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Educação Especial_Diversidade e Curriculo(1)

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EDUCAÇÃO ESPECIAL, DIVERSIDADE E CURRÍCULO NO PARADIGMA 
DA INCLUSÃO 
Vania Aparecida Marques Leite 
 
 
A Educação Especial no contexto da inclusão 
 
O que é educação especial? - Como ela se realiza na escola inclusiva, cujo 
princípio é o de que todos os alunos, independente de suas necessidades 
educacionais específicas, etnia, gênero, diferenças linguísticas, religiosas, 
sociais, culturais, entre outras, possuem o mesmo direito de conviver e 
participar na escola, com crianças de sua faixa etária? - Como oferecer 
atendimento educacional a esses alunos, sem privá-los desse direito? 
 Para encontrar respostas a essas questões, é importante que você 
compreenda o que mudou no conceito de educação especial com o paradigma 
da inclusão e também os aspectos que diferenciam a educação especial da 
educação regular. 
Antes do paradigma da inclusão, a educação especial era vista como um 
elemento isolado e separado da educação regular. Era uma forma de 
"escolarização" que acontecia somente em espaços específicos de 
atendimento aos alunos com deficiência, a exemplo das classes ou escolas 
especiais. 
Uma das críticas feitas essa forma de organização da educação especial 
é a de que ela expressa uma ideia equivocada e preconceituosa de que 
pessoas com deficiência não são capazes de aprender, ou, na melhor das 
hipóteses, podem aprender somente em espaços segregados. Mas essa visão 
tem mudado 
Com os avanços no debate sobre a inclusão, a educação especial 
passou a ser representada de uma forma diferente, convertendo-se em 
uma modalidade transversal de educação que permeia todos os níveis, 
etapas e modalidades da educação regular, ocorrendo por meio do 
atendimento educacional especializado, definido por uma proposta pedagógica 
que assegure recursos e serviços educacionais especiais. Nessa perspectiva, a 
educação especial orienta e colabora com a educação regular e ambas se 
complementam. 
 Desse modo, a educação regular se ocupa com o desenvolvimento da 
base nacional comum prevista na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) 
e se organiza em etapas e níveis de ensino e a educação especial está 
inserida no contexto regular de ensino. 
Conforme especificado na LDBEN e no recente Decreto nº 3.298, de 20 
de dezembro de 1999, Artigo 24, § 1º – entende-se o atendimento educacional 
especializado como um processo educacional definido em uma proposta 
pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e serviços educacionais 
especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, 
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, 
de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das 
potencialidades dos alunos que apresentam necessidades educacionais 
especiais, em todos os níveis, etapas e modalidades da educação (MAZZOTA, 
1998). 
Nesta perspectiva, o desafio da educação brasileira é a implementação 
da política educacional de promoção do acesso, da qualidade e da equidade 
com a organização de escolas que atendam a todos os alunos sem nenhum 
tipo de discriminação e que reconheçam as diferenças como fator de 
enriquecimento do processo educacional. 
A Resolução do CNE / CEB nº2/2001 institui as diretrizes nacionais para 
a educação especial na educação básica, com base na LDB, orientando os 
sistemas tanto para a prática da inclusão, quanto para o atendimento 
educacional especializado (organizado para apoiar, complementar e 
suplementar os serviços educacionais comuns). 
A matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais implica 
na obrigatoriedade da oferta de atendimento educacional especializado, 
quando demandarem esses serviços. Nesse sentido, a educação especial deve 
estar na escola onde o aluno se encontra matriculado. 
A legislação assegura também que o atendimento educacional 
especializado ocorra em todos os níveis da educação escolar (básico, médio e 
superior) e abrange a educação de jovens e adultos, a educação profissional e 
a educação indígena. 
De acordo com as Diretrizes Nacionais para Educação Especial 
“A educação especial deve ocorrer em todas as 
instituições escolares que ofereçam os níveis, etapas e 
modalidades da educação escolar previstos na LDBEN, 
de modo a propiciar o pleno desenvolvimento das 
potencialidades sensoriais, afetivas e intelectuais do 
aluno, mediante um projeto pedagógico que contemple, 
além das orientações comuns – cumprimento dos 200 
dias letivos, horas aula, meios para recuperação e 
atendimento do aluno, avaliação e certificação, 
articulação com as famílias e a comunidade – um 
conjunto de outros elementos que permitam definir 
objetivos, conteúdos e procedimentos relativos à própria 
dinâmica escolar” (Diretrizes Nacionais para Educação 
Especial) 
De acordo com as diretrizes oficiais, em caráter extraordinário, os 
serviços de educação especial podem ser oferecidos em classes 
especiais, escolas especiais, classes hospitalares e em ambiente 
domiciliar. 
O atendimento educacional deve ser oferecido em horário oposto à 
escolarização, justamente para que os alunos possam frequentar as turmas de 
ensino regular. 
É muito importante que o trabalho realizado no atendimento 
educacional especializado possua uma relação com o trabalho 
desenvolvido na sala de aula regular. Para isso, é fundamental que o 
permanente diálogo entre os profissionais envolvidos. 
O atendimento educacional especializado é, portanto, um conjunto 
de serviços educacionais diversificados oferecidos pela escola regular para 
responder às necessidades educacionais específicas de seus alunos. Ele deve 
ser realizados por meio de parcerias entre as áreas de educação, saúde, 
assistência social e trabalho. 
De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, esses 
serviços podem ser desenvolvidos: 
a) nas classes comuns, mediante atuação de professor 
da educação especial, de professores intérpretes das 
linguagens e códigos aplicáveis e de outros profissionais; 
itinerância intra e interinstitucional e outros apoios 
necessários à aprendizagem, à locomoção e à 
comunicação; 
b) em salas de recursos, nas quais o professor da 
educação especial realiza a complementação e/ou 
suplementação curricular, utilizando equipamentos e 
materiais específicos. 
 
Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva do 
currículo escolar 
No âmbito da política nacional brasileira, vimos que a Lei 9394/ 96 
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, priorizando em seu 
capítulo 5, aquelas relacionadas especificamente à Educação Especial na rede 
regular de ensino. Vamos conhecer agora, dois documentos que consolidaram 
e ampliaram essas diretrizes, auxiliando-nos a compreender como a educação 
especial pode fazer parte do curriculo escolar rumo à educação inclusiva. São 
eles: os Parâmetros Curriculares de Educação Especial (1998) e as Diretrizes 
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001). 
 
Dica 
No site do Ministério da Educação há um vasto material publicado sobre 
educação inclusiva na seção de publicações da Secretaria de Educação 
Especial. Vale conferir! 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12814
&Itemid=872 
 
Para entender as diretrizes e os parâmetros curriculares para a 
educação especial no contexto inclusivo, antes, vamos entender o que é 
currículo. 
Em nossa experiência escolar, nos acostumamos com a ideia de que o 
curriculo é o conjunto de disciplinas vivenciadas durante a nossa escolaridade, 
mas será que currículo é só isso? Certamente que não. 
O curriculo da escola não é só um conjunto de disciplinas, mas envolve 
todas as experiências vivenciadas pela comunidade escolar que, em sentido 
mais amplo, revelam e representam as intenções dos sistemas educacionais e 
o modelo ideal de escola defendido pela sociedade. 
O currículo é (ou pelo menos deveria ser)construído a partir do projeto 
político pedagógico da Escola. Ele orienta as atividades educativas servindo 
como um guia na organização das práticas pedagógicas ao definir o que, 
quando e como ensinar e avaliar. 
A concepção de currículo inclui, portanto, desde os aspectos básicos 
que envolvem os fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educação 
até os marcos teóricos e referenciais técnicos e tecnológicos que a 
concretizam na sala de aula. Relaciona princípios e operacionalização, 
teoria e prática, planejamento e ação. 
Essas noções de projeto pedagógico da escola e de concepção 
curricular estão intimamente ligadas à educação para todos que se 
almeja conquistar. Em última instância, viabilizam a sua concretização. 
O projeto pedagógico tem um caráter político e cultural e reflete os 
interesses, as aspirações, as dúvidas e as expectativas da comunidade 
escolar. Devem encontrar reflexo na cultura escolar e na expressão 
dessa cultura, ou seja, no currículo. (PCN Educação Especial, p. 31) 
 
