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Boletim do Minério de Ferro 2020

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1 
 
Boletim do Minério de Ferro 
 
Outubro 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRODUÇÃO ÚLTIMOS 10 ANOS - QUANTIDADE E PREÇO 
Variação do preço: Existem diversos fatores que podem influenciar sobre o preço do minério de ferro, desde a 
granulometria do minério, sendo que o fino possui menor valor agregado quando comparado aos granulados, o 
modo pelo qual ele será transportado até o destino, a concentração encontrada (teor de ferro), o contrato que é 
fechado (se é de médio ou longo prazo), a condição do mercado na época da negociação (como está a oferta e a 
demanda), entre outros. Entretanto, em geral, o preço é fixo para um determinado teor de ferro. O 
comportamento do valor dessa Commodity dos últimos 20 anos pode ser verificado na figura 1 a seguir: 
Gráfico 1- Variação do preço através dos anos em Dólares americanosFonte: IndexMundi 
 
 
 
PRODUÇÃO DOS ÚLTIMOS ANOS 
 
As reservas brasileiras, com um teor médio de 46,2% de 
ferro, representam 19,8% das reservas mundiais. Os 
principais estados detentores de reservas de minério de 
ferro são: Minas Gerais (74,4% das reservas e teor médio 
de 41,1% de Fe), Pará (19,5% e teor médio de 65,6%) e 
Mato Grosso do Sul (2,2% e teor médio de 63,7%). A 
proporção pode ser melhor verificada no gráfico 2: 
Gráfico 2 - Distribuição das reservas brasileiras de 
minério de ferro 
 
 
Fonte: Fonte: ANM/SRDM; USGS-Mineral 
Commodity Summaries 2018. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
2 
 
 
 
Quanto a produção, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro, estando atrás apenas da 
Austrália. Abaixo, verifica-se a produção brasileira nos últimos anos: 
Gráfico 3 - A evolução da produção do minério de ferro 
Fonte: IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) 
No ano de 2018, a pauta dos bens minerais exportados pelo Brasil atingiu um volume de 409 milhões de toneladas e 
representou, em dólares, US$ FOB 29,9 bilhões, sendo o minério de ferro representante de 68% desse valor. Em 
2019, a produção de minério de ferro caiu devido à tragédia de Brumadinho (MG) ocorrida em janeiro deste ano. 
Os números oficiais de 2019 só devem ser conhecidos quando a Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgar o 
Sumário Mineral. Segundo a entidade, a produção saiu de 450 milhões de toneladas em 2018 para cerca de 410 
milhões de toneladas em 2019. 
 
CONSUMO 
 
O consumo efetivo do mercado de minério de ferro 
pode ser descrito como concentrado na produção de 
ferro gusa e na produção de pelotas. O ferro gusa é 
uma liga metálica formada pela síntese do ferro 
misturado a alguns óxidos à altas temperaturas, 
amplamente utilizado pelas usinas siderúrgicas e 
produtores independentes na produção do aço, 
enquanto as pelotas são pequenas bolinhas de minério 
de ferro, também usadas na fabricação do aço. 
 
O mercado também engloba outros produtos na 
indústria siderúrgica, tais como granulado, sinter e 
pellet feed (finos), e conhecê-los é fundamental, pois 
possuem preços e segmentos distintos. 
 
 
O consumo efetivo é estimado com base nos dados 
de produção de ferro gusa e pelotas, e nos índices 
médios de consumo informados pelas empresas 
produtoras. Em média, a quantidade de minério 
consumida para produção de gusa e pelotas são, 
respectivamente: 1,56 t de minério/t de gusa e 1,08 t 
de minério/t de pelotas). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Recolhimento de ferro gusa fundido, 
fonte: Brasil Escola, 2020. 
 
Figura 2 - Pelotas de ferro, fonte: Arquivos Vale, 
2017. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
3 
 
 
 
 
Figura 3 - Elemento gráfico gerado a partir de dados e imagens da Usiminas mineração, 2020. 
 
Como o setor de minério de ferro opera fundamentalmente em função do setor siderúrgico e oscila em função de 
seu desempenho, o consumo é determinado de acordo com a demanda das empresas. As principais empresas que 
produzem no Brasil e também consomem como subsídio para a própria infraestrutura são a Vale; Samarco; 
CSN; MMX; e Usiminas. 
 
Escolhendo uma das empresas acima, apresentamos abaixo uma representação gráfica da produção da 
mineradora Usiminas entre 2010 e 2019. 
Gráfico 4 - Produção dos principais produtos da Usiminas. 
 
Fonte: Usiminas Mineração, 2020. 
O desenvolvimento do mercado de minério de ferro 
está ligado à indústria siderúrgica, uma vez que a 
maior parte do consumo de minério de ferro é 
destinada à fabricação do aço. Estima-se que 99% do 
total produzido seja destinado diretamente para a 
indústria siderúrgica (Conferência das Nações Unidas 
sobre Comércio e Desenvolvimento, 2008). Desse 
modo, mudanças no consumo do aço impactam o 
mercado siderúrgico e consequentemente o mercado 
de minério de ferro. 
 
