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Introdução ao Geoprocessamento APRESENTAÇÃO Para compreender e utilizar o geoprocessamento, é necessário conhecer suas técnicas e ferramentas. Um exemplo é o Sistema de Informações Geográficas (SIG) que, por meio da integração de dados de diversas fontes, permite realizar análises complexas e elaborar produtos cartográficos. Os produtos cartográficos do geoprocessamento consistem em mapas, cartas e plantas, que podem ser utilizados pelas mais diversas áreas do conhecimento, como geografia, arquitetura e engenharia, e têm como objetivo especializar as informações e os fenômenos da superfície terrestre. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o conjunto de geotecnologias e técnicas importantes para a análise da superfície terrestre. Essas ferramentas fornecem suporte para diversas possibilidades de mapeamentos, muitas vezes por meio de softwares de baixo custo que apresentam alta eficiência e precisão. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os conceitos básicos do geoprocessamento.• Reconhecer os Sistemas de Informações Geográficas (SIG).• Explicar como ocorre a criação dos mapas temáticos.• DESAFIO Na área ambiental, o geoprocessamento é uma importante ferramenta para que se tenha conhecimento sobre os fenômenos geográficos e a caracterização do meio físico de uma região. No Brasil, devido à carência de dados, o geoprocessamento apresenta um grande potencial para identificar possibilidades de soluções desses problemas, principalmente quando aplicado com tecnologias de baixo custo. As geotecnologias, como Sistemas de Informações Geográficas (SIG), sensoriamento remoto, tecnologia do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), entre outras, têm sido intensivamente utilizadas para identificar problemas ambientais. Por exemplo, são usadas no monitoramento da cobertura vegetal, do uso de terras e da poluição da água, bem como na identificação das áreas favoráveis a deslizamentos e da disposição irregular de resíduos. Assim, por meio de um software, é possível elaborar produtos cartográficos que descrevam esses processos e facilitem a análise e a tomada de decisão. Os mapas são os principais produtos do geoprocessamento e são muito utilizados por analistas e órgãos ambientais. Na qualidade de gestor de seu município, imagine o seguinte cenário: Diante do problema identificado, responda: a) Qual mapa temático você elaboraria para especializar as informações e facilitar a análise da disposição irregular de resíduos? b) Que tipo de estrutura de dados você utilizaria para a elaboração do mapa (raster, vetor, alfanumérico)? Justifique. c) A partir do mapa escolhido, quais ações podem ser tomadas para contribuir com a gestão do meio ambiente da região? INFOGRÁFICO O Sistema de Informações Geográficas (SIG) é composto por cinco elementos que permitem obter, gerenciar, analisar e exibir todas as formas de informações geograficamente referenciadas. O SIG possibilita que os usuários visualizem e interpretem seus dados de várias maneiras, por meio de produtos que podem ser, por exemplo, mapas, gráficos, relatórios, etc. No Infográfico, aproveite para conhecer os componentes que integram o SIG e sua relação na elaboração do produto cartográfico desejado. CONTEÚDO DO LIVRO O geoprocessamento tem como característica principal o tratamento da informação geográfica a partir das geotecnologias disponíveis, como o SIG, que busca elaborar produtos cartográficos e contribuir com o auxílio à tomada de decisão para as mais diversas áreas do conhecimento. No capítulo Introdução ao geoprocessamento, da obra Geoprocessamento, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai entender como ocorre o processamento dos dados geoespaciais a partir de instrumentos e técnicas de geoprocessamento, por meio dos quais o usuário obtém uma perspectiva detalhada sobre a superfície terrestre. Boa leitura. GEOPROCESSAMENTO Franciane Mendonça dos Santos Introdução ao geoprocessamento Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os conceitos básicos do geoprocessamento. � Reconhecer os sistemas de informações geográficas (SIG). � Explicar como ocorre a criação dos mapas temáticos. Introdução O geoprocessamento consiste em um conjunto de ferramentas e técnicas utilizadas para edição, manipulação, armazenamento e visualização de dados espaciais. Trata-se de uma base para processar dados espaciais e obter informações significantes, que podem ser visualizadas e interpre- tadas, possibilitando o entendimento de mudanças e a identificação de padrões. Por meio do geoprocessamento, é possível buscar ou explorar maneiras de lidar com os dados espaciais, utilizando, por exemplo, siste- mas de informações geográficas (SIGs). Os SIGs permitem obter produtos cartográficos sofisticados, como cartas e mapas, a partir da utilização e agregação de dados de diversas fontes, aprimorando as análises e contribuindo com a tomada de decisão. Neste capítulo, você vai estudar os conceitos básicos do geoproces- samento. Você também vai compreender o que são e como funcionam os SIGs e verificar como são criados os mapas temáticos. 1 Conceitos básicos do geoprocessamento A palavra geoprocessamento pode ser desmembrada, para melhor com- preensão de seu conceito, verificando-se que “geo” está relacionado com espaço e “processamento” diz respeito ao tratamento de informações. Assim, o geoprocessamento consiste na disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica, permitindo a coleta, o armazenamento, o processamento, o tratamento e a análise de dados (CÂMARA et al., 1996). A coleta de dados é a etapa de aquisição de informações que serão utili- zadas para a elaboração do produto cartográfico. Os dados podem ser obtidos a partir de diversas fontes, a depender da finalidade do estudo. Pode-se obter dados de geoprocessamento por meio do sensoriamento remoto (imagens de satélite, fotografias aéreas, etc.), de levantamentos topográficos, do sistema de posicionamento global (GPS, do inglês global positioning system) e do SIG, descritos a seguir. � Sensoriamento remoto: a obtenção de informações