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Emergências cirúrgicas - Aula 14 - Trauma de face

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1 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
ANATOMIA FACIAL 
A face é estruturada em três 
seguimentos – chamada de “3 terços”: 
embriologicamente as estruturas 
crânio-cefálico serão originados pelas 
células da crista neural, que são 
células que ficam na parte superior do embrião, 
exceto a mandíbula que é originária dos arcos 
branquiais. Então aquela estrutura forma tanto o 
sistema nervoso quanto o que o reveste. 
DIVISÃO EM TERÇOS: 
• Terço superior: vai do rebordo superior da 
órbita, que é a cavidade onde o globo ocular fica, 
até a implantação da raiz do cabelo; 
• Terço médio: é a estrutura mais complexa que 
vai desde o rebordo superior até a arcada 
dentária superior; 
• Terço inferior: é basicamente a região da 
mandíbula. 
CAMADAS: 
Esta questão é importante pois são os cortes com 
necessidade de sutura, mordedura de cão e sua 
profilaxia, são conhecimentos que o generalista 
precisa ter, inclusive para realizar um diagnóstico e 
encaminhamento correto. 
1. Pele – mais externamente (epiderme, derme e 
hipoderme). 
2. Subcutânea – a hipoderme que é a camada 
gordurosa juntamente com um tecido conjuntivo 
frouxo, dando sustentação; 
3. Músculo-aponeurótica. 
*Lembrando que todo músculo tem a capacidade de 
se contrair necessitando de uma estrutura fixa, 
como cartilagem ou osso, ficando preso através dos 
tendões e das fáscias. À medida que ele se contrai, 
a estrutura que é fixa vai dar sustentabilidade que 
precisa e proporcionar o movimento. É assim que os 
membros se movem à medida que o músculo se 
contrai. 
Então logo abaixo do tecido conjuntivo frouxo tem a 
camada muscular, essa camada músculo-aponeurótia 
que é chamada de “SMAS”, é composta pelos 
músculos da mímica facial e pelos músculos da 
mastigação. Essa musculatura que é afetada em um 
trauma de face lesionando o sétimo par, que é o 
nervo facial, ou mesmo no AVE onde se perde o 
comando central pra essa musculatura, o indivíduo 
possivelmente irá perder a mímica facial. Por isso 
na avaliação do paciente, se solicita que ele esboce um 
sorriso, observando a dinâmica facial. 
4. Ligamentos de retenção e espaço – ligamentos 
retentores prendem a musculatura nos ossos do 
crânio – estrutura que “corresponde a um 
neurocrânio” que envolve o encéfalo. 
*Lembrando: SNC é encéfalo e medula; Trauma 
Raquimedular (TRM) e TCE são traumas do SNC. O 
neurocrânio envolve o encéfalo e o víscerocrânio 
corresponde as estruturas faciais propriamente 
ditas. 
Então essa camada músculo-aponeurótica segura os 
músculos nos ossos do víscerocrânio, ao todo são 
aproximadamente 28 estruturas ósseas que 
acompanham o crânio. 
Ao longo dessas estruturas ligamentares retentores 
é onde correm as estruturas vasculonervosas da 
face. Por isso que num corte superficial por exemplo, 
não atinge um vaso muito profundo. O sangramento 
que ocorre é por conta dos vasos subdérmicos. 
Explica-se pelo fato dos vasos mais profundos, como 
ramos da carótida externa vão emitir vasos 
perfurantes que adentram aos 
músculos e vão até a derme e a 
hipoderme da pele pra vascularizar 
a epiderme. Isso dá uma segurança 
porque essas estruturas (vasos 
profundos) estão protegidas, numa 
plástica de face, por exemplo, a 
incisão é pré-tragal (próximo à 
orelha) – faz uma dissecção em cima do SMAS, 
identificando a gordura, a musculatura e a dissecção 
da pele, pra poder retirar o excesso de flacidez – 
acima do músculo. 
Trauma de face 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
5. Periósteo e fáscia profunda. 
Lembrando: radiografia e a tomografia são métodos 
de imagem que utilizam radiação ionizante, 
utilizando um anteparo para que os raios 
atravessem a parte do corpo avaliada, sendo que, 
quanto mais unidas são as partículas do corpo, essa 
radiação penetra pouco, mais branca fica a imagem, 
e o contrário é verdadeiro, quanto menos estrutura, 
mais penetração, e mais escura é imagem. 
ESTRUTURA ÓSSEA 
 