Ao analisar o gráfico, é possível observar que entre os 
anos de 2015 a 2017, o setor de mineração sofreu com 
os impactos da crise econômica que causou queda no 
 
 
consumo e, consequentemente, no preço do 
minério de ferro. 
 
Portanto, avaliando a relação do consumo com a 
demanda, podemos atribuir ao minério de ferro, 
um caráter de bem normal, ou seja, o crescimento 
da renda de seus consumidores estimulará a 
expansão da intensidade de consumo. Com isso, as 
siderúrgicas buscaram alternativas para redução de 
custos e novos investimentos, a fim de expandir a 
utilização do ferro, diminuindo as barreiras de 
crescimento do setor, e aumentando novamente a 
produção. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
4 
 
 
 
 
Também vale ressaltar, que o aumento da produção no ano seguinte, deve-se a crescente urbanização e 
infraestrutura do território dos consumidores, o que eleva a demanda por produtos siderúrgicos e, 
consequentemente, do insumo principal. 
 
Sobretudo, com a probabilidade de expansão das usinas de pelotização, o aproveitamento dos minérios finos 
gerados torna-se cada vez maior. De qualquer forma o aproveitamento do minério fino (pellet-feed), deve ter 
como destino principal, a exportação, seja como pelota (pellets) ou como minério (pellet-feed), como acontece 
atualmente. Portanto, mesmo com a implantação de novas usinas de pelotização, esse minério vai ficar na cota 
de disponível para a exportação com a união da produção ao consumo interno. 
 
ELASTICIDADE 
 
O valor de elasticidade positivo e menor do que 1 representa uma demanda inelástica, ou seja, a variação do 
preço do minério de ferro gera pouca variação na quantidade exportada. A partir da metodologia adotada foram 
obtidos os resultados mostrados no quadro 1 para a elasticidade-preço e elasticidade-renda: 
 
Quadro 1 - Análise da demanda por exportação de minério de ferro no Brasil 
 
Isso significa que o aumento em 1% no preço do minério de ferro leva a uma redução de 0,12% na quantidade 
demandada. Isso ocorre devido às características oligopolistas que esse setor possui, ou seja, poucas empresas 
dominam o setor, por isso, são elas que controlam o preço. E como o minério de ferro é um bem essencial, a 
variação do preço causa pouca variação na demanda. Já em relação à renda, o aumento em 1% na renda leva a 
um aumento de 0,18% na quantidade demandada. O minério de ferro é um bem normal, o aumento na renda 
também causa o aumento no consumo. Como poucas empresas ofertam essa commoditie, espera-se que os 
fornecedores sejam sempre os mesmos (ALBUQUERQUE, 2014) 
 
COMÉRCIO INTERNACIONAL 
 
A extração de minério de ferro ocorre em indústrias instaladas na grande parte dos países. Os dez maiores 
produtores mundiais de minério de ferro são: China, Brasil, Austrália, Índia, Rússia, Ucrânia, África do Sul, Irã, 
Canadá e Estados Unidos. (Informação: IPEADATA 2012). Assim, o preço do minério de ferro é diretamente 
influenciado pela economia desses principais produtores, especialmente a da China, pois mesmo sendo uma das 
maiores produtoras desta matéria-prima, ainda assim, é a maior compradora mundial de minério de ferro.Quadro 2 - Exportações brasileiras em 2019 e 2020 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Quadro 3 - Tabela de exportações de minério de ferro em 2019 e 2020 
 
 
 
 
Figura 4 - Infográfico variação de preço 
 
Um exemplo envolvendo esses fatores é o caso de rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana. As 
produções foram comprometidas, e os preços da empresa na bolsa de valores teve uma queda. No entanto, o 
preço do minério subiu. 
 
Conforme os dados fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de 
minério de ferro em agosto/20 foram de 31,3 milhões de toneladas, quantidade 7,4% menor que no mesmo mês 
do ano passado. Entre janeiro e agosto de 2020, as exportações somaram 211,4 milhões de toneladas, 8,3% 
abaixo de igual período em 2019. 
 
A receita das exportações em agosto atingiu US$ 2,4 bilhões, 15,7% abaixo do verificado no mesmo mês do ano 
passado. Nos primeiros oito meses de 2020, as receitas somaram US$ 14,3 bilhões, valor 6,7% inferior ao do 
mesmo período do ano passado. 
 
