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Radiologia - Aula 4 - Trauma esplênico

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
INTRODUÇÃO 
• Dentro de trauma abdominal fechado, o baço é 
um dos órgãos mais acometidos. 
ANATOMIA DO BAÇO 
 
É importante ter uma visão global do abdome, pois o 
trauma abdominal tem relação com o trauma de 
baço, que é um órgão que está intimamente 
relacionado à diversas estruturas nobres. Nesta 
imagem, o fígado foi rebatido para que se consiga 
observar o sistema porta entrando no fígado, Veia 
cava subindo, artéria aorta descendo e se dividindo 
em ilíaca. 
Para se compreender a anatomia topográfica do 
baço é necessário entender: a íntima relação com a 
cauda do pâncreas (porção distal do pâncreas) e a 
primeira porção duodenal (engloba a cabeça do 
pâncreas; rebatida na imagem pra mostrar aorta e 
cava que ficam por trás). 
Toda vez que se tem um tumor de cauda de pâncreas 
que necessita de tratamento com uma 
pancreatectomia caudal, normalmente leva junto o 
baço, por conta dessas estruturas nobres que estão 
adjacentes. O tumor pode fazer uma reação 
desmoplásica que faz com que ele fique aderido à 
essas estruturas e quando se vai tentar 
tirar/dissecar de forma anatômica de forma a 
separar a cabeça do pâncreas do baço acaba 
lesando vasos. Por isso que na cirurgia de Whipple é 
feita a duodenopancreatectomia corpo-caudal com 
esplenectomia. 
Além disso, há uma íntima relação com a grande 
curvatura do estômago, porém por conta da 
encurvação do estômago, a parte que fica mais 
intimamente ligada com o baço é a parte mais 
superior da grande curvatura do estômago. 
Como essa imagem foi rebatida, a primeira porção 
duodenal foi retirada pra visualização dos vasos mais 
nobres, mas é possível ver parte do corpo do 
pâncreas, só que como ela passaria na frente da veia 
esplênica, aí foi retirada. 
 
Dos vasos mais nobres: 
• Artéria aorta: o primeiro ramo pequeno é a 
artéria diafragmática, mas o primeiro ramo 
abdominal de grosso calibre é o tronco celíaco, 
que se bifurca em artéria esplênica e outro ramo 
que dará origem a mesentérica superior. Esse 
ramo do tronco celíaco entra no baço e envia 
ramos trabeculares para todos os polos – 
superior e inferior, e é acompanhado pela 
drenagem venosa formando a veia esplênica que 
passa atrás do pâncreas até se juntar com a 
mesentérica superior e formar a veia porta. 
Antes da veia mesentérica superior sofrer uma 
anastomose e formar a veia porta, a veia 
esplênica se junta à veia mesentérica inferior 
(informação retirada do livro). 
Anatomicamente, a sua face mais lateral é a mais 
lisa, pois fica deitada no peritônio parietal no 
flanco, na transição tóraco-abdominal. E a face 
medial tem mais irregularidades, pois é o local de 
impressão dos órgãos adjacentes. Localiza o hilo 
Trauma esplênico 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
esplênico que é onde entra a artéria esplênica e onde 
sai a veia esplênica. Nesta impressão inferior é onde 
passa o ângulo esplênico do colo do intestino grosso 
– impressão colônica, que se curva para virar 
transverso. 
* O baço sangra muito, porém atualmente com os 
recursos disponíveis é possível cada vez mais 
preservar o baço do paciente. 
Retornando a anatomia, é importante que se consiga 
pensar no órgão em outras dimensões (como na TC). 
 
