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1 2020 PIB O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, desconsiderando custos de depreciação. O PIB é um indicador de fluxo de bens e serviços finais que foram produzidos durante um certo período. Se não houver produção, o PIB será nulo. Esse indicador pode ser utilizado para fazer algumas análises, como traçar a evolução do PIB no tempo e avaliar a produtividade ao longo de trimestres/semestres/anos; fazer comparações internacionais entre países e até mesmo analisar o PIB per capita, ou seja, dividir pelo número de habitantes do local. Existem duas formas de calcular o PIB: a primeira forma consiste em calcular considerando os preços no momento em que o produto foi comercializado, que é chamada de PIB Nominal. Entretanto, o PIB Nominal não é muito desejável porque acaba considerando a variação de preço (inflação ou deflação), que causa certa distorção nesse valor. A segunda forma, PIB Real, que é preferível pelos economistas, é o PIB Nominal deflacionado e consiste em adotar um ano-base para calcular a produção. Assim, o cálculo do PIB Real considera apenas as quantidades de bens produzidas, enquanto o PIB Nominal também conta com as variações de preço. Para deflacionar o PIB Nominal é necessário obter o índice de preços (deflator). Esse deflator é um termo que representa o crescimento da inflação no ano-base escolhido. Pode-se utilizar a seguinte fórmula: Para comparações internacionais, existe o conceito PPP (purchasing power parity – paridade do poder de compra). Esse conceito usa como referência os preços dos produtos nos Estados Unidos (para a comparação em dólar). Dessa forma, tomam-se as quantidades produzidas em um país, a preço dos Estados Unidos. Boletim Brasil Macroeconômico 2 Essa relação não mostra se um país está mais rico ou mais pobre. Na verdade, mostra o poder de compra da população de determinação país em relação ao dólar. O PIB não registra a economia informal, não considera custos sociais do crescimento econômico e não considera diferenças na distribuição de renda. Por isso, as Nações Unidas calculam o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e um Índice Econômico (termo que se refere a Renda Nacional Bruta per capita, considerando a paridade de poder de compra), que inclui a expectativa de vida da população e um índice de educação. Dentro disso, é importante ressaltar o termo PIB per capita que se refere a uma divisão do PIB pelo número total de habitantes de determinado país (como se cada pessoa fosse receber uma fração igual do valor do PIB). E, apesar do PIB não representar a qualidade de vida, o termo PIB per capita indica uma melhoria na qualidade de vida da população. O valor do PIB e as suas variações mostram o desempenho econômico do país. Entretanto, isso não pode ser visto como medida de desenvolvimento. Um valor alto de PIB não significa melhoria no padrão de vida da população, na saúde ou até educação. Indica apenas a produtividade do país em determinado período. O PIB é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e os resultados são comparados a trimestres e anos anteriores. Se a atividade econômica de um país cai em determinado período, consequentemente o PIB também apresentará uma queda. Em 2018, o PIB brasileiro foi de R$6,8 trilhões. No segundo trimestre de 2019, houve um aumento de 1% em relação ao acumulado em quatro semestres anteriores, chegando a um valor de 1,8 trilhões. No segundo semestre de 2020, o PIB foi de 1,653 bilhões. Nesse ano, houve uma queda no PIB tanto no primeiro quanto no segundo semestre, colocando o Brasil em uma recessão técnica, devido a pandemia do novo coronavírus. Gráfico 1 – Variação trimestral do PIB brasileiro em % comparado ao trimestre anterior Fonte: IBGE Em 2020, o PIB brasileiro apresentou um tombo histórico de 9,7% no 2° trimestre quando comparado aos primeiros meses do ano. A pandemia do novo coronavírus, que diminuiu a produção e o poder de compra, consequentemente, o país entrou em recessão econômica, ou seja, entrou em fase de encolhimento (antes de se recuperar da última recessão entre 2014 e 2016). O primeiro semestre de 2020 apresentou uma queda de 5,9% em relação ao mesmo período de 2019. 3 Gráfico 2 – PIB per capita no Brasil entre 2013 e 2020 Fonte: LCA Essa queda no PIB per capita é resultado da lenta retomada da economia após a recessão econômica que houve entre 2014 e 2016 e pandemia do novo coronavírus. Analisando o gráfico entre os anos de 2013 e 2020, observa- se uma queda de 11,3% no PIB per capita. O termo de PIB per capita aumenta quando a atividade econômica avança em um ritmo acelerado, além de ser um bom parâmetro para avaliar a produtividade do país. Esse levantamento feito pela LCA leva em consideração estimativas para o PIB trimestral e usa a média móvel de quatro trimestres, fazendo uma boa comparação. Formação Bruta de Capital Fixo A Formação Bruta de Capital Fixo, também conhecida pelas siglas FBCF ou FBKF, é um indicador calculado pelo IBGE e que mostra como os investimentos em ativos fixos aumentam a capacidade produtiva de uma economia. Por ativos entende-se os bens produzidos que podem ser utilizados em outros processos produtivos (repetida e continuamente), que sejam utilizados pelo período superior a um ano, e que não sejam efetivamente consumidos por outros processos produtivos, podendo ser tanto positivos quanto negativos. Em outras palavras, a Formação Bruta de Capital Fixo mede o aumento de bens de capital das empresas. Esses bens são aqueles que podem produzir outros bens. Assim, a FBKF mostra se a capacidade de produção está aumentando. Além disso, ela ainda expressa a confiança geral dos empresários em relação aos prognósticos econômicos. A FBKF divide-se em quatro categorias, de acordo com o Sistema de Contas Nacionais: construção, máquinas e equipamentos, produtos de propriedade intelectual e outros ativos fixos. Tabela 1: Taxa de crescimento (em %) do Indicador Ipea mensal de FBCF Fonte: Ipea O Produto Interno Bruno (PIB) resulta da soma dos bens e serviços finais que são produzidos em determinada região, durante certo período de tempo. Assim sendo, para que haja crescimento progressivo da economia de um país, a FBKF deve ter uma participação cada vez maior. Isso se deve porque esse índice envolve investimentos em máquinas, equipamentos, construção e outros itens ligados a produção bruta de