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Teatro na Educação: Jogos Teatrais Profª Drª Thais Hayek Profª Drª Marcia Polacchini RCNEI O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. PCN É, por excelência, a arte do homem exigindo a sua presença de forma completa: seu corpo, sua fala, seu gesto, a de e manifestando necessidade expressão comunicação. O TEATRO COMO EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO • Participação e desenvolvimento nos jogos de atenção, observação, improvisação, etc. • Experimentação e articulação entre as expressões corporal, plástica e sonora. • Experimentação na improvisação a partir de estímulos diversos (temas, poéticos, textos jornalísticos, etc., objetos, dramáticos, máscaras, situações físicas, imagens e sons). • Experimentação na improvisação a partir do estabelecimento de regras para os jogos. PCN ARTES O TEATRO COMO PRODUÇÃO COLETIVA •Reconhecimento e integração com os colegas na elaboração de cenas e na improvisação teatral. •Reconhecimento e exploração do espaço de encenação com os outros participantes do jogo teatral. •Observação, apreciação e análise dos trabalhos em teatro realizados pelos outros grupos. •Compreensão dos significados expressivos corporais, textuais, visuais, sonoros da criação teatral. • Criação de textos e encenação com o grupo. PCN ARTES O TEATRO COMO PRODUTO CULTURAL E APRECIAÇÃO ESTÉTICA •Observação, apreciação e análise das diversas manifestações de teatro. As produções e as concepções estéticas. • Compreensão, apreciação e análise das diferentes manifestações dramatizadas da região. •Pesquisa e leitura de textos dramáticos e de fatos da história do teatro. •Elaboração de registros pessoais para sistematização das experiências observadas e da documentação consultada. PCN ARTES Teatro narrar fatos acontecimentos A necessidade de ou e representar por meio da ação dramática está presente em rituais de diversas culturas e tempos. Dionísio em detalhe de mosaico em Antioquia. A juventude de Baco. W. A. Bouguereau (1825-1905) O ser humano representa, desempenha papéis, vários assume diversas fisionomias para conseguir o que deseja, representando pormotivados diversas necessidades. Homens e mulheres realizam atividades lúdicas que partem do imaginário para chegar à verdade. O teatro vem sendo trabalhado, nas mais diversas instituições educacionais e culturais preferencialmente, a partir da prática com jogos de improvisação, e isso porque se compreende na investigação proposta por essas atividades o prazer de jogar se aproxima do prazer de aprender a fazer e a ver teatro, estimulando os participantes (de qualquer idade) a organizar um discurso cênico apurado, que explore a utilização dos diferentes elementos que constituem a linguagem teatral, bem como a empreender leituras próprias acerca das cenas criadas pelos demais integrantes do grupo (DESGRANGES, 2006, p. 87). Lúdico porque é um jogo, que o ser humano joga desde a pré-história. Lúdico Tradição Nordeste: Toca da Extrema II, Parque Nacional da Serra da Capivara Jogo • Jogo (ludens) é uma função que se verifica tanto na vida humana como na animal e é tão importante como o raciocínio (sapiens) e a fabricação (faber) de objetos. • Segundo Joan Huizinga (2010), a civilização surge e se desenvolve no jogo e pelo jogo. Richard Courtney também acredita que atuamos na sociedade e que, atuando, convivemos com o nosso meio por intermédio do jogo: “Fingir ser outra pessoa – atuar – é parte do processo de viver; podemos “fazer de conta”, fisicamente, pequenos, quando ou somos fazê-lo internamente quando somos adultos. Atuamos todos os dias: com nossos amigos, nossa família, com estranhos” (COURTNEY, 1980, p. 3). O jogo cênico, por sua vez, traz aquele que realiza a ação e aquele que assiste. Jogo Teatral “O princípio do jogo teatral é […] a comunicação que criatividade emerge a partir da e espontaneidade das interações entre sujeitos mediados pela linguagem teatral, que se encontram engajados na solução cênica de um problema de atuação” (JAPIASSU, 1998, p. 3). Viola Spolin A sistematização de jogos teatrais no ensino do teatro foi elaborada pioneiramente pela americana Viola Spolin nos Estados Unidos da América, a partir de 1940. Spolin nasceu em 1906 em Chicago e é considerada como a avó donorte-americana teatro improvisacional. (1906 – 1994) Foi