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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 ANATOMIA FACIAL A face é estruturada em três seguimentos – chamada de “3 terços”: embriologicamente as estruturas crânio-cefálico serão originados pelas células da crista neural, que são células que ficam na parte superior do embrião, exceto a mandíbula que é originária dos arcos branquiais. Então aquela estrutura forma tanto o sistema nervoso quanto o que o reveste. DIVISÃO EM TERÇOS: • Terço superior: vai do rebordo superior da órbita, que é a cavidade onde o globo ocular fica, até a implantação da raiz do cabelo; • Terço médio: é a estrutura mais complexa que vai desde o rebordo superior até a arcada dentária superior; • Terço inferior: é basicamente a região da mandíbula. CAMADAS: Esta questão é importante pois são os cortes com necessidade de sutura, mordedura de cão e sua profilaxia, são conhecimentos que o generalista precisa ter, inclusive para realizar um diagnóstico e encaminhamento correto. 1. Pele – mais externamente (epiderme, derme e hipoderme). 2. Subcutânea – a hipoderme que é a camada gordurosa juntamente com um tecido conjuntivo frouxo, dando sustentação; 3. Músculo-aponeurótica. *Lembrando que todo músculo tem a capacidade de se contrair necessitando de uma estrutura fixa, como cartilagem ou osso, ficando preso através dos tendões e das fáscias. À medida que ele se contrai, a estrutura que é fixa vai dar sustentabilidade que precisa e proporcionar o movimento. É assim que os membros se movem à medida que o músculo se contrai. Então logo abaixo do tecido conjuntivo frouxo tem a camada muscular, essa camada músculo-aponeurótia que é chamada de “SMAS”, é composta pelos músculos da mímica facial e pelos músculos da mastigação. Essa musculatura que é afetada em um trauma de face lesionando o sétimo par, que é o nervo facial, ou mesmo no AVE onde se perde o comando central pra essa musculatura, o indivíduo possivelmente irá perder a mímica facial. Por isso na avaliação do paciente, se solicita que ele esboce um sorriso, observando a dinâmica facial. 4. Ligamentos de retenção e espaço – ligamentos retentores prendem a musculatura nos ossos do crânio – estrutura que “corresponde a um neurocrânio” que envolve o encéfalo. *Lembrando: SNC é encéfalo e medula; Trauma Raquimedular (TRM) e TCE são traumas do SNC. O neurocrânio envolve o encéfalo e o víscerocrânio corresponde as estruturas faciais propriamente ditas. Então essa camada músculo-aponeurótica segura os músculos nos ossos do víscerocrânio, ao todo são aproximadamente 28 estruturas ósseas que acompanham o crânio. Ao longo dessas estruturas ligamentares retentores é onde correm as estruturas vasculonervosas da face. Por isso que num corte superficial por exemplo, não atinge um vaso muito profundo. O sangramento que ocorre é por conta dos vasos subdérmicos. Explica-se pelo fato dos vasos mais profundos, como ramos da carótida externa vão emitir vasos perfurantes que adentram aos músculos e vão até a derme e a hipoderme da pele pra vascularizar a epiderme. Isso dá uma segurança porque essas estruturas (vasos profundos) estão protegidas, numa plástica de face, por exemplo, a incisão é pré-tragal (próximo à orelha) – faz uma dissecção em cima do SMAS, identificando a gordura, a musculatura e a dissecção da pele, pra poder retirar o excesso de flacidez – acima do músculo. Trauma de face 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 5. Periósteo e fáscia profunda. Lembrando: radiografia e a tomografia são métodos de imagem que utilizam radiação ionizante, utilizando um anteparo para que os raios atravessem a parte do corpo avaliada, sendo que, quanto mais unidas são as partículas do corpo, essa radiação penetra pouco, mais branca fica a imagem, e o contrário é verdadeiro, quanto menos estrutura, mais