Formação óssea: osso frontal, 2 parietais, que 
formam a calota craniana para a formação do 
neurocrânio, é formado pelo osso esfenoide 
(estrutura amarela) e o etmoide mais anteriormente. 
As estruturas o víscerocrânio, importante para 
nosso conhecido, são os ossos nasais, lembrando que 
o nariz é formado por uma estrutura ósseo 
cartilaginosa, que forma tanto septo nasal quanto 
dorso do nariz. A parte mais distal é cartilaginosa 
e a mais proximal é óssea, que é a estrutura mais 
afetada no trauma da face, por estar mais 
evidente/proeminente. 
No terço médio temos o osso maxilar, zigomático 
(forma a maçã do rosto). Nas laterais o osso 
temporal. Os processos alveolares da maxila e a 
mandíbula que se articula com os ossos na face. 
ASPECTOS GERAIS 
“Ainda que homens e mulheres se tornem conhecidos 
por seus feitos, são reconhecidos por suas faces”. 
Ou seja, a estrutura fácil designa o indivíduo. Uma 
cicatriz na região da mama, abdome, pode ser 
camuflada pelas roupas, porém na face não. Por isso é 
essencial oferecer um atendimento de qualidade 
desde o primeiro contato para que haja um desfecho 
melhor. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Trauma 4ª causa de morte em pessoas de 1 
até 44 anos. 
• Trauma em cabeça e pescoço: cerca de 50% 
dos casos. 
Ex.: um indivíduo que sofre um trauma, um acidente 
automobilístico, ele pode apresentar um 
pneumotórax, lesão esplênica, mas é muito 
improvável que ele não apresente uma lesão corto-
contusa, laceração, escoriação, ou até uma fratura 
mínima em face. Normalmente não é um trauma tão 
grave como os outros, mas ocorre e precisa ser 
tratado. Tem grande incidência em casos de 
violência doméstica – espancamento, 
esmurramento. 
• Etiologia: violência, acidentes automobilísticos e 
quedas. 
• Homens entre 20 e 30 anos sãos os mais 
acometidos. 
Resumo trauma de face = Fraturas ósseas (nasal, 
maxilar, mandibular, orbital) + partes moles 
(contusão, abrasão, perfuração, corte) 
ATENDIMENTO INICIAL 
Quando se avalia, usa dois artifícios: as medidas 
auxiliares (monitorização, sondagem, eletro) e 
medidas de reanimação (toracocentece, drenagem 
torácica). 
O tratamento da fratura óssea entra nas medidas 
secundárias. 
• Avaliação primária (ABCDE): avaliar paciente e 
estabilizar, garantir a vida. 
• Avaliação secundária: 
❖ Exame clinico completo. 
❖ Exames complementares. 
❖ Avaliação de especialistas. 
❖ Sutura de lesões de pares moles. 
• Tratamento definitivo. 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA – ABCDE 
• Aspiração de via aérea. 
• Retirada de corpos estranhos de cavidade oral. 
• Via aérea segura. 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
• Conter sangramentos: compressão ou sutura. 
• Avaliar outros agravos de trauma. 
B → já decide sobre a VA do paciente, pois na letra 
A ofertou O2. Na prática: começa com máscara não 
reinalante e faz o caminho contrário. 
O paciente que tem deformidade panfacial tem 
contraindicação para intubação orotraqueal. 
C → sinais de choque e controle de choque. 
Dificilmente um paciente evolui para choque por 
conta de um trauma facial. Se ele está fazendo 
choque, pensar para outra causa associada. 
D → nível de consciência. Muitas vezes, o trauma 
social vem com TCE 
E → muito importante avaliar outros traumas. 
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA 
História AMPLA + Exame físico completo. 
Avaliar: Diplopia, déficit visual, 
epistaxe, trismo, otorreia, 
rinorreia, crepitações e 
assimetrias faciais. 
EXAME FÍSICO 
Diagnosticar lesões de partes moles. 
 
