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Língua Portuguesa

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Prévia do material em texto

Língua Portuguesa
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
TIPOS DE LINGUAGEM
TEXTO
Todo significativo que transmite uma mensagem para interlocutores. O texto é formado por partes que se unem de uma maneira lógica.
Todo texto tem dois planos: o que o texto diz e como me diz.
 Interpretação de texto é imaterial, que não é resolvida por apenas saber conceitos.
TEXTO E LINGUAGEM
Todo texto é um instrumento de comunicação que transmite uma mensagem a partir do uso da linguagem. A linguagem é um código de comunicação dotado de significado. Os humanos existem no mundo por meio da linguagem, sendo essencial para a existência de cada um.
Linguagem verbal: palavra como código que pode ser: falada (fonemas) e escrita (grafemas). A escrita é um domínio formal escolarizado da língua. Linguagem falada também é chamada de oral. Verbalizar é transformar em verbo, que pode ser escrita ou falada.
Linguagem não verbal: desenhos, cores, símbolos, gestos, expressões fisionômicas.
A linguagem não é feita só de palavras.
Em 2015, um emoji foi eleito pelo Dicionário Oxford como a "palavra do ano" de 2015. Foi a primeira vez que a palavra do ano não é uma palavra, e sim uma imagem pictográfica que simboliza uma palavra ou frase. No caso, a imagem vencedora representa um "rosto com lágrimas de alegria".
LINGUAGEM NÃO VERBAL
Os emojis funcionam como linguagem, mas também estão sujeitos a interpretação conforme a cultura na qual se inserem.
1. Sobre a charge, assinale a opção que indica a leitura inadequada.
a. A imagem do chão seco intensifica a seca.
b. O único pingo d'água indica falta de água.
c. A gota de água também pode indicar uma lágrima.
d. A ausência de água na torneira é uma crítica às autoridades.
e. A cor clara do céu mostra a presença do sol intenso.
COMENTÁRIO
A charge traz um texto não verbal a partir da imagem de uma torneira pingando, com uma terra seca e árida, sem vegetação. Na torneira há a representação de um olho de onde sai o pingo de água, que parece uma lágrima. É uma personificação da torneira que é dotada de sentimento e o solo faz referência a uma escassez de água. Não há nenhuma referência explícita às autoridades.
Redução da Maioridade Penal
2. A charge, do caricaturista Samuca, publicada no Diário de Pernambuco em 1 de abril de 2015, expõe um dos pontos de vista sobre a redução da maioridade penal, que pode ser expresso na seguinte frase:
a. A infância abandonada pelos pais, que passam todo o dia fora de casa, acaba por cometer delitos que a levam para a cadeia;
b. O fato de muitas crianças trocarem a sala de aula pelo campo de futebol pode ser o início de uma vida na ilegalidade;
c. Crianças devem ser tratadas como tais e não serem passíveis de penas que atingem os adultos;
d. O futebol, como outros esportes, pode servir de caminho para que as crianças não ingressem no mundo do crime;
e. A redução da maioridade penal não deve atingir as crianças muito pequenas, que devem ocupar seu tempo em estudo e divertimento.
Redução da maioridade penal escrita na charge é verbal, fazendo com que ela seja um texto verbal e não verbal (verbo visual). No texto, os meninos estão com cores diferentes, um está jogando futebol e o outro representa alguém que está preso. Pode-se deduzir que o autor que fez a charge é contra a redução da maioridade penal, uma vez que sem prisão há cores e liberdade e na prisão há uma sensação de estática representado também pelo preto e branco.
a) Não há como deduzir isso do texto e tampouco é um ponto de vista sobre a redução da maioridade penal.
b) Não está associado a um ponto de vista sobre a redução da maioridade penal. Está um possível conflito com a lei que não pode ser interpretado do texto.
c) A alternativa fala da redução da maioridade penal e apresenta um ponto de vista que é contrário.
d) Não é opinião sobre a redução da maioridade penal.
e) O texto não permite dizer que é uma criança muito pequena ou muito grande.
3. Sobre a charge, é correto afirmar que seu tema central é:
a. A solidariedade no trânsito.
b. As dificuldades de locomoção.
c. A violência no trânsito.
d. A ausência de autoridade.
e. A falta de fiscalização adequada.
COMENTÁRIO
 “Trânsito: a cadeia alimentar” é a parte verbal do texto e o texto também tem o lado não verbal que é a imagem. A cadeia alimentar vai do mais forte ao mais fraco, levando a ideia de presa e predador, o que indica violência.
4. Sobre as tirinhas, julgue os itens.
1. O conteúdo das duas tirinhas expõe o lado negativo da Internet, que é a limitação da vida das pessoas ao mundo virtual.
2. No título da tirinha II, a expressão “tivesse bombando” é característica da linguagem informal, típica do gênero textual tirinha.
3. O humor da tirinha I reside no fato de que acontecimentos marcantes da história da humanidade não teriam ocorrido se não fossem os problemas de conexão com a Internet.
COMENTÁRIO
A tirinha é de um mundo fantasioso, não precisando ser do mundo real.
1) As tirinhas trazem suposições de como seria o mundo com internet em diversos períodos históricos, trazendo pontos negativos mas também positivos.
2) A linguagem usada é informal, usada no cotidiano, e a tirinha tem essa informalidade.
3) É preciso entrar no mundo fantasioso da tirinha para fazer a intepretação, logo se não fossem os problemas de conexão com a internet.
GABARITO
1. d
2. c
3. c
4. 1–E; 2–C; 3–C;
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
 A linguagem é um código de comunicação que pode ser verbal e não verbal. Há muitas possibilidades de linguagem e de junção de linguagens para que se estabeleça a comunicação através do texto. Então, o texto é o resultado de um processo enorme, e um dos elementos desse processo é o uso da linguagem. 
 
A linguagem verbal tem muitas variações. Não se usa o mesmo tipo de linguagem para, por exemplo, conversar com os amigos em uma roda de conversa informal e com um entrevistador durante uma entrevista de emprego. Usa-se linguagens diferentes em contextos diferentes. A língua é múltipla, por isso há diferentes níveis de linguagem, dependendo do contexto em que o falante está inserido. A língua varia dependendo da circunstância, época, região. 
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
Diacrônicas: cronos é tempo, por isso são as variações ao longo do tempo. Ex.: Vossa Mercê -> Vosmecê -> Você. A língua muda, ao longo do tempo, em termos de vocabulário e de estrutura sintática. 