penetração, e mais escura é imagem. ESTRUTURA ÓSSEA Formação óssea: osso frontal, 2 parietais, que formam a calota craniana para a formação do neurocrânio, é formado pelo osso esfenoide (estrutura amarela) e o etmoide mais anteriormente. As estruturas o víscerocrânio, importante para nosso conhecido, são os ossos nasais, lembrando que o nariz é formado por uma estrutura ósseo cartilaginosa, que forma tanto septo nasal quanto dorso do nariz. A parte mais distal é cartilaginosa e a mais proximal é óssea, que é a estrutura mais afetada no trauma da face, por estar mais evidente/proeminente. No terço médio temos o osso maxilar, zigomático (forma a maçã do rosto). Nas laterais o osso temporal. Os processos alveolares da maxila e a mandíbula que se articula com os ossos na face. ASPECTOS GERAIS “Ainda que homens e mulheres se tornem conhecidos por seus feitos, são reconhecidos por suas faces”. Ou seja, a estrutura fácil designa o indivíduo. Uma cicatriz na região da mama, abdome, pode ser camuflada pelas roupas, porém na face não. Por isso é essencial oferecer um atendimento de qualidade desde o primeiro contato para que haja um desfecho melhor. EPIDEMIOLOGIA • Trauma 4ª causa de morte em pessoas de 1 até 44 anos. • Trauma em cabeça e pescoço: cerca de 50% dos casos. Ex.: um indivíduo que sofre um trauma, um acidente automobilístico, ele pode apresentar um pneumotórax, lesão esplênica, mas é muito improvável que ele não apresente uma lesão corto- contusa, laceração, escoriação, ou até uma fratura mínima em face. Normalmente não é um trauma tão grave como os outros, mas ocorre e precisa ser tratado. Tem grande incidência em casos de violência doméstica – espancamento, esmurramento. • Etiologia: violência, acidentes automobilísticos e quedas. • Homens entre 20 e 30 anos sãos os mais acometidos. Resumo trauma de face = Fraturas ósseas (nasal, maxilar, mandibular, orbital) + partes moles (contusão, abrasão, perfuração, corte) ATENDIMENTO INICIAL Quando se avalia, usa dois artifícios: as medidas auxiliares (monitorização, sondagem, eletro) e medidas de reanimação (toracocentece, drenagem torácica). O tratamento da fratura óssea entra nas medidas secundárias. • Avaliação primária (ABCDE): avaliar paciente e estabilizar, garantir a vida. • Avaliação secundária: ❖ Exame clinico completo. ❖ Exames complementares. ❖ Avaliação de especialistas. ❖ Sutura de lesões de pares moles. • Tratamento definitivo. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA – ABCDE • Aspiração de via aérea. • Retirada de corpos estranhos de cavidade oral. • Via aérea segura. 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 • Conter sangramentos: compressão ou sutura. • Avaliar outros agravos de trauma. B → já decide sobre a VA do paciente, pois na letra A ofertou O2. Na prática: começa com máscara não reinalante e faz o caminho contrário. O paciente que tem deformidade panfacial tem contraindicação para intubação orotraqueal. C → sinais de choque e controle de choque. Dificilmente um paciente evolui para choque por conta de um trauma facial. Se ele está fazendo choque, pensar para outra causa associada. D → nível de consciência. Muitas vezes, o trauma social vem com TCE E → muito importante avaliar outros traumas. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA História AMPLA + Exame físico completo. Avaliar: Diplopia, déficit visual, epistaxe, trismo, otorreia, rinorreia, crepitações e assimetrias faciais. EXAME FÍSICO Diagnosticar lesões de partes moles. Resumo dos ferimentos: perfurante é um ponto, é um ferimento por alfinete, agulha. O cortante que é um ferimento linha por uma navalha ou estilete. O contundente ou o contuso é um ferimento causado por uma massa, então você tem um soco, um cassetete. O perfurocortante é quando existe uma substância pontiaguda mas que pode levar ao corte