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Antropologia cultural

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ANTROPOLOGIA CULTURAL 
APRESENTACAO DO PROFESSOR E DOS ESTUDANTES 
Complexidade etnolinguística e cultural da turma 
 
Nyanjas…Macuas…Macondes…Chuabos, etc. – miscelânea 
(História)/miscigenação 
(Antropologia)…………………………………………………………………………….. 
Consequências: Aculturação……………………………………………………….. 
Consequências: Anomia cultural…………………………………………………. 
Consequências: etnocentrismo (Antropologia)/revolucionismo étnico 
(História) 
Exemplos do etnocentrismo no continente africano: 
1. R. D. C – duas províncias estratégicas como