Diatópicas: topos é lugar, portanto, as variações diatópicas são as variações ao longo do lugar, os regionalismos. Mineiro -> Ocê. Não é só o sotaque, são as expressões, o vocabulário. Exemplos: português de Portugal e do Brasil, diferentes sotaques e vocabulários das regiões do Brasil. 
Diastráticas: jargões, a linguagem de um grupo social (ideologia, profissão, etc. Exemplo: juridiquês. 
Diafásicas: momento da situação comunicativa, o contexto. Linguagem culta ou coloquial. A gramática normativa que estabelece a variação culta, usadas em algumas situações comunicativas. 
NÍVEIS DE LINGUAGEM 
1.Formal, Culta: norma padrão, sobre a qual a gramática incide com todas as suas regras. 
2. Informal Coloquial: mais flexível. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
1. Leia o texto para responder aos itens de 1 a 4. 
A língua que falamos, seja qual for (português, inglês...), não é uma, são várias. Tanto que um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo Bechara, disse a respeito: “Todos temos de ser poliglotas em nossa própria língua”. Qualquer um sabe que não se deve falar em uma reunião de trabalho como se falaria em uma mesa de bar. A língua varia com, no mínimo, quatro parâmetros básicos: no tempo (daí o português medieval, renascentista, do século XIX, dos anos 1940, de hoje em dia); no espaço (português lusitano, brasileiro e mais: um português carioca, paulista, sulista, nordestino); segundo a escolaridade do falante (que resulta em duas variedades de língua: a escolarizada e a não escolarizada) e finalmente varia segundo a situação de comunicação, isto é, o local em que estamos, a pessoa com quem falamos e o motivo da nossa comunicação ― e, nesse caso, há, pelomenos, duas variedades de fala: formal e informal. A língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há situações em que se deve usar traje social, outras em que o mais adequado é o casual, sem falar nas situações em que se usa maiô ou mesmo nada, quando se toma banho. Trata-se de normas indumentárias que pressupõem um uso “normal”. Não é proibido ir à praia de terno, mas não é normal, pois causa estranheza. A língua funciona do mesmo modo: há uma norma para entrevistas de emprego, audiências judiciais; e outra para a comunicação em compras no supermercado. A norma culta é o padrão de linguagem que se deve usar em situações formais. A questão é a seguinte: devemos usar a norma culta em todas as situações? Evidentemente que não, sob pena de parecermos pedantes. Dizer “nós fôramos” em vez de “a gente tinha ido” em uma conversa de botequim é como ir de terno à praia. E quanto a corrigir quem fala errado? É claro que os pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o professor deve corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos cobra “dois real” pelo cafezinho? 
Língua Portuguesa. Internet: (com adaptações). 
De acordo com o texto acima, julgue os seguintes itens. 
1. Conforme o texto, a escola deve ensinar aos alunos a norma-padrão da língua portuguesa, mas é preciso, também, refletir se seria adequado corrigir outras pessoas, como, por exemplo, um porteiro que diz O elevador tá cum pobrema. 
2. Depreende-se do texto que a língua falada não é uma, mas são várias porque, a depender da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor formalidade. 
3. Segundo o texto, ‘temos de ser poliglotas em nossa própria língua’ significa que a língua assume variantes adequadas aos contextos em que são produzidas. 
4. O pronome “outra” (3º parágrafo) está empregado em referência ao termo “A língua”. 
O texto fala sobre os níveis de linguagem, mas também toca no preconceito linguístico. Segundo o texto, a língua não é uma, mas várias, e é preciso ter discernimento na hora de escolher o que usar, principalmente a variação situacional. Nem sempre ir de terno à praia é correto, logo nem sempre a língua culta é adequada a todos os contextos. O texto também questiona a correção, indicando que a escola deve corrigir, mas não ao balconista que usa a variedade coloquial. As pessoas que não têm acesso à escolarização, não têm acesso à linguagem culta, logo o texto responde a pergunta retórica de forma implícita. 
1. Quando fala em corrigir o aluno, é ensinar a norma padrão. E a pergunta final mostra a inadequação em corrigir pessoas que não foram escolarizadas. 
2. É a situação comunicativa que vai induzir ao tipo de linguagem que se vai usar. 
3. Como não se vive em um único contexto comunicativo, é preciso dominar as variantes e fazer escolhas. 
4. O pronome outra faz referência à norma. 
2. A frase do texto que traz somente marcas de linguagem formal é: 
(A) “sempre dá para separar um dinheirinho”; 
(B) “para saber onde está indo seu dinheiro”; 
(C) “sempre pesquise preços e pechinche”; 
(D) “a internet é um prato cheio para compradores”; 
(E) “pesquise pacotes econômicos para celular” 
COMENTÁRIO 
Havia um texto na prova, mas que não era necessário para resolver a questão. 
a. “dá para separar” e “dinheirinho” é uma linguagem informal. 
b. Seu dinheiro está indo para algum lugar, então a norma seria “aonde”. 
c. A formalidade ou informalidade tem relação com a seleção vocabular e com as normas gramaticais. Pechinchar é uma escolha vocabular informal. 
d. Prato cheio é uma escolha vocabular informal. 
e. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação as normas gramaticais de concordância, regência, pontuação. 
3. Uma construção considerada própria da linguagem coloquial é 
a. É claro que a maternidade interfere em atividades fora do ambiente doméstico. (linha 5) 
b. Criaram normas rígidas para impedir o movimento das mulheres, com discursos de que seriam perigosas. (linhas 13 e 14) 
c. Agnodice se vestiu de homem para assistir conferências médicas, num templo de Atenas...(linhas 28 e 29) 
d. Foi morta pelos monges e pela plebe, que foram fanatizados pelo patriarca Cirilo. (linhas 30 e 31) 
COMENTÁRIO 
Havia um texto na prova, mas que não era necessário para resolver a questão. 
a. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação às normas gramaticais de concordância, regência, pontuação. 
b. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação às normas gramaticais de concordância, regência, pontuação. 
c. Há um erro gramatical que caracteriza a linguagem informal. A inadequação está na regência do verbo assistir, que necessita da preposição “a”, no sentido de ver e presenciar. 
d. Não há informalidade na seleção das palavras, nem em relação às normas gramaticais de concordância, de regência, de pontuação. 