Alguns alunos com necessidades educacionais especiais requerem do 
currículo um tipo de apoio específico, diferente dos demais alunos. A inclusão 
destes alunos somente é possível se respaldada no projeto político pedagógico 
da escola que deve ter no currículo, um instrumento aberto o suficiente para 
acolher as necessidades destes alunos. As adequações de acesso ao 
currículo podem ser dar em três níveis: 
No nível do projeto pedagógico, as adequações do currículo perpassam 
pela organização escolar e os serviços de apoio garantindo as condições 
estruturais necessárias para que a inclusão ocorra na sala de aula. 
No nível da sala de aula as adequações do currículo são realizadas pelo 
professor e focalizam a organização do trabalho pedagógico e a coordenação 
de atividades que favoreça a participação efetiva do aluno no contexto da aula 
e sua aprendizagem. 
No nível individual, a atenção ao aluno com necessidades especiais 
focaliza a ação do professor junto a este aluno, identificando seus progressos e 
dificuldades e definindo formas de intervenção pedagógica mais eficazes. 
Mas, o que são adequações curriculares? 
As adequações curriculares são modificações realizadas pela 
escola para responder às necessidades de cada aluno. Convém ressaltar 
que as adequações buscam a equidade e participação do aluno no currículo 
vivenciado por todos e não a organização de um currículo paralelo. 
Veremos ao longo deste tópico que as adequações curriculares podem 
ser menos ou mais significativas, dependendo das necessidades específicas 
do aluno. Assim, podem ocorrer mudanças no currículo empregadas 
intuitivamente pelo professor na sua prática pedagógica ou modificações mais 
significativas em o planejamento requer intervenções mais significativas, seja 
nos objetivos curriculares, nos recursos, metodologias, etc. As adequações 
significativas são aquelas voltadas para alunos que, geralmente, apresentam 
necessidades educacionais especiais decorrentes das deficiências em que haja 
um comprometimento maior na apropriação do currículo regular. 
No que se refere à inclusão de alunos com necessidades especiais 
decorrentes de deficiência, a escola deve realizar as adequações de 
acesso ao currículo prevenindo e provendo recursos técnicos e materiais 
para a remoção de barreiras arquitetônicas e atitudinais que impeçam 
estes alunos do acesso à experiências bem sucedidas de ensino-
aprendizagem. 
O trabalho com a diversidade exige dos educadores uma atitude flexível, 
criativa e reflexiva para que possam, durante o processo educativo, realizarem 
de forma consciente as adequações que considerarem necessárias à inclusão 
de todos os alunos, no entanto, alguns alunos necessitam de adequações de 
acesso intencionalmente planejadas. 
Ao adequar o currículo para atender as necessidades individuais e 
específicas dos alunos, as seguintes adaptações podem ser realizadas 
 
- Priorização de áreas curriculares ou de certos conteúdos da área 
em relação aos propostos no currículo escolar geral para todos os 
alunos. Sugerem decisões que modificam significativamente o planejamento 
quanto aos objetivos definidos, sempre em função das necessidades mais 
prementes do aluno. 
Este nível de adaptação curricular pode requerer: 
 Eliminação de objetivos básicos - quando extrapolam as condições do 
aluno para atingi-lo, temporária ou permanentemente; 
 Introdução de objetivos específicos alternativos - não previstos para os 
demais alunos, mas que podem ser incluídos em substituição a outros 
que não podem ser alcançados, temporária ou permanentemente; 
 Introdução de novos conteúdos não-previstos para os demais alunos, 
mas essenciais para alguns, em particular; 
 Introdução de objetivos específicos complementares - não previstos 
para os demais alunos, mas acrescidos na programação pedagógica 
para suplementar necessidades específicas; 
 Eliminação de conteúdos que, embora essenciais no currículo, sejam 
inviáveis de aquisição por parte do aluno. Geralmente estão associados 
a objetivos que também tiveram de ser eliminados. (SABERES E 
PRÁTICAS DA INCLUSÃO, MEC, 2006) 
 
- Modificações na temporalidade – consiste na realização de ajustes 
no tempo previsto para que o aluno alcance determinados objetivos e 
desenvolver conhecimentos, habilidades e competências, em função do ritmo 
próprio do aluno e do desenvolvimento de um repertório anterior que seja 
indispensável a novas aprendizagens. 
 
- Adaptações avaliativas - relacionam-se diretamente às modificações 
realizadas nos objetivos e conteúdos, definindo formas de avaliar mais realistas 
que focalizam o processo mais que o produto final e evitam a “cobrança” de 
conteúdos e habilidades que possam estar além de suas atuais possibilidades 
de aprendizagem do aluno para determinado momento. 
- Inclusão de conteúdos e objetivos complementares em função de 
aspectos específicos que possam interferir na aprendizagem do aluno. Por 
exemplo, podemos introduzir no planejamento do trabalho junto a um aluno 
com deficiência intelectual conteúdos e objetivos relacionados à autonomia, 
desde que essa necessidade seja identificada. Convém ressaltar, contudo, que 
a introdução de objetivos e conteúdos não elimina os demais objetivos e 
conteúdos previstos na etapa que o aluno se encontra da educação regular. 
 As adaptações organizativas - possuem um caráter facilitador do 
processo de ensino-aprendizagem e dizem respeito ao modo como são 
organizadas as atividades da aula (agrupamentos de alunos, disposição física 
de mobiliários e uso de materiais didáticos adaptados bem como o tempo de 
realização das atividades) 
 Considerando o que foi apresentado até o momento sobre as 
adequações curriculares, analise o caso a seguir: 
 