 
Resumo dos ferimentos: perfurante é um ponto, é 
um ferimento por alfinete, agulha. O cortante que é 
um ferimento linha por uma navalha ou estilete. O 
contundente ou o contuso é um ferimento causado 
por uma massa, então você tem um soco, um 
cassetete. O perfurocortante é quando existe uma 
substância pontiaguda mas que pode levar ao corte 
das estruturas moles. O perfurocontundente vai 
levara perfuração, mas também causa a lesão das 
partes profundas que é o ferimento por arma de 
fogo, se um indivíduo sofrer um tiro, por exemplo, 
você vai ver que vai ter um ferimento de entrada e 
aquele projétil vai levar a uma lesão das partes 
profundas, tanto que a gente só estuda lá no trauma 
de abdome, por exemplo, se o indivíduo tem um 
ferimento por arma de fogo, a energia térmica 
transmitida por aquele ferimento pode levar a um 
trauma muito maior do que pode parecer. O ferimento 
corto contundente ou corto contuso como explicado 
e a laceração é um ferimento de partes moles, que 
pode ser mais profundo ou não que é irregular, ele é 
triangular, estrelado, não tem uma irregularidade 
naquela estrutura. 
• Atentar para hematoma do septo nasal. 
O septo nasal é ricamente 
vascularizado na região da 
mucosa, ou seja, logo abaixo 
desse tecido que reveste o 
septo, então durante o trauma pode lesionar os 
vasos e ali se acumular sangue. 
Isso é muito perigoso porque nesse momento esse 
trauma que levou ao hematoma vai levar a 
compressão da cartilagem septal impedindo que 
chegue sangue, e essa cartilagem pode isquemiar e 
necrosar, fazendo com que o indivíduo perca até a 
columela nasal, que é essa divisão entre as duas 
narinas 
Nesse momento viu um indivíduo com uma 
rinoescoliose, pode posicionar a cabeça do indivíduo 
em posição inclinada e com uma pequena lanterna vai 
avaliar as narinas para identificar o hematoma. 
Identificou o hematoma, faz parte da avaliação inicial 
do médico drenar esse hematoma: pega uma lâmina 
faz um pequeno furo e esvazia o hematoma até que 
o especialista chegue e faça o tratamento devido 
que é a retirada da cartilagem em L, ou seja, retira 
a cartilagem deixando um suporte de 5mm na 
frente e 5mm em cima com o espaço morto 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
suturado com sutura em colchete para não acumular 
mais sangue Quem vai fazer é o especialista, mas o 
médico deve fazer esse esvaziamento, porque além 
de correr o risco de necrose o indivíduo vai ter 
aquela passagem de ar comprometido. 
 
• Atentar para lesões no ducto parotídeo. 
❖ Lesões entre trago e lábio superior. 
❖ Conduta: cateterização. 
Outro ponto importantíssimo, naqueles ferimentos 
que foram citados de partes moles, quando eles 
ocorrem naquela região que compreende uma linha 
do tragos até o lábio superior, eles podem 
compreender o ducto parotídeo. A parótida está a 
nível logo abaixo da camada de músculo. O conduto 
que conduz a saliva da parótida até a cavidade 
oral, que é chamado de ducto parotídeo ou ducto de 
Stenon, ele se abre a nível de segundo pré molar, 
então quando há um corte 
profundo que ultrapasse essa 
camada músculo aponeurótica, 
tem que obrigatoriamente 
pensar na lesão do ducto. Então 
não é todo corte, porque se 
lesionar a pele superficialmente 
não tem porque ter toda essa preocupação. 
Se lesionar o ducto parotídeo, a parótida vai 
produzir a saliva e não vai conseguir conduzir até a 
boca e isso repercute na formação de uma condição 
chamada sialocele (isso voltou a ‘’moda depois daquela 
cirurgia de bichectomia - Quando realizava essa 
cirurgia a gente usava a abertura do ducto porque era 
mais fácil de 
visualizar, a partir 
disso fazia uma 
incisão em alguns 
centímetros do 
ducto para retirar a bola de bichat e aí era nesse 
momento que ocorria a lesão do ducto, causando a 
sialocele). 
 