das estruturas moles. O perfurocontundente vai levara perfuração, mas também causa a lesão das partes profundas que é o ferimento por arma de fogo, se um indivíduo sofrer um tiro, por exemplo, você vai ver que vai ter um ferimento de entrada e aquele projétil vai levar a uma lesão das partes profundas, tanto que a gente só estuda lá no trauma de abdome, por exemplo, se o indivíduo tem um ferimento por arma de fogo, a energia térmica transmitida por aquele ferimento pode levar a um trauma muito maior do que pode parecer. O ferimento corto contundente ou corto contuso como explicado e a laceração é um ferimento de partes moles, que pode ser mais profundo ou não que é irregular, ele é triangular, estrelado, não tem uma irregularidade naquela estrutura. • Atentar para hematoma do septo nasal. O septo nasal é ricamente vascularizado na região da mucosa, ou seja, logo abaixo desse tecido que reveste o septo, então durante o trauma pode lesionar os vasos e ali se acumular sangue. Isso é muito perigoso porque nesse momento esse trauma que levou ao hematoma vai levar a compressão da cartilagem septal impedindo que chegue sangue, e essa cartilagem pode isquemiar e necrosar, fazendo com que o indivíduo perca até a columela nasal, que é essa divisão entre as duas narinas Nesse momento viu um indivíduo com uma rinoescoliose, pode posicionar a cabeça do indivíduo em posição inclinada e com uma pequena lanterna vai avaliar as narinas para identificar o hematoma. Identificou o hematoma, faz parte da avaliação inicial do médico drenar esse hematoma: pega uma lâmina faz um pequeno furo e esvazia o hematoma até que o especialista chegue e faça o tratamento devido que é a retirada da cartilagem em L, ou seja, retira a cartilagem deixando um suporte de 5mm na frente e 5mm em cima com o espaço morto 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 suturado com sutura em colchete para não acumular mais sangue Quem vai fazer é o especialista, mas o médico deve fazer esse esvaziamento, porque além de correr o risco de necrose o indivíduo vai ter aquela passagem de ar comprometido. • Atentar para lesões no ducto parotídeo. ❖ Lesões entre trago e lábio superior. ❖ Conduta: cateterização. Outro ponto importantíssimo, naqueles ferimentos que foram citados de partes moles, quando eles ocorrem naquela região que compreende uma linha do tragos até o lábio superior, eles podem compreender o ducto parotídeo. A parótida está a nível logo abaixo da camada de músculo. O conduto que conduz a saliva da parótida até a cavidade oral, que é chamado de ducto parotídeo ou ducto de Stenon, ele se abre a nível de segundo pré molar, então quando há um corte profundo que ultrapasse essa camada músculo aponeurótica, tem que obrigatoriamente pensar na lesão do ducto. Então não é todo corte, porque se lesionar a pele superficialmente não tem porque ter toda essa preocupação. Se lesionar o ducto parotídeo, a parótida vai produzir a saliva e não vai conseguir conduzir até a boca e isso repercute na formação de uma condição chamada sialocele (isso voltou a ‘’moda depois daquela cirurgia de bichectomia - Quando realizava essa cirurgia a gente usava a abertura do ducto porque era mais fácil de visualizar, a partir disso fazia uma incisão em alguns centímetros do ducto para retirar a bola de bichat e aí era nesse momento que ocorria a lesão do ducto, causando a sialocele). O paciente começa a acumular saliva nesse espaço e vai ter essa dilatação nessa região chamada de sialocele. Ela gera uma complicação cirúrgica difícil de lidar porque você vai ter que reconstruir o ducto, se não ele vai continuar produzindo saliva e acumulando. Então um paciente que teve uma lesão, foi suturado e retorna com um quadro desse a gente pensa em sialocele Para evitar uma sialocele pega um fio de nylon zero ou um cateter monulumen ou