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1 Maria Eduarda Silva Dias Hemostasia É um conjunto de fenômenos biológicos que ocorrem em imediata resposta à lesão de um vaso sanguíneo com objetivo de deter a hemorragia e garantir o reestabelecimento do fluxo sanguíneo A hemostasia é um equilíbrio perfeito onde se evita as hemorragias e, ao mesmo tempo, as tromboses Dessa forma, o fluxo sanguíneo precisa ocorrer de maneira fluida e a membrana do endotélio não pode apresentar lesões e nem ser ativada, pois abaixo do endotélio, há a lâmina elástica e a matriz subendotelial, que é rica em colágeno. E quando o colágeno é exposto, há a ativação da cascata de coagulação O processo de hemostasia contém 4 processos • Hemostasia primária o Vasoconstricção e a formação de um trombo de plaquetas • Hemostasia secundária (coagulação) o Deposição de fibrina sobre o trombo de plaquetas • Ativação dos anticoagulantes o Evita a formação de novos trombos • Fibrinólises o Degradar o trombo formado Hemostasia primária • É o processo inicial da coagulação desencadeado pela lesão vascular (ou seja, precisa de uma condição patológica para iniciar a hemostasia primária) o Fase vascular ▪ Vasoconstrição, alteração da permeabilidade vascular com produção de edema. O edema, por sua vez, promove vasodilatação dos vasos tributários da região em que ocorreu a lesão ▪ Se a lesão for muito extensa, é difícil para o organismo conseguir fazer o tamponamento, então é importante a ajuda médica o Fase plaquetária ▪ Resulta na formação de um trombo plaquetário e envolve componentes do endotélio e as plaquetas • Está subdividida em 3 etapas o Adesão da plaqueta ao endotélio lesado ▪ As glicoproteínas na membrana das plaquetas ancoram as plaquetas no colágeno da matriz subendotelial ▪ Glicoproteína 1B (GPIb) reconhece o fator de von Willebrand (Vwb) 2 Maria Eduarda Silva Dias o Ativação das plaquetas ▪ Por meio de algumas substâncias como: colágeno, trombina, epinefrina, ADP, TXA2, serotonina, fibrinogênio • Inflamações podem ativar as plaquetas patologicamente ▪ O agonista se liga ao receptor da plaqueta, que é tipo proteína G. Diante, disso, há ativação da fosfolipase C, a qual hidrolisa o PiP2 em DAG e IP3 • O DAG ativa a PKC, a qual altera a conformação da GPIIb, para que ela possa reconhecer o fibrinogênio • O IP3 aumenta a quantidade de cálcio intracelular, promovendo uma ativação da fosfolipase A2, a qual desencadeia uma cascata para ativação do Tromboxano A2. O tromboxano A2 atua como um potente agonista, ativando diversas outras plaquetas, e também atua na vasoconstrição. Por isso, pacientes que tomam AAS (por o AAS inibir irreversivelmente a COX), que é um anti- agregante plaquetário, precisam parar de tomar esse medicamento 1 semana antes de realizar procedimentos invasivos o Agregação das plaquetas para formar o trombo ▪ Para a plaqueta reconhecer outra plaqueta, é preciso que o receptor Glicoproteína 2B (GPIIb) se ligue ao fibrinogênio de outra plaqueta Hemostasia secundária • Resulta na formação de uma rede de fibrina insolúvel sobre o trombo plaquetário para dar estabilidade e durabilidade ao coágulo 3 Maria Eduarda Silva Dias • A formação da fibrina envolve duas vias, a via intrínseca e a extrínseca, porém, em ambas é necessária a presença do fibrinogênio (fator I), que é produzido pelo fígado o O fibrinogênio só é quebrado pela trombina (fator II, quando ativado). A trombina, antes de ser ativada, é chamada de protrombina, sendo também produzida pelo fígado • Formação de fibrina pela via extrínseca o Quando temos uma lesão, o fator tecidual (fator III) é liberado. A junção do fator tecidual com o fator VII ativado (VIIa), que fica circulante no sangue, ativa o fator X o O fator Xa se junta com seu cofator, que é o fator Va, ativando o fator II (converte protombrina em trombina) • Formação de fibrina pela via intrínseca o Quando se tem uma lesão, as plaquetas entram em contato com a matriz subendotelial. Esse contato promove a liberação de cininogênios de alto peso molecular (CAPM) e pré-calicreínas (PK). O CAPM e o PK, ativam o fator XII, que ativa o fator XI, que ativa o fator IX o O fator Ixa, na presença do seu cofator, que é o fator XIIIa, juntos, ativam o fator X • O fator VIIa + o fator tecidual, além de ativarem o fator X, conseguem também ativar o fator IX o Por isso, pacientes com deficiência no fator XII ou XI, não tem tanta repercussão hemorrágica (não sangra muito) o Pacientes com deficiência no IX ou no VIII, são hemofílicos 4 Maria Eduarda Silva Dias o Pacientes com deficiência em algum outro fator, possuem dificuldade em formar coágulos (alteração da hemostasia secundária). O paciente sangra muito, e sangra profundamente o Pacientes com alterações da hemostasia primária possuem sangramentos superficiais (pele, mucosas...) Anticoagulação natural • Existem 3 principais vias o Via de inibição do fator tecidual ▪ A própria trombina, quando produzida em grande quantidade, sinaliza a produção da via de inibição do fator tecidual o Via da proteína C ativada ▪ A proteína C é produzida pelo fígado ▪ A trombina gerada se junta à trombomodulina, ativando a proteína PC, a qual, ativa, se junta à proteína S ▪ Quando ela se ativa, ela atua junto com a proteína S, e as duas juntas, vão bloquear os cofatores VIIIa (que é o cofator do fator Ixa) e o Va (que é o cofator do fator Xa) o Via da antitrombina ▪ Bloqueia diretamente a trombina (fator IIa), além de bloquear, também, o fator Xa, IXa, XIa e XIIa ▪ Essa via é ativada quando já há a produção de muita trombina, então há a ativação de heparan sulfato, que ativa a antitrombina • A heparina desempenha o mesmo papel que o heparan sulfato, por isso é utilizada com anticoagulante • A heparina fracionada/de baixo peso faz com que haja uma seletividade para inibição do fator Xa • Falhas nessas vias causam tromboses o Se o paciente já nasce com isso, são trombofilias hereditárias, mas também pode ser adquirida depois, como por exemplo, um anticorpo que inibe a antitrombina (trombofilia adquirida) o Nesses quadros, há uma maior predisposição para a formação de tromboses, arteriais ou venosas 5 Maria Eduarda Silva Dias Fibrinólise • Degradação da fibrina, mediada pela plasmina, pois só quem quebra a fibrina é a plasmina • O sistema fibrinolítico ou sistema plasminogênio/plasmina é composto por diversas proteínas (proteases séricas e inibidores), que regulam a geração de plasmina, uma enzima ativa, produzida a partir de uma proenzima inativa (plasminogênio), que tem por função degradar a fibrina e ativar metaloproteinases de matriz extracelular • Na via da fibrinólise, se houver uma quebra precoce do coágulo, o paciente vai sangrar, mas se a quebra for demorada, o paciente vai ter tromboses • O inibidor do ativador do fibrinogênio é degradado, liberando o ativador de plasmina tipo tromboquinase (t-PA) e o ativador de plasmina tipo uroquinase (u- PA), as quais convertem o plasminogênio em plasmina • O inibidor da plasmina (alfa2-antiplasmina) também é produzido, para evitar que a plasmina seja produzida em grande quantidade • A plasmina, então, quebra a fibrina
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