O paciente começa a acumular saliva nesse espaço e 
vai ter essa dilatação nessa região chamada de 
sialocele. Ela gera uma complicação cirúrgica difícil 
de lidar porque você vai ter que reconstruir o ducto, 
se não ele vai continuar produzindo saliva e 
acumulando. Então um paciente que teve uma lesão, 
foi suturado e retorna com um quadro desse a gente 
pensa em sialocele 
Para evitar uma sialocele pega um fio de nylon zero 
ou um cateter monulumen ou duplolumen, porque o 
cateter duplolumen é bem delgado (exatamente o 
calibre do ducto parotídeo). Vai identificar a 
abertura do ferimento na cavidade oral, é bem 
fácil, e vai progredir o cateter, se o cateter for 
visualizado no ferimento é sinal que o ducto foi 
lesionado (se o cateter não aparece é sinal que o 
ducto está integro). O 
cateter é mantido naquela 
região para que a saliva 
produzida seja drenada 
para a cavidade oral até 
que o especialista chegue e faça a reconstrução do 
ducto que nesse momento é muito mais fácil porque 
ele faz guiada pelo cateter, em um segundo tempo é 
muito mais difícil. Importante: No ducto, vai estar 
tudo fibrosado, cicatrizado, e precisa ter uma 
destreza muito grande para resolver isso 
Resumo: Se o indivíduo tiver um ferimento nessa 
região e é profundo, obrigatoriamente tem que 
avaliar se você lesionou ou não o ducto. 
• Tratar lesões de partes moles. 
❖ Antissepsia. 
❖ Anestesia local. 
❖ Desbridamento. 
❖ Síntese por planos. 
❖ Curativos. 
❖ Antibióticos “espaço livre de Friedrich”. 
Na avaliação secundária, identificou as lesões, 
atentou para nariz, ferimentos na área de perigo. 
E agora é a hora de agir. 
Fazer medidas de reanimação: sutura. Essa sutura é 
feita pelo médico que faz o atendimento inicial. 
Existe uma mística de que só pode suturar lesão até 
6h, mas não existe isso na literatura, o que existe na 
literatura é que um ferimento até 6h, a 
probabilidade de infeccionar é menor, é o que 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
chamamos de “espaço livre de Friedrich”, mas isso 
não impede que suture o ferimento após 6h. Nessa 
situação faz a sutura e prescreve uma 
antibioticoterapia com Cefalosporina de primeira 
geração, como cefalexina ou cefadroxila. É possível 
suturar com uma relativa segurança até 48 horas. 
Para proceder a sutura da lesão, iremos utilizar a 
técnica de assepsia, ou seja, utilizar instrumentos 
estéreis, campo estéril. A assepsia, é a ação de 
retirar de uma superfície viva, como a pele, os 
microrganismos. Para isso, utiliza-se uma substância 
antibacteriana (pode ser bactericida ou 
bacteriostática), pode ser clorexidina alcoólica ou 
aquosa, e iodo povidine. Na prática, utilizamos a 
antissepsia em duas fases: 
1ª: degermação, com clorexidina sabão, que serve 
para tirar os detritos grosseiros. 
2ª: Antissepsia com substância antimicrobiana: 
clorexidina alcoólica ou iodo povidine. 
Essa substância não é lançada dentro da lesão. 
Primeira lava a lesão, e depois faz a antissepsia da 
periferia da lesão. Não usa dentro da ferida, 
principalmente por conta da dor. 
Depois que fez a antissepsia, é hora de colocar o 
campo e fazer a anestesia local. Pode ser por 
bloqueio anestésico ou anestesia local. Você vai 
impedir a transmissão do impulso nervoso. Existe 
na pele terminações nervosas que vão conduzir os 
impulsos pelos nervos periféricos até os nervos 
tronculares, 12 pares cranianos e 31 pares 
medulares. 
Retomando a clorexidina: Vai 
iniciar o processo cicatrização 
com a fase inflamatória, que 
vai retirar todo o corpo 
estranho com a chegada dos 
neutrófilos e linfócitos T e B. 
No caso da face, você pode bloquear o nervo 
supraorbital, nervo infraorbital e o mentual. Na 
hora que bloqueia o infraorbital ou mentual, todo 
terço médio inferior da face fica bloqueado. Então, 
se for um ferimento muito extenso, você consegue 
uma analgesia mais eficaz. 
Na anestesia local você infiltra os tecidos para que 
as terminações nervosas sejam bloqueadas e não 
enviem estímulos dos nervos periféricos para os 
centrais. 
Entre os anestésicos locais, se prioriza a lidocaína, 
vem a 2%, ou seja, 1 para 200, 20 ml, que seja com 
vasoconstrictor, porque ele, além de reduzir o 
sangramento, aumenta o tempo de ação do 
anestésico porque impede que o anestésico seja 
absorvido pelo vaso. 
A lidocaína tem início de ação de 5 a 7 minutos e 
dura de 30 a 45 min. Tem a bupivacaína, anestésicode longa duração. 
Na prática, faz a lidocaína e depois infiltra a 
bupivacaina porque ela dura mais. 
Depois da anestesia, é a hora do desbridamento, que 
é tirar os tecidos desvitalizados até alcançar os 
tecidos sangrantes. 
Como o sangue não chega na borda preta, 
desvitalizada, então vira meio de cultura para 
proliferação de bactérias. Aquela região é 
contaminada, mas não é infectada porque não tem 
105 colônias de bactéria. 
Após o desbridamento, é hora de fechar. Essa 
síntese, que também não é feita na prática, deve ser 
feita por 3 planos: subdérmico, justadérmico e 
síntese da pele. 
O plano subdérmico e justadérmico é feito com fio 
absorvível, de preferência o de poliglactina. Ele tem 
boa resistência e pouquíssima reação. A sua 
desvantagem é que à medida que ele passa pelo 
sangue, ele fica mais resistente, então os pontos 
finais são mais difíceis. O fio de PDS dura até 120 
dias, mais resistente ainda. À medida que você 
sutura, você deixa menos espaço morto para que 
ali ocorra uma coleção. 
Após isso, o curativo deve ser feito. Não 
necessariamente é com gaze e, normalmente, não é 
feita com gaze, usa só a microporage, que geralmente 
é feita em X ou vertical no sentido oposto da 
cicatriz. Esse curativo deve durar 3 dias porque 72 
horas é a fase inflamatória da cicatrização. 
Atentar para mordeduras de animais. 
 