relativas à superfície terrestre ocorre sem contato direto com ela, permitindo o registro das imagens para posterior interpretação e utilização, fornecendo informa- ções relevantes sobre o ambiente (REES, 1990). � Levantamentos topográficos: são realizados a partir de técnicas de medição, cálculos e desenhos, que permitem definir métricas e represen- tar gráfica e digitalmente a superfície terrestre, de maneira conveniente para diversas finalidades. � GPS: por meio de levantamentos utilizando GPS, pode-se obter dados referentes ao posicionamento de pontos da superfície terrestre (latitude, longitude e altitude). � SIG: podemos referir a obtenção de dados também ao SIG, uma vez que o usuário tem a autonomia de buscar essas informações em órgãos governamentais, por exemplo, ou mesmo de elaborar levantamentos de dados que possam ser utilizados para a produção de cartas, mapas ou plantas. Introdução ao geoprocessamento2 O sistema global de navegação por satélite (GNSS) consiste em uma constelação de satélites que fornecem sinais do espaço e transmitem dados de posicionamento e cronometragem aos receptores GNSS. Os receptores, então, usam esses dados para determinar o posicionamento geoespacial com a cobertura global. Já o GPS é um componente do GNSS que, especificamente, refere-se ao GPS NAVSTAR, uma constelação de satélites desenvolvidos pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (SILVA; SEGANTINE, 2015). O GPS é atualmente o GNSS mais utilizado no mundo e fornece informações contínuas de posicionamento e cronometragem globalmente, sob quaisquer condições climáticas. O armazenamento dos dados pode ser feitopor meio de um banco de dados geográfico. O banco de dados geográfico tem como característica suportar dados espaciais em suas tabelas, além dos dados ditos tradicionais (alfanuméricos). Esse tipo de base de dados, com dados espaciais, oferece a possibilidade de realizar operações de armazenamento, consulta e análise, essenciais para os SIGs, que precisam armazenar grandes quantidades de dados (CÂMARA; MEDEIROS, 2005). Leia o artigo “Conceitos básicos em ciência da geoinformação”, que apresenta uma discussão sobre a informação geográfica para computador e os tipos de dados em geoprocessamento. O processamento e o tratamento dos dados podem ser executados em um software de geoprocessamento. A escolha do software é realizada pelo usuário e está relacionada com a viabilidade de aquisição (existem software pagos e software livres) e com as funcionalidades necessárias para trabalhar com os dados disponíveis (existem software exclusivos para trabalhar com determinados tipos de dados, como imagens, modelo digital de elevação, etc.). 3Introdução ao geoprocessamento O geoprocessamento vem influenciando de maneira crescente diversas áreas, como a cartografia, a análise de recursos naturais, o planejamento urbano, etc. Para Câmara, Davis e Monteiro (2001, p. 1), “Se onde é importante para seu negócio, então geoprocessamento é sua ferramenta de trabalho”. Ou seja, sempre que as questões e os problemas identificados puderem ser resolvidos por técnicas relacionadas com o tratamento da informação espacial, haverá uma oportunidade para considerar o geoprocessamento em sua solução. O Brasil é um país que enfrenta dificuldades quanto à obtenção de in- formações adequadas para a tomada de decisões, principalmente devido à carência de dados. Desse modo, muitos problemas relacionados a áreas como meio ambiente, transporte, saúde, etc. não são devidamente estudados em muitas regiões do país. Nesse sentido, o geoprocessamento apresenta um enorme potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, que permitem estudar os eventos e contribuir para a identificação de problemas e suas consequentes soluções (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001). Para se trabalhar com geoprocessamento em determinada área, são necessá- rios três fatores. Primeiro, o conhecimento do tema — ou seja, é imprescindível que o usuário tenha afinidade com o tema a ser estudado para se definir a forma com que os dados poderão interagir para gerar o produto. Segundo, a cartografia — ou seja, deve-se possibilitar a representação em forma de mapas, por meio da manipulação dos dados da temática pretendida ou de parte dela. O terceiro fator é a informática, que será responsável por aplicar as técnicas de processamento das informações espaciais necessárias para relacionar os dados obtidos com a representação digital. As técnicas de processamento das informações espaciais também são conhecidas como geotecnologias. O geoprocessamento tem, portanto, uma definição abrangente, em que estão incluídas as diversas geotecnologias de aquisição, integração, armazenamento, análise e visualização dos dados e inclui o sensoriamento remoto, a topografia e o SIG, onde geralmente as atividades de geoprocessamento são realizadas. A Figura 1 ilustra a relação entre o geoprocessamento e as geotecnologias. Introdução ao geoprocessamento4 Figura 1. Geoprocessamento e geotecnologias. Tipos de dados A aplicação do geoprocessamento está presente nas mais diversas áreas do conhecimento, como na análise de recursos naturais, transportes, comunica- ções, energia, planejamento urbano e regional, etc. Os dados que podem ser utilizados para elaboração dos produtos cartográficos podem ser divididos em dados temáticos, dados cadastrais, dados de redes e modelo digital de elevação (DEM, do inglês digital elevation model) (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001). Dados temáticos Os dados temáticos normalmente estão relacionados com o conhecimento da superfície terrestre e dos fenômenos geográficos, como hidrografia, vegetação, solos, geomorfologias, uso e ocupação do solo, etc. A determinação da escala que será utilizada para a elaboração desses mapas está relacionada com o nível de detalhamento que se deseja obter. 