capital 4 Gráfico 3: Indicador Ipea mensal de FBCF Fonte: Ipea O Produto Interno Bruno (PIB) resulta da soma dos bens e serviços finais que são produzidos em determinada região, durante certo período de tempo. Assim sendo, para que haja crescimento progressivo da economia de um país, a FBKF deve ter uma participação cada vez maior. Isso se deve porque esse índice envolve investimentos em máquinas, equipamentos, construção e outros itens ligados a produção bruta de capital. Desta forma, o FBKF estimula o PIB. Sendo o FBKF relacionado a taxa de investimento de produção, percebendo a sua importância do seu aumento para o crescimento do PIB e, analisando a tabela 1 referente aos meses de 2020 no Brasil, é possível dizer que houve uma queda nos investimentos de produção. O que tende a causar uma queda do PIB do Brasil. Expansão de crédito O percentual de famílias com dívidas aumentou em abril de 2020, ante março, e na comparação com abril de 2019, alcançando novo recorde histórico. A quantidade de pessoas endividadas pode ser verificada na tabela abaixo: Importante salientar a diferença entre endividado e inadimplentes. Quando o consumidor adquire um produto ou serviço, não paga no momento da aquisição, mas temcondições de quitá-la posteriormente tem-se um caso de endividamento. Entretanto, se ao consumir um certo produto ou serviço, o consumidor não for capaz de pagar até o prazo de vencimento estipulado, tem-se assim um caso de inadimplência. Nesse segundo caso, a tendência é essa pessoa não pagar e ter seu nome sujo, ou adquirir crédito para quitar suas dívidas e ficar com dívidas ainda maiores posteriormente. Gráfico 4- Percentual de Famílias Endividadas (% do total) Fonte:CNC Grande parte dessa dívida se deve à concessão de crédito oferecida à população, o que gera uma falsa sensação de poder de compra. A crise de 2008, por exemplo, foi resultado de muitos créditos oferecidos por bancos Estadunidenses para a população, afim de aquecer o mercado imobiliário da época, e que no final, pelo fato das pessoas não poderem quitar suas dívidas, investidores e bancos de todo o mundo foram à falência, o vestígios dessa crise abalam a economia até os dias atuais. Num cenário nacional, as maiores dívidas por parte das famílias brasileiras pode ser verificas no gráfico a seguir: 5 Gráfico 5 -Maiores causas das dívidas das famílias brasileiras: Fonte:CNC As dívidas das famílias brasileiras são principalmente provenientes de uma série de fatores como: má administração financeira somada a uma baixa renda, um consumo excessivo, com uma inexistência de reserva financeira, empréstimos pessoais, cheques especiais e créditos rotativos, além de doenças que podem vir a surgir e que exigem um alto custo de procedimentos médico. Dos motivos acima, o cartão de crédito e o cheque especial são os grandes vilões na realidade brasileira, isso ocorre porque comprar no crédito possibilita a pessoa a compra de forma facilitada, antes de ter o dinheiro e de forma parcelada, tirando assim o senso de gasto do consumidor. Entretanto, o que acontece muitas vezes é que não há controle do quanto a pessoa pode gastar e do quanto ela de fato gasta, além de taxas e juros. Importante salientar que as maiores taxas de juros do mundo inteiro correspondem às taxas do crédito rotativo e dos juros de cheque especial. O crédito rotativo é um tipo de crédito que o consumidor paga quando ele não é capaz de pagar 100% de a sua fatura do cartão. Em casos como esse, o consumidor paga uma taxa mínima, ou o quanto ele puder pagar, e o restante vem na fatura do próximo mês acrescido desse crédito rotativo. O problema maior surge pelo fato desse crédito chegar até 20% do valor que não foi quitado no mês anterior. Se no próximo mês a conta novamente não for quitada, esse valor só vai aumentando até chegar a um ponto que a pessoa não conseguirá pagar mais aquele valor. Figura 2- cheque especial Figura 1- Crédito Rotativo Em contrapartida, o cheque especial corresponde a um tipo de crédito que o banco oferece como se fosse um empréstimo pré-aprovado. Esse "crédito" já está ali no seu cartão, e no momento em que você não tiver mais saldo, o valor descontado na verdade será aquele que o banco deixa ali disponível pra você usar a qualquer momento. O problema novamente surge quando é necessário pagar ao banco por esse "empréstimo", os valores dos juros são tão altos que chegam a 327% ao ano. A justificativa para essas taxas tão elevadas é que banco cede esse crédito sem pedir nenhuma garantia, e por está se arriscando mais, colocam altas taxas de juros. Em junho de 2020, as concessões de crédito diárias e deflacionadas pelo IPCA apresentaram expansão de 19,1% na comparação com o mês anterior. A concessão de crédito às famílias apresentaram expansão de 29,0% e as concessões de crédito às empresas obtiveram a expansão de 15,3% na mesma base de comparação. Com o avanço nas concessões, o saldo total de crédito como proporção do PIB passou de 49,7% em maio para 50,3% em junho, na série livre de efeitos sazonais. Tem-se como destaque do resultado o aumento das concessões de crédito direcionado às pessoas jurídicas, que apresentaram expansão de 47,8% sustentadas principalmente pelo avanço das concessões do BNDES para capital de giro das empresas. No caso das concessões de crédito direcionadas às famílias, os principais destaques foram as concessões para financiamento imobiliário, que apresentaram expansão de 16,9% na comparação mensal de junho, sustentadas principalmente pelas baixas taxas de juros no período. O aumento da expansão de crédito divide opiniões, por um lado alguns especialistas afirmam que essa expansão de crédito não deve ser enxergado como algo ruim. Segundo estes, não é sempre que essa expansão acarretará numa inflação ou elevação dos preços. Eles afirmam que isso só acontecerá se junto à expansão houver escassez de produto no mercado consumidor, porque nesse caso haverá um desequilíbrio na lei da oferta-procura. Já outros especialistas afirmam que injetar mais dinheiro na sociedade, faz este perder seu valor, contribuindo assim para aumentar a inflação, ou até mesmo gerar grandes crises econômicas. Para esse segundo grupo de economistas, a expansão de crédito é um dos meios que o governo tem de exercer seu poder sob a economia, influenciando assim diretamente nas decisões do mercado, podendo direcionar consumo e estimular investimento. Isso ocorre