 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
MODERDURA DE ANIMAIS 
• Antibioticoprofilaxia: beta-lactâmicos e 
cefalosporinas de 1ª geração 
• Profilaxia para raiva: 
❖ Avaliar estado do animal. 
❖ Avaliar tipo de lesão. 
❖ Definir sobre estratégia. 
Toda ferida na face é considerada uma ferida de alto 
risco no caso de uma mordedura de animal! 
A profilaxia vai depender da situação, mas a gente 
vai fazer obrigatoriamente a profilaxia com B-
Lactâmicos e a segunda escolha é Cefalosporina de 
1ª geração. 
 
Então, teve a mordedura na face, tem que lavar com 
água e sabão, proceder a profilaxia com antibiótico 
e avaliar. 
Existem 2 situações antagônicas: 
1. O paciente é mordido por um cachorro da rua, ou 
qualquer outro animal silvestre, que ele não tem 
conhecimento e não vai conseguir acompanhar. 
Então, obrigatoriamente, a profilaxia tem que ser 
completa! Ela é feita com a imunoglobulina + vacina 
antitetânica (5 doses: D0, D3, D7, D14, D28). 
2. O paciente é mordido pelo cachorro ou gato 
domiciliado, que você tem como acompanhar o animal 
e sabe que ele foi vacinado, exclui a profilaxia para 
raiva, só faz o antibiótico. Porém se não sabe ou 
não tomou a vacina da raiva, faz uma dose D0, 
outra dose D3, e observa o animal. Se de 3 a 7 dias 
ele não apresentou nenhum sintoma, suspende a 
profilaxia. Se ele apresentar algum sintoma raivoso, 
completa a profilaxia. Do D7 ao D10, faz a 
imunoglobulina e faz D14 e D28. 
Lembrar: a imunoglobulina deve ser feita até a 
terceira dose! Depois, não adianta mais fazer. 
Ou o cachorro não tomou a vacina e você vai 
observar. Dificilmente hoje em dia o paciente vai 
chegar mordido por um cachorro da rua. 
Continuação avaliação secundária: 
• Solicitar exames complementares, laboratoriais. 
• Solicitar exames de imagens: Radiografia e 
tomografias. 
• Solicitar avaliação de especialistas, a depender 
do quadro clínico do paciente. 
❖ Fraturas nasais. 
❖ Fraturas da órbita. 
❖ Fraturas da maxila. 
❖ Fraturas da mandíbula. 
Então, nesse momento, já fez a sutura, já tratou a 
lesão cutânea, identificou os sinais e sintomas, já 
está guiado mais ou menos para onde vai ser o 
diagnóstico, pediu o exame complementar. Aquele 
exame, para quem conhece anatomia, vai conseguir 
ler, seja uma radiografia ou tomografia. Depois disso 
vai conseguir solicitar a avaliação do especialista 
para o tratamento final. 
TRATAMENTO FINAL 
Esse tratamento final é o tratamento dado pelo 
especialista, ali já acabou seu trabalho. É oftalmo, 
cirurgião plástico, é um paciente que tem um trauma 
de globo ocular e nesse momento é feito o tratamento 
das lesões ósseas. As lesões não são tratadas de 
imediato, o paciente fica internado, é iniciado um 
processo que contemple um controle do processo 
inflamatório, com corticoide. Porque o manejo dos 
tecidos fica muito difícil. Já após essa estabilização 
é feito o tratamento que envolve o uso de placa, 
parafuso.... são bem amplos. E em momentos 
posteriores, como por exemplo na fratura do nariz, 
uma rinoplastia. Um indivíduo fez um trauma de nariz, 
fez o tratamento de urgência (paciente teve uma 
fratura de nariz → desvio de septo, posiciona o septo 
ou teve fratura de ossos → posiciona os ossos com 
cabo de bisturi). No futuro, vai ter sinequia, 
retração e esteticamente pode apresentar uma 
assimetria e pode precisar de uma rinoplastia 
estética. 
• Tratamento de patologias oculares e 
neurológicas. 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Emergências cirúrgicas – Aula 14 
• Tratamento de lesões ósseas: Fratura nasais, 
fraturas da orbita, fraturas de maxila, 
fraturas da mandíbula, tratamento de 
sequelas. 
• Radiografia de face e seis da face: CALDWELL, 
WATERS, PERFIL. 
Nesse momento da avaliação, você realizou os exames 
radiográficos. Radiografia da face está acessível, 
é um exame fácil de pedir. 
O que precisa saber: existem 3 incidências. 
Relembrando: a máquina de raio x foi inventada 
inicialmente com polônio e com rádio. Hoje em dia usa 
os acelerados lineares, produzindo diversas 
substâncias radioativas. A radiação é emitida, vai 
passar pela parte do corpo e existe uma placa atrás 
com uma substância que vai reagir com a radiação. 
Quando a radiação passa muito, a substância fica 
preta. Quando passa pouco, fica branca. Lembrete: 
derrame pleural é branco, pneumotórax é preto. 
 
