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A LEITURA DE DIFERENTES TIPOS DE TEXTO COMO INSTRUMENTO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA Waldiney Alexandre dos Santos Silva Ana Carolina Mohr de Godoi (orientadora) RESUMO O presente trabalho aborda a leitura de diferentes tipos de texto no âmbito escolar com a finalidade de promover uma aprendizagem significativa dentro da escola, bem como o desenvolvimento cognitivo e social da criança. Neste contexto, o professor assume papel de suma importância, pois através das ações desenvolvidas por ele, instiga em seus alunos o gosto pela leitura. Constatou-se que a leitura da variedade de textos, permeando todas as tipologias textuais, faz com que a criança entre em contato com os mesmo e assim, torna-se capaz de interagir diante dos diferentes tipos de texto construindo os significados através das estratégias propostas pelo professor no ambiente escolar. Palavras-chave: Educação; Escola; Leitura. 1 INTRODUÇÃO O contar histórias para as crianças faz-se presente desde os primeiros anos de vida. Dentro das concepções acerca da literatura e de sua importância na formação cognitiva e social da criança, leva-se a investigar neste artigo sobre a seguinte questão: Os professores de ensino fundamental I devem ler textos variados para seus alunos? Por quê? Baseado nisso, objetivou-se investigar quais as razões pelas quais os professores do ensino fundamental devem ler textos variados para os seus alunos A metodologia utilizada de acordo com Gil (2007), de natureza qualitativa, quanto ao seu objetivo, a pesquisa é descritiva. Usou-se como procedimento a pesquisa bibliográfica. 2 2 A LEITURA DE DIFERENTES TEXTOS COMO MECANISMO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Kramer (2006), afirma que garantir o acesso à leitura e a escrita é direito de cidadania de cada individuo, e que a escola por sua vez, assume um papel importante a desempenhar na concretização desse direito, contribuindo assim, na construção do conhecimento de crianças e adultos, pois “escrever e reescrever os textos é essencial. Ler e reescrever os textos é a história, enquanto sujeitos da história que somos, tecendo – cada qual os fios desta trama neste ou em outros cursos” (KRAMER, 2006, p.18). Neste sentido, ler e escrever não se resume a juntar letras nem decifrar códigos: a língua não é um código – é um complexo sistema que representa uma identidade cultural. “É preciso saber ler e escrever para interagir com essa cultura com autonomia, inclusive para modificá-la, do lugar de quem enuncia e não apenas consome” (FDE, 2010, p.16). A leitura, no entanto, está inserida no nosso contexto diário, lemos para: nos informar sobre as atualidades, para localizar endereços e telefones, para fazer uma receita, para saber como vão as pessoas que estimamos, para nos divertir ou emocionar, para tomar decisões, para pagar contas, para comprar algo, entre outros. (FDE, 2010, p. 19) Retomando as concepções de Kramer (2006), a autora afirma que: a aprendizagem da leitura e escrita envolve uma dimensão simbólica, expressiva e cultural, em contrapartida o professor favorece esse processo, propiciando inicialmente, que as crianças realizem atividades sistemáticas, organizadas de tal forma que as diferentes formas de representação e expressões infantis sejam ampliadas gradativamente, até que elas compreendam o que é a leitura e a escrita, e façam uso desse objeto cultural para a sua comunicação e expressão. (p.99) Neste processo de construção dos significados, Kramer (2006) aponta Piaget e Vygotsky com o propósito de demonstrar como o processo de construção do conhecimento é concebido em uma criança. De acordo com a autora, Piaget (1975 apud KRAMER, 2006, p.119), entende que “o conhecimento se constrói por etapas. O sujeito é um sujeito do 3 conhecimento, a partir das suas histórias, daquilo que traz e das informações do meio, a criança vai construindo as suas noções sobre o mundo físico e social”. Vygotsky (1984), neste contexto, nas afirmações de Kramer (2006), não se preocupa em descrever as etapas do desenvolvimento da criança, mas em compreender os processos de interação do sujeito com o meio. Neste âmbito de construção de significados da criança, a escola acaba tornando-se espaço privilegiado de troca de experiências e de aprendizagens, local onde o processo de leitura e escrita acontece a todo o momento, assim como a interação do individuo com o meio acontece nas suas relações interpessoais. No contexto em discussão, buscamos estabelecer qual a importância da leitura de textos variados para os alunos de ensino fundamental I, visando a leitura como um processo de construção do conhecimento. A sala de aula no contexto em questão “torna espaço vivo de narrativa e [...] as falas dos alunos-professores nela pronunciados se entrecruzam com as outras histórias, aquelas contadas no tempo e no espaço da própria investigação”. (KRAMER, 2006, p.137). É na escola que se reconhece a importância que a leitura possui, sendo, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa: Um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir de seus objetivos do seu conhecimento sobre o assunto [...] Não se trata simplesmente de extrair informações escritas, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica necessariamente, compreensão, na qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita. (PCNLP, 2001, p.53) No ato de ler, a descoberta, a sensibilização, a conversa com o texto é que possibilita a atribuição de sentidos, sendo “uma interação entre os componentes do ato de comunicação escrita, o leitor, portador de esquemas mentais, socialmente adquiridos, aciona seus conhecimentos prévios e os confronta com os dados do texto, construindo, assim, o sentido”. (CORACINI, 1995, p.14) Tais argumentos apresentados nos levam a entender que neste âmbito de significações e construção de significados pelas crianças, através do ato de ler, o professor entra como sujeito mediador fundamental neste processo, pois é na escola que a maior parte do conhecimento é construída, sendo assim, a leitura feita pelo 4 professor torna-se foco fundamental para essa construção de conhecimentos pelas crianças através da leitura. 