As mariposas
 Adoniran Barbosa 
As mariposa quando chega o frio 
Fica dando volta em volta da lâmpida pra se esquentar 
Elas roda, roda, roda e dispois se senta 
Em cima do prato da lâmpida pra descansar 
Eu sou a lâmpida 
E as muié é as mariposa 
Que fica dando volta em volta de mim 
Toda noite só pra me beijar 
4. Sobre a composição de Adoniran Barbosa, é correto afirmar: 
a. Trata-se de uma representação de uma variação coloquial do português falado no Brasil. 
b. Os desvios da norma-padrão existentes na letra da música impedem a compreensão de seu sentido por parte do leitor / ouvinte. 
c. Percebe-se a utilização do registro formal da língua portuguesa, com desvios da norma-padrão comuns a esse registro. 
d. A variação linguística utilizada por Adoniran Barbosa é inadequada para a situação linguística em questão. 
COMENTÁRIO 
O músico tem várias canções com seleção vocabular e gramatical informal ou coloquial. As escolhas eram feitas para representar uma variação coloquial do português falado no Brasil. Não é questão de erro, mas de adequação. 
Observe a imagem abaixo retirada do Facebook e marque V ou F nos parênteses:
5. Julgue as afirmações e marque a sequência correta. 
( ) A linguagem utilizada pelos falantes impediu uma comunicação eficiente entre os dois personagens. 
( ) A linguagem utilizada pelos personagens é influenciada por fatores sociais e regionais. 
( ) Esse modo de falar, considerado “matuto”, é inaceitável em qualquer situação, porque prejudica a comunicação. 
( ) Esse modo de falar, mesmo sendo considerado “matuto”, pode ser usada em algumas situações, desde que mesmo cumpra sua intenção comunicativa. 
( ) Existem diversos modos de falar, e todos eles têm uma explicação para o seu uso. Por isso não se deve ter nenhum tipo de preconceito em relação aos “modos de falar”. 
O preenchimento CORRETO dos parênteses está na alternativa: 
a. V, F, V, F e V. 
b. V, V, F, F e V. 
c. F, F, V, V e V. 
d. F, V, F, V e V. 
e. V, V, F, F e F. 
COMENTÁRIO 
(F) A linguagem foi eficiente e permitiu a comunicação eficiente. 
(V) Fatores sociais com pessoas que provavelmente não tiveram acesso a escolarização e regionais com a escolha vocabular. 
(F) Não é inaceitável em qualquer situação e muito menos prejudica a comunicação. 
(V) Esse modo de falar pode ser usado em algumas situações, mantendo a comunicação. 
(V) É um juízo de valor trazido pela banca, mas que é considerado correto para a questão. 
GABARITO 1. 1–C; 2–C; 3–C; 4–E; 2. e 3. c 4. a 5. D
LINGUAGEM – DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Linguagem:
• Denotativa: usada em sentido literal, também chamado de sentido próprio. É a linguagem, em regra, que está no dicionário (Cuidado! Há dicionários que trazem o sentido figurado das palavras). Forma mais objetiva, mais simples, mais clara, mais inteligível.
O texto dissertativo exige o uso da denotação.
• Conotativa: usada em sentido não literal. Quando o dicionário registra o sentido figurado da palavra, ele faz através de “fig”. É uma linguagem figurada, que é uma forma de dizer.
Lagarta
Situação 1: Maria estava preocupada com suas rosas e chamou Antônio para resolvero problema. Depois de duas horas observando, ele disse: - Dona Maria, há muitas lagartas nas roseiras, precisamos combatê-las. Quem não sabe o que significa “lagarta” pode ir ao dicionário e buscar pela palavra, encontrando o significado e conseguindo entender a fala de Antônio. A palavra foi usada em sentido denotativo.
Situação 2: Poema de Manuel Bandeira - Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
– Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
– Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma
– lagarta listada?
A moça se lembrava:
– A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
– Antônia, você parece uma lagarta listada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
– Antônia, você é engraçada, você parece louca.
Quando o rapaz chama Antônia de lagarta listada, a palavra não está em sentido denotativo, mas em sentido figurado, conotativo. É preciso entender o que é uma lagarta para buscar seu sentido, mas só isso não basta. Há uma associação, recorrendo à metáfora, que de um lado está Antônia e de outro a lagarta listada. Existe um ponto em comum entre os dois. A lagarta e a Antônia podem ter em comum:
• Ser nojenta, repulsiva
• Perigosa
• Magra demais
Mas recuperando o contexto, o Rapaz fala que não se acostumou com a namorada e que , no passado, via a lagarta listada sem parar de olhar e admirar, indicando com o uso do gerúndio uma ação muito demorada no passado. Logo, pode-se deduzir que ele está resgatando o ato de olhar a lagarta listada que o fascinava e atraía, assim como a namorada no presente. O que há em comum entre Antônia e a lagarta listada, nesse contexto, é que a Antônia é fascinante.
Lagarta é uma figura, ou seja, um termo concreto que corresponde a uma imagem. Mas, a palavra lagarta é usada, no texto, para representar o fascínio. Fascínio é uma ideia. Então, toda a linguagem que recorre a uma figura para representar uma ideia é uma linguagem figurada. Os conceitos são mais vagos, sendo muito comum o uso de figuras para explicar as experiências com a linguagem.
O uso das figuras na linguagem figurada pode mudar conforme os contextos, já que ser uma lagarta, por exemplo, pode remeter a algo asqueroso ou a algo bom, como acontece no texto. É preciso sair da própria subjetividade, entendendo o uso da figura pelo outro e também resgatar o contexto.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Assinale a alternativa que apresenta um trecho do texto empregado em sentido próprio.
(A) Se emagreço primeiro o rosto, engordo a barriga.
(B) A barriga masculina é teimosa.
(C) Barriguinha de tanque, só para jovens.
(D) Barriga das boas aproveita a primeira oportunidade para se expandir.
(E) Basta comer um cheeseburger e a barriga vence!
COMENTÁRIO
Sentido próprio é o sentido real, literal, denotativo.
a) Sentido próprio.
b) Teimosa é uma forma de dizer, pois está dando vontade a barriga.
c) Barriguinha de tanque é uma forma figurada.
d) Dá a barriga o poder de ter um ato volitivo, que é um ato de bondade, um modo de dizer.
e) Há uma figura chamada personificação.
Para responder a questão a seguir, leia o texto do encarte publicitário, veiculado por empresa fabricante de purificadores de água, e observe que o adjetivo transparentes refere-se tanto à água como ao fabricante.