porque aumentando a demanda aumenta também a produção, e gera emprego, causando uma sensação de euforia e crescimento e, com um mercado em alta o país se destaca como economia mundial. A situação somente vem a se tornar preocupante quando o processo de expansão se encerrar, porque vai ser quando várias empresas sairão do mercado, e outras entrarão com empréstimos em bancos, muitos dos quais não conseguirão pagar. No final, o dinheiro passará a custar mais para empresas e famílias, e o crédito estará agora mais restrito, e tal situação levará à falência várias empresas, e vários empregos que estas geraram. Mercado de trabalho Os índices de desemprego são indicadores sociais do desenvolvimento econômico de um país, sendo considerado uma questão de curto prazo. Com isso, ressalta-se a importância de conhecer o mercado de trabalho do país, suas características, entender os conceitos de desemprego e suas respectivas razões. O desemprego é o termo utilizado para definir a condição de pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar trabalho. No entanto, para alguém ser considerado desempregado, não basta não possuir um emprego. Por exemplo, um universitário que dedica seu tempo aos estudos; uma dona de casa que não trabalha fora, mas trabalha nos serviços de sua casa; ou uma empreendedora que possui negócio próprio, embora não possuam emprego, não podem ser considerados desempregados . Para observar os dados disponibilizados pelo IBGE, sobre o cenário do mercado de trabalho, é necessário compreender a metodologia usada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, que mostra quantos desempregados há no Brasil e classifica o estudante e a dona de casa como pessoas que estão fora da força de trabalho, ou seja, pessoas que não têm idade para trabalhar (14 anos) e que não estão trabalhando ou procurando trabalho (ocupadas e desocupadas); já a empreendedora é considerada ocupada. Além disso, na PNAD, o que é conhecido popularmente como “desemprego” aparece no conceito de “desocupação”. Segundo o IBGE, o termo desocupados define o grupo de pessoas na força de trabalho que estão desempregadas. Os dados de ocupação, desocupação e outras divisões do mercado de trabalho no Brasil, de acordo com os últimos resultados da PNAD Contínua, podem ser conferidos abaixo: Gráfico 6: População brasileira, de acordo com as divisões de trabalho, 2° trimestre de 2020 Fonte: IBGE (2020) 6 7 Os economistas clássicos, com base na filosofia do liberalismoeconômico, acreditavam que o mercado sozinho, sem intervenção do Estado, levaria ao pleno emprego. De acordo com essa teoria, não deveria existir desemprego, a não ser a chamada taxa natural de desemprego que se prende à rotatividade da mão-de-obra, isto é, indivíduos que estão mudando de cidade ou setor, e passam um pequeno período desempregados. No entanto, o governo acaba por intervir com políticas sociais, a fim de amenizar as consequências das taxas crescentes de desemprego. Dentre os tipos de desemprego existentes e suas respectivas razões, temos: Figura 3: Conceitos de desemprego, apresentados no artigo "O Desemprego nas principais capitais do Brasil" Fonte: Do autor (2020) O mercado de trabalho do Brasil é caracterizado por baixos níveis de salários; grandes disparidades salariais e desemprego estrutural. Esses fatores podem ser explicados pelas características da demanda e oferta de trabalho. Na demanda por trabalho, é identificada uma insuficiência, que segundo as informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, realizada pela Fundação Seade (Sistema estadual de análise de dados), e pelo Dieese (Departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos) acontece pelas seguintes razões: Baixa dotação dos fatores de produção, capital e tecnologia, que são responsáveis pelos baixos níveis de produtividade do trabalho e do salário real; Escassez relativa de empresários capazes de combinar os fatores disponíveis em virtude da baixa qualificação dos recursos humanos e da falta de capital. Já para oferta de trabalho, temos as seguintes características: Alta taxa de crescimento populacional que resulta em oferta excedente de trabalho ou em oferta altamente elástica a baixo nível de remuneração; Falta de qualificação técnica de parte da população para o mercado de trabalho, fato que impede as pessoas sem habilidades de serem absorvidas pelo mercado (desemprego estrutural). Para descrever o cenário atual, utilizaremos o indicador “taxa de admissão”, que indica o crescimento do emprego (formal) no respectivo setor. O gráfico disponibilizado pela PNAD mostra que as taxas de admissões em março de 2020 (colunas azuis), aparecem como maiores do que as registradas em março de 2019 para a maioria dos setores. As exceções ficam por conta da agricultura e dos serviços de alojamento e alimentação. Já a partir de abril, os impactos da pandemia são mais nítidos, com grandes quedas nas taxas de admissões entre 2019 e 2020 em todos os setores. Os setores da indústria e construção exemplificam bem esse padrão. No caso do primeiro setor, as admissões seriam responsáveis por um aumento de 2,93% no emprego de março de 2019 e de 3,20% em março de 2020, revelando um crescimento nas taxas de admissão interanuais. A partir daí, o padrão muda drasticamente, passando de um crescimento de 3,18%, em 2019, para apenas 1,33%, em 2020 em abril, e de 2,87% para 1,45% em maio. Já no setor de construção, a taxa de admissão, que não foi afetada em março, sofre uma queda entre abril de 2019 e 2020. Por fim, vale destacar queda semelhante registrada no setor de serviços de alojamento e alimentação, cujas admissões, em março de 2020, cresceram 4,19%, já abaixo de 2019, e apenas 0,74% e 0,88% em abril e maio de 2020. 