Quadro 4 - Exportações Brasileiras de Minério de Ferro 
 
Fonte: Secretária de Comércio Exterior - Secex 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Gráfico 5 - Exportação Brasileira de Minério de Ferro - Receita Mensal 
 
Fonte: Secex / Bloomberg 
 
QUESTÕES TRIBUTÁRIAS E INCENTIVOS 
 
A mineração tem sido submetida à cobrança de encargos especiais ao longo da história. A razão fundamental 
para essa cobrança decorre da propriedade dos bens minerais. Na maioria dos países os recursos minerais 
pertencem ao Estado e, para conceder o direito de uso exclusivo de bens minerais de sua propriedade o Estado 
exige, como contrapartida, pagamento por esse direito. No Brasil esta compensação vem através do encargo 
CFEM. 
Além disso, a existência de um retorno econômico acima do que seria necessário para justificar o 
empreendimento mineiro, resultante da qualidade da mina, desperta interesse tributário uma vez que o 
proprietário do recurso pode desejar uma participação nesse benefício proporcionado pela natureza. Para atingir 
essas finalidades, os governos utilizam instrumentos diversos, cada um com vantagens e desvantagens, que se 
classificam em três grandes categorias: royalties específicos, royalties ad valorem(a compensação financeira é 
cobrada a partir da aplicação de um percentual sobre o valor bruto da venda) e impostos especiais sobre o lucro 
ou a renda proporcionada pelo empreendimento mineiro 
 
Levantamento recente identificou a existência de 11 impostos, 35 contribuições, 31 taxas e 7 fundos 1. Incidem, 
sobre a mineração brasileira, impostos, contribuições, taxas, emolumentos (recompensa), bem como a 
compensação financeira pela exploração dos recursos minerais e a participação do superficiário. 
 
De acordo o art.3º do Código Tributário Nacional os tributos são todas as prestações pecuniárias compulsórias 
instituídas em lei e cobrada mediante atividade administrativa vinculada, que não constitua sanção de ato ilícito. 
 
No caso do setor de mineração no Brasil, especialmente em relação ao minério de ferro, os tributos existentes 
são compatíveis, em grande parte, com aqueles concedidos pelas principais economias mundiais, retratados em 
um quadro-resumo (quadro 5) dos tributos e incentivos fiscais (estando estes mais presentes para exportações). 
 
Minérios geralmente são materiais cotados como commodities, ou seja, seu preço é determinado pelo mercado 
mundial e não por sua marca ou empresa que o produz. Já que são indispensáveis para o desenvolvimento dos 
países e da sobrevivência humana. Dessa forma, seu preço varia de acordo com variados fatores, além do 
clássico modelo oferta e demanda. Assim, as empresas que participam desse mercado têm de aceitar o preço do 
minério dado a mercadoria com pouco ou nenhum poder para negociar cotações diferentes. A produtora sempre 
tentará repassar a totalidade dos impostos para os consumidores, porém, como a empresa deve aceitar o preço 
estabelecido pelo mercado mundial, não é a decisão dela deixar com que o ônus dos tributos recaia sobre os 
consumidos. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Quadro 5: Fonte: Braz, 2009, Modificado 
 
Os fatores que influenciam o preço do 
minério de ferro são diversos, como: 
logística(oferta e demanda), custo de 
produção, tarifas portuárias, fatores 
políticos dentre outros. Os tributos 
relacionados a extração e 
comercialização do minério de ferro 
afetam principalmente a demanda do 
produto. Porém, o produto segue uma 
demanda inelástica, por ser um produto 
essencial e por não haver produtos 
substitutos, assim, mesmo que os 
impostos consigam aumentar o preço 
estabelecido pelo mercado mundial, a 
demanda não será muito afetada. 
 
 
 
 
Tabela 1: Arrecadação da CFEM por Estado em R$. Fonte: DNPM 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Externalidades – impactos ambientais/mudanças climáticas; barreiras 
 
O setor mineral gera resultados positivos no campo econômico, dimensionados pela produção e comercialização 
dos bens minerais, oferta de empregos e geração de receitas para os cofres públicos por meio de impostos e 
royalties. Da mesma forma, a extração e o beneficiamento do minério produzem reflexos no desenvolvimento 
social. Entretanto, a atividade também gera externalidades negativas nas regiões e em seu entorno, as quais 
absorvem os custos socioambientais da mineração, revelando a necessidade de aperfeiçoamento dos 
instrumentos de gestão pública e de segurança nas operações das empresas do setor. 
A mineração de ferro não produz só bilhões de dólares e “progresso”: ela está repleta de perigos, mortes e 
destruição socioambiental. Trabalhadores morrem e adoecem; grandes áreas são desmatadas; caminhões e trens 
circulam atropelando pessoas e animais; as usinas de beneficiamento geram poluição atmosférica; aquíferos 
formados em regiões ferríferas são contaminados e destruídos; em tempos de crise hídrica a água consumida é 
enorme, inclusive pelos minerodutos; a quantidade de rejeitos é gigantesca e acumulada em barragens; e o 
rompimento delas com lamas com diferentes graus de toxicidade podem se transformar em um grande perigo. 
É possível identificar, pelo menos, dez dimensões que configuram a interface mineração e desenvolvimento. O 
menor ou o maior peso de cada dimensão é contextual, todavia, os estudos evidenciam que, se no passado 
recente apenas a viabilidade econômica e tecnológica oferecia garantias para o funcionamento de um 
empreendimento mineral. No século XXI isso não é mais aceitável e a mineração necessita dar conta das 
múltiplas dimensões que permeiam sua relação com a sociedade para que se avance na trilha da sustentabilidade. 
 