5Introdução ao geoprocessamento Dados cadastrais Os dados para a elaboração de mapas cadastrais são considerados objetos geoespaciais e podem ser associados a distintas formas gráficas (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001). Por exemplo, as cidades possuem atributos como população rural e urbana, número de homens, mulheres, crianças e idosos, etc. Essas informações podem ser representadas de maneiras e escalas diversas, dependendo do que se deseja analisar. Outras informações que podem ser espacializadas em mapas cadastrais são o crescimento econômico e o desenvolvimento social, como número de indústrias, crescimento do comércio, etc. A Figura 2 apresenta um exemplo de mapa elaborado com dados cadastrais da população do Brasil. O mapa apresenta a taxa de crescimento populacional em 2010. Figura 2. Taxa de crescimento da população no Brasil — Censo 2010. Fonte: Oliveira e Oliveira (2011, p. 42). Introdução ao geoprocessamento6 Redes Os dados para os mapas de redes são normalmente relacionados a serviços de utilidade pública, como redes de abastecimento de água e esgoto, linhas de transmissão de energia, linhas telefônicas, etc., ou rodovias, estradas, etc. A Figura 3 apresenta dados de rodovias de Manaus que poderiam ser utilizados para a elaboração de um mapa de redes — mais precisamente, um mapa de vias terrestres. Figura 3. Mapa de rodovias de Manaus. Fonte: ShustrikS/Shutterstock.com. Modelo digital de elevação O DEM provê os dados utilizados principalmente para representar uma gran- deza que varia espacialmente de maneira contínua. É o caso da altimetria, que apresenta o relevo por meio da espacialização das distâncias verticais dos pontos na superfície terrestre (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001). Dessa forma, de acordo com Chang (2006), um DEM é uma fonte de dados primária para mapeamento e análise do relevo e consiste em uma matriz de dados de elevação espaçados uniformemente. A Figura 4 representa um modelo digital de alta resolução de uma barragem hidroelétrica, com a cor azul representando baixa altitude e a cor vermelha representando alta altitude. 7Introdução ao geoprocessamento Figura 4. Modelo digital de alta resolução. Fonte: Ammit Jack/Shutterstock.com. Os dados da Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM) foram disponibilizados para a América do Sul, em meados de 2003. Desde então houve grande expectativa com relação à ampliação de conhecimentos sobre nosso território, justificada pela carência geral de dados topográficos em escalas adequadas e para áreas desprovidas de mape- amento topográfico. O projeto TOPODATA disponibiliza variáveis geomorfométricas, como o DEM, obtidas a partir dos dados SRTM produzidos originalmente na resolução espacial de 3 arco-segundos (~ 90 m) e transformados por meio de krigagem para 1 arco-segundo (~ 30 m). Apesar da baixa resolução espacial, essas imagens podem representar com clareza o relevo das regiões, com coerência nas propriedades repre- sentadas. Os dados estão disponíveis gratuitamente para download no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Introdução ao geoprocessamento8 2 Sistema de informação geográfica (SIG) Um SIG pode ser entendido como sendo parte da ciência do geoprocessamento. Segundo Câmara et al. (1996), trata-se de ferramentas computacionais com capacidade de realizar análises complexas, integrando dados de diversas fontes e criando bancos de dados georreferenciados, além de permitirem a produção de documentos cartográficos. De acordo com essa definição, um usuário de SIG espera que o sistema seja capaz de receber dados georreferenciados, de analisá-los de várias maneiras e de produzir apresentações (mapas e outros) a partir dos dados (HUISMAN; BY, 2009).A aquisição de dados envolve a compilação de dados novos e existentes. Para ser usado em um SIG, um mapa recém-digitalizado ou elaborado a partir de imagens de satélite requer transformação geométrica (isto é, georreferenciamento). Ou seja, os dados são georreferenciados quando as coordenadas de um espaço geográfico são associadas a eles. A georreferência (referência espacial) nos diz onde está o objeto representado pelos dados. Estão relacionadas a esse processo funcionalidades como: transformação e suporte para vários sistemas de coordenadas, análise e tratamento de imagens, interação de dados georreferenciados, possibilidades para escolher como os produtos cartográficos (cartas, mapas, etc.) serão apresentados (cores, conjunto de símbolos, etc.), dentre outras. Desde a década de 1970, o SIG tem sido importante para profissionais que atuam com gestão de recursos naturais, análise do uso da terra, riscos naturais, transporte, assistência médica, serviços públicos, análise de áreas comerciais e planejamento urbano (CHANG, 2006). 9Introdução ao geoprocessamento A aplicação do SIG pode ser feita nas seguintes áreas: recursos naturais, riscos naturais, hidrologia de águas superficiais e subterrâneas, meteorologia, análise e monitoramento ambiental, risco de inundações, solos, gestão de ecossistemas, habitat de vida selvagem, agricultura, análise e gestão da paisagem, gerenciamento do uso e ocupação da terra, espécies invasoras, gestão estuarina, arqueologia, planejamento urbano, transporte, assistência médica, planejamento de negócios e serviços, imóveis, turismo, planeja- mento comunitário, planejamento de resposta a emergências, avaliação da poluição, serviços públicos e operações militares. De acordo com Chang (2006), muitas dessas áreas, como recursos naturais e agricultura, são bastante gerais e podem ter muitos subdomínios. Nesse sentido, essa lista, além de demonstrar apenas uma parcela de possibilidades, continuará a se expandir no futuro. Componentes do sistema de informação geográfica Um SIG pode ser utilizado para a produção de mapas para diferentes pro- pósitos, para a análise espacial de fenômenos e como um banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e recuperação de informação espacial. Semelhante a outras tecnologias da informação, um SIG requer os seguintes componentes: metodologia, recursos humanos, dados, hardware e software. A Figura 5 apresenta os componentes do SIG. Figura 5. Componentes do sistema de informação geográfica. Fonte: Adaptada de Longley et al. (2005). Introdução ao geoprocessamento10 O primeiro componente do SIG é a metodologia, que deve ser