Nesta imagem, temos um corte sagital (o seu lado 
direito é o lado esquerdo do paciente), é como se 
estivéssemos olhando o paciente deitado na maca de 
barriga pra cima e a gente posicionado em frente 
ao pé do paciente – como na TC – que há uma 
visualização do órgão de 5/5 mm na direção pé-
cabeça. Na imagem tem o “V” de ventral, “D” de 
dorsal - abaixo, “D” de direita - lateral e “E” de 
esquerda do paciente. 
Neste corte então é possível observar: coluna 
cervical, vértebras, canal medular (normalmente 
fica branco porque passa líquido dentro). Na frente 
da vértebra, a depender do corte e da fase do exame, 
são vistas duas bolinhas – artéria aorta mais pra 
esquerda e veia cava mais para direita. Na região 
peritoneal, de amarelinho, tem o peritônio parietal – 
por isso que os rins são órgãos retroperitoneais – 
revestidos pela fáscia de Gerota (camada de 
gordura que recobre o rim e o separa do baço). 
É possível ver na imagem o rim do paciente, a face 
lateral do baço que é a que repousa no peritônio 
parietal - parede e a face medial que é o local de 
contato com as estruturas adjacentes (estômago, 
duodeno, pâncreas). É possível ver também uma 
pequena porção final do lobo esquerdo do fígado. 
Com relação a divisão entre polos (superior e 
inferior) é preciso ver o abdome de maneira 
diferente. 
RELAÇÕES ANATÔMICAS 
• A → Baço; 
• B → Estômago; 
• C → Cauda do pâncreas; 
• D → Ângulo esplênico do cólon. 
Referente as relações 
anatômicas do baço: na letra 
“a” – íntima relação com a 
grande curvatura do estômago 
“b”; passando atrás do 
estômago o pâncreas (sombra) 
na letra “c”; na letra “d” o 
ângulo esplênico do cólon. 
 
Referente a relação com as costelas, o baço fica 
localizado mais ou menos entre o 9º, 10º e 11º 
arco costal esquerdo. 
CAUSAS DE TRAUMA ESPLÊNICO 
• Trauma fechado: acidente automobilístico 
(daqueles que batem na porta do motorista 
pegando todo o lado esquerdo), acidente de 
moto, atropelamento, esmagamento quedas, 
golpes esportivos (boxe), golpes diretos. 
• Trauma penetrante: ferida com arma de fogo, 
ferida com arma branca. 
• Trauma iatrogênico: golpe com endoscópio. 
Acontece em cólons que já passaram por algum 
processo infeccioso, inflamatório ou que já foi 
muito manipulado. Então, por ser uma região de 
muitas aderências, ao subir com endoscópio pode 
traumatizar o local. É raro. 
 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
IMAGENS 
 
Corte axial - transverso: paciente deitado na maca 
e a gente posicionado no pé do paciente, fazendo 
cortes na direção ventral – dorsal. Para se começar 
a interpretar a imagem, procura-se por estruturas 
com a mesma densidade (mesma cor) – observa-se 
inicialmente em branco: vértebra, coluna vertebral, 
canal medular (escuro dentro pelo LCR), costelas; 
acinzentado: órgãos sólidos – fígado (homogêneo; o 
que se vê dentro do fígado é o sistema portal, que 
está apagado pela fase da tomografia), baço; bolinha 
a frente da vértebra lateralizada para esquerda: 
aorta (mais redonda). A veia cava não está 
aparecendo na imagem, mas seria uma “bolinha” mais 
pra direita (mais oval - irregular). 
Lembrete: Transparente é o oposto de densidade 
(preto = hipertransparente = hipodenso; Branco = 
hipotransparente = hiperdenso). 
A estrutura 
destacada, que está 
com a parede 
espessada, é o 
estômago. 
Normalmente, ele 
não fica assim. Ao 
fazer a TC, se o paciente apresenta alimento no 
estômago, o estômago encontra-se distendido, com 
a parede mais fina. No caso acima, é um paciente que 
fez o exame em jejum, provavelmente pelo preparo 
para fazer este exame, estando com um estômago 
colabado. É possível perceber pouco resíduo líquido 
(preto) em seu interior, além de algumas pequenas 
bolhas de gás (é normal ter gases dentro do 
estômago). 
 
Neste corte, por ser 
mais alto, não é 
possível observar os 
rins (que ficam 
retroperitoneais). 
 