ela a responsável pelo termo theatre game – jogo teatral: [...] um sistema visando o aprendizado da atuação teatral, criado para todos os que desejam expressar-se através do teatro. [...] (DESGRANGES, 2006, p. 109) Este sistema de atuação, calcado em jogos de improvisação, tem o intuito de estimular o participante a construir um conhecimento próprio acerca da linguagem teatral, através de um método em que o indivíduo, junto com o grupo, aprende a partir da experimentação cênica e da análise critica do que foi realizado. Os participantes do processo, assim, elaboram coletivamente conceitos acerca das suas atuações e da sua compreensão da linguagem teatral (DESGRANGES, 2006, p. 109, 110). O jogo é uma forma natural de grupo que propicia o envolvimento e a liberdade pessoal necessários para a experiência. Os jogos desenvolvem as técnicas e habilidades pessoais necessárias para o jogo em si, através do próprio ato de jogar. As habilidades são desenvolvidas no próprio momento em que a pessoa está jogando, divertindo- se ao máximo e recebendo toda a estimulação que o jogo tem para oferecer – é este o exato momento em que ela está verdadeiramente aberta para recebê-las. (SPOLIN, 1979, p.4). • Os desafios são lançados aos jogadores, por meio da problematização, que devem lidar com suas dificuldades. Ou seja, o jogador é desafiado a resolver um problema dado, de forma cênica, mediante a construção física de uma ficção (SPOLIN, 1979). Um método que tem como objetivo desenvolver o que os atores e atrizes devem realizar nas situações propostas pelo autor, justamente, em improvisações (SPOLIN, 1979) Método Importante Ao desenvolver os jogos teatrais, estar sempre muito atento(o) às instruções sobre eles, pois é preciso mediá-las com clareza e, ao mesmo tempo, com a criatividade e espontaneidade como centro desse processo. Esses jogos, devem adaptados ao universo dos alunos e alunas, após um levantamento do repertório deles. Propor problemas que façam sentido para os alunos e alunas; assim eles elaboram respostas para estes problemas, por meio do uso de elementos fundamentais da estrutura dramática: “quem?”, “onde?”, espaço e também “como?”, “o quê?” ação) e, “por (personagem, posteriormente, quê?”, “quando?” Importante Apresentar essas encenações entre si, ou seja, os jogadores são divididos em palco e público, com os dois grupos assumindo os dois papéis em momentos diferentes. Resoluções cênicas próprias e criativas, não definitivas, problemas para resolver problemas. Importante Avaliação A reflexão e análise crítica do que é apresentado sempre devem acontecer após os jogos. Constituem uma proposta de avaliação, também a partir do foco que orienta o olhar dos jogadores no palco ou público. Elimina julgamentos de valor ou gosto pessoal e possibilita muito prazer aos participantes, que se sentem pertencer ao espaço, com voz e vez, trabalhando tanto o olhar teatral como a autonomia. • A imitação e o jogo são fontes de prazer e divertimento para as crianças e também, fatores fundamentais para a aprendizagem, constituindo formas de reflexão e apropriação do mundo, por parte delas que experimentam papéis e situações e exercitam a convivência em grupo. Para que uma determinada funcionebrincadeira verdadeiramente como um estímulo para a criança, é necessário que ela tenha despertado o seu interesse e que seja desafiadora. O interesse da criançaestá diretamente ligado à sua capacidade de compreensão dos objetos a que a brincadeira se propõe e das regras a serem respeitadas. É necessário que a teoria seja pensada e alimentada pela prática, ou seja, será por meio da interação com o seu grupo de crianças que o professor terá condições de tomar decisões que estejam em sintonia com o pensamento e com os sentimentos delas, significando, a partir da ação delas, reais oportunidades construtivas. Importante O que é a música? O que é música? • Som é tudo o que soa! Tudo o que o ouvido percebe sob a forma de movimentos vibratórios. • “ Música organização é uma de sons com a intenção de ser ouvida” (SCHAFER). Música A musica é a linguagem que se traduz em formas sonoras, capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e da organização pensamentos, por meio e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. (RCNEI,p.45) O RCNEI da ênfase à napresença da música educação infantil, o documento