2. Uma interpretação correta para o trecho – vamos ser bem transparentes – é de que esse trecho foi empregado em sentido
a. literal, quando se refere à água, para comprovar que toda água de aspecto transparente não apresenta contaminação.
b. literal, quando se refere ao fabricante, para divulgar o preço do produto, que é menor em comparação aos demais fabricantes.
c. não literal, quando se refere à água, para evidenciar a eficiência do equipamento vendido pelo fabricante.
d.não literal, quando se refere ao fabricante, para passar aos possíveis consumidores a imagem de uma empresa de credibilidade.
e. não literal, quando se refere à água, para incentivar os consumidores contra o desperdício desse recurso hídrico.
COMENTÁRIO
O enunciado da questão não está sob análise, julgamento. Pelo contexto, transparente pode se referir à água ou ao fabricante. Quando se refere à água é uma denotação e ao fabricante, uma conotação. Ou seja, é literal quando se refere à água e não literal quando se refere ao fabricante. Não se pode deduzir do texto que toda água de aspecto transparente
não apresenta contaminação, mas que o uso da linguagem não literal para o fabricante passa aos possíveis consumidores a imagem de uma empresa de credibilidade.
3. Assinale a alternativa em que a palavra grifada está empregada em sentido denotativo:
A.Como lê muito, dizem que João é uma ilha cercada de livros por todos os lados.
B.Apenas Édipo encontrou a chave para decifrar o enigma da Esfinge.
C.A neblina flutua, desfazendo os edifícios e as árvores da cidade.
D.Quando o sol cair, encerraremos nosso expediente no banco.
E.Alessandro rompeu a camisa no arame farpado que cerca a fazenda.
COMENTÁRIO
Denotativo é o sentido real, literal, próprio.
a) Conotação. João não é uma ilha, isso é uma figura usada para explicar o conceito.
b) Conotação. Encontrar a chave é um modo de dizer que decifrou o enigma.
c) Conotação. Modo de dizer, porque a neblina cobre os edifícios.
d) Conotação. O sol não vai cair ou despencar do céu.
e) Denotação. Há uma fazenda, arame farpada e um rasgo.
4. Há registro de conotação no fragmento transcrito na alternativa
A.“Muitos especialistas dizem que nada será como antes.” (L.15).
B.“há um grande número de profissionais competentes” (L.20).
C.“...para quem está no olho do furacão” (L.24).
D.“Além disso, é fundamental estar inteirado da tecnologia.” (L.55).
COMENTÁRIO
A linguagem conotativa grita. O olho do furacão é uma forma de dizer.
5. Em qual das frases a seguir a expressão em destaque foi empregada no sentido próprio,
ou seja, no sentido denotativo?
A. O desejo de muitos internautas que navegam na Internet é o de encontrar informações precisas.
B. Quando queria brincar na casa de seus avós, a criança usava o lápis para rabiscar
as paredes.
C. No dia do baile, a normalista tomou um chá de cadeira inesperado, até conhecer aquele grumete.
D. Nas metrópoles, o trânsito é um pesadelo para grande parte dos motoristas e dos pedestres.
COMENTÁRIO
a) Navegam = conotação.
b) Denotação em todos os termos.
c) Chá de cadeira = conotação.
d) Pesadelo = conotação.
GABARITO
1. a
2. d
3. e
4. c
5. b
TIPOLOGIAS TEXTUAIS
Tipologias textuais são categorias de classificação de um texto de acordo com a sua finalidade/intenção/objetivo central.
As tipologias não se excluem, ou seja, é possível que um texto tenha traços de muitas tipologias diferentes, mas, no fim, predomina uma.
Para saber qual a tipologia textual predominante é preciso ler o texto e fazer a seguinte pergunta: “qual é a finalidade desse texto?”
Dentro desse contexto, um texto pode ser:
• Descritivo: apresenta características/qualidades de um ser;
• Narrativo: apresenta uma sequência de acontecimentos;
• Dissertativo: discorre sobre um tema e pode ser: expositiva (apresenta só informações) ou argumentativa (apresenta uma tese e a posição do autor); ou
• Injuntivo/prescritivo/instrucional: é aquele que orienta/instrui o leitor (ex.: uma receita de bolo).
ATENÇÃO
Vale lembrar que essas tipologias não se excluem. Ou seja, é possível que um texto comece com uma descrição, torne-se uma narração, vá para uma dissertação e, por fim, para uma injunção. É necessário compreender qual dessas tipologias é a predominante no texto.
Exemplos:
1. [...] Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. [...]”. (Fragmento do conto Felicidade clandestina, de Clarice Lispector).O texto acima tem como objetivo caracterizar uma personagem. Assim, há uma ocorrência simultânea de características, sem relação de anterioridade e posterioridade entre as informações.
Isso significa que se trata de uma descrição, pois reproduz uma realidade estática (sem movimento).
2. “[...] É na parte alta que fica o colorido Pelourinho, bairro histórico e tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Em suas ruas e vielas estão centenas de casarões dos séculos 17 e 18 que abrigam de museus a terreiros de candomblé, além de templos católicos que atraem estudiosos do mundo todo – é o caso da igreja de São Francisco, considerada a obra barroca mais rica do país [...]”. (Descrição de um guia de viagem).
O texto desse exemplo descreve uma cena ao leitor e reproduz uma realidade por meio da palavra, logo, também se trata de uma descrição.
3. Tragédia brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança
empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada
disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom
Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no
Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a
com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
(Manuel Bandeira)
Ainda que existam traços descritivos nesse texto, ele pertence à tipologia da narração. Isso pode ser percebido, pois, diferentemente dos dois exemplos anteriores, em que o autor apresenta uma cena estática, no texto do exemplo n. 3 é perceptível a passagem do tempo.
Vale lembrar que a narração reproduz uma realidade dinâmica (uma história), ou seja, com progressão temporal (relação de antes e depois) entre os acontecimentos.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Considerando o conteúdo e as sequências linguísticas do texto do exemplo n. 3, assinale a alternativa correta.
a. O texto é predominantemente uma dissertação, pois está organizado em torno de umasequência de ações desencadeadas a partir de uma traição, episódio acerca do qual o autor manifesta uma opinião.
b. Maria Elvira traiu Misael pela primeira vez quando moravam no Estácio. Depois de suportar essa situação por três anos, ele decidiu mudar de casa.
c. Infere-se que Maria Elvira não soube desfrutar das regalias oferecidas por Misael, já que foi assassinada por ele.
d. Misael só acreditou definitivamente que era traído por Maria Elvira quando decidiu matá-la.
e. Pode-se inferir que o título, além de antecipar o crime do qual Maria Elvira é vítima, também aponta para a trágica realidade vivida por grande parcela da população brasileira marginalizada.