O baço (estrutura circulada) tem a mesma 
densidade do fígado. Para avaliar a estrutura do 
baço, olhar para ele como um todo. Seu parênquima 
normalmente é cinza, homogêneo. O radiologista não 
necessariamente precisa dar diagnóstico, ele precisa 
laudar o que ele vê, descrever a imagem. 
*Observação: o rim direito é naturalmente mais baixo 
por conta do fígado. No corte, se o paciente estiver 
na posição correta, o rim direito aparece depois do 
esquerdo. 
Imagem: alteração da densidade/homogeneidade do 
parênquima, sendo ela hipodensa, de caráter 
circular, bem delimitada, com focos centrais de 
hiperdensidade, que não faz abaulamento, não 
provoca edema na cápsula (continualisa) e nem tem 
aspecto de que invade estruturas adjacentes, sendo 
um provável hematoma esplênico. 
A região mais escura é a região da contusão, que 
sangrou/machucou, podendo ter edema e processo 
inflamatório, já a região mais branca é o sangue 
propriamente dito/sangramento ativo, é a “boca” do 
vaso, local que tem sangue naquele momento. 
Nesse caso, é um hematoma localizado, sem efeito 
de massa ou abaulamento, restrito ao parênquima 
esplênico e que não invade o hilo. 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
 
Para correlacionar a imagem vista no Atlas de 
anatomia do corte axial com a imagem da TC. O corte 
da tomografia (mais alto; não é possível visualizar os 
rins) não está na mesma altura do corte da imagem 
do atlas. Nessa imagem tomográfica, a aorta está 
um pouco mais branca do que na tomografia anterior, 
portanto, podemos inferir que a anterior era sem 
contraste, mas essa é com contraste, embora não 
seja possível dizer que esta já seja uma fase 
totalmente arterial, provável que seja ou uma fase 
portal ou tardia. 
Fígado: textura 
homogênea, parênquima 
normal, sistema portal 
bem visualizado. Baço: 
edemaciado, com 
alteração na 
homogeneidade (parênquima está heterogêneo) às 
custas de grande área hiperdensa (mais branca) 
associada a áreas focais hipodensas (mais 
pretas/cinza mais escuro). É um hematoma esplênico 
mais grave, um baço que está edemaciado, com um 
hematoma que se estende da cápsula até a região 
hilar (região muito delicada), além de um hematoma 
um pouco menor no polo inferior e áreas difusas de 
hipodensidade que podem representar contusão, 
edema, processo inflamatório. É um paciente com um 
trauma esplênico mais grave/significativo, quando 
comparado ao paciente anterior. 
Qual a conduta a ser tomada? Depende. Como está 
esse paciente que chega na emergência? Está estável 
ou instável? É jovem? Por exemplo, paciente de 22 
anos, caiu de moto, chega à emergência 
conversando, PA de 12x8, FC 90bpm, com boa 
saturação, pode fazer tomografia? Pode. Na TC, esse 
paciente apresenta um hematoma grande, com área 
de sangramento, pegando o hilo, mas está estável. 
Não vai colocar esse paciente no centro cirúrgico 
para fazer uma esplenectomia se ele está estável, o 
sangramento pode ter parado, é um paciente jovem, 
com boa coagulação. 
Então, não necessariamente é um paciente que 
precisa de abordagem cirúrgica. Esse exemplo é um 
paciente que sangrou, está estável, formou coágulo e 
parou de sangrar, então, ele pode ser colocado em 
observação, mas pode complicar a qualquer 
momento. A equipe pode ser chamada 6 horas depois 
com relato de que o paciente começou a suar frio, a 
pressão caiu, está taquicárdico, taquipneico e 
saturando 79%, o que faz com que tenha que ser 
levado imediatamente ao centro cirúrgico. Neste 
caso, provavelmente, algum coágulo destampou/se 
deslocou e ele voltou a sangrar. 
Fígado: heterogêneo, 
parecendo esteatose 
hepática. Essa é uma 
tomografia com 
contraste, em corte 
genuinamente arterial. 
Observem como a aorta está branca da cor do 
osso/densidade similar. É um corte tomográfico bem 
mais baixo do que os anteriores, só sendo possível 
ver a porção final do lobo direito do fígado. 
Podemos dizer que é uma fase arterial tardia, porque 
um dos rins (o direito) está excretando contraste, 
está todo corado pelo mesmo contraste que está 
dentro da aorta. O rim esquerdo, se pegarmos um 
corte mais abaixo, provavelmente, caso o paciente 
não tenha nenhum problema de 
perfusão/deficiência renal, esse rim vai estar 
corado também. 
Tudo que fica preto na tomografia é gás. Cólon 
transverso com gases (circulado em rosa). 
Corte mais baixo 
evidenciando o 
polo inferior do 
baço, pâncreas e 
a mesentérica. 
Áreas de 
hipodensidade em 
região de cabeça, 
colo e corpo pancreático, além de rim esquerdo sem 
contraste evidenciado e nível aéreo em alças 
colônicas. *Não é para se ter nível hidroaéreo no 
cólon, porque no cólon é para ter fezes já formadas, 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
caso se evidencie nível hidroaéreo, significa que há 
algum distúrbio de absorção ou obstrução 
intestinal. 
CLASSIFICAÇÃO DE TRAUMA ESPLÊNICO 
 