 
Figura 5: Dimensões que configuram a interface mineração e desenvolvimento. 
 
 
No Brasil, os principais problemas oriundos da mineração podem ser englobados em quatro categorias: 
poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, e subsidência do terreno. Estas externalidades geram conflitos 
com a comunidade, que normalmente têm origem quando da implantação do empreendimento, pois o 
empreendedor não se informa sobre as expectativas, anseios e preocupações da comunidade que vive nas 
proximidades da empresa de mineração. Alguns dos principais problemas da mineração de ferro são as antigas 
barragens de contenção e poluição de águas superficiais. Um exemplo aconteceu em novembro de 2015, onde 
ocorreu um dos piores acidentes da mineração brasileira no município de Mariana- MG. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
9 
 
 
 
O acidente no município de Mariana-MG liberou aproximadamente 45 milhões de metros cúbicos de resíduos de 
mineração, formados principalmente por óxido de ferro, água e lama. Esses rejeitos ainda podem causardanos a 
grandes ecossistemas. A lama que atingiu a área próxima à barragem formou uma espécie de cobertura no local. 
Por sua vez, devido ao seu baixo conteúdo orgânico, a cobertura de lama impedirá o desenvolvimento de 
espécies vegetais, tornando a área estéril. À medida que a lama atinge os ambientes aquáticos, causa a morte de 
todos os organismos (como algas e peixes) ali encontrados. Além de afetar a economia de cidades beira-rio onde 
muitos moradores viviam a base da pesca, nesses rios afetados. Pouco mais de três anos após o acidente em 
Mariana-MG, em Janeiro de 2019, houve outro rompimento de barragem de rejeitos. Dessa vez, a barragem B1 
da mina de ferro de Córrego do Feijão, pertencente à empresa brasileira Vale S.A., despejou, de forma abrupta, 
13 milhões de m³ de lama de rejeito na natureza, sobre o município de Brumadinho-MG. Para além da questão 
dos danos ambientais – danos à biodiversidade aquática e terrestre, recursos hídricos e ar –, o crime causou 
problemas de saúde pública, uma vez que interferiu no abastecimento de água em pelo menos 21 municípios. 
 
 
Figura 6: Lama proveniente do rompimento 
da barragem de Brumadinho-MG 
Figura 7: Poluição da água decorrente 
de resíduos do minério de ferro 
 
Expectativa do "minério verde" 
Uma boa surpresa é a tecnologia a seco de concentração de rejeitos, estéreis e de minérios de baixo teor 
provenientes da mineração de ferro, com externalidades altamente positivas. Mais especificamente, trata-se da 
possibilidade de produzir minério de ferro e outros minerais a partir da remediação ambiental de bota-foras de 
resíduos e estéreis, áreas com potencial de causar impacto e acidentes ambientais, com danos à população. Os 
materiais recuperados das barragens, mormente minério de ferro, são transformados em metal, gerando renda, 
fomentando a atividade econômica, e promovendo o equilíbrio de locais ambientalmente deteriorados. Sob 
variados prismas, pode-se observar os benefícios do “minério verde” no aumento da sustentabilidade: economia 
de recursos, visto tratar-se de matéria-prima do processo siderúrgico; economia de água, por ser processo a seco; 
diminuição do 
risco de contaminação da água; economia de energia no processo e frete, em virtude de não dispender energia na 
manipulação e combustível no transporte até as siderúrgicas e por não haver consumo de coque na evaporação de 
águas dos fornos; diminuição de riscos e passivos ambientais; e por prescindir da construção de barragens. Por 
meio de processo a seco, transformam-se materiais destituídos de valor econômico em produtos equivalentes e 
até superior em termos de qualidade aos minérios comercializados, ou seja, obtém-se o mesmo produto por meio 
de processo produtivo diferente. O produto obtido foi denominado “minério verde”, em virtude de recuperar 
rejeitos deixados pela mineração convencional e de utilizar menos água e menos energia, se comparado com o 
processo ordinário “a úmido”. Tais ganhos ambientais são altamente relevantes! Se, de um lado, é óbvio que a 
estrutura de custos de produção do “minério verde” é mais elevada do que a produção mineira nos moldes 
usuais, por envolver atividade transformadora; por outro, os ganhos , externalidades positivas, da produção dos 
citados minérios para o meio ambiente e para toda a sociedade saltam aos olhos. Obviamente, são altos os 
investimentos para se implantar e manter uma unidade de recuperação, pois as respectivas estruturas de custo são 
superiores. Impõe-se, portanto, caso se queira usufruir das externalidades já apontadas que esse setor gerará, 
tratamento diferenciado no que respeita à política pública, tanto em geral, quanto na tributária, com seu 
enquadramento em regime fiscal alternativo. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
10 
 
 
 
É impositivo concluir que o futuro viável da mineração brasileira depende do aumento da produção de “minérios 
verdes”, que significa aumento de 25% das reservas viáveis economicamente de minério de ferro, pois permite 
aproveitamento de rejeitos com somente 19% de óxido de ferro, enquanto que a mineração convencional 
necessita de um teor mínimo de 38%. Ademais, os benefícios com externalidades e o impacto positivo sobre 
produção, empregos e salários são extremamente positivos e indispensáveis. 
 