COMENTÁRIO
a) O texto não é uma dissertação, mas sim uma narração.
b) Misael não suportou a situação por três anos até mudar de casa. Na realidade, toda vez que Maria Elvira o traía, ele se mudava de casa.
c) Percebe-se que Maria Elvira aproveitou bem as regalias oferecidas por Misael, tanto que ficou de boca bonita e saiu da situação e que se encontrava inicialmente.
d) Misael sabia que era traído, tanto que se mudava de casa sempre que isso acontecia.
e) O item é considerado correto por eliminação, pois a análise do examinador é passível de uma série de questionamentos.
Exemplos (continuação):
4. Não é possível falar sobre pena de morte, sem fazer uma reflexão se o Brasil deve adotá-la. Por isso, é necessário considerar que os posicionamentos favoráveis analisam que tal medida reduziria a violência no Brasil; os opositores consideram ser uma medida drástica e que não teria qualquer impacto sobre a redução dos níveis de criminalidade. O assunto está sendo debatido no Congresso, onde os parlamentares discutem a admissibilidade da matéria.
O texto acima discorre sobre um tema, ou seja, trata-se de uma dissertação. Como essa dissertação coloca em evidência apenas informações, sem o posicionamento do autor, trata- -se de uma dissertação informativa/expositiva.
5. Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por um adolescente, penalmente irresponsável nos termos do que dispõem os artigos 27 do CP, 104 do ECA e 228 da CF. A sociedade clama por maior segurança. Pede pela redução da maioridade penal, mas logo descobrirá que a criminalidade continuará a existir, e haverá mais discussão, para reduzir para 14 ou 12 anos. Analisando a legislação de 57 países, constatou-se que apenas 17% adotam idade menor de 18 anos como definição legal de adulto.
Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos, estamos admitindo que eles devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei e não lhes deu a proteção constitucional que é seu direito. A prisão é hipócrita, afirmando que retira o indivíduo infrator da sociedade com a intenção de ressocializá-lo, segregando-o, para depois reintegrá-lo. Com a redução da menoridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará em colapso. (Dalio Zippin Filho)
No texto acima, o autor discorre sobre a redução da maioridade penal no Brasil e dá a sua opinião. Por esse motivo, trata-se de uma dissertação argumentativa.
6. “[...] Não instale nem use o computador em locais muito quentes, frios, empoeirados, úmidos ou que estejam sujeitos a vibrações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou vibrações, e evite que ele caia, para não prejudicar as peças internas [...]”. (Manual de instruções de um computador).
O texto acima é injuntivo/instrucional, pois orienta/prescreve algo. Do mesmo modo, o exemplo n. 6 (abaixo) também é do tipo injuntivo:
6. Modo de fazer Bata as claras em neve e reserve.
Misture as gemas, a margarina e o açúcar até obter uma massa homogênea.
Acrescente o leite e a farinha de trigo aos poucos, sem parar de bater.
Por último, adicione as claras em neve e o fermento.
Despeje a massa em uma forma grande de furo central untada e enfarinhada.
Obs.: leis, de um modo geral, são textos injuntivos, pois prescrevem normas de comportamento e de cidadania para a coletividade em geral. Manuais de instruções, bulas de remédios e propagandas também são textos injuntivos. Uma aula, por exemplo, é um texto essencialmente informativo, mas há determinados momentos em que o professor repassa instruções, o que torna o texto injuntivo.
DESCRIÇÃO
Objetivo: reproduzir uma realidade estática (com ocorrência simultânea das informações e sem relação de antes e depois entre os acontecimentos).
Características:
• Retrato verbal;
• Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as frases;
• Predomínio de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas;
• Utilização da enumeração e comparação;
• Com frequência, presença de verbos de ligação.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 5.
Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo de um senhor bem velhinho e bem simpático. Ela parece um anjo. Loirinha, cabelo castanho claro, encaracolado, nariz e boca perfeitos, ar inteligente e sadio, uma dessas crianças que a gente vê em anúncios. Pelo jeito, deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso. Ela está vestida em um desses macaquinhos de flanela, com florezinhas azuis e vermelhas e uma malha creme por baixo. Calçando um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo, vermelho e azul, o que nos mostra que a mocinha não é apenas novinha, mas moderninha também. O velhinho tem um tipo bem italiano. O boné cinza é típico desses senhoresque a gente vê passeando pelo Bixiga nos domingos à tarde. Estatura mediana, cabelos e bigodes branquinhos, rosto e mãos enrugadas que traem uma idade bem avançada. Paletó marrom e calça cinza, ambos de lã, malha creme, abotoada até o último botão, como faz todo senhor que se preze. Embaixo da malha, uma camisa azul, mas bem azul mesmo, que destoa de todo o conjunto. O que prova que o cavalheiro e a mocinha apreciam cores fortes.
Pela roupa que os dois estão vestindo e pela carinha rosada dela, deve estar fazendo muito frio. Fato que o ar enevoado e cinzento do jardim, que está atrás deles, vem a comprovar. Os dois estão sentados em um balanço de madeira de cor verde, desses em que cabem apenas duas pessoas e que são bastante comuns em quintais, varandas e jardins de casas
de classe média, classe média alta. Ela está comodamente estirada. Com a cabeça entre o ombro e a barriga do velhinho e os pés apoiados numa almofada de crochê de cor creme.
Nas mãos, ela traz um livro de histórias cheio de desenhos coloridos. Livro esse que, olhando atentamente, você verá que se trata da história da Bela Adormecida. O que, aliás, é muito engraçado, porque enquanto a bela conta a história da Bela Adormecida, o velho é que adormeceu. Ele dorme a sono solto. Com uma mão envolta na dela e a outra apoiada sobre sua própria perna direita, na altura do joelho, ambos, à sua maneira, estão sonhando. Ele sonha dormindo, ela sonha acordada.