traz orientações, objetivos e a serem pelos conteúdos trabalhados professores. A concepção adotada pelo documento compreende a música como linguagem e área de conhecimento, considerando que está tem estruturas e características próprias, devendo ser considerada como: produção, apreciação e reflexão (RCNEI, 1998). A música é importante para a interação social da criança e a harmonia pessoal e o desenvolvimento da inteligência. • A produção musical criação e – e ocorre pela reprodução garantem três possibilidades de ação: a interpretação, a improvisação e a composição. • A interpretação: ligada à imitação e reprodução de uma obra. • Improvisar: criar instantaneamente orientando-se por alguns critérios. Na improvisação musical cria se ideias, pensamentos, frases, textos... • Composição: a criação musical caracterizada por sua condição de permanência, seja pelo registro na memória, seja pela gravação por meios mecânicos, seja, ainda, pela notação, isto é, pela escrita musical. •É uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. •As primeiras músicas eram usadas em rituais, como: Nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Música • Faz parte da educação desde muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. (RCNEI,p.45) A criança e a música O ambiente sonoro, assim como a presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem bebês iniciem com que os e seu crianças processo de musicalização de intuitiva.forma (RCNEI) O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa ainda antes do nascimento, pois na fase intra uterina sons provocados os bebês já convivem com um ambiente de pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, movimentação a respiração e a dos intestinos (BRITO 2003, p. 35) Este ambiente acústico uterino proporciona ao bebê uma rica vivência sonora. Entre os inúmerossons, a criança, através das vibrações e pulsações cardiovasculares da sua mãe, entra em contato com um elemento fundamental da música: o ritmo. (SILVEIRA, p.3) http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/40575/Lidiane Vieira Silveira.pdf?sequence=1 Logo depois do nascimento, os bebês estabelecem uma forte relação com a música através do acalanto da mãe, que canta melodias de para ou acompanhadas movimento acalmá-los adormecê-los. Balbucio A escuta O que caracteriza a produção das crianças, é exploração do som e suas qualidades. Que são: Altura - agudo, médio, grave. Duração- longo, curto. Intensidade - forte, fraco. Timbre- é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as vozes e os instrumentos. As atividades musicalização de servem estímulo a e o controle como realização de específicos, movimentos contribuem na organização do pensamento. As atividades em grupo favorecem a cooperação e a comunicação. A Música: • Contribui para a formação integral do indivíduo. • Reverencia os valores culturais. • Difunde o senso estético. • Promove a sociabilidade e a expressividade. • Introduz o sentido de parceria e cooperação. • Auxilia o desenvolvimento motor, pois trabalha com a sincronia de movimentos. A música não pode estar desconectada do processo de ensino-aprendizagem da escola. criança, em geral A vivência musical para a é extremamente agradável. Ela aprende novos conceitos e desenvolve diferentes habilidades, melhora a comunicação e desenvolve a criatividade, a coordenação e a memória. O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO •A música pode contribuir para tornar o ambiente escolar mais alegre e favorável à aprendizagem. •As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. As atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspectos: • Físico: Oferecendo atividades promover o alívio de tensões capazes de devidas à instabilidade emocional e fadiga. • Psíquico: Promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro. • Mental: Proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. As crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos. Além de cantar, a criança tem interesse, também, em tocar pequenas linhas melódicas instrumentos nos musicais, buscando entender sua construção. OS CONTEÚDOS • A organização dos conteúdos trabalho na para o área de Música nas instituições de Educação Infantil. • O que os conteúdos devem priorizar? Jogos e Brincadeiras • A música, na educação infantil mantém forte