definida e empregada para a elaboração do produto cartográfico; trata-se da definição do software, dos dados necessários, da fonte de dados, etc. A metodologia está diretamente relacionada com o conhecimento e a experiência do profissional. Dessa forma, a qualidade dos resultados de um SIG não está ligada somente à sua sofisticação e à sua capacidade de processamento, mas é proporcional à experiência do usuário. De acordo com Longley et al., (2005), uma organi- zação deve estabelecer procedimentos, relatórios, pontos de controle e outros mecanismos para garantir que suas atividades de SIG permaneçam dentro dos orçamentos, mantenham alta qualidade e garantam o atendimento das necessidades da organização. O segundo componente são os recursos humanos, que são responsáveis por definir a finalidade e os objetivos do uso do SIG, interpretar e apresentar os resultados. Ou seja, o SIG por si só não garante a eficiência nem a eficácia de sua aplicação. Sendo assim, não basta apenas investimento em hardware e software, mas o treinamento e a qualificação de pessoal, usuários e dirigentes, para maximizar o potencial de uso de uma nova tecnologia. O SIG é, portanto, totalmente dependente das pessoas que projetam, programam e mantêm o sis- tema, fornecem dados e interpretam seus resultados (LONGLEY et al., 2005). O terceiro componente são os dados, que são os materiais que alimentam o sistema, permitindo gerar informação. A informação nada mais é do que o significado que é atribuído aos dados, do ponto de vista de um determinado usuário. O banco de dados consiste em uma representação digital de aspectos selecionados de alguma área específica da superfície da Terra, construída para servir a algum propósito científico ou de solução de problemas (LONGLEY et al., 2005). Um banco de dados pode ser construído para um projeto impor- tante, como a visualização do crescimento das áreas de queimadas na região da Amazônia ao longo dos anos, ou pode ser alimentado diariamente, no caso de serviços públicos como instalação de novos tubos subterrâneos, instalação de novos postos de monitoramento de qualidade da água, etc. (LONGLEY et al., 2005). O tamanho desse banco de dados vai depender da quantidade de dados que se deseja armazenar. 11Introdução ao geoprocessamento O quarto componente é o hardware, que consiste no conjunto de equi- pamentos necessários para que o software possa desempenhar as funções descritas e que permite a interface entre o software e o utilizador. Dentre os equipamentos de hardware, destacam-se (CHANG, 2006): � os computadores, para processamento de dados, armazenamento de dados e entrada/saída de informações; � as impressoras e plotadoras, responsáveis por imprimir relatórios e mapas; � os digitalizadores e scanners, para digitalização de dados espaciais; e � o GPS e os dispositivos móveis, para trabalhos de campo. O software, último componente do SIG, deve ser escolhido com base na metodologia adotada pelo utilizador e será responsável por processar as in- formações, integrar os dados (se necessário), armazenar essas informações e disponibilizá-las para o utilizador. O software pode ser comercial ou de código aberto e inclui programas e aplicativos a serem executados por um computador para gerenciamento de dados, análise de dados, exibição de dados e outras tarefas (CHANG, 2006). Diversos software podem ser utilizados em SIG. A escolha do software ideal é diretamente relacionada com o produto que se deseja obter. Dentre os programas mais utilizados na área de geoprocessamento estão o ArcGIs, o QGIS e o Spring. ArcGis O ArcGis é muito utilizado pelos mais diversos profissionais, desde a área acadêmica até organizações governamentais, e foi desenvolvido pelo Environ- mental Systems Research Institute (ESRI), uma empresa americana que traba- lha com a área de informações geográficas. Esse software possui um grande conjunto de funcionalidades, podendo realizar análises espaciais e tratamento de imagens de sensoriamento remoto e contendo ferramentas que oferecem desde a elaboração de leiaute e visualização até funções mais avançadas, como tratamento 3D. Uma desvantagem desse software é a necessidade de aquisição de licença, o que limita, de certa forma, a sua utilização. Essa desvantagem é superada por software como o QGIS e o Spring (ARCGIS, [200--]). Introdução ao geoprocessamento12 QGIS O QGIS (anteriormente conhecido como Quantum GIS) possui, como o ar- cGis, milhares de ferramentas e funcionalidades que podem ser usadas para a produção de mapas e análises de dados (formatos raster e vetorial), desde ferramentas mais básicas até aquelas para operações mais complexas. Conta com alto nível de desempenho e qualidade dos produtos gerados nele. Esse software é gratuito, e é possível fazer seu download e sua instalação no site do desenvolvedor, que apresenta versões estáveis e versões com atualizações mais recentes. Existem versões do QGIS disponíveis para os sistemas operacionais mais utilizados no mundo (Windows, Mac e Linux). O QGIS possui código aberto, o que possibilita a modificação e a criação de ferramentas para os usuários interessados, o que se apresenta como uma possibilidade de ampliar suas utilizações. Ao contrário do ArcGis, o QGIS não possui nenhum formato de arquivo desenvolvido exclusivamente,mas suporta dados vetoriais de diferentes formatos (shapefiles, GRASS, PostGIS, MapINFO, etc.) e formatos matriciais (QGIS, 2020). Spring O SPRING é um software brasileiro desenvolvido pelo INPE, em parceria com outras instituições, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Tem funções de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais, possibilitando a utilização de dados vetoriais e matriciais. Dentre seus objetivos, encontra-se o de fornecer um ambiente unificado de geoprocessamento e sensoriamento remoto para aplicações urbanas e ambientais, tornando-se amplamente acessível para a comunidade brasileira. Provê um ambiente de trabalho amigável, por meio da combinação de menus e janelas, com uma linguagem espacial facilmente programável pelo usuário (linguagem espaço-geográfica baseada em álgebra), fornecendo ao usuário um ambiente interativo para visualizar, manipular e editar imagens e dados geográficos (CÂMARA et al., 1996). 