 
 
CUSTO DE PRODUÇÃO 
Figura 8: Projeto de minério de ferro a seco 
Muitos são os fatores que interferem no custo final da produção do minério de ferro, desde a parte da extração, 
até a parte do minério pronto para ir para as refinarias, como pode ser visto no esquema abaixo: 
 
1º Etapa - Extração 
Nessa etapa o custo é devido principalmente porque envolve a 
utilização de escavadeiras, tratores, e até mesmo explosivos 
quando o minério se encontra longe da superfície. 
 
 
 
 
Figura 9- Extração das rochas 
2º Etapa - Transporte 
 
 
 
 
 
Figura 10- Caminhão utilizado para transporte 
Nessa etapa, o custo está associado com os caminhões fora- 
de-estrada que transportam a matéria bruta até a usina. São 
caminhões enormes, que suportam cerca de 365 toneladas (36 
vezes mais que um caminhão comum), que não cabem em 
estradas comuns. 
 
3 º Etapa- Britagem 
Nessa etapa o custo está relacionado com o modo com que o 
minério bruto chega à usina, ou seja, em grandes blocos, e 
por isso é necessário uma etapa para quebrar esses blocos. 
São esmagados até atingir o tamanho adequado para a 
separação. 
 
Figura 11- Etapa de britagem 
4º Etapa - Separação 
 
 
 
 
 
 
Figura 12- Peneiramento por jatos de água 
Após a britagem vai para a peneiração, cuja separação é 
baseada na granulometria do metal. Os finos passam, e os mais 
grossos retornam para britadeira. O custo nessa etapa é 
principalmente devido o peneiramento ser feito com jatos de 
água, onde a quantidade de água utilizada é muito alta por 
tonelada de minério. 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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5º Etapa- Concentração 
Parte do minério fica tão fina que se confunde com os 
grãos de areia. Por esse motivo é necessário um 
separador magnético que irá atrair o pó de ferro, 
enquanto a areia vai embora. Etapa que também envolve 
um custo para funcionar. 
 
 
 
6º Etapa - Reciclagem de água 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13- Separação por capacidade magnética 
 
 
 
 
 
Figura 14- 
Reaproveitamento 
de água 
A água utilizada para limpar o minério é recolhida no final do processo e, reutilizada 
novamente para reabastece-lo. Devido a isso, e ao fato dessa água ser utilizada em 
outras etapas , a concentração de minerais tende a aumentar cada vez mais e, ao longo 
tempo causar incrustações na tubulação ou, pelo aumento da acidez levar à corrosão 
dos tubos. É gerado custo então, desde a etapa de reaproveitamento de água, até a parte 
de ter que trocar os instrumentos e equipamentos por outros novos. 
7º Etapa- Empilhadeira 
Como o nome sugere, uma máquina com pás gigantes 
vai descarregando o minério em pilhas, até formar 
uma verdadeira montanha de armazenagem. Processo 
que também interfere no custo. 
 
 
Figura 16- Transporte para o porto 
 
 
 
 
 
 
Figura 15- pilhas de armazenagem 
8º Etapa- Ferrovia 
Para transporte desse material, toneladas de minério de 
ferro são transferido através de trens até o porto mais 
perto, de onde saem por meio de navios para seus 
destinos 
 