8 Enfim, quase todos os setores registraram taxas de admissões em abril e maio de 2020 bastante inferiores – em geral, menos da metade – às de 2019. Isso não ocorre em ambos os períodos para os setores da agricultura, de serviços para empresas (informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas) e da administração pública. Isso porque esses dois últimos setores podem seguir suas atividades com mais facilidade, respeitando maior distanciamento social. Gráfico 7: Taxas de admissões de março a maio, usando a PNAD Contínua – Caged (2019-2020) Fontes: Caged – Secretaria do Trabalho; PNAD Contínua/IBGE. Elaboração: Disoc/Ipea. Acerca da determinação dos salários nominais, podemos dizer que o mesmo atua como elemento essencial na determinação do nível de emprego e dos demais preços monetários da economia, sendo ele definido como a quantia fixa estabelecida para um cargo. À medida que o nível de emprego cresce, o custo marginal para produzir também cresce, forçando as firmas a aumentarem seus preços dado o salário nominal. A correção dos salários nominais tende a não acompanhar o reajuste de preços dos bens e serviços. Isso ocorre porque os salários são corrigidos periodicamente, ou seja, a cada início de ano, o valor é reajustado. No entanto, analisando os valores de salários mínimos (Quadro x), que é o mínimo valor de salário que os empregadores podem legalmente pagar aos seus funcionários pelo tempo e esforço gastos na produção de bens e serviços nota-se que o crescimento no percentual salararial vem diminuindo a cada ano. Num prazo considerado médio, pode-se dizer que os preços dos bens e serviços se ajustam, enquanto que os salários nominais se mantêm fixos, durante um bom tempo. Assim, as empresas procuram maximizar os seus lucros, aumentando ou diminuindo o nível de emprego e produção se os preços dos bens aumentarem ou diminuírem. Quadro 1: Salários mínimos de 2010 a 2020 Fonte: www.contabeis.com.br. Acesso em: 22/11/2020 http://www.contabeis.com.br/ 9 Conforme as citações de Marx (1988), pode-se afirmar que quando há um aumento do que ele chamou de exército industrial (hoje nem tanto industrial) de reserva, que representa um aumento muito maior da oferta de mão de obra em relação à demanda de mão de obra, a tendência é de queda do poder de negociação dos trabalhadores e, consequentemente, diminuição dos salários. Com essa análise, considerando ainda o contexto atual de crise devido a pandemia, nota-se que houveram mudanças no rendimento do trabalho (tabela x). Tabela 2: Rendimento médio do trabalho efetiva e habitual, para alguns setores em R$ (maio/2020) Inflação Fonte: PNAD Covid-19/IBGE. A inflação consiste no aumento dos preços praticados no mercado e influencia o valor dos produtos e serviços ao longo do tempo. Basicamente, ela está ligada à perda do poder de compra à medida que o tempo passa. A inflação afeta a economia diretamente, principalmente quando falamos do poder de compra da população. Isso gera uma reação em cadeia e chega a um ponto que influencia até no PIB e na dívida pública do governo. Como a inflação resulta na perda de poder de compra da população, ocasiona a diminuição do consumo da população, os efeitos da inflação chegam até o PIB de forma negativa (já que os gastos das famílias é justamente um dos pilares que compõem esse indicador). A consequência disso é uma queda no crescimento da economia. A inflação pode ser dividida em inflação de demanda, inflação de custos e inflação inercial. Inflação de Demanda: É quando há excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. As chances de a inflação da demanda acontecer aumentam quando a economia produz próximo do emprego de recursos. Para a inflação de demanda ser combatida, é necessário que a política econômica se baseie em instrumentos que provoquem a redução da procura agregada. Inflação de Custos: É associada à inflação de oferta. O nível da demanda permanece e os custos aumentam. Com o aumento dos custos ocorre uma retração da produção fazendo com que os preços de mercado também sofram aumento. As causas mais comuns da inflação de custos são: os aumentos salariais fazem com que o custo unitário de um bem ou serviço aumente; o aumento do custo de matéria-prima que provoca um super aumento nos custos da produção, fazendo com que o custo final do bem ou serviço aumente; e, por fim, a estrutura de mercado que algumas empresas aumentam seus lucros acima da elevação dos custos de produção. Inflação inercial: É aquela que resulta do impacto psicológico de tendências inflacionáriasem períodos anteriores. Quando uma economia apresenta inflação de demanda, ou de custos, em níveis muito altos, ou por períodos muito prolongados, é comum que os agentes econômicos acostumem-se com o processo inflacionário, e passem a praticar aumentos sistemáticos de preços, na tentativa de resguardarem-se. Ao fazerem isso, no entanto, estão provocando mais inflação. 10 A inflação possui vários índices entre eles o IGP (Índice Geral de Preços), IPA (Índice de Preços no Atacado), INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), CUB (Custo Unitário Básico), IPC(Inflação histórica do Brasil. Gráfico 8: IPCA – variações nos meses de outubro – desde 1995 Tabela 3 – inflação histórica Brasil (IPC) – por ano Política Monetária A política monetária é o conjunto de medidas que um governo estabelece para que exista o controle da oferta da sua moeda na economia, ou seja, a sua liquidez. Isso acontece por meio de medidas tomadas por autoridades do ramo econômico (Bancos Centrais e demais instituições subsidiárias). Desta forma, a política monetária é uma ferramenta de controle econômico de um país, interferindo diretamente na economia, já que o Estado tem o poder de impactar diretamente a inflação e a taxa de juros. No Brasil, as políticas monetárias são executadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen), uma autarquia federal que, por meio de seus órgãos internos, define taxas de juros. Além disso, para normatizar as ações do Bacen, existe o Conselho Monetário Nacional. Também tem o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), que é a entidade do Bacen que define as taxas de juros praticadas pelo Estado. A principal meta da política monetária é manter a inflação sob controle. Para que isso ocorra, o Governo estabelece um regime de metas de inflação, que são fixadas no início de cada ano. Sendo assim, o Bacen atua utilizando os instrumentos de política monetária para cumprir tais metas. Sendo os principais instrumentos são o recolhimento compulsório, a taxa de redesconto e a taxa de juros. O recolhimento (ou depósito) compulsório funciona como uma forma de restringir a moeda em circulação do país, a tirando diretamente dos bancos e, assim, não chegando à população. O recolhimento compulsório é uma taxa percentual que os bancos pagam ao Banco Central, essa taxa percentual é cobrada em transações relacionadas aos produtos bancários e é definida pelo próprio Bacen, de acordo com a conveniência. Desta forma, quando é preciso reduzir a atividade econômica no país, o Bacen eleva essas taxas. Deixando, assim, os bancos com menos recursos disponíveis para emprestar para a população, atendendo a necessidade econômica de diminuir a quantidade de moeda em circulação. Por outro lado, quando é necessário que se tenha mais moedas circulando, a taxa obrigatória é reduzida pelo Bacen, o que faz com que os bancos tenham mais recursos para o oferecimento de crédito. 