duplolumen, porque o cateter duplolumen é bem delgado (exatamente o calibre do ducto parotídeo). Vai identificar a abertura do ferimento na cavidade oral, é bem fácil, e vai progredir o cateter, se o cateter for visualizado no ferimento é sinal que o ducto foi lesionado (se o cateter não aparece é sinal que o ducto está integro). O cateter é mantido naquela região para que a saliva produzida seja drenada para a cavidade oral até que o especialista chegue e faça a reconstrução do ducto que nesse momento é muito mais fácil porque ele faz guiada pelo cateter, em um segundo tempo é muito mais difícil. Importante: No ducto, vai estar tudo fibrosado, cicatrizado, e precisa ter uma destreza muito grande para resolver isso Resumo: Se o indivíduo tiver um ferimento nessa região e é profundo, obrigatoriamente tem que avaliar se você lesionou ou não o ducto. • Tratar lesões de partes moles. ❖ Antissepsia. ❖ Anestesia local. ❖ Desbridamento. ❖ Síntese por planos. ❖ Curativos. ❖ Antibióticos “espaço livre de Friedrich”. Na avaliação secundária, identificou as lesões, atentou para nariz, ferimentos na área de perigo. E agora é a hora de agir. Fazer medidas de reanimação: sutura. Essa sutura é feita pelo médico que faz o atendimento inicial. Existe uma mística de que só pode suturar lesão até 6h, mas não existe isso na literatura, o que existe na literatura é que um ferimento até 6h, a probabilidade de infeccionar é menor, é o que 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 chamamos de “espaço livre de Friedrich”, mas isso não impede que suture o ferimento após 6h. Nessa situação faz a sutura e prescreve uma antibioticoterapia com Cefalosporina de primeira geração, como cefalexina ou cefadroxila. É possível suturar com uma relativa segurança até 48 horas. Para proceder a sutura da lesão, iremos utilizar a técnica de assepsia, ou seja, utilizar instrumentos estéreis, campo estéril. A assepsia, é a ação de retirar de uma superfície viva, como a pele, os microrganismos. Para isso, utiliza-se uma substância antibacteriana (pode ser bactericida ou bacteriostática), pode ser clorexidina alcoólica ou aquosa, e iodo povidine. Na prática, utilizamos a antissepsia em duas fases: 1ª: degermação, com clorexidina sabão, que serve para tirar os detritos grosseiros. 2ª: Antissepsia com substância antimicrobiana: clorexidina alcoólica ou iodo povidine. Essa substância não é lançada dentro da lesão. Primeira lava a lesão, e depois faz a antissepsia da periferia da lesão. Não usa dentro da ferida, principalmente por conta da dor. Depois que fez a antissepsia, é hora de colocar o campo e fazer a anestesia local. Pode ser por bloqueio anestésico ou anestesia local. Você vai impedir a transmissão do impulso nervoso. Existe na pele terminações nervosas que vão conduzir os impulsos pelos nervos periféricos até os nervos tronculares, 12 pares cranianos e 31 pares medulares. Retomando a clorexidina: Vai iniciar o processo cicatrização com a fase inflamatória, que vai retirar todo o corpo estranho com a chegada dos neutrófilos e linfócitos T e B. No caso da face, você pode bloquear o nervo supraorbital, nervo infraorbital e o mentual. Na hora que bloqueia o infraorbital ou mentual, todo terço médio inferior da face fica bloqueado. Então, se for um ferimento muito extenso, você consegue uma analgesia mais eficaz. Na anestesia local você infiltra os tecidos para que as terminações nervosas sejam bloqueadas e não enviem estímulos dos nervos periféricos para os centrais. Entre os anestésicos locais, se prioriza a lidocaína, vem a 2%, ou seja, 1 para 200, 20 ml, que seja com vasoconstrictor, porque ele, além de reduzir o sangramento, aumenta o tempo de ação do anestésico porque impede que o anestésico seja absorvido pelo vaso. A lidocaína tem início de ação de 5 a 7 minutos e dura de 30 a 45 min. Tem a