A menina está divagando no colo do avô. Isso mesmo: do avô. Porque o velho que você está vendo só pode ser o avô dela. Pela intimidade com que ela está comodamente instalada no colo dele, percebe-se que não pode ser visita, pessoa de cerimônia. E, sim, alguém bem chegado, alguém da família. Para um estranho, ouvir essa história contada por uma criaturinha tão linda seria uma novidade excitante, que dificilmente o faria cair no sono. E, se não fosse por isso, um estranho também não cairia no sono, pelo menos por dever de educação. Resistiria bravamente até a Bela Adormecida acordar. Além disso, é só olhar para a roupa caseira que ele está usando para perceber que não é alguém que foi fazer uma visita. É pessoa da casa mesmo, pai não é. Ele é muito velhinho para ser o pai dela. E pouco provavelmente seria um tio. Tanto pela idade quanto pela disponibilidade e paciência. Tio dá doces, presentes, mas ouvir histórias intermináveis, contadas por uma narradora que de vez em quando divaga, tio não faz. Só pode ser mesmo um avô ouvindo pela milésima vez a mesma história, que para ele deve ser sempre igual e para ela deve ser sempre diferente. Ela, por sua vez, não se deve importar com que seu ouvinte durma. Afinal, ela só quer colo e aquela mão terna, enrugada e querida em volta da sua cintura pequenina.
Mesmo desatento, ele está dando a ela seu tempo e seu carinho sonolento. O balanço de jardim pode ser gostoso de sentar. Mas como você pode ver não é o local mais confortável para se dormir. Principalmente em um dia frio como esse, em um descampado de uma varanda. Mas o fato é que ele não sente a dureza do balanço porque dorme, e ela, igualmente, não sente a dureza da madeira e a frieza do tempo por vários motivos: primeiro, porque sonha, e no sonho não há desconforto ou frio. E, segundo, porque ela tem a barriga do avô como travesseiro, o braço dele como edredom e uma almofada como encosto para seus pés e seu tênis multicolorido. Juntos os dois, ali na varanda, vivem um momento de que ela vai se lembrar sempre e ele não vai se lembrar de nada. Até mesmo nada da história. Por isso, é que ela vai ter de contar e recontar essa história para o avô centenas de vezes. Principalmente para reviver os trechos que ele perdeu com seus cochilos. Assim como você vai ter de ler e reler muitas vezes esse texto até conseguir enxergar toda a beleza e ternura contidas nessa cena.
Ou pelo menos uma pequena parte dela.
UMA FOTO SERIA MELHOR – 19 de agosto – dia do fotógrafo – Este texto tem mil palavras.
Folha de S. Paulo.
Com base na leitura do texto, julgue os itens.
1. Há ironia nos trechos “deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso” e “um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo, vermelho e azul”.
COMENTÁRIO
Pelo contexto, o trecho “deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso” não é uma ironia. Entretanto, no trecho “um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo, vermelho e azul”, a palavra “discretas” foi utilizada com ironia pelo autor. Ao ler esse texto, o leitor faz um processo chamado ressignificação, que consiste em ler novamente a palavra “discretas” a partir das novas informações que foram dadas.
2. A “Bela Adormecida” a que o texto se refere é a garotinha que está com o senhor.
COMENTÁRIO
Na realidade, a “Bela Adormecida” é a personagem do livro que a menina está lendo e não a própria garotinha.
3. O texto compara a funcionalidade de um texto verbal e a de um texto não verbal.
COMENTÁRIO
O objetivo desse texto é comparar a funcionalidade de uma foto com a de um texto verbal. Nesse sentido, o autor aponta que a fotografia seria mais funcional ao dispor “uma foto seria melhor”.
4. Segundo o texto, há mais afinidade entre avôs e netos do que entre tios e sobrinhos.
COMENTÁRIO
No texto, o autor aponta que o avô tem mais idade, disponibilidade e paciência que um tio para ouvir as histórias da garotinha. Entretanto, é importante perceber que o termo “afinidade” não é sinônimo de idade, disponibilidade ou paciência. Além disso, não há um nexo de causalidade entre esses elementos, ou seja, quem tem mais idade, disponibilidade ou paciência não necessariamente tem mais afinidade com alguém. Logo, não é possível dizer que o texto está afirmando que há mais afinidade entre avôs e netos do que entre tios e sobrinhos.
5. É imprescindível a presença, junto ao texto, de uma fotografia que retrate a cena descrita para que as ideias expressas sejam transmitidas de maneira adequada e completa.
COMENTÁRIO
Na verdade, o que o texto busca é substituir a fotografia, isso para dizer que uma fotografia
seria melhor.
NARRAÇÃO
Objetivo: reproduzir uma realidade dinâmica (com progressão temporal, ou seja, relação de anterioridade e posterioridade entre os acontecimentos).
Características:
• Elementos narrativos:
° Narrador: quem conta a história (pode dela participar);
° Personagem: quem vive o enredo;
° Enredo: sucessão de acontecimentos (em regra, tem como elementos a apresentação, a complicação, o clímax e o desfecho);
° Tempo: quando a história acontece e quanto tempo dura;
° Espaço: onde a história acontece;
° Discurso: voz das personagens.
• Verbos no pretérito (passado).
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 5.
Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a palhinha dura a capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída no peito, um fio de baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra, um cacho dourado de giesta e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do chorão faiscando — verde, verde! Primeira vez depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um homem, não barata leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas na cabecinha trêmula, adormece. Gritos: Recolha a roupa.
Maria, feche a janela. Prendeu o Nero? Rebenta com fúria o temporal. Aos trancos João ergue o rosto, a chuva escorre na boca torta. Revira em agonia o olho vermelho — é uma coisa, que a família esquece na confusão de recolher a roupa e fechar as janelas?
Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações).
Obs.: o texto acima é uma narração em terceira pessoa cujo narrador não participa da história, mas sabe de tudo. Esse tipo de narrador é chamado de “onisciente”, ou seja,
aquele que sabe de tudo. Além disso, apesar de esse ser um texto narrativo, há trações de descrição e o discurso dos personagens. Por isso, vale lembrar que, apesar
de as tipologias textuais serem independentes, elas não se excluem. Assim, um texto
pode conter uma ou várias tipologias textuais.1. No texto, predominantemente narrativo, ocorrem tanto o discurso direto como o discurso
indireto livre.
COMENTÁRIO
No trecho “Recolha a roupa. Maria, feche a janela. Prendeu o Nero?” o autor utiliza o
discurso direto para reproduzir, literalmente, a fala da personagem. Já o discurso indireto
livre é considerado um dos mais difíceis em textos, pois é bastante sutil. Entretanto, está
presente nesse texto no trecho “é uma coisa, que a família esquece na confusão de recolher
a roupa e fechar as janelas?”, pois o autor expõe um pensamento de João, mas sem dizer
diretamente que foi ele quem pensou isso.