11 A taxa de redesconto é uma taxa de juros cobrada pelo Bacen nos empréstimos feitos aos bancos comerciais. Essa é uma forma de controle monetário porque, quanto maiores as taxas pagas pelos bancos, também serão altas as taxas cobradas dos clientes, dificultando esses empréstimos e diminuindo a moeda em circulação. Já quando o Bacen nota que é preciso de mais moeda circulando na economia, essas taxas são reduzidas. A taxa de juros é o instrumento que permite realizar alteração da taxa básica de juros (a taxa Selic). Quando a taxa Selic é elevada, as taxas cobradas pelos bancos também se elevam. Sendo assim, a decisão para o aumento ou diminuição da taxa básica de juros é tomada de acordo com os interesses do Bacen de reduzir, ou impulsionar a inflação. Isso porque, com a taxa de juros mais alta, o acesso ao crédito é mais difícil, diminuindo o poder de compra dos brasileiros. O que vai fazer com que a demanda caia e, portanto, os preços também. Consequentemente, há a diminuição da inflação. Já o contrário acontece com as taxas de juros mais baixas. IPCA O que é o Índice IPCA? O IPCA é o Índice de Preços para o Consumidor Amplo. Esse importante índice é medido mensalmente pelo IBGE para identificar a variação dos preços no comércio. Ele é considerado, pelo Banco Central, o índice brasileiro oficial da inflação ou deflação. Como é Calculado o IPCA Hoje em 2020? No cálculo, cada um dos componentes têm o seguinte peso: Como o Índice IPCA Funciona e Como Afeta Sua Vida? Atualmente, temos uma inflação relativamente baixa, o que torna o impacto do IPCA sobre as nossas vidas menos visível. Mas ele está ali, ajustando os preços em todas as nossas compras e afetando até mesmo a rentabilidade dos investimentos. Nesse sentido, vale lembrar o período entre as décadas de 80 e 90, onde o índice deu origem ao que se chamava de hiperinflação. Na época, era comum que um produto começasse o dia sendo vendido por um valor e terminasse custando bem mais caro. E um dos instrumentos utilizados para medir a variação de preços, tanto no passado quanto nos dias de hoje, é o IPCA. Assim, ele funciona como um termômetro para a economia brasileira, reunindo informações que ajudam o consumidor a entender o que vai encontrar na hora da compra. E também, como mencionamos antes, serve como instrumento de correção de determinadas aplicações financeiras, que têm nele o seu índice de referência. A coleta de dados para o cálculo do IPCA vai do dia 1º ao dia 30 ou 31 de cada mês, contemplando setores do comércio, prestadores de serviços, domicílios (para verificar valores de aluguel) e concessionárias de serviços públicos. Os preços obtidos na pesquisa retratam pagamentos à vista nas seguintes categorias e suas respectivas participações: Quadro 2- Peso de cada região sobre o cálculo do IPCA Fonte: IBGE 12 Quadro 3- Peso de cada setor sobre o cálculo do IPCA Quadro 4- IPCA acumulado Confira, a seguir, a tabela do IPCA acumulado dos últimos anos, segundo dados oficiais do IBGE: Fonte: IBGE IPCA e a Inflação Acumulada Além do IPCA, calculado e divulgado mensalmente, há outras formas de mensurar o efeito do sobe e desce dos preços em um determinado período. E a chamada inflação acumulada é uma delas. Essa análise dá um passo atrás para avaliar as possíveis consequências da oscilação que acontece nos preços em longo prazo. Assim, o IPCA acumulado nada mais é do que a soma das taxas de inflação registradas dentro de um determinado período. IPCA hoje e dos Últimos 12 Meses ⦁ IPCA do último mês ⦁ IPCA acumulado de 12 meses 0,86% 3,92% Out/2020 Out/2020 O que Significam as Altas e Baixas no IPCA? Figura 4- Cem reais de hoje não são os mesmos cem reais de um ano atrás. Em termos práticos, quando o IPCA sobe, os itens de consumo do dia a dia costumam sofrer uma elevação de preço, gerando a inflação no período. Via de regra, quando o IPCA sobe, é preciso de mais dinheiro para poder comprar a mesma coisa, ou seja, cai o poder de compra. Por isso, costuma-se ajustar o salário mínimo e as remunerações. É uma tentativa de equilibrar a balança. Somente se o IPCA for negativo é que teremos deflação, ou seja, a diminuição nos preços. 13 O que Faz os Preços e o IPCA Subirem? Primeiramente, os produtos e serviços são precificados pela lei da oferta e demanda. Isto é, se algo tem muita procura, mas pouca disponibilidade, o preço dele sobe. Do contrário, ele tende a cair. Como o IPCA é calculado com base em uma cesta com cerca de 350 itens, a variação é causada por fatores como resultado de safras, cotação do dólar, clima, custos de produção e de mão de obra. Portanto, esse indicador é apenas uma média do quantoo seu dinheiro valorizou ou desvalorizou no período. Provavelmente, haverão produtos que não sofreram muita oscilação de preços. Por isso, o Banco Central estipula a meta de inflação. Através dela, ele utiliza mecanismos de controle para conter o avanço dessa desvalorização. Exportações e Importações Conceitos de exportações e importações: • exportações: são as compras dos estrangeiros de nossos bens e serviços; ou seja, os gastos do setor externo com nossas empresas; • importações: são nossas compras com bens do exterior, quanto gastamos com o resto do mundo. Parte da renda gerada no país que “vaza” para fora. Fatores determinantes do comportamento das exportações e importações: Por simplificação, consideraremos como moeda estrangeira o dólar; Exportações : As exportações agregadas são influenciadas pelas seguintes variáveis: ■ preços externos em dólares: se os preços dos produtos brasileiros se elevarem no exterior, as exportações nacionais deverão se elevar; ■ preços internos em reais: uma elevação dos preços internos de produtos exportáveis pode desestimular as exportações e incentivar a venda no mercado interno; ■ taxa de câmbio (reais por dólares): um aumento da taxa de câmbio (isto é, uma desvalorização cambial) deve estimular as exportações, seja porque os exportadores brasileiros receberão mais reais pelos mesmos dólares anteriores, seja porque os compradores