3 O PROFESSOR E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ATRAVÉS DA LEITURA DE DIFERENTES TEXTOS PARA AS CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL I Nas afirmações de Santos-Theo (2003, p. 3), “a leitura deve ser considerada uma atividade de construção dos sentidos de um discurso do “eu” com o “outro”, midiatizados pelo mundo”. Em contrapartida, os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001) evidenciam que as produções orais precisam da mediação do professor e através dele, explanar aos ouvintes as explicações prévias para assim desenvolver: Atividades em grupo que envolvam os planejamentos e a realização de pesquisas e que requeiram definição de temas, a tomada de decisões sobre encaminhamentos, a divisão de tarefas, a apresentação de resultados; Atividades de resolução de problemas que exijam estimativa de resultados possíveis, verbalização, comparação e confronto, de procedimentos empregados; Atividades de produção oral de planejamento de um texto de elaboração propriamente e de análise de sua qualidade; Atividades dos mais variados tipos, mas que tenham sempre sentido de comunicação de fatos: exposição oral sobre os temas estudados, mas apenas por quem expõe, descrição do funcionamento de aparelhos e equipamentos em situações em que isso se faça necessário; narração de acontecimentos e fatos conhecidos apenas por quem narra (PCN, 2001, p. 50) Vale ressaltar que “o livro oferecido para a criança seja adequado à sua maturidade como leitor, pois um livro com letras miúdas ou com uma extensão maiordo que a sua competência de leitor pode entender constitui fator de afastamento da atividade leitura ou da sua rejeição a essa atividade”. (GREGORIN FILHO, 2009, p.51) Sendo assim, o professor ao proporcionar momentos de leitura junto aos alunos, torna-se imprescindível, analisar o conteúdo que será apresentando na leitura sugerida, se os mesmos estão de acordo com a proposta pedagógica estabelecidas na escola. 5 Ao professor cabe ainda pensar no tipo de leitura oferecido aos alunos para que a mesma seja adequada à sua idade escolar e a sua faixa etária e com essas medidas garantir o interesse do aluno pelo livro oferecido, pois este deve proporcionar-lhe prazer no ato de ler e não um distanciamento da leitura. Faz-se necessário discutir ainda junto aos alunos temas relevantes acerca de diferentes temas o que proporciona-lhes momentos de reflexão e de criticidade acerca do meio social ao qual pertence. O professor precisa deixar claro ao aluno que existem diferentes tipos de leitura e que os livros oferecem tanto leituras com intuito de informação, entretenimento bem como leitura de cunho didático, oferecer uma bagagem de conhecimento dos diferentes tipos de linguagem que um livro possui, fazendo com que o aluno possa interagir com o livro que está lendo, seja ele literário ou não. Observamos, portanto, que a leitura de diferentes textos é de extrema importância na formação e desenvolvimento da criança e assim: ao escolher um livro para o seu aluno, seja literatura ou não, o educador deve perceber a importância de sua função como agente transformador da realidade social e buscar sempre o questionamento de atividades e instrumentos não condizentes com os valores de liberdade e pensamento e tolerância às diferenças. (GREGORIN FILHO, 2009, p. 72) A leitura enquanto mecanismo de transformação social torna-se ferramenta de criticidade e a escola como local privilegiado de leitura deve proporcionar este contato com os diferentes tipos de textos e assim garantir que a criança desenvolva a capacidade de ler e interpretar os diferentes tipos de textos que circulam no seu meio social. 6 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Constatamos que ler diferentes tipos de texto dentro da escola, possibilita discutir de forma mais abrangente os significados que permeiam nas entrelinhas dos mesmos. Ler na escola e ter a leitura como ferramenta de construção do conhecimento, faz com que o leitor possa transformar, através da leitura, a sociedade na qual ele se insere. Salientamos que neste contexto de leitura, o professor assume um papel de suma importância pois através de suas ações é que serão direcionadas as leituras, a escolha, o cuidado com os textos selecionados é muito importante para o sucesso de todos os envolvidos no ato de ler. Na escola é que o individuo tem os contatos mais diretos com a leitura e esta, dá o real reconhecimento que a leitura merece, mediando, proporcionando momentos de interação entre sujeitos durante a leitura, proporcionando momentos de trocas de conhecimentos, e assim transformando a leitura em objeto de aprendizagem e de interação entre sujeitos. REFERÊNCIAS - BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa/ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. – 3. ed. – Brasília: MEC/SEF, 2001. CORACINI, M. J. O jogo discursivo na aula de leitura. Campinas: Pontes, 1995. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. KRAMER, S. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso. São Paulo: Ática, 2006. SANTOS-THÉO, Irismar Oliveira. O ato de ler. Revista de educação CEAP – Ano 11 – nº 41 – Salvador, jun/2003. 7 SÃO PAULO, Secretaria da educação. FDE: guia de planejamento e orientações didáticas; professor alfabetizador – 2º ano/ Secretaria da Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação; adaptação do material original, Claudia Rosenberg Aratangy, Rosalinda Soares Ribeiro de Vasconcelos. – 4.ed. São Paulo:FDE, 2010.
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