A classificação vai de 1 a 5, sendo que as lesões de 
1 a 3 se dividirão em hematoma e laceração. Em 
termos simples a laceração é um rasgo, enquanto o 
hematoma é uma pancada. Quando se toma uma 
pancada numa região forma-se um hematoma, se 
ficar roxo, uma equimose. O hematoma é quando se 
considera a consistência do sangue mais líquido, 
hematoma subgaleal, hematoma subdural. Então é 
como se tivesse algum vaso que extravasou sangue 
naquela região, mas ficou localizado, restrito, como 
se ficasse preso o sangue. Enquanto a laceração é um 
rasgo, rasgou um pedaço, simplesmente. (Não botem 
rasgo na prova, é apenas para lembrar). 
• Trauma esplênico 
grau 1 do tipo 
hematoma: 
subcapsular, não 
abaula a cápsula 
do baço, é 
restrito, circunferencial, bem delimitado e 
envolve menos de 10% da superfície do baço. 
• Grau 1 Laceração: quando se tem um pequeno 
rasgo, um rompimento do parênquima, com uma 
profundidade inferior a 1cm. 
• Grau 2 de hematoma: subcapsular, mas o nível 
de acometimento do parênquima esplênico vai 
entre 10 e 50% da sua superfície. Ou menos de 
5cm de diâmetro. 
• Laceração grau 2: entre 1 e 3cm. Sem envolver 
vasos trabeculares (aqueles vasos mais 
grossinhos que são ramos diretos da artéria 
esplênica, que vão para os polos superior e 
inferior e depois se ramificam em vãos menos 
calibrosos até formar capilares). 
• Grau 3 de hematoma: Hematoma subcapsular, 
>=50% da superfície ou expansivo; subcapsular 
ou intraparenquimatoso roto (vaso sangrando 
naquele momento); intraparenquimatoso >= 5cm 
ou expansivo. Ou está abaulando a cápsula, ou é 
um hematoma que você está fazendo um 
tratamento conservador do paciente. 
Exemplo: tomografou ontem e viu um hematoma 
medindo 2,5cm, o paciente começou a cair o HB 
lentamente, mas ainda está estável, havendo tempo 
para retomografar, e 48h pós-trauma retomografa e 
o hematoma de 2,5cm foi pra 5cm, ou seja, hematoma 
que está em expansão). 
• Laceração grau 3: >3cm de profundidade e já 
envolve vasos trabeculares. Então é um trauma 
mais difícil de tratar, tem mais risco de 
instabilidade, um trauma borderline a respeito 
do que se vai fazer com o paciente. 
• Grau 4: pega vaso segmentar ou hilar (pegou em 
um esplênico já era), ou desvascularização de 
mais de 25% do baço. Pegou hilo → cirurgia. 
• Grau 5: tem secção total do hilo esplênico ou 
múltiplas destruições, completamente 
fragmentado. Não tem mais o que fazer. 
 