externos, com os mesmos dólares anteriores, poderão comprar mais produtos do Brasil; ■ renda mundial: um aumento da renda mundial certamente estimulará o comércio internacional e, em consequência, as exportações brasileiras; ■ subsídios e incentivos às exportações: subsídios e incentivos às exportações, sejam de ordem fiscal (isenções de impostos), sejam de ordem financeira (taxas de juros subsidiadas, disponibilidade de financiamentos), sempre representam um fator de estímulo às exportações. Importações: Os principais fatores determinantes do comportamento das importações agregadas são os seguintes: ■ preços externos em dólares: se os preços dos produtos importados se elevarem no exterior em dólares, haverá uma retração das importações brasileiras; ■ preços internos em reais: um aumento dos preços dos produtos produzidos internamente incentivará a compra dos similares no mercado externo, elevando as importações; ■ taxa de câmbio (reais por dólares): uma elevação da taxa de câmbio (desvalorização cambial) acarretará maior despesa aos importadores, pois pagarão mais reais pelos mesmos produtos antes importados, os quais, embora mantenham seus preços em dólares, exigirão mais moeda nacional (real) por dólar; ■ renda e produto nacional: enquanto as exportações são mais afetadas pelo que ocorre com a renda mundial, as importações estão mais relacionadas à renda nacional. Um aumento da produção e da renda nacional significa que o país está crescendo e que demandará mais produtos importados, seja na forma de matérias- primas, bens de capital, sejam bens de consumo; ■ tarifas e barreiras às importações: a imposição de barreiras quantitativas (elevação das tarifas sobre importações) ou qualitativas (proibição da importação de certos produtos, estabelecimento de cotas ou entraves burocráticos) ocasiona uma inibição nas compras de produtos importados. 14 Balança Comercial A balança comercial mede a relação entre as importações e exportações de um país, e faz parte da balança de pagamentos (soma total das transações econômicas entre um país e seus parceiros comerciais pelo mundo). Quando o valor das exportações é superior ao de importações, diz-se que o país tem um superávit e torna-se credor do estrangeiro, tendo uma balança comercial “favorável”. Já quando o valor das importações supera o de exportações, diz-se que o país tem um déficit em sua balança comercial e estaria em dívida com o estrangeiro, tendo uma balança comercial “desfavorável”. Em geral, os países desenvolvidos exportam produtos com alto valor agregado, como veículos, medicamentos, aparelhos eletrônicos e produtos de tecnologia, enquanto os países subdesenvolvidos vendem produtos primários, resultantes das atividades econômicas da agricultura, pecuária e extrativismo. A balança comercial de um país tem relação direta com o Produto Interno Bruto (PIB). À medida que aumenta a produção e exportação de um país, o seu PIB acompanha esse crescimento e, quando as exportações passam por declínio, ocorre queda no Produto Interno Bruto do país. Para o economista Leandro Roque, apesar de as exportações serem muito importantes, não faz sentido ter obsessão com as exportações e ser contra as importações. As exportações de soja, laranja e aço brasileiros são benéficas porque trazem dólares que permitem que os consumidores do país possam adquirir televisores, notebooks, smartphones, carros e diversos outros produtos. E, quanto maior a exportação de soja, café e outros produtos, menor será a oferta destes no mercado interno, o que eleva os preços para os brasileiros os comprarem. Portanto, quando a balança comercial apresenta um superávit recorde no país, significa que os consumidores brasileiros foram privados de uma maior oferta de bens, tanto aqueles produzidos nacionalmente e que foram exportados, como os produzidos no exterior e que não puderam ser importados por restrições governamentais. “O padrão de vida de um país é determinado pela abundância de bens e serviços. Quanto maior a quantidade de bens e serviços ofertados, e quanto maior a diversidade dessa oferta, maior será o padrão de vida da população”, explica o economista Donald Boudreaux.. Balança Comercial Brasileira atual Em 2019, o saldo da balança comercial brasileira foi positivo (superávit) em US$ 46,6 bilhões (menor superávit dos últimos quatro anos). Houve queda de 19,6% em relação ao ano anterior. No ano de 2019, o Brasil exportou US$ 224,01 bilhões e importou US$ 177,34 bilhões. Felizmente, o resultado da balança comercial foi positivo. Real desvalorizado, queda no valor do petróleo e retomada do crescimento econômico no Brasil e no mundo influenciaram o resultado. Em 2019, os principais produtos exportados pelo Brasil foram: soja em grãos, petróleo em bruto e minério de ferro. A China foi o país que mais importou produtos brasileiros, somando US$ 65,39 bilhões em importações. Tabela 4 – Balança comercial brasileira – Valores mensais 15 TAXA DE CÂMBIO A taxa de câmbio é um termo que representa o preço de uma moeda estrangeira em relaçãoà outra. “A taxa de câmbio nada mais é do que o preço de uma moeda estrangeira medida em unidade ou fração da moeda nacional”, ou seja, a taxa de câmbio reflete o custo de uma moeda em relação à outra. Existem duas categorias de regime cambial: câmbio fixo e câmbio flutuante (flexível). O Câmbio fixo é aquele em que o valor é fixo e determinado pelo Banco Central. O principal objetivo desse regime é a estabilização do preço de uma moeda em relação a outra, e para isso, o governo do país deve ter uma reserva considerável para a entrada e saída de moedas estrangeiras. A principal vantagem desse regime é a eliminação do risco cambial (a possibilidade das taxas de câmbio se moverem de forma desfavorável) e previne a alta inflação. Entretanto, o governo precisa de reservas suficientes para não gerar um desequilíbrio na balança. O Banco Central é obrigado a disponibilizar reservas e fica suscetível a ataques especulativos, gerando uma desvalorização da moeda. Para contornar essa situação, o Banco Central precisa aumentar a taxa de juros. Além disso, países que adotam esse regime tendem a valorizar a sua moeda, desestimulando exportações e estimulando importações, levando ao déficit na Balança Comercial. O câmbio flutuante é aquele em que o câmbio varia de acordo com a oferta e demanda do mercado. Assim, não há intervençãodo governo como no regime de