Por um lado melhores recuperações implicam em um aumento de custo, por outro lado, os custo não devem ser 
maiores que os lucros e, portanto, todos esses valores devem estar devidamente balanceados. Devido a isso 
diversos são os conceitos de custos e lucros que devem ser observados. O balanço financeiro de uma das maiores 
empresas no ramo de minério de ferro brasileira (Vale SA) pode ser verificado a seguir: 
Tabela 2- Receita da vale no 2º e 3º trimestre de 2020 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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A receita pode ser definida como o faturamento deuma organização, entretanto não diz realmente o quanto a 
empresa lucrou, para isso se tem o Lucro Total, que corresponde à diferença entre a Receita Total e o Custo 
Total. Esses custos podem ser fixos ou variáveis, sendo que os fixos são regulares e não são alterados de acordo 
com o volume de produção, como por exemplo aluguéis de equipamentos e instalações, limpeza, ou salários da 
administração. Por outro lado os variáveis, como o próprio nome já diz, se modifica de acordo com o volume 
produzido, como por exemplo pode-se citar matéria prima, e Insumos Produtivos como Água e Energia. 
Verifica-se na tabela acima o valor do EBIT da empresa de mineração Vale. Esse termo pode ser definido como 
"Earnings Before Interest and Taxes”, ou em português “lucro antes dos juros e tributos”. O EBIT considera 
apenas o lucro operacional da empresa, sem incluir despesas ou receitas financeiras. 
Após ele, chega-se ao valor do EBITDA, que significa "earnings before interest, taxes", que em português pode 
ser traduzido como “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”. Ele se diferencia do EBIT, 
porque apesar de ter o mesmo objetivo de demonstrar apenas o lucro operacional da empresa, ele desconsidera 
além dos valores de impostos e efeitos financeiros, a depreciação de ativos tangíveis e a amortização de ativos 
intangíveis. 
Pode-se entender por "depreciação" a perda de valor que um bem sofre durante sua vida útil, causado pelo seu 
uso constante que causa um desgaste. Por outro lado, a amortização pode ser definida como a desvalorização de 
bens intangíveis, ou seja, que não são materiais, como por exemplo pontos comerciais, licenças de softwares, 
direitos autorais, e outros bens cuja perda de valor se deve à redução no tempo do contrato. Quanto aos lucros e 
impostos, o EBITDA desconsidera despesas como juros de empréstimos ou despesa com impostos, que são 
fatores que variam de lugar para lugar, e de empresa para empresa e, portanto, esse fator demonstra melhor o 
desempenho de empresas diferentes em um mesmo ramo. 
No terceiro trimestre de 2020, essa mineradora teve lucro líquido de US$ 2,9 bilhões ( R$15,6 bilhões ), aumento 
de 76% comparado ao mesmo período de 2019, quando teve o desastre em Brumadinho, e o Ebitda de Minerais 
Ferrosos totalizou US$ 5,86 bilhões, ficando US$ 2,35 bilhões acima do segundo trimestre que teve um Ebitda 
ajustado em US$ 3,37 bilhões. Esse impulso deveu-se aos melhores preços do minério de ferro em meio à forte 
demanda da China. 
Abaixo pode-se verificar o desempenho da maior empresa de mineração brasileira através do ano de 2020: 
1º , 2º e 3º trimestre de 2020: Balanço financeiro Vale do ano de 2020 
Valor em milhões de reais 1º 2º 3º 
Receita de vendas, líquida - 31.251 40.434 57.906 
Custo de produtos vendidos e serviços prestados - 19.215 22.667 25.893 
Lucro bruto - 12.036 17.767 32.013 
Margem Bruta % 38,5 % 43,9% 55,3% 
Despesas com vendas e administrativa - 516 664 684 
Despesas com pesquisas e desenvolvimento - 429 484 563 
Despesas com pré operacionais e paradas de operação - 1.192 1.277 1.011 
Outras despesas operacionais - 267 1.282 612 
Redução ao valor recuperável e baixa de ativos não circunlantes 136 2.260 1.608 
Evento de Brumadinho - 708 693 613 
LUCRO OPERACIONAL - 8.788 11.107 26.922 
Receitas financeiras - 492 714 370 
Despesas financeiras - 2.290 3.132 6.571 
Outros itens financeiros líquidos - 8.688 173 1.179 
Resultado de participações e outros resultados em coligadas e joint 767 2.785 211 
ventures - 
Lucros antes dos tributos sobre o lucro - 
 
2.465 
 
5.731 
 
19.331 
Tributo Corrente 1.593 1.741 4.018 
Tributo diferido 4.695 887 241 
Lucro Líquido 637 4.877 15.072 
Prejuízo atribuído aos acionistas não controladores 347 412 543 
Lucro líquido (prejuízo) atribuído aos acionistas da Vale 984 5.289 15.615 
 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
13 
 
 
 
Ter o conhecimento sobre custo de produção pode-se avaliar fatores como a viabilidade de produção, 
eficiência, competitividade, e redução de riscos. Para saber se o negócio é viável deve-se ter o conhecimento da 
margem (margem= renda bruta - custos), porque se essa for positiva significa que você está ganhando mais do 
que gastando, e se for negativa é exatamente o contrário, como aconteceu com a empresa Vale, tratada acima, 
no ano de 2019 devido desastre do rompimento da barreira em Brumadinho-MG. Nesse ano, a empresa fechou 
o ano com prejuízo de mais de 7 bilhões de reais. 
 
 
Com intuito de diminuir o custo de produção, alguma 
empresas do setor mineral buscam alternativas, como na 
parte do transporte. Como exemplo a Vale que fez 
substituições de caminhões por correias transportadoras 
nas unidades de Carajás e Itabira, reduzindo em 40% a 
distância transportada e dispensando o uso de 
carregadores. 
Outra medida refere-se à padronização de máquinas, 
que engloba a utilização de equipamentos de poucos 
fabricantes. 
No intuito de evitar desastres naturais, tem aplicado 
o Sistema "mineração a seco", que substitui o uso de 
água na produção por outras alternativas que não 
precisam de água, e portanto não necessitam de 
barragens. 
No Pará, 80% da produção já é com processamento 
a seco, enquanto em Minas, 32% da produção é sem 
uso de água. Apesar de ser um método mais caro, 
ele trás benefícios como diminuir a perda de 
material, por não haver o arrastamento pela água, 
diminuir o alto no uso de água pela empresa, além 
de não necessitar de barragens. 
 