2. A escassez de verbos nas duas primeiras frases do texto e o uso de forma verbal na voz
passiva realçam a situação de imobilidade e fragilidade do personagem em foco.
COMENTÁRIO
De fato há uma escassez de verbos no texto, o que realça a situação de imobilidade e
fragilidade do personagem. Entretanto, há outros elementos que demonstram isso, como o
fato de ele ter a cabeça caída no peito, estar com um fio de baba no queixo e o fato de ele
erguer o rosto aos trancos, ou seja, com muita dificuldade.
3. Por tratar-se de narrativa em terceira pessoa, o texto apresenta, além do relato das ações,
alguns comentários do narrador, sem perscrutar o pensamento do personagem principal.
COMENTÁRIO
O narrador registra o pensamento do personagem principal. Assim, dizer que o autor não
perscruta esse pensamento torna o item falso.
4. O uso das formas verbais “ergue” (l. 7) e “Revira” (l. 8), denotativas de movimento, indica
a recuperação física do personagem, decorrente da retomada da “ânsia de viver”.
COMENTÁRIO
Quando o autor fala que o personagem ergueu o rosto e revirou o olho, significa que ele
está perplexo com a situação, e não que ele recuperou a ânsia de viver.
5. O prazer proporcionado pela percepção sensorial de pássaro e plantas contribui para que
o personagem se sinta revigorado e recupere sua autoestima.
COMENTÁRIO
No momento em que o autor narra a ida do personagem ao jardim, mostra que ele recupera
a sua visão positiva de homem.
6. No que se refere aos conceitos relativos às técnicas de redação, sabe-se que a narração
é um relato de fatos vivenciados por personagens, em sequência temporal coerente. A
estrutura básica de uma narrativa ordena-se, sequencialmente, por
a. conflito, apresentação, clímax e desfecho.
b. apresentação, desfecho, clímax e conflito.
c. apresentação, conflito, clímax e desfecho.
d.desfecho, apresentação, conflito e clímax.
e. apresentação, desfecho, conflito e clímax.
COMENTÁRIO
A sequência correta seria a apresentação, o conflito, o clímax e o desfecho.
MORFOLOGIA 
Vamos trabalhar, neste capítulo, as classes gramaticais dentro do contexto oracional. É importante que você entenda as palavras em um nível fraseológico, ou seja, compreenda, em uma relação sintagmática, a comunicação entre termos regentes e termos regidos.
Há dez classes gramaticais: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome,
verbo, advérbio, preposição, conjunção, interjeição.
Vamos, agora, conceituar as classes gramaticais. Advirto: o conceito desprovido de aplicação textual é inócuo. Seria como se você tivesse a receita de um bolo, sem possuir os ingredientes. Ficaremos com fome (risos). Dessa forma, para termos efetividade no nosso trabalho, definiremos, de forma sucinta, as classes de palavra; mas aplicaremos, também, ao texto. Sempre digo aos meus alunos que o estudo da gramática, sem contemplar as possibilidades que
o texto nos oferece, é engodo.
1) Pode haver alguma coisa mais tola, me diga, que a maneira de viver desses homens que deixam a prudência de lado? Vivem ocupados para poder viver melhor: acumulam a vida, dissipando-a.
2) O poeta, que esplendidamente censura tua cogitação infinita, não fala de melhor idade.
Na gramática há dois eixos: um vertical, paradigmático e um horizontal, sintagmático. Se a palavra MELHOR for retirada do texto (eixo paradigmático), tem-se um adjetivo. Se a palavra MELHOR for retirada do texto (eixo sintagmático), tem-se um advérbio.
Dentro de um texto o que determina a classe é o eixo horizontal (sintagmático).
AQUI é um advérbio de lugar, mas considere a seguinte frase:
A ALUNA AQUI ESTÁ CONFUSA (neste contexto, AQUI não é advérbio pois para ser advérbio a palavra deve referir-se ao verbo, a outro adjetivo ou a outro advérbio – é um pronome demonstrativo que se refere ao substantivo A ALUNA). 
2) O poeta, que esplendidamente censura tua cogitação infinita, não fala
de melhor idade. Neste contexto MELHOR é um adjetivo que caracteriza
substantividade.
Tirando do texto verticalmente, temos a mesma classe de palavras, ambos adjetivos, mas no eixo horizontal (sintagmático), observando a comunicação entre termos regentes e termos regidos, o vocábulo MELHOR no exemplo 1
refere-se ao verbo e, no exemplo 2, refere-se ao substantivo.
A mulher forte é uma inovação do capitalismo.
Forte é um adjetivo e o que determina a classe é a relação do texto onde a é um artigo, mulher é substantivo.
O forte vencerá se souber ser fraco.
O é artigo, forte é substantivo e, na língua portuguesa, o artigo sempre se refere ao substantivo, o artigo substantiva as palavras.
Os ventos de uma nova realidade sopram forte.
Sopram fortes, no sentido de sopram fortemente, é um advérbio. Há uma adverbialização do adjetivo sem acrescentar o sufixo mente. As duas formas estão de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
O que determina a classe é o eixo horizontal, o eixo sintagmático.
 
DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA OU CONVERSÃO
EXERCÍCIO APENAS EXEMPLIFICATIVO (SEM GABARITO)
1. (FGV/MRE/OFICIAL DE CHANCELARIA/2016) Um dos processos conhecidos de formação de palavras em Português é a chamada “derivação imprópria”, marcada pela criação de uma nova palavra pela modificação de sua classe original. Tal processo aparece em:
a. “Sim, no começo era o pé”.
b. “Se está provado, por descobertas arqueológicas, que há sete mil anos estes brasis já eram habitados...”.
c. “... pensai nestas legiões e legiões de pés que palmilharam nosso território”.
d. “E pensai nestes passos, primeiro sem destinos, machados de pedra abrindo as iniciais picadas na floresta”.
e. “E nos pés dos que subiam às rochas distantes”.
A derivação imprópria consiste na mudança de classe ou subclasse de uma palavra sem sofrer qualquer modificação na forma. Observe alguns exemplos:
a) Verbo tornou-se substantivo:
Meu sofrer é proporcional aos seus não. (Neste caso, o pronome possessivo adjetivo “Meu” refere-se ao verbo “sofrer”. 