• Incidência de CALDWELL: o indivíduo fica 
frente a frente com a placa. Então o que 
acontece: a radiação bate e vai dar um 
panorama geral da face anterior, como um 
todo. 
• Incidência de WATERS: o paciente vai encostar 
o mento na placa, de forma que o lobo da 
orelha e o mento fiquem na mesma altura. Essa 
incidência é melhor para avaliar o terço médio 
da face. Porque ela vai dar uma noção da 
estrutura dos ossos do nariz e também dos seios 
da face. Consegue ver o septo nasal, os seios 
maxilares, as orbitas. Na sinusite é perfeita. 
• Incidência de perfil: direito ou esquerdo. O 
paciente encosta o perfil contralateral que ele 
vai analisar. Exemplo: se vai analisar o direito ele 
vai encostar o esquerdo na placa. E vice-versa. 
Consegue ver os ossos nasais, a arcada 
dentária, mandíbula. 
 
• Tomografia de face e seis da face. 
A tomografia tem a mesma lógica do raio X. Só que 
a quantidade de radiação é infinitamente maior. 
Os cortes podem ser: axiais (é como se picotasse o 
paciente), coronais ou sagitais. 
Na avaliação da face, geralmente os cortes são 
axiais. Então começa avaliando o sistema nervoso 
central ... vai cortar desde a calota até a mandíbula. 
A tomografia é de crânio, é tudo. Então o corte 
começa a ser fatiado de cima até baixo. 
E com a tecnologia já existe 
a TC de crânio com 
reconstrução 3D. Ele faz a 
imagem, que a radiação 
montou na placa, e aí o 
computador remonta em 3D. é mais fácil de ver. Ela 
vem amarela e toda pronta e processada. É só olhar. 
Resumindo: Como se maneja o trauma na face. 
 
Paciente com trauma facial → ABCDE do trauma 
(estabiliza via aérea, contém sangramentos, avalia 
outros traumas, estabiliza o paciente, evita a 
morte) → avaliação secundária (diagnóstico 
definitivo, suturas lesões, solicita exames, 
avaliação radiológica, avaliação do especialista) → 
tratamento definitivo (tratar as lesões ósseas, 
neurológicas, as outras lesões, encaminhar o paciente 
para o hospital e especialista de referência). 
Lembrar do perigo: hematoma do septo nasal e lesão 
do ducto de Stensen.

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