ESTUDO DE CASO 
Uma utopia possível - Por Mara Cassas 
Recebi um aluno com Síndrome de Down em classe, que tinha completado nove anos 
no início de 2003 e cursou a primeira série numa outra escola comum. A classe era 
pequena, tinha apenas 10 alunos e duas professoras. Ele estava em processo de 
alfabetização, na fase alfabética e conhecia algarismos até 15 e contava até 10, 
respeitando a seqüência. 
Ao realizar o planejamento eu ia, sempre que possível, em busca de uma estratégia 
que possibilitasse o envolvimento de todos os alunos e na hora de fazer os registros 
pensava na melhor maneira de atender o aluno em processo de inclusão. 
Numa aula da disciplina de Português havia uma atividade que deveria ser realizada 
no livro didático. O objetivo era estudar um novo gênero textual que é Tirinhas em 
quadrinhos e suas características tais como o uso de balões para indicar diálogos, fala 
de narrador, expressões dos personagens etc. Para que houvesse maior envolvimento 
do aluno, eu trouxe para a classe uma cestinha com vários gibis da Turma da Mônica, 
cujos personagens faziam parte da tirinha do livro. Proporcionei um tempopara que 
todas as crianças escolhessem um gibi, fossem para o fundo da classe, se 
espalhassem pelo chão e se divertissem com sua leitura. Esperei que o aluno em 
questão escolhesse uma delas, visse sozinho a história e depois pedisse que alguém 
lhe contasse. Em seguida alguns contaram suas histórias, inclusive ele e depois 
retornamos às carteiras para fazer as atividades propostas pelo livro. Oralmente fui 
fazendo adaptações das atividades do livro, solicitei que as respostas fossem dadas 
de acordo com as histórias dos gibis que eles haviam lido. Dessa forma, foi mais 
interessante para o aluno em processo de inclusão, que se envolveu e deu respostas 
adequadas levando-se em conta suas dificuldades, e para toda classe que ficou mais 
interessada. A leitura dos gibis proporcionou um envolvimento maior. 
Os objetivos propostos para essa atividade foram atingidos, o aluno participou, 
envolveu-se e trabalhou com o conteúdo apresentado. Interagiu com todos os seus 
colegas, pois todos leram e compartilharam suas histórias e conteúdos com os 
demais. 
Numa outra atividade, também de Português, o objetivo era que os alunos 
trabalhassem com outro gênero textual: cartas. O assunto iniciava-se pela 
necessidade do uso de selo para o envio de cartas. O planejamento tinha por base o 
uso do livro didático. Também, para maior envolvimento do aluno em questão, solicitei 
que as crianças trouxessem objetos de coleções de casa. Os alunos trouxeram várias 
coleções tais como papel de carta, tampinhas de Coca-Cola, cartões de telefone, mas 
o mais freqüente foi mesmo coleção de selos. O aluno também trouxe sua coleção de 
casa. Utilizei um selo que um dos alunos trouxera e o imprimi, fazendo parte de uma 
das atividades para a classe trabalhar. 
Texto resumido 
CASSAS,Mara Rosana. Utopia Possível.[artigo online]. Disponível em http://www.saci.org.br . capturado em 
20/08/2008 
A autora é pedagoga e não possui especialização na área da deficiência. 
 
Você identificou as adequações curriculares realizadas pela professora Mara, 
no intuito de incluir seu aluno com síndrome de Down? 
Provavelmente você deve ter identificado que a professora realizou algumas 
adequações, dentre elas: 
Adequações organizativas, redefinindo as estratégias de aula, propondo o 
trabalho em grupo e que os alunos cooperassem fazendo a leitura da história 
para a criança com síndrome de Down. 
Além disso, observa-se que a professora não modificou os conteúdos a serem 
trabalhados (gêneros textuais: história em quadrinhos e cartas), 
proporcionando que o aluno em questão participasse das atividades 
ativamente, mas possivelmente realizou adequações no modo de avaliar este 
aluno, indicando alguns critérios que vão além do conhecimento do próprio 
conteúdo, tais como: a interação com os colegas e a participação nas 
atividades, com a interpretação dos quadrinhos, mesmo sem a aquisição da 
leitura alfabética. 
Mesmo que ao final da atividade, o aluno não alcançasse objetivo de identificar 
os gêneros textuais, outros seriam alcançados. 
Para finalizar a discussão deste texto, gostaria que você refletisse sobre a frase 
de Boaventura Santos, um educador português. 
 