bupivacaína, anestésicode longa duração. Na prática, faz a lidocaína e depois infiltra a bupivacaina porque ela dura mais. Depois da anestesia, é a hora do desbridamento, que é tirar os tecidos desvitalizados até alcançar os tecidos sangrantes. Como o sangue não chega na borda preta, desvitalizada, então vira meio de cultura para proliferação de bactérias. Aquela região é contaminada, mas não é infectada porque não tem 105 colônias de bactéria. Após o desbridamento, é hora de fechar. Essa síntese, que também não é feita na prática, deve ser feita por 3 planos: subdérmico, justadérmico e síntese da pele. O plano subdérmico e justadérmico é feito com fio absorvível, de preferência o de poliglactina. Ele tem boa resistência e pouquíssima reação. A sua desvantagem é que à medida que ele passa pelo sangue, ele fica mais resistente, então os pontos finais são mais difíceis. O fio de PDS dura até 120 dias, mais resistente ainda. À medida que você sutura, você deixa menos espaço morto para que ali ocorra uma coleção. Após isso, o curativo deve ser feito. Não necessariamente é com gaze e, normalmente, não é feita com gaze, usa só a microporage, que geralmente é feita em X ou vertical no sentido oposto da cicatriz. Esse curativo deve durar 3 dias porque 72 horas é a fase inflamatória da cicatrização. Atentar para mordeduras de animais. 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 MODERDURA DE ANIMAIS • Antibioticoprofilaxia: beta-lactâmicos e cefalosporinas de 1ª geração • Profilaxia para raiva: ❖ Avaliar estado do animal. ❖ Avaliar tipo de lesão. ❖ Definir sobre estratégia. Toda ferida na face é considerada uma ferida de alto risco no caso de uma mordedura de animal! A profilaxia vai depender da situação, mas a gente vai fazer obrigatoriamente a profilaxia com B- Lactâmicos e a segunda escolha é Cefalosporina de 1ª geração. Então, teve a mordedura na face, tem que lavar com água e sabão, proceder a profilaxia com antibiótico e avaliar. Existem 2 situações antagônicas: 1. O paciente é mordido por um cachorro da rua, ou qualquer outro animal silvestre, que ele não tem conhecimento e não vai conseguir acompanhar. Então, obrigatoriamente, a profilaxia tem que ser completa! Ela é feita com a imunoglobulina + vacina antitetânica (5 doses: D0, D3, D7, D14, D28). 2. O paciente é mordido pelo cachorro ou gato domiciliado, que você tem como acompanhar o animal e sabe que ele foi vacinado, exclui a profilaxia para raiva, só faz o antibiótico. Porém se não sabe ou não tomou a vacina da raiva, faz uma dose D0, outra dose D3, e observa o animal. Se de 3 a 7 dias ele não apresentou nenhum sintoma, suspende a profilaxia. Se ele apresentar algum sintoma raivoso, completa a profilaxia. Do D7 ao D10, faz a imunoglobulina e faz D14 e D28. Lembrar: a imunoglobulina deve ser feita até a terceira dose! Depois, não adianta mais fazer. Ou o cachorro não tomou a vacina e você vai observar. Dificilmente hoje em dia o paciente vai chegar mordido por um cachorro da rua. Continuação avaliação secundária: • Solicitar exames complementares, laboratoriais. • Solicitar exames de imagens: Radiografia e tomografias. • Solicitar avaliação de especialistas, a depender do quadro clínico do paciente. ❖ Fraturas nasais. ❖ Fraturas da órbita. ❖ Fraturas da maxila. ❖ Fraturas da mandíbula. Então, nesse momento, já fez a sutura, já tratou a lesão cutânea, identificou os sinais e sintomas, já está guiado mais ou menos para onde vai ser o diagnóstico, pediu o exame complementar. Aquele exame, para quem conhece anatomia, vai conseguir ler, seja uma radiografia ou tomografia. Depois disso vai conseguir solicitar a avaliação do especialista para o tratamento final. TRATAMENTO FINAL Esse tratamento final é o tratamento dado pelo especialista, ali já acabou seu trabalho. É oftalmo, cirurgião plástico, é um paciente que