FLUXOGRAMA: TRAUMA ESPLÊNICO 
O trauma pode ser letal a depender do estado 
hemodinâmico do paciente. Se ele estiver estável, 
tem tempo de pensar, fosforilar, de tomografar, de 
fazer fast, do que quiser. 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
 
Chegou um paciente com trauma esplênico, a primeira 
coisa que vai ver é a hemodinâmica (pressão, FC, FR, 
saturação, nível de consciência - parâmetros usados 
para avaliar choque hipovolêmico). 
Ex.: um paciente chegou falando que caiu de uma laje 
de 3m, caiu de barriga para cima, bateu as costas. 
PA: 110x50, agitado, queixa de dor, FC de 90-95bpm. 
Equimose na região das costelas (entre a 9º e a 11º). 
Esse paciente está tendendo à hipotensão, mas ele 
não está gravíssimo. Pega um acesso calibroso, faz 
reposição volêmica. Se ele responder a volume, tem 
tempo de pensar. 
Se na sala vermelha tiver fast, então faz. Se tiver 
líquido livre, não necessariamente vai levar para 
cirurgia. Se o paciente estiver estável, vai observar 
ou tomografar. A presença de líquido livre não 
significa que o baço está destroçado. Ele pode 
sangrar muito, e pode parar. Fez um hematoma que 
tamponou, formou um coágulo aderido no lugar da 
laceraçãoe parou. Se no fast tiver muito líquido, 
mas o paciente estiver estável com pressão 
120X80mmHg (exemplo), não vai precisar tirar o 
baço. Esplenectomia é a última opção. 
Atualmente, se o paciente estiver estável, com os 
recursos de imagem, recursos hemostáticos e 
recursos cirúrgicos, consegue preservar cada vez 
mais os órgãos sólidos em si. 
Então, no paciente com PA 120X80, fez o fast, tem 
líquido livre, mas está estável, vai levar para 
tomografia, que detectou o trauma esplênico grau 2, 
mas sem sinal de lesão de vaso trabecular, sem 
sinal de vaso de hilo, cápsula mantida, não está 
expandindo, pedir um Hb, que se encontra estável 
(11,5), não é necessário operar esse paciente. Ele 
vai para observação, pra UTI ou semi-UTI. 
Caso o paciente piore o quadro, com diminuição da 
pressão (80X50mmHg), nervoso, suando frio, 
confuso, respiração forte, pode ter destampado o 
coágulo. Nesse caso que o paciente fica instável, faz 
uma expansão com soro para ver se ele responde. 
Caso não funcione, será necessário transferir para 
sala de cirurgia. Mas, caso esse paciente melhore 
com o soro, com aumento da pressão, não será 
necessário levar para sala de cirurgia. 
Se o paciente respondeu a estabilização, mas acha 
que ele está sangrando, que sabe que destampou o 
coágulo, mas que não está sangrando como 
anteriormente, ele precisa de intervenção, mas não 
precisa ser uma intervenção tão invasiva como a 
esplenectomia. Ele vai instabilizar se deixar ele 
sangrar, então precisa acionar o hemodinamicista 
para fazer arteriografia (tomografia só dos vasos, 
com contraste, que vai corar todos os vasos 
abdominais). Na artéria esplênica vai ver os vasos 
trabeculares entrando no baço. Os vasos 
trabeculares íntegros são vistos como se fossem 
galhos de árvore; e o vaso trabecular que está 
sangrando, vai ser visto como um galho de árvore até 
que mancha a região. Isso é o lugar que rompeu e o 
contraste extravasou no parênquima. 
Então, aciona a hemodinâmica, faz a arteriografia e 
faz a embolização daquele vaso trabecular. Essa 
embolização pode salvar a vida do paciente, mas 
pode também não funcionar, pois o êmbolo pode 
deslocar. 
Então, se tentou estabilizar, tentou o tratamento 
conservador, tentou embolizar, e mesmo assim o 
paciente está fazendo episódio repetidos de 
instabilidade depois das tentativas de tratamentos 
minimamente invasivos, então terá que ir para sala 
de cirurgia. 
Para fazer a cirurgia, vai precisar usar o bom senso. 
Se o paciente já chega no hospital muito pálido, 
sangrando, faz 2mil de volume e não melhora, está 
taquicárdico, confuso, já manda para sala. Só em 
casos em que o paciente tolera que vai tentar 
