grandes que até o Exército dividiu-se, sobretudo na questão da política de desenvolvimento do país. 
Os ataques que eram realizados a Vargas concentravam-se na questão da corrupção, com acusações de que governo era corrupto, mas também se aproveitavam do temor que existia no país em relação ao comunismo. 
A imprensa brasileira também atuou abertamente para desestabilizar o governo de Getúlio Vargas que teciam críticas constantemente. 
TENSÃO SOCIAL
A tensão social também marcou fortemente esse governo, que foi influenciada pela crise política e pelos ataques que Vargas sofria, mas a sua principal causa era a crise econômica. O fator que mais pesava era o aumento no custo de vida.
Um aumento salarial havia sido determinado no final de 1951, mas não foi suficiente para aplacar a insatisfação da população. Como os sindicatos nesse governo foram reorganizados, a mobilização dos trabalhadores foi certa e, assim, manifestações exigindo melhorias salariais começaram a acontecer no país.
A tensão social encontrou seu auge em 1953, e dois grandes momentos foram a Marcha das Panelas Vazias e a Greve dos 300 mil, ambas em março de 1953. 
A situação crítica em que a economia brasileira encontrava-se foi resultado de uma junção de acontecimentos. O preço elevado do café encheu o país de divisas (dólar) e deixou a nossa balança comercial positiva, mas o temor de que a Guerra da Coreia se estendesse por muitos anos fez com que o governo gastasse muito mais do que deveria com a importação de bens para a industrialização, deixando a balança comercial negativa.
Outro fator importante para a crise econômica do Brasil na época foi o fim de um incentivo econômico importante dado pelos Estados Unidos. Isso aconteceu porque houve uma mudança de interesses no governo americano. Primeiro, o início da Guerra da Coreia fez com que o país realocasse recursos investidos no Brasil para impedir o avanço do comunismo na Ásia. Além disso, o novo governo estadunidense (do presidente Eisenhower), por questões ideológicas, não achava viável realizar investimentos econômicos em países da América Latina, como o Brasil.
A QUESTÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
Para agravar a situação de Vargas, João Goulart propôs o aumento do salário mínimo em 100%. Essa proposta, quando anunciada, enfureceu militares, a imprensa e a UDN (que sempre estava buscando queimar a imagem de Vargas). A pressão sobre Vargas foi tão grande que o levou a negociar com o próprio Jango a sua demissão do Ministério do Trabalho.
ATENTADO DA RUA TONELERO
A situação crítica do governo piorou quando, em 5 de agosto de 1954, uma tentativa de assassinato aconteceu. O alvo foi Carlos Lacerda, o maior nome da oposição. O jornalista feriu-se levemente, mas um de seus seguranças morreu. A crise que atingiu o governo deixou a situação insustentável.
As investigações descobriram que o mandante do crime tinha sido Gregório Fortunato, o chefe de segurança do palácio presidencial. As denúncias também descobriram que Gregório Fortunato estava envolvido em um grande esquema de corrupção. Nenhuma das denúncias, porém, indicava o envolvimento do presidente.
SUICÍDIO DE VARGAS
Em 23 de agosto, o vice-presidente Café Filho rompeu abertamente com Vargas e reforçou o isolamento do presidente. Os militares e a UDN exigiam a renúncia imediata de Vargas, e os militares o fizeram em um documento conhecido como “Manifesto à Nação”, no dia 24 de agosto. Por fim, Vargas recebeu um ultimato dos militares.
No mesmo dia, em seu quarto localizado no Palácio do Catete, Vargas cometeu suicídio atirando contra o próprio coração. Uma carta-testamento foi redigida pelo presidente, defendendo os feitos de seu governo. A reação da população foi de comoção e milhares de pessoas acompanharam o funeral de Vargas.
A comoção do povo converteu-se em fúria, e os alvos foram os opositores do governo. A embaixada americana foi atacada, e o grande nome da oposição, Carlos Lacerda, precisou fugir do país às pressas e só retornou quando os ânimos se acalmaram. Com o suicídio de Vargas, Café Filho assumiu a presidência.

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