câmbio fixo. A principal vantagem desse regime é que o Banco Central não precisa disponibilizar suas reservas para a compra a venda (oposto do que ocorre no regime fixo). Dessa forma, a política monetária é independente da situação cambial. Entretanto, a política monetária é dependente do mercado financeiro internacional e é mais difícil controlar a inflação. Existem também regimes intermediários, como a flutuação suja. Esse regime é uma combinação entre os câmbios fixo e flutuante, em que o Banco Central atua de forma a manter o preço da moeda dentro de faixas (determinadas pelo governo). Assim como o câmbio fixo, a principal desvantagem desse regime é que o país deve possuir reservas suficientes para a compra e venda. Há também, outro regime intermediário, o de Bandas Cambiais. Esse regime foi adotado no Brasil durante o período do Plano Real (até janeiro de 1999), onde é possível a flutuação dentro dos limites determinados pelo Banco Central. FATORES QUE INFLUENCIAM NA VARIAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO Dentre os principais fatores estão: Taxa inflação do país: A inflação influencia na taxa de câmbio devido a compra e venda de dólares. É possível observar que países com inflação baixa registram apreciação no valor da sua moeda e os países com alta inflação registram depreciação. Taxa de juros: A taxa de juros indica um retorno do capital. Portanto, países com uma taxa de juros alta, tem a sua taxa de câmbio valorizada. Cenário comercial e Comércio global: Acordos comerciais são importantes para evitar mudanças bruscas na política e nas práticas comerciais, afetando exportações e ajustando a taxa de câmbio. Um país deve exportar mais do que importar para a sua moeda se valorizar. Dívida Pública Federal: A dívida pública representa os empréstimos do governo para financiar serviços públicos. Quando os impostos e receitas não são suficientes para cobrir as despesas, o governo é financiado. Dessa forma, uma dívida pública muito alta pode causar a depreciação da moeda local. Estabilidade política: Países com instabilidade política não são atrativos para investimentos estrangeiros. Portanto, a estabilidade atrai novos investimentos e causa a valorização da moeda nacional. 16 ESTRUTURA TRIBUTÁRIA O sistema tributário brasileiro, um dos mais complexos do mundo, consiste basicamente no recolhimento de tributos que são cobrados do cidadão direta ou indiretamente com intuito de que o estado cumpra suas funções com a sociedade. Há uma série de princípios que regem a tributação, como o "Princípio da Neutralidade", "princípio da equidade", "Princípio do Benefício", e o "Princípio da Capacidade de Pagamento". No Brasil os tributos são divididos em Federais, Estaduais e municipais. O primeiro desses, o federal, consiste em tributos arrecadados para custear gastos públicos nas áreas de saúde, segurança e educação, além de contribuir para que o estado tenha maior controle sobre a economia do país. No estadual, o governo de cada estado brasileiro [é responsável por definir onde os recursos provenientes dos tributos serão serão aplicados, enquanto no municipal os tributos arrecadados são utilizados para sanar as despesas com folha de pagamento e manutenção dos gastos públicos. Abaixo segue cada uma desses impostos no Brasil: - Contribuições previdenciárias das pessoas físicas CSLL AFRMM IOF ITR IRPJ IPI II IE IRRF IRPF - Cide-remessas - Taxa de utilização do Siscomex - Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins - Cide-combustíveis - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) - Imposto sobre a Propriedade de Veículos - Contribuições previdenciárias das pessoas jurídicas Automotores (IPVA) - Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos (ITBI) - Imposto sobre Serviços (ISS) - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); Tributos Brasileiros federais Tributos Brasileiros estaduais Principio da Neutralidade Esse principio acontece quando os tributos não alteram os preços relativos, minimizando sua interferência nas decisões econômicas dos agentes de mercado. Em outras palavras, a relação de preço entre dois produtos deve ser a mesma antes e depois da imposição dos impostos. Princípio da Equidade Esse principio define que o imposto, além de ser neutro, deve ser distribuído de maneira justa entre os indivíduos. A equidade é ainda avaliada sob outros dois princípios: o do benefício e o da capacidade de pagamento. Princípio da capacidade de pagamento Afirma que cada um deveria contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de pagamento. Sendo as medidas utilizadas como critério para isso: renda, consumo e patrimônio. Princípio do benefício Nesse caso, o montante pago pelo contribuinte é diretamente relacionado com os benefícios que ele recebe do governo. Esse princípio determina ao mesmo tempo o total da contribuição tributária e o quanto é gasto. Tributos Brasileiros municipais 17 LDO Diferentemente do PPA, esse documento define as prioridades para apenas o ano subsequente. Funciona como um ajuste anual das metas colocadas pelo PPA, delimitando o que é ou não é possível realizar no próximo ano. LOA PPA Desde o início de um governo, deve-se ter bem definido os fatores que resultarão em arrecadações e em gastos durante o período daquela gestão. Isso acontece desde 1988, quando a constituição federal introduziu esse modelo orçamentário. Definem-se três importantes fatores como LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), PPA (Plano Plurianual) e LOA (Lei Orçamentária Anual). Corresponde a um plano de trabalho elaborado para ser executado no período correspondente a um mandato político. Ele define diretrizes, objetivos e metas de médio a longo prazo da administração pública, visando sempre aonde se deseja chegar nos próximos quatro anos. Esse documento corresponde a um orçamento anual que descreve em detalhes todos os gastos que o governo terá no próximo ano. Através dele é possível prever quanto o governo deve arrecadar para conseguir executar todo o planejado. Tal arrecadação é feita por meio de impostos, taxas e contribuições. Quadro x- LOA Brasil 2020 702 Defesa 703 Ordem Pública e segurança 704 Assuntos econômicos 705 Proteção Ambiental 706 Habilitação e serviços comunitários 707 Saúde 708 Lazer, Cultura e Religião 709 Educação 710 Proteção Social Esses documentos são pensados antecipadamente e são extremamente grandes, portanto, podendo-se