estabilizar. A conduta vai depender sempre do 
estado hemodinâmico do paciente. 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
Observação: o trauma esplênico grau 5 é sinônimo de 
esplenectomia. 
CASO CLÍNICO 
Homem, 17 anos, veio encaminhado para o Hospital 
terciário com história de trauma fechado devido à 
queda de moto, há 30 horas, apresentando dor 
abdominal e hipotensão arterial sistêmica que foi 
revertida, apenas, com hidratação vigorosa. Não 
apresenta hematúria. Na sala de reanimação, o 
paciente se encontrava consciente e orientado 
(Escala de Coma de Glasgow – ECG de 15) 
apresentando sinais vitais de estabilidade 
hemodinâmica (pressão arterial de 128X54mmHg), 
frequência cardíaca (FC) de 90 bpm e frequência 
respiratória (FR) de 24 irpm. O abdome estava 
distendido e doloroso à palpação superficial do 
flanco esquerdo. Médico plantonista solicitou exame 
de imagem demonstrado abaixo. 
Quando se fala de dor em flancos, o primeiro órgão 
que pode estar envolvido é o rim. Quando o caso 
traz que não tem hematúria, significa que o trauma 
não foi no rim. Procurar a lesão em outro lugar. 
PROVA. 
Na tomografia tem 
achados importantes, 
e uma das coisas mais 
gritantes é o 
estômago cheio, com 
resíduo sólido. Isso 
quer dizer que a 
tomografia foi feita em caráter de urgência, não 
esperou o tempo necessário do jejum para realizar 
a tomografia de abdome. 
Outro detalhe: está em uma fase arterial tardia, 
porque ambos os rins estão repletos de contraste. 
Uma coisa que chamou atenção foi isso todo corado 
entrando no rim direito, que grosseiramente pode 
dizer que tem um aneurisma de artéria renal (há 
discordância se é ou não um aneurisma). 
Observando o baço, percebe-se uma hipodensidade, 
áreas de heterogeneidade do parênquima, sendo 
mais acometido a parte anterior, e com foco 
hiperdenso, provavelmente de vaso ou de algo que 
sangrou no centro. 
Teoricamente, esse sangramento está subcapsular, 
apesar de ter o vaso com sangramento fora, mas dá 
para ver que é um hematoma que está totalmente 
restrito, circunferencial, não abalou a cápsula, 
então não é para ter grandes extravasamentos, é um 
sangramento intraparenquimatoso. 
O grau desse trauma esplênico seria II, pois, além 
do local apontado pela seta, existem outras manchas 
abaixo que podem levar a pensar em grau II. 
Baseado nos dados fornecidos, responda: 
a) Qual hipótese diagnóstica para o caso? Justifique 
com achados do relato. Trauma esplênico grau 2. 
b) Em relação ao exame de imagem solicitado, julgue 
a conduta do médico plantonista como pertinente 
ou não e cite outros exames que você julgue 
necessário neste momento. 
c) Qual a conduta terapêutica inicial para este 
paciente. Faça uma prescrição completa de forma 
protocolar. 
d) Em relação ao manejo deste paciente, após 
medidas iniciais, quais devem ser as ações do 
médico plantonista? 
Tratamento conservador: monitorizar, pegar 
acesso, gasometria, pedir Hb de urgência, FAST, 
TC, tendo tempo suficiente para pedir os exames 
necessários. Ainda não é necessário pedir sangue 
para transfundir. Para hidratação, basta cristaloide 
(não precisa ser expansão volêmica, pois não há 
nenhum sinal de choque). 
A conduta terapêutica inicial, como ele está 
hemodinamicamente estável (PA de 128X54 mmHg, 
FC de 90bpm e FR de 24ipm), está lúcido, não está 
confuso, torporoso ou sudoreico, sem sinal nenhum de 
sangramento no momento, pode mandar o paciente 
para unidade semi intensiva, para manter sob 
observação. 
PRESCRIÇÃO 
1. Repouso em leito absoluto, cabeceira à 45º. 
Essa primeira 24h é de observação, não pode levantar 
nem para banheiro. Não precisa passar sonda, pois 
os parâmetros vitais estão normais, não 
necessitando medir o debito urinário. 
Se o paciente estivesse com sinal de choque e 
precisasse monitorizar o débito urinário, com sinais 
 