tem um trauma de globo ocular e nesse momento é feito o tratamento das lesões ósseas. As lesões não são tratadas de imediato, o paciente fica internado, é iniciado um processo que contemple um controle do processo inflamatório, com corticoide. Porque o manejo dos tecidos fica muito difícil. Já após essa estabilização é feito o tratamento que envolve o uso de placa, parafuso.... são bem amplos. E em momentos posteriores, como por exemplo na fratura do nariz, uma rinoplastia. Um indivíduo fez um trauma de nariz, fez o tratamento de urgência (paciente teve uma fratura de nariz → desvio de septo, posiciona o septo ou teve fratura de ossos → posiciona os ossos com cabo de bisturi). No futuro, vai ter sinequia, retração e esteticamente pode apresentar uma assimetria e pode precisar de uma rinoplastia estética. • Tratamento de patologias oculares e neurológicas. 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências cirúrgicas – Aula 14 • Tratamento de lesões ósseas: Fratura nasais, fraturas da orbita, fraturas de maxila, fraturas da mandíbula, tratamento de sequelas. • Radiografia de face e seis da face: CALDWELL, WATERS, PERFIL. Nesse momento da avaliação, você realizou os exames radiográficos. Radiografia da face está acessível, é um exame fácil de pedir. O que precisa saber: existem 3 incidências. Relembrando: a máquina de raio x foi inventada inicialmente com polônio e com rádio. Hoje em dia usa os acelerados lineares, produzindo diversas substâncias radioativas. A radiação é emitida, vai passar pela parte do corpo e existe uma placa atrás com uma substância que vai reagir com a radiação. Quando a radiação passa muito, a substância fica preta. Quando passa pouco, fica branca. Lembrete: derrame pleural é branco, pneumotórax é preto. • Incidência de CALDWELL: o indivíduo fica frente a frente com a placa. Então o que acontece: a radiação bate e vai dar um panorama geral da face anterior, como um todo. • Incidência de WATERS: o paciente vai encostar o mento na placa, de forma que o lobo da orelha e o mento fiquem na mesma altura. Essa incidência é melhor para avaliar o terço médio da face. Porque ela vai dar uma noção da estrutura dos ossos do nariz e também dos seios da face. Consegue ver o septo nasal, os seios maxilares, as orbitas. Na sinusite é perfeita. • Incidência de perfil: direito ou esquerdo. O paciente encosta o perfil contralateral que ele vai analisar. Exemplo: se vai analisar o direito ele vai encostar o esquerdo na placa. E vice-versa. Consegue ver os ossos nasais, a arcada dentária, mandíbula. • Tomografia de face e seis da face. A tomografia tem a mesma lógica do raio X. Só que a quantidade de radiação é infinitamente maior. Os cortes podem ser: axiais (é como se picotasse o paciente), coronais ou sagitais. Na avaliação da face, geralmente os cortes são axiais. Então começa avaliando o sistema nervoso central ... vai cortar desde a calota até a mandíbula. A tomografia é de crânio, é tudo. Então o corte começa a ser fatiado de cima até baixo. E com a tecnologia já existe a TC de crânio com reconstrução 3D. Ele faz a imagem, que a radiação montou na placa, e aí o computador remonta em 3D. é mais fácil de ver. Ela vem amarela e toda pronta e processada. É só olhar. Resumindo: Como se maneja o trauma na face. Paciente com trauma facial → ABCDE do trauma (estabiliza via aérea, contém sangramentos, avalia outros traumas, estabiliza o paciente, evita a morte) → avaliação secundária (diagnóstico definitivo, suturas lesões, solicita exames, avaliação radiológica, avaliação do especialista) → tratamento definitivo (tratar as lesões ósseas, neurológicas, as outras lesões, encaminhar o paciente para o hospital e especialista de referência). Lembrar do perigo: hematoma do septo nasal e lesão do ducto de Stensen.
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