13Introdução ao geoprocessamento Estrutura de dados Os dados são elementos essenciais para se elaborar os produtos de geopro- cessamento. Em SIG, pode-se trabalhar com dois tipos de estrutura de dados: dados espaciais e dados não espaciais. Os dados espaciais podem ser clas- sificados em dados com estrutura matricial e dados com estrutura vetorial. A utilização dessas estruturas está relacionada com a problemática a ser estudada e com a disponibilidade de software e equipamentos, a viabilidade e os recursos humanos. De acordo com Hamada e Gonçalves (2007), essas questões determinarão as vantagens e desvantagens de se utilizar cada uma dessas estruturas. O espaço geográfico a ser modelado em geoprocessamento pode ser clas- sificado em duas classes de representação: campos e objetos. Os campos são mais adequados para a representação de fenômenos que ocorrem com variação contínua na natureza, como relevo e formação geológica, podendo ser inseridos em um SIG com o uso de aproximações. Estas são obtidas a partir de um DEM ou por meio de sensoriamento remoto, empregando-se, nesse caso, estruturas matriciais (CÂMARA; MEDEIROS, 2005). A re- presentação de objetos geográficos é mais suportada por vetores — afinal, os objetos são identificados pelos parâmetros de localização, forma, tamanho e orientação, e muitos desses parâmetros podem ser expressos em termos de vetores (HUISMAN; BY, 2009). Alguns elementos individualizáveis que podem ser representados por ob- jetos são edificações, rios, estradas, postes, ruas, lotes, ou mesmo o cadastro de imóveis ou de pessoas, empregando-se, nesse caso, estruturas vetoriais. No entanto, segundo Câmara e Medeiros (2005), em determinadas situações, essas estruturas podem ser utilizadas para representar tanto campos como objetos. Por exemplo, para representar o fenômeno de precipitação, podem ser utilizados pontos que identificariam os locais em que houve o monitoramento das chuvas, ou poderia ser feita a representação por linhas de igual precipitação, por meio das isoietas, que apresentam a espacialização das chuvas em uma determinada região. Introdução ao geoprocessamento14 Dados em estrutura vetorial Nas representações vetoriais, é feita uma tentativa de associar georreferências, ou seja, um par de coordenadas de algum espaço geográfico, aos fenômenos geográficos que se deseja representar (HUISMAN; BY, 2009). A Figura 6a apresenta os dados em estrutura vetorial, que utiliza o par de coordenadas x e y, e a Figura 6b apresenta os dados em estrutura matricial. Figura 6. (a) Os dados em estrutura vetorial usam coordenadas x, y para representar recursos de pontos. (b) Os dados em estrutura matricial usam células em uma grade para representar recursos de pontos. Fonte: Adaptada de Chang (2006). A estrutura vetorial pode ser composta por três diferentes formatos gráficos: pontos, linhas ou polígonos. De acordo com Câmara e Medeiros (2005), os pontos são apenas representados por um par de coordenadas (x, y), ao passo que linhas e polígonos são representados por um conjunto de pares de coordenadas (Figura 7). Os pontos são responsáveis por representar in- formações como a localização de terminado objeto ou local. Por exemplo, na área ambiental, pode-se utilizar esse tipo de estrutura para determinar pontos de monitoramento de qualidade de água, pontos com lançamento irregular de resíduos, pontos com risco de deslizamentos, etc. As linhas são indicadas para representar informações como estradas, rios, curvas de nível, etc. Já os polígonos são utilizados para determinar a delimitação de feições ou objetos. Na área ambiental, pode-se utilizar essa estrutura para delimitação de bacias hidrográficas, classes de uso e ocupação do solo, lagos, áreas desmatadas, etc. 15Introdução ao geoprocessamento Figura 7. Representação de dados em estrutura vetorial — ponto, linha e polígono. Fonte: Adaptada de Chang (2006). Nessa estrutura de dados, o vínculo com atributos alfanuméricos se torna facilitado, já que se dá por meio do ponto, da linha ou do polígono registrado — por exemplo, curvas de nível, pontos cotados, delimitação de bacias, rios, etc. (FITZ, 2018). Como vantagens de se utilizar essa estrutura de dados nos software de geoprocessamento, pode-se citar que: � são estruturas flexíveis, que permitem alterar dimensões e localizações; � são arquivos relativamente pequenos para se trabalhar (dependendo da quantidade de vértices); � são favoráveis para se trabalhar com análises que envolvam cálculos de áreas, comprimentos, etc.; � grande parte dos bancos de dados disponíveis gratuitamente são en- contrados nesse formato. Como desvantagens, pode-se citar que os algoritmos de processamento são relativamente lentos e que são arquivos inadequados para se trabalhar com imagens de satélites. Dados em estrutura matricial A estrutura matricial é representada por uma matriz com n linhas e m colu- nas, M(n,m), na qual cada célula, denominada de pixel (contração de picture element), apresenta um valor z, que pode indicar, por exemplo, uma cor ou um tom de cinza a ele atribuído. Em uma imagem digital georreferenciada, cada pixel apresenta um par de coordenadas planas e/ou geográficas e um valor z Introdução ao geoprocessamento16 associado. Nessa estrutura de dados, o vínculo com atributos alfanuméricos é dificultado, uma vez que é realizado pixel a pixel — por exemplo, produtos de sensoriamento remoto, fotografias aéreas, dados digitalizados. A Figura 8 apresenta um exemplo de mapa de elevação, representado com uma estrutura de dados matriciais. O Quadro 1 apresenta as principais carac- terísticas da representação dos dados em estrutura vetorial e raster. Algumas vantagens de se trabalhar com essa estrutura de dados incluem: � representação eficiente de áreas com alta variação espacial, favorável para análise quantitativa; � é adequado apara se trabalhar com dados de sensoriamento remoto. Como desvantagens, destacam-se: � a resolução espacial dos dados, que será dependente do tamanho das células; � a representação dificultada das feições lineares; e � a impossibilidade de se trabalhar com análise de polígonos. Figura 8. Mapa de elevação representado com uma estrutura de dados matriciais. Fonte: Adaptada de Chang (2006). 