resumir o LDO algumas pautas que foram extremamente discutidas para o ano de 2020: Foi tratado nesse documento o reajuste do salário mínimo, o que dividiu muitas opiniões entre favoráveis e não favoráveis a esse aumento, baseando-se na inflação e em como poderia influenciá-la. Foi bastante discutido também a questão do fundo eleitoral de 2020, isso porque foi destinado um valor extremamente maior do que deveria de fato ser enviado, as questões de emendas parlamentares. dos indicadores econômicos, e da polícia rodoviária visto que estava previsto alterações nas remunerações apenas das Forças Armadas. Já o PPA do governo atual propôs ações no valor de R$ 6,8 trilhões para trabalhar em cinco eixos principais, que são o econômico, o social, a da infraestrutura, o ambiental e o institucional, sendo previstos 69 programas com objetivos e metas. Funções do governo Os economistas clássicos, com base na filosofia do liberalismo econômico, acreditavam que o mercado sozinho, sem intervenção do Estado, levaria ao pleno emprego. No entanto, a macroeconomia mostra que é necessária a atuação do governo sobre a capacidade produtiva e despesas planejadas. R$ 47 711, 14 R$70 008, 30 R$ 53 371, 03 R$ 3 064, 85 R$ 3 214, 38 R$ 128 505, 13 R$ 2 206, 27 R$ 142 138, 69 R$ 1 005 214, 47 18 Para isso, são atribuídas a ele, as funções distributivas, que consiste na redistribuição de renda, ou seja, os valores pagos nos impostos são destinados aos serviços públicos, que geralmente, são utilizados por pessoas de baixa renda; as funções alocativas, que é a alocação dos recursos no oferecimento de bens e serviços públicos de uso geral, como rodovias, educação, infraestrutura e etc; e também as funções estabilizadoras, que propõe políticas públicas para obter desenvolvimento econômico e social, quando a economia de mercado não consegue auto regular-se. Além das funções acima, alguns estudos destacam a função de crescimento econômico, que refere-se à atuação do Estado nos investimentos públicos e nos incentivos e financiamentos para estimular os investimentos do setor privado, visando o crescimento econômico a longo prazo. fim de que essas funções sejam exercidas, o governo dispõe de alguns instrumentos, como a política fiscal e monetária, que já foi discutida com mais detalhes no boletim apresentado anteriormente. Gastos governamentais Nas contas Nacionais, são considerados três tipos de gastos governamentais: Gastos dos ministérios, secretarias e autarquias, cujas receitas provêm de dotações orçamentárias: São os gastos registrados nas Contas Nacionais e na Teoria Macroeconômica. Como os serviços do governo (bens públicos, como justiça, segurança, diplomacia, planejamento) não têm preço de venda, o produto gerado pelo governo é medido por suas despesas correntes ou de custeio (salários, compras de materiais) para a manutenção da máquina administrativa e despesas de capital (aquisição de equipamentos, construção de estradas, hospitais, escolas, prisões); Gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: como suas receitas provêm da venda de bens e serviços no mercado, atuando como empresas privadas, são consideradas, nas Contas Nacionais, dentro do Setor de Produção (junto com as empresas privadas). Exemplo: Cesp, Petrobrás e etc; Gastos com transferências e subsídios: São as transferências das Contas Nacionais. Representam apenas uma transferência financeira do setor público ao setor privado, não tendo correspondência com a renda corrente. São os pagamentos aos aposentados, bolsas de estudos às famílias, além dos subsídios ao setor privado, com o objetivo de baratear o preço de algum produto básico (trigo, leite) ao consumidor final. Quanto ao fluxo das despesas, podemos definir alguns conceitos, como o de superávit e déficit. Ocorre superávit das contas públicas quando a arrecadação supera os gastos; quando os gastos superam a arrecadação, temos o déficit público. Dentro da definição de déficit público temos outros conceitos, como: Déficit Nominal ou Total (também chamado de Necessidades de Financiamento Líquido do Setor Público Não Financeiro (NFSP) - Conceito Nominal): Indica o fluxo líquido de novos financiamentos, obtidos ao longo de um ano pelo setor público não financeiro em suas várias esferas: União, governos estaduais e municipais, empresas estatais e Previdência Social; Déficit Primário ou Fiscal: É medido pelo déficit total, excluindo a correção monetária e os juros reais da dívida contraída anteriormente. No fundo, é a diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no exercício, independente de juros e correções da dívida passada; Déficit Operacional (ou Necessidades de Financiamento do Setor Público - Conceito Operacional): É medido pelo déficit primário acrescido dos juros reais da dívida passada. Colocando de outra forma, é o déficit total ou nominal, excluindo a correção monetária e a cambial. É considerada a medida mais adequada para refletir as necessidades reais de financiamento do setor público. Segundo informações do ministério da economia, o Governo Central – Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social – registrou, em julho deste ano, um déficit primário de R$ 87,8 bilhões, frente ao déficit de R$ 5,9 bilhões em julho de 2019, considerando valores nominais, ou seja, não corrigidos pela inflação. A informação está presente na edição de julho do “Resultado do Tesouro Nacional”. Abaixo encontra-se o percentual de cada Área de Atuação (função) em relação ao total de pagamentos realizados até o momento. 19 Gráfico x: Percentual pago de cada Área de Atuação do governo 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 45,49% Fonte: Portal da transparência (2020) 25,51% 9,55% 9,34% 5,43% 4,68% 20 Referências bibliográficas NUBANK, Blog. O que é o PIB. Disponível em: https://blog.nubank.com.br/o-que-e-pib/. Acesso em: 20 nov.2020. G1. Em sete anos, PIB per capita cai e brasileiro fica 11% mais pobre. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/08/02/ em-sete-anos-pib-per-capita-cai-e-brasileiro-fica- 11percent-mais-pobre.ghtml. Acesso em: 22 nov. 2020. IBGE. Inflação. 2020. Disponível em : https://www.ibge.gov.br/explica/inflacao.php#:~:te xt=A%20sigla%20IPCA%20corresponde%20ao,1 %20e%2040%20sal%C3%A1rios%20m%C3%AD nimos. Acesso em : 23/11/2020 ARAÚJO, T. Como são extraídos minerais de uma mina?. 2018. 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