Lembrem-se: o pronome adjetivo tem como termo regente o substantivo)
b) Advérbio tornou-se substantivo:
O hoje deve ser vivido com intensidade.
c) Adjetivo tornou-se advérbio:
Os homens vivem ocupados para poder viver melhor.
d) Substantivo tornou-se adjetivo:
 Os homens que me persuadiram não são burros.
e) Adjetivo tornou-se um substantivo:
Os ortodoxos são naturalmente refratários às mudanças.
f) Substantivo tornou-se interjeição:
Silêncio!
g) Verbo tornou-se interjeição:
Viva!
h) Substantivo próprio tornou-se comum:
Prefiro damasco a figo.
i) Substantivo comum tornou-se próprio:
O João namora a Rosa; e o Mário, a Margarida.
Brasil é substantivo próprio, brasis é substantivo comum que é considerado derivação imprópria.
O Brasil atual é resultado de uma histórica polarização.
O Brasil de hoje é resultado de uma histórica polarização.
O Brasil, que é o maior país da América do Sul, colhe as consequências da polarização.
TIPOLOGIAS TEXTUAIS – ANÁLISE DE TEXTOS
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refinado, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido.Depois, quando chegou a vez do obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro, incapazes de suportar música de má qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas. Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os nomes de Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada. Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
Obs.: apesar de ser iniciado com uma narração, o texto acima possui uma intenção analítica, portanto, trata-se de um texto essencialmente dissertativo-argumentativo. É importante perceber que o objetivo do texto não era contar a história de Pixis, mas analisar a importância da estética da recepção do que se julga arte.
1. Infere-se do texto que, na ocasião do concerto em Paris, em 1837,
a. Pixis tocou uma composição de Beethoven como se fosse de sua autoria.
b. Liszt equivocou-se na leitura do roteiro de composições que deveria executar.
c. a plateia revoltou-se contra Liszt, por ele ter confundido uma composição de Pixis com uma de Beethoven.
d. o público julgou as composições apenas com base nas designações equivocadas no programa do concerto.
e. as peças de Pixis e Beethoven foram executadas de modo tão semelhante que o público não foi capaz de distingui-las.
COMENTÁRIO
a) Quem tocou as composições foi Liszt.
b) Na realidade, o equívoco ocorreu na impressão do programa do concerto, que mostrava a ordem inversa na qual as composições seriam executadas.
c) A plateia não se revoltou contra Liszt.
e) O público julgou as composições apenas com base nas designações equivocadas no programa do concerto e, por isso, tratou com desprezo uma música de Beethoven, que era o compositor admirado por todos.
2. No texto, com o emprego da expressão “(hoje)” (l. 2) entre parênteses, o autor
a. destaca que Pixis é desconhecido na atualidade, mas que não o era em 1837.
b. indica que, a partir da data do concerto, Pixis deixou de ser desconhecido.
c. enfatiza o “dia de glória” (R. 1 e 2) de Pixis.
d. ressalta que se trata do dia do concerto de Franz Liszt.
e. revela desprezo pela popularidade de Pixis em 1837.
COMENTÁRIO
O emprego do termo “hoje” entre parênteses serve para mostrar que Pixis não era desconhecido na época, assim como acontece atualmente.
3. No texto, a palavra “medíocre” (l.1) foi empregada com o mesmo sentido de
a. carente.
b. tímido.
c. humilde.
d. inexpressivo.
e. despretensioso.
COMENTÁRIO
No contexto em que foi utilizada, a palavra “medíocre” mostra que Pixis era um compositor que não tinha expressividade.
4. A correção e os sentidos do texto seriam preservados se a palavra “enxovalhada” (l. 13) fosse substituída por
a. desassistida.
b. desagravada.
c. afamada.
d. aplaudida.
e. desdenhada.
COMENTÁRIO
No texto, a palavra “enxovalhada” está apontando um sentido contrário de “aplaudida”, logo, ela poderia ser substituída por “desdenhada”.
5. No segundo parágrafo do texto, o termo “adjetivos” remete às palavras
a. “verdadeiros” e “relativos”.
b. “refinado”, “culto” e “bovino”.
c. “admirável”, “maravilhoso” e “extraordinário”.
d. “desconhecido” e “compositor”.
e. “hoje” e “sempre”
6. O autor do texto apresenta a narrativa do concerto de Liszt com o propósito de
a. reconhecer que Pixis era tão genial quanto Beethoven.
b. criticar o modo como algumas pessoas consomem arte.
c. dar notoriedade à carreira de Pixis.
d. alertar o público de que não se deve confiar em tudo que se lê.
e. incentivar o público a ampliar seu repertório musical
COMENTÁRIO
O texto apresenta uma crítica quanto a forma como as pessoas consomem arte.
Texto para as questões de 07 a 10:
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos. (...)
Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida.
Eles, não; matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas. De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa-vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como é então que se castigam as moças que confessam não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente? Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é um absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar à vontade. Não as matem, pelo amor de Deus.
Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83-5.
7. O vocábulo “valentona” (terceiro parágrafo) foi empregado em referência a “mulher”.
COMENTÁRIO
Na realidade, o texto não apresenta a mulher como sendo “valentona”. O que há é um domínio “a valentona” do homem sobre a mulher, ou seja, o homem quer dominar a mulher a cano de revólver.
8. O vocábulo se recebe a mesma classificação em “se julgam” (l. 7) e “se castigam” (l. 21).
COMENTÁRIO
No primeiro caso, o “se” é um pronome reflexivo. Já no segundo caso, o “se” é uma partícula apassivadora.
9. O autor emprega a expressão “De resto” (terceiro parágrafo) para se referir a outros homens além dos “maridos que matavam as esposas adúlteras” e dos “noivos que matam as ex-noivas”.
COMENTÁRIO
Nesse trecho, o autor não está se referindo a uma terceira categoria de homens. Na realidade, ele continua se referindo aos maridos que matavam as esposas e aos noivos que matavam as noivas.
10. Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, a forma verbal “deseje” poderia ser substituída por aspire a.
COMENTÁRIO
O verbo “aspirar” pode ser utilizado no sentido de “desejar”. Quando isso acontece, ele se torna um verbo transitivo indireto e pede a preposição “a”. Assim, o item é verdadeiro.
GABARITO
1. d
2. a
3. d
4. e
5. c
6. b
7. E
8. E
9. E
10. C

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