Estruturas de Mercado 
De acordo com Garcia e Vasconcellos, criadores do livro Fundamentos da Economia, (2005, p.35), “A partir da 
demanda e da oferta de mercado são determinados o preço e a quantidade de equilíbrio de um dado bem ou 
serviço. O preço e a quantidade, entretanto, dependerão da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja, 
se ele é competitivo, com muitas empresas, produzindo um dado produto, ou concentrado em poucas ou em uma 
única empresa.” 
Desta maneira, as estruturas de mercado, são diferenciadas de acordo com as características presentes na forma 
de realização do mercado. As estruturas de mercado estão relacionadas com características de mercado, que são 
principalmente, o número de vendedores e de compradores e as diferenças ou igualdades dos produtos a serem 
negociados. Existem 4 tipos de estruturas mercado, a concorrência perfeita o monopólio, o oligopólio e a 
concorrência monopolista. 
Conforme Gonçalves et al. (2003, p.45), “ O oligopólio é uma estrutura de mercado intermediária entre o 
monopólio e a concorrência perfeita.[...], é o único ambiente de mercado no qual se observa rivalidade entre as 
empresas participantes.” Isso acontece porque o número de empresas concorrentes não é muito grande, e 
geralmente essa concorrência é feita por grandes empresas. Quando uma delas toma uma atitude importante, esta 
deve ser considerada pelas demais, pois repercutirá no mercado. Em um mercado de oligopólio, se uma única 
empresa eleva seu preço, as outras não vão responder, enquanto que se uma reduz seu preço, imediatamente as 
outras também o fazem. Assim a curva de demanda de uma empresa terá uma “quebra” no nível de preço, e por 
consequência, o preço não muda por pequenas variações nos custos e na demanda. 
Conforme Vasconcellos (2005) o oligopólio apresenta as seguintes características: pequeno de produtores 
fabricando produtos homogêneos, alguns produtores detêm parcela elevada da produção e que em alguns casos 
lhes permite exercer uma liderança na fixação de preço no mercado, as decisões das empresas quanto à produção 
e preço são interligadas e existem barreiras à entrada podem ser tecnológicas, ou o alto valor do capital 
necessário à produção. 
Na indústria da mineração, a barreira de entrada do tipo custos absolutos está fortemente presente, já que é uma 
indústria intensiva em capital e tecnologia, o que requer das possíveis firmas, que desejamentrar no mercado, 
um investimento inicial alto para começarem a operar. Estes investimentos abrangem a compra de máquinas e 
equipamentos, obtenção de licenças de exploração ambiental junto ao governo, contratação de mão de obra, além 
da obtenção / descoberta de jazidas minerais com bom teor de pureza, recurso que é limitado no mundo e que as 
firmas estabelecidas já possuem. Esses fatores deixam as firmas entrantes na indústria em desvantagem, já que 
irão incorrer em custos mais elevados se comparado com os custos das firmas já estabelecidas no mercado. 
Diminuição do custo Aumento no custo 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Em um mercado oligopolista as empresas para se manterem no mercado têm que traçar estratégias cooperativas e 
não cooperativas, combinações maléficas e às vezes até espionagem, devido a grande competição existente neste 
mercado. 
Uma estratégia utilizada pelas empresas para reduzir os custos absolutos incorridos na produção de minério de 
ferro é dividir as operações com as concorrentes, como forma de reduzir os custos obtidos com a compra de 
equipamentos, manutenção das instalações e licenças ambientais. 
Em 2012 de acordo com a base do RAIS, haviam apenas 195 estabelecimentos no setor de extração mineral do 
Brasil, mostrando uma alta concentração. Além disso, Gouveia e Miranda (2010), analisando o mercado de ferro 
através da evolução do seu preço, encontraram um índice de concentração de 35%, o que evidencia a existência 
de um oligopólio mundial. 
 
Quadro 6: Principais empresas produtoras de ferro no Brasil 
 
 
Na produção de minério de ferro no Brasil existe um número reduzido de empresas grandes ofertando este 
produto, existe uma rivalidade entre as empresas, porém também há estratégias corporativas, há uma barreira de 
entrada do tipo custos absolutos está fortemente presente e atitudes importantes de uma empresa afetam as outras 
empresas. A partir de todos esses fatos é possível descobrir que o minério de ferro no Brasil segue um oligopólio 
como estrutura de mercado. 
 
Projeções do mercado 
 
Segundo as projeções do preço do minério de ferro para este ano e os próximos, feita pela agência de 
classificação de risco Fitch Ratings, ocorrerá uma diminuição na oferta do material devido principalmente à 
expectativa de menor produção da mineradora brasileira Vale. Com isso, as premissas sobre preços do minério 
de ferro devido ao contínuo aperto na oferta, foram mudadas. Na China, os preços estabelecidos para o minério 
com teor de 62% ferro, são apresentados abaixo. 
 