8 
Beatriz Machado de Almeida 
Radiologia – Aula 4 
de má-perfusão e lactato elevado, seria necessário 
saber se o paciente está mantendo perfusão 
adequada, colocando assim, a sonda de Foley. 
2. Dieta zero (até segunda ordem). 
Tem que manter sem comida, pois o paciente pode 
desestabilizar e precisar ir para a cirurgia. 
3. Monitorização multiparamétrica, oximetria de 
pulso e PA não invasiva (PANI). 
O paciente está estável, então pode-se obter os 
parâmetros dele de forma não invasiva. Se o 
paciente chocar e precisar de droga vasoativa, vai 
precisar medir de forma mais invasiva. 
4. SG 5% (água destilada e açúcar) 500ml + NaCl 
20% 10ml + KCL 19,1% 10ml, IV, em BIC 84ml/h. 
Se propôs uma dieta zero, tem a obrigação de 
oferecer um aporte calórico e hídrico para o paciente 
através da veia. 
Se for fazer com SF, acrescenta glicose a 50%. 
Toda vez que coloca aporte eletrolítico (sódio e 
potássio) tem que fazer em bomba de infusão 
contínua. Correr por 24h. 
Hidratação basal: 30ml/kg/peso. Paciente 70kg: 
70x30 → 2100ml. Não está contando as perdas 
insensíveis, pois não é um paciente crítico de UTI. 
É um paciente se quer liberar a dieta dele em 12h no 
máximo, se ele se manter estável. 
5. Analgesia - Dipirona 1g, IV, 6/6h. 
Essa analgesia pode fazer 1 ou 2 g. 
Para um hematoma pequeno, subcapsular,restrito, 
não precisa colocar antibiótico. Não tem como 
fazer hematoma infectado. 30h é precoce para o 
hematoma (coleção de sangue) colonizar e infectar. 
O paciente que infecta, dá sinais (abdome distende, 
por exemplo). 
6. Anti-inflamatório - Cetoprofeno, 100mg, EV, 
12/12h 
Pode fazer um antinflamatório, já que o paciente está 
com dor, costela quebrada. 
OBS: Não te indicação formal de usar omeprazol, 
por risco de lesão de mucosa gástrica, mas pode 
colocar se quiser. 
OBS: Se for um acidente que achar que vai ficar 
restrito ao leito por mais dias, lembrar de 
prescreve: profilaxia mecânica 
antitromboembolítica. Ele não pode usar 
anticoagulante químico (Clexane), pois acabará com 
nossas medidas iniciais, destampando coágulo, 
levando o paciente a sangrar. Mas, se ele for ficar 
restrito ao leito, precisa prescrever CPI 
(compressão pneumática intermitente) – bota que 
fica insuflando e desinsuflando na perna do paciente. 
OBS: se o paciente fizer uso de medicação de uso 
contínuo, lembrar de deixar prescrito.

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