A diversidade no curriculo escolar 
A inclusão fundamenta-se numa filosofia que reconhece e valoriza a 
diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade. 
No campo pedagógico, a diversidade ainda é um grande desafio aos 
sistemas educacionais que, embora reconheçam que a qualidade do ensino, 
em todos os seus níveis, passe pela capacidade das escolas em reconhecer, 
respeitar e atender as diferenças, ainda predominam formas de organização do 
trabalho escolar que não se alinham em direção a este objetivo. 
A educação inclusiva é uma educação de qualidade a todos os alunos 
e exige que os sistemas educacionais transformem os seus currículos a 
fim de encontrar o alinhamento necessário entre os meios e os fins da 
educação. Mas uma questão se coloca aos educadores engajados neste 
compromisso: - Como criar contextos educacionais capazes de ensinar todos 
os alunos? – É sobre esta questão que dedicaremos nossas reflexões ao longo 
desta aula. 
Sendo a diversidade uma marca natural da escola, porque há uma 
tendência das escolas em realizar uma educação focada na homogeneidade, 
que ensina e avalia os alunos do mesmo modo? 
Na perspectiva da educação inclusiva, a resposta a esta questão passa 
pela flexibilização do currículo da escola e pela revisão dos valores que 
sustentam o ideário educacional, instaurando-se uma prática pedagógica 
que tenha como eixos a Ética, a Justiça e os Direitos Humanos. 
Um dos princípios da Educação Inclusiva é o de que devem ser 
removidas todas as barreiras à aprendizagem, considerando as diferenças 
como processo de enriquecimento o processo ensino-aprendizagem. São as 
diferenças que permitem a relação de completude entre os indivíduos e 
impulsionam a humanidade ao desenvolvimento. 
Mas, como implantar mudanças no modelo educativo, para que a 
inclusão ocorra? Essa questão nos faz refletir sobre o que ensinamos e como 
ensinamos nossos alunos, e as respostas a elas nos revelam o que deve e 
precisa ser mudado para que a educação se torne inclusiva. 
Você provavelmente deve concordar que ainda se faz presente nas 
escolas a visão conservadora de que a qualidade do ensino passa pelo bom 
desempenho nos vestibulares, levando à supervalorização de conteúdos 
acadêmicos que, ao longo da escolaridade vão sendo esquecidos pelos alunos 
porque foram memorizados e justapostos sem que estabeleçam relações 
significativas com a vida do aprendiz. 
Será que isso tem alguma influência sobre a dificuldade da escola em 
atender a diversidade de características e necessidades dos seus alunos? 
Ao ter como principal alvo a atenção à diversidade, a educação inclusiva 
exige a superação desse modelo de escola e defende que a formação dos 
alunos deve preocupar-se com a construção de uma sociedade mais 
humanitária. Que em vez de acumular informações sobre o mundo, esses 
alunos possam ter autonomia intelectual e moral para conviver numa sociedade 
complexa e marcada por constantes mudanças. 
A qualidade do ensino passa pelo desenvolvimento de ações educativas 
que levem à transformação da própria sociedade, portanto, a educação deve 
ocupar-se com o desenvolvimento atitudes de solidariedade, cooperação, 
trabalho em grupo, em que se aprenda a respeitar e reconhecer as 
diferenças, convivendo com a diversidade. 
Competências docentes para o trabalho com a diversidade 
Philippe Perrenoud, ao discutir os objetivos na formação profissional do 
professor define dez competências para ensinar no contexto atual: 
1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem; 
2. Administrar a progressão das aprendizagens; 
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu 
trabalho; 
5. Trabalhar em equipe; 
6. Participar da administração escolar; 
7. Informar e envolver os pais; 
8. Utilizar novas tecnologias; 
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 
10. Administrar a própria formação; (PERRENOUD, 2000; p. 58) 
Embora todas sejam fundamentais à ação docente, detalharemos a 
terceira, que mais se aproxima da discussão apresentada nesta aula que é: 
“Perceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação” 
Esta competência consiste propriamente em: 
* Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma; 
* Abrir, ampliar a gestão da classe para um espaço mais vasto; 
* Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de 
grandes dificuldades; 
* Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas 
simples de ensino mútuo (PERRENOUD, 2000). 
 A atenção à diversidade remete-se diretamente ao modo como a 
situação de ensino se organiza. Este é um desafio para o qual os professores 
devem se empenhar, não somenteporque os alunos aprendem de formas 
diferentes e possuem diferentes necessidades, mas para que todos possam 
participar de situações variadas de ensino. 
 
 
“Temos o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o 
direito de sermos diferentes; quando a igualdade nos descaracteriza” 
Boaventura Santos

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