Gráfico 6: Projeção da Fitch Rating para os preços do minério de ferro 
 
Fonte: Do autor (2020) 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Quadro 7: Projeção da produção de algumas empresas 
 
 
A mineradora brasileira teve a capacidade reduzida após o rompimento de uma barragem em Brumadinho 
(Região Metropolitana de Belo Horizonte) em janeiro passado, um desastre que deixou centenas de mortos e 
disparou diversas avaliações sobre segurança em outras unidades da empresa, com efeitos significativos sobre a 
produção. 
Segundo os executivos da Vale, “nenhuma outra mineradora tem um impacto comparável no equilíbrio do 
mercado e todas elas têm tentado fortemente entregar volumes adicionais e se beneficiar do ambiente de preços. 
Ainda assim, elas não têm sido capazes de substituir as 80 milhões de toneladas que a Vale perdeu (em 
produção) depois do desastre de 2019”, acrescentaram os executivos da Vale. 
Em vista das ameaças externas, provocadas pelo acidente e outros fatores como a pandemia, o mercado do 
minério tornou-se vulnerável, sendo necessária a elevação da produção de forma evidente entre 2020 e 2022 
para que o mercado fique equilibrado ou com excesso de oferta. 
Além disso, os executivos ainda afirmaram em teleconferência de resultados no final de julho que a empresa tem 
um plano para retomar sua capacidade de produção e alcançar um nível de 400 milhões de toneladas em 2022. 
A mineradora tem meta de produzir entre 310 milhões e 330 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, 
mas mesmo essa marca tem sido colocada em dúvida por alguns analistas, que disseram no mês passado que a 
companhia precisaria produzir a um ritmo bastante forte e sem interrupções para cumprir o objetivo, o que é 
difícil em tempos de pandemia, onde as aglomerações no ambiente de trabalho devem ser evitadas, levando as 
empresas a adotarem uma forma de trabalho em escalas e com menos trabalhadores em operação. 
Para a análise do mercado por um prazo mais longo, foi estabelecida a avaliação da projeção para 2030 
mantendo os parâmetros dos coeficientes técnicos do consumo de minério para produção de seus insumos, 
considerando que não haja alteração significativa da forma de consumo de minério de ferro. A expectativa é que 
em 2030, a capacidade de produção de aço no país seja de 80,0 Mt segundo o Instituto brasileiro de siderurgia 
(IBS). Esta produção será em pelo menos de 70% de usinas integradas, que usam o minério sinterizado, e que 
devem produzir 56,0 Mt de gusa com 1,68 t de minério por tonelada de gusa ou 94,0 Mt de minério. Os guseiros 
independentes, projetados para produzirem 20Mt em 2030, devem consumir cerca de 33,6 Mt de minério ainda 
granulado ou fino aglomerado ( sinterização ou pelotização). 
A produção de gusa total no Brasil em 2030 pode ser de 76 Mt onde o consumo de minério de ferro estimado 
pelo coeficiente técnico de 1,68t minério por tonelada de gusa expressa um consumo de 127Mt. O consumo na 
produção de pelota com coeficiente de 1,08 t de minério por tonelada de pelota, pode representar um consumo de 
76 Mt para uma produção de pelota de 70 Mt em 2030 (capacidade instaladas prevista das usinas de 
pelotização). A demanda interna de minério de ferro em 2030 pode ser estimada em 203 Mt. 
Para atender a demanda interna e manter o Brasil como um participante ativo no mercado transoceânico de 
minério de ferro, as empresas atuais e as que pretendem produzir futuramente, mostram uma projeção da 
produção ilustrada no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Ministério de Minas e Energia (2009) 
BOLETIM DO MINÉRIO DE FERRO | OUTUBRO DE 2020 
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Os dados acima (Quadro 7) mostram que a VALE é a principal empresa produtora, destacando-se com a 
pretensão de produzir 514 Mt ou 70% da produção brasileira prevista, incluindo minérios para pelotização. 
 
 
Quadro 8: Projeção de produção da Vale para os próximos 10 anos 
Fonte: Ministério de Minas e Energia (2009) 
 
Por tipo de produto o granulado deve cair para cerca de 5% da produção total, em função da degradação dos 
minérios granulados (supondo que os guseiros ainda necessitam deste tipo de minério, o consumo chega a 34 Mt 
com a Vale produzindo 8 Mt. O sinter feed atende as siderúrgicas integradas 95 Mt e exporta o restante. As 
pelotizações consomem 76 Mt e destinam as pelotas para o mercado interno e/ou exportação. Sobretudo, os 
analistas afirmam que será necessária uma produção em um ritmo acelerado para o cumprimento das projeções. 
 
 
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http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/mi
http://www.conjur.com.br/2015-ago-
	PRODUÇÃO ÚLTIMOS 10 ANOS - QUANTIDADE E PREÇO
	PRODUÇÃO DOS ÚLTIMOS ANOS
	CONSUMO
	ELASTICIDADE
	COMÉRCIO INTERNACIONAL
	QUESTÕES TRIBUTÁRIAS E INCENTIVOS
	Externalidades – impactos ambientais/mudanças climáticas; barreiras
	Expectativa do "minério verde"
	CUSTO DE PRODUÇÃO
	5º Etapa- Concentração
	7º Etapa- Empilhadeira
	Estruturas de Mercado
	Projeções do mercado
	Produção mineral brasileira: resultados econômicos, desenvolvimento social e externalidades negativas da exploração

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