17Introdução ao geoprocessamento Fonte: Adaptado de Longley et al. (2005). Característica Raster Vetor Volume dos dados Depende do tamanho da célula Depende da densidade dos vértices Fonte dos dados Sensoriamento remoto (imagens de satélite e imagens aéreas), DEM, etc. Dados ambientais, sociais, administrativos, econômicos, etc. Resolução Fixa Variável Quadro 1. Características da representação dos dados em estrutura vetorial e raster Dados não espaciais O SIG usa a abordagem de raster e vetor para representar fenômenos geo- gráficos, mas também deve registrar informações descritivas (não espaciais) sobre esses fenômenos. Isso geralmente ocorreem um subsistema de banco de dados de atributos (HUISMAN; BY, 2009). Os dados não espaciais ou alfanuméricos são dados constituídos por caracteres (letras, números ou sinais gráficos) que podem ser armazenados em tabelas, as quais podem formar um banco de dados. Em um SIG, os dados dispostos nas tabelas devem possuir atributos que possam vinculá-los à estrutura espacial do sistema, identificados pelas suas coordenadas, e atributos específicos, com sua descrição qualitativa ou quan- titativa. Tais tipos de dados podem estar vinculados a ambas as estruturas espaciais descritas anteriormente. Em geral, é preferível o uso de estrutura vetorial para a conexão desses dados — por exemplo, dados de área, população, indicadores socioeconômicos, etc. A Figura 9 mostra um exemplo de como os dados não espaciais são dis- postos. Por exemplo, para cada país apresentado no mapa, existe uma tabela associada com os dados relativos a cada um deles — nesse caso, o produto interno bruto (PIB) e a população. Introdução ao geoprocessamento18 Figura 9. Dados não espaciais dispostos em tabela. Fonte: Introdução... ([2020?], documento on-line). Os dados podem ser adquiridos de diversas fontes. No Brasil, existem diversos órgãos que fornecem bancos de dados de forma gratuita, como: � o INPE, que disponibiliza imagens de satélite gratuitamente; � o Instituto de Geociências, que disponibiliza cartas topográficas; � o mapBiomas, que disponibiliza mapas de cobertura do uso e da ocu- pação do solo do Brasil; � o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que possui dados censitários e cartas topográficas; e � a Agência Nacional de Águas, que monitora e disponibiliza dados de qualidade das águas superficiais e subterrâneas do país. 3 Criação de mapas temáticos Uma vez que a metodologia de trabalho e o software foram escolhidos, o principal produto proveniente do geoprocessamento são os mapas. O mapa é um meio de comunicação que contém objetos definidos por pontos, linhas e polígonos, permeados por uma linguagem composta de sinais, símbolos e significados. A sua estrutura é formada por uma base cartográfica, relacionada diretamente a objetos e fenômenos observados ou percebidos no espaço geo- gráfico (FITZ, 2008). Diversos profissionais elaboram mapas para suas ativi- 19Introdução ao geoprocessamento dades e vêm se capacitando para manusear ferramentas de geoprocessamento, de imagens de sensores remotos, etc. Os mapas temáticos são a representação da distribuição, da qualidade ou da quantidade de um determinado fenômeno (ou mesmo de vários fenômenos), apresentada em uma base topográfica. Huisman e By (2009) apontam dois temas principais para os mapas temáticos: os mapas socioeconômicos e os mapas com caracterização do meio físico. O mapa representado na Figura 10, que mostra os casos confirmados de COVID-19 para o Brasil, é um exemplo de mapa de saúde pública. Já o mapa da Figura 11, que exibe as áreas desmatadas até o ano de 2016, é um exemplo de mapa de caracterização do meio físico. Figura 10. Mapa dos casos confirmados de covid-19 no Brasil. Fonte: Almeida e Oliveira (2020, documento on-line). Introdução ao geoprocessamento20 Figura 11. Mapa de áreas desmatadas até o ano de 2016. Fonte: Monitoramento... ([2020?], documento on-line). Para a elaboração dos mapas temáticos, os vários dados espaciais podem ser combinados em um único sistema, para representar a informação desejada. Em SIGs, esse processo consiste em uma álgebra de mapas ou uma sobreposição de informações; cada um dos tipos de dados que serão combinados é chamado de camada de dados espaciais ou plano de informação, e as camadas podem representar um campo ou um objeto. Os objetos são organizados pelo usuário por tipo. Por exemplo, para se representar os tipos de solo de uma bacia hidrográfica, será necessária uma camada com o limite da bacia hidrográfica, uma camada com a drenagem dos rios e uma camada com os tipos de solos. Nesse caso, cada camada de dados espaciais vai conter tanto os dados espaciais (ponto, linha ou polígono) quanto os atributos não espaciais, normalmente organizados em tabelas (tipo de solo, textura, etc.). O mesmo ocorre ao se representar um campo — ou seja, os dados matriciais também podem ser sobrepostos ou combinados para gerar uma nova camada de informação espacial (HUISMAN; BY, 2009). 21Introdução ao geoprocessamento A Figura 12 apresenta dois exemplos de duas camadas de dados sendo sobrepostas, representando dados de campo e dados de objeto. Figura 12. Combinação de dados: (a) de campo, com dados em formato matricial, e (b) de objeto, com dados em formato vetorial. Fonte: Adaptada de Huisman e By (2009). Complemente seus estudos acessando o artigo científico intitulado “Estimativa da aptidão agrícola de terras por álgebra de mapas”, de Padilha, Gobatto e Batistella (2017). Esse artigo apresenta uma discussão consistente sobre a aplicação do software SPRING para elaborar um mapa de aptidão agrícola. Nesse estudo, por meio do cruzamento entre as camadas de solos e declividade, foi possível conhecer e indicar as áreas mais apropriadas para o desenvolvimento da agricultura. Introdução ao geoprocessamento22 Para apresentar o mapa temático, existem alguns componentes essenciais, que são chamados de elementos