ligação com o brincar. • Em todas as culturas as crianças brincam com a música. Jogos e brinquedos musicais são transmitidos por tradição oral, persistindo nas sociedades urbanas nas quais a força da cultura de massas é muito intensa, pois são fonte de vivências e desenvolvimento expressivo musical. (RCNEI, p. 70) Os jogos e brinquedos da culturamusicais infantil acalantos incluem os (cantigas de ninar); as parlendas (os brincos, as mnemônicas e as parlendas propriamente ditas); as rondas (canções de roda); as adivinhas; os contos; os romances etc. • Os acalantos e os chamados brincos são as formas de brincar musical característicos da primeira fase da vida da criança. • Os acalantos são entoados pelos adultos para tranquilizar e adormecer bebês e crianças pequenas; • Os brincos são as brincadeiras rítmico- musicais com que os adultos entretêm e animam as crianças, como “Serra, serra, serrador, serra o papo do vovô”. Nana nenem Que a cuca vem pegar Papai foi pra roça Mamãe foi trabalhar Desce gatinho De cima do telhado Pra ver se a criança Dorme um sono sossegado • As parlendas propriamente ditas e as mnemônicas são rimas sem música. • As parlendas servem como fórmula de escolha numa brincadeira, como trava- seguintes exemplos: línguas etc., como os “Rei, ladrão, coração...”; “Lá capitão, soldado, moço bonito do em meu cima do piano tem um copo de veneno, quem bebeu morreu, o azar foi seu...”. • Os trava- línguas são parlendas caracterizadas por sua “Num ninho mafagafos/ mafagafinhos Quem pronunciação difícil: de Seis há/ os desmafagafizar/ Bom desmafagafizador será...” Trava Lingua Não confunda ornitorrinco ornitorrinco ornitologista com com com otorrinolaringologista, ornitologista, otorrinolaringologista, porque ornitorrinco, ornitologista, é ornitorrinco, é ornitologista, e otorrinolaringologista é otorrinolaringologista. As mnemônicas referem-se a conteúdos específicos, destinados a fixar ou ensinar algo como número ou nomes: “Um, dois, feijãocom arroz/ Três, quatro, feijão no prato/ Cinco, seis, feijão inglês/ Sete, oito, comer biscoito/ Nove, dez, comer pastéis...”, ou “Una, duna, tena, catena/ Bico de pena, solá, soladá/ Gurupi, gurupá/ Conte bem que são dez...”. As rondas ou brincadeiras de roda integram poesia, música e dança. No Brasil, receberam influências de várias culturas, lusitana,especialmente a africana, ameríndia, espanhola e francesa: “A moda da carranquinha”, “Você gosta de mim”, “Fui no Itororó”, “A linda rosa juvenil”, “A canoa virou”, ou “Terezinha de Jesus”. • Os jogos sonoro-musicais possibilitam a vivência de questões relacionadas ao som (e suas características), ao silêncio e à música. • Jogos de escuta dos sons do ambiente, de brinquedos, de objetos ou instrumentos musicais; • jogos de imitação de sons vocais, gestos e sons corporais; • jogos de adivinhação nos quais é necessário reconhecer um trecho de canção, de música conhecida, de timbres de instrumentos etc.; • jogos de direção sonora para percepção da direção de uma fonte sonora; e jogos de memória, de improvisação etc. são algumas sugestões que garantem às crianças os benefícios e alegrias que a atividade lúdica proporciona e que, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades, atitudes e conceitos referentes à linguagem musical. Organização do espaço • O espaço também deve ser preparado de modo a estimular o interesse e a participação das crianças, contando com alguns estímulos sonoros. As fontes sonoras • O trabalho com a música deve reunir toda e qualquer fonte sonora: brinquedos, objetos do cotidiano e instrumentos musicais de boa qualidade. É preciso lembrar que a voz é o primeiro instrumento e o corpo humano é fonte de produção sonora. Referências Bibliográficas • BOAL, Augusto. Jogos para Atores e não Atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. • COURTNEY, Richard. Jogo, Teatro & Pensamento. São Paulo: Perspectiva,1980. • DESGRANGES, Flávio. A Pedagogia do Espectador. São Paulo: Hucitec, 2003. • . Pedagogia do Teatro: Provocação e Dialogismo. São Paulo: Hucitec, 2006. • JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Jogos teatrais na escola pública. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v. 24, n. 2, jul. 1998. • SPOLIN, Viola. Improvisação para o Teatro. São Paulo: Perspectiva. 1979.
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