gerais dos mapas. Esses elementos contri- buem para a leitura e a interpretação dos fenômenos que se deseja representar. Os principais elementos são descritos a seguir. � Título do mapa: é a primeira apresentação do conteúdo do que se quer mostrar, ou seja, o menor resumo do que trata um documento — nesse caso, a representação cartográfica. No caso dos mapas temáticos, o título deve identificar o fenômeno ou os fenômenos representados por ele. � Legenda: a legenda busca apresentar o que cada cor e simbologia no mapa significa. Para tanto, existe uma linguagem artificial, padroni- zada, associativa e universal, com o objetivo de promover uma melhor compreensão das informações do mapa. � Orientação: é representada pelo Norte no mapa e é fundamental para indicar a orientação do mapa. É a referência para se saber onde o fe- nômeno está localizado na superfície da Terra. � Escala cartográfica: nos mapas, não é possível representar as áreas em suas dimensões reais; dessa forma, a escala cartográfica indica a proporção em que o mapa foi reduzido em relação ao tamanho real. A escala cartográfica é definida, assim, como uma relação matemá- tica que existe entre as dimensões reais e aquelas da representação da realidade contidas em um mapa ou globo. � Sistema de referência cartográfica: o sistema de referência carto- gráfica é composto pelo datum e pelo sistema de coordenadas. Essas informações são essenciais para a espacialização dos dados da superfície terrestre. O datum é o modelo matemático da representação da superfície da Terra utilizado em um mapa, que disponibiliza o ponto de referência a partir da representação gráfica dos paralelos e meridianos. A diferença de um datum para outro está baseada em modelos matemáticos distintos da forma, das dimensões da Terra e da projeção representada. Mundial- mente falando, existem vários data (plural de datum), mas, no Brasil, e no caso brasileiro, está em vigor o referencial terrestre conhecido pela sigla SIRGAS 2000 (FITZ, 2008). Os sistemas de coordenadas são aqueles responsáveis por dar os valores quantitativos numéricos em relação à origem para o ponto em questão e podem ser divididos em sistemas de coordenadas cartesianas, cilíndri- cas, polares, elípticas e geográficas. As coordenadas geográficas têm um aspecto curvilíneo e, por isso, são passadas em grau, minuto ou 23Introdução ao geoprocessamento segundo, sendo conhecidas como latitude e longitude. As coordenadas planas são projetadas do meio curvo, conhecido como elipsoide, para o plano, como um cilindro envolvendo o elipsoide (CÂMARA et al., 1996). � Outros elementos: por exemplo, o mapa de localização,que indica onde o mapa está localizado em um contexto de área maior, e uma tabela de dados, que pode, em alguns casos, auxiliar na interpretação dos mapas. O geoprocessamento é uma importante área do conhecimento que aplica suas técnicas e seus métodos para o processamento da informação geográfica georreferenciada. Entre suas principais ferramentas, está o SIG, que permite, por meio de seus componentes (dados, recursos humanos, software, hardware e métodos), que a informação espacial seja adquirida, tratada e disponibili- zada para os usuários finais. Diversas áreas do conhecimento utilizam hoje o geoprocessamento, como a geografia, a arquitetura, a agrimensura e outras áreas. Isso acarreta constante transformação e desenvolvimento de suas fer- ramentas, para que os produtos sejam elaborados cada vez com maior nível de detalhes, em menor tempo e com menor custo associado. Dentre os produtos do geoprocessamento, destacam-se os mapas temáticos, que possibilitam aos usuários a visualização das informações em escala e dimensão adequadas e a análise de acordo com o objetivo pretendido. ALMEIDA, L. Q.; OLIVEIRA, F. L. S. Casos confirmados de Covid-19 no Brasil em 20 de março de 2020. In: GEORISCO. Natal, 2020. Disponível em: https://wp.info.ufrn.br/admin/ portal-ufrn/wp-content/uploads/sites/3/2020/03/WhatsApp-Image-2020-03-23-at- 08.58.12-724x1024.jpeg. Acesso em: 8 jul. 2020. ArcGIS: the mapping and analytics platform. In: ESRI. São José dos Campos: [20--]. Disponível em: https://www.esri.com/en-us/arcgis/about-arcgis/overview. Acesso em: 8 jul. 2020. CÂMARA, G. et al. Anatomia de sistemas de informações geográficas. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 1996. CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. (Orgs.). Introdução à ciência da geoinformação. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 2001. CÂMARA, G.; MEDEIROS, J. S. Modelagem de dados em geoprocessamento. In: ASSAD, E. D.; SANO, E. E. (Orgs.). Sistemas de informação geográfica: aplicações na agricultura. Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 2005. p. 47-66. Introdução ao geoprocessamento24 CHANG, K. T. Introduction to geographic information systems. Boston: McGraw-Hill Higher Education, 2006. FITZ, P. R. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de textos, 2018. HAMADA, E.; GONÇALVES, R. R. V. Introdução ao geoprocessamento: princípios básicos e aplicação. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2007. HUISMAN, O.; BY, R. A. (Eds.). Principles of geographic information systems. Enschede: The International Institute for Geo-Information Science and Earth Observation (ITC), 2009. (ITC Educational Textbook Series, v. 1.) INTRODUÇÃO AO SPRING. In: DIVISÃO de Processamento de Imagens (DPI), INPE. Brasília, [2020?]. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/spring/teoria/introdu1/teoria1. htm. Acesso em: 8 jul. 2020. LONGLEY, P. A. et al. Geographic information systems and science. 2. ed. New Jersey: Wiley, 2005. MONITORAMENTO do desmatamento por satélite. In: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Belém, [2020?]. Disponível em: https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/ desmatamento-em-foco/. Acesso em: 8 jul. 2020. OLIVEIRA, L. A. P.; OLIVEIRA, A. T. R. (Orgs.). Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2011. E-book. PADILHA, A. F.; GOBATTO, D. R.; BATISTELLA, D. Estimativa da aptidão agrícola de terras por álgebra de mapas. In: PEREZ FILHO, A.; AMORIM, R. R. (Orgs.). Os desafios da geografia física na fronteira do conhecimento. Campinas: Instituto de Geociências da Unicamp, 2017. p. 5661-5668. QGIS. Um sistema de informação geográfica livre e aberto. [S. l.]: QGIS, 2020. Disponível em: https://www.qgis.org/pt_BR/site/. Acesso em: 8 jul. 2020. REES, W. G. Physical principles of remote sensing. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. SILVA, I.; SEGANTINE, P. Topografia para engenharia: teoria e prática de geomática. São Paulo: GEN LTC, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 25Introdução ao geoprocessamento DICA DO PROFESSOR Os dados são elementos essenciais para a elaboração de produtos cartográficos. Os softwares de geoprocessamento podem trabalhar com dois tipos de estrutura de dados: dados espaciais (vetorial e matricial) e dados não espaciais. Muitos softwares de geoprocessamento privados, como é o caso do ArcGIS, criam os próprios formatos de arquivos, assim como a ESRI (Environmental Systems Research Institute) é criadora do formato shapefile (para dados vetoriais). Assista à Dica do Professor e entenda como é feita a obtenção de dados vetoriais no formato shapefile. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O uso das geotecnologias para estudos voltados à área ambiental vem ganhando espaço desde os anos 1990. O monitoramento ambiental, por meio do geoprocessamento, envolve áreas como a cartografia, com a utilização de mapas digitais, e o sensoriamento remoto, com imagens de satélite e aparelhos receptores de sinais de posicionamento por satélite, popularmente conhecidos como GPS, além dos SIG. A respeito do geoprocessamento, analise as seguintes afirmativas: I. O geoprocessamento pode ser muito útil para serviços de espionagem, uma vez que as imagens de satélite permitem visualizar qualquer ponto da superfície terrestre. II. O armazenamento dos dados de geoprocessamento pode ser feito por meio de um banco de dados geográficos. III. O geoprocessamento pode ser definido, de uma maneira ampla, como uma forma de obter informações de um objeto ou alvo remotamente. Está correto o que se afirma em: A) I apenas. B) II apenas. C) I e II apenas. D) I e III apenas. E) II e III apenas. 2) A realização de operações complexas com integração e sobreposição de dados de diversas fontes e escalas diferentes, como, por exemplo, imagens de satélite, cartas topográficas e informações pontuais, pode ser facilitada com o uso de um sistema. Que sistema é esse? A) Sistema de Informações Geográficas (SIG). B) Sensoriamento remoto. C) Sistema de Posicionamento Global (GPS). D) Sistema CAD (computer aided design, ou desenho assistido por computador). E) Fotogrametria. O geoprocessamento pode ser aplicado a diversas áreas do conhecimento. Sendo assim, os dados para elaboração de seus produtos finais podem ser classificados em dados temáticos, dados cadastrais, dados de redes e modelo digital de elevação (DEM). 3) A respeito desses dados, analise as afirmativas a seguir e classifique-as em verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) Os dados temáticos normalmente estão relacionados ao conhecimento da superfície terrestre e de fenômenos geográficos, tais como o uso e a ocupação do solo. ( ) Os dados para a elaboração de mapas cadastrais podem ser associados a distintas formas gráficas, como, por exemplo, à quantidade de habitantes de uma cidade. ( ) Os dados para os mapas de redes são normalmente relacionados a serviços de utilidade pública, como redes de abastecimento de esgoto. ( ) O DEM é utilizado principalmente para representar uma grandeza que varia espacialmente de maneira contínua. É o caso da vegetação. Marque a alternativa que preenche corretamente as lacunas, de cima para baixo: A) V – V – F – F. B) F – F – V – V. C) V – F – V – F. D) V – F – V – V. E) V – V – V – F. 4) Leia o seguinte trecho: Os ____________________ são organizados em linhas e colunas (ou em uma grade), em que cada célula contém um valor que representa informações, comoaltitudes, por exemplo. Alguns dados desse tipo são fotografias aéreas digitais, imagens de satélites, imagens digitais ou até mapas digitalizados. Marque a alternativa que preenche corretamente a lacuna: A) dados em estrutura matricial B) dados em estrutura vetorial C) dados não espaciais D) dados tradicionais E) dados alfanuméricos 5) O software é um dos componentes do SIG e permite produzir mapas e outras exibições gráficas de informações geográficas para apresentação e análise. Com esses recursos, o software é uma ferramenta valiosa para visualizar dados espaciais ou criar sistemas de suporte a decisões em diversas áreas do conhecimento. Exemplos de softwares de geoprocessamento são: A) SRTM, Topodata e QGIS. B) Topodata, QGIS e Spring. C) ArcGIS, Spring e SRTM. D) ArcGIS, QGIS e Topodata. E) QGIS, ArcGIS e Spring. NA PRÁTICA A utilização do geoprocessamento é fundamental para que sejam obtidas informações sobre o manejo dos recursos naturais, de forma a minimizar os impactos sem acarretar prejuízos ambientais, econômicos e/ou sociais. A partir do trabalho com geotecnologias, podem ser identificados diversos processos de degradação do meio físico, como ausência de áreas de preservação permanente nos cursos d’água, áreas com desmatamento, processos erosivos em áreas urbanas e rurais, disposição irregular de resíduos urbanos e industriais, entre outros. Na Prática, a partir de um estudo de caso, veja como as geotecnologias podem ser utilizadas na identificação de impactos ambientais. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Software de geoprocessamento gratuito No site do software de geoprocessamento livre QGIS, faça gratuitamente o download do programa e inicie sua produção mapas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Geoprocessamento integrado à cartografia social para construção de guia digital cultural Leia esta interessante abordagem que discute a articulação de tecnologias de geoprocessamento e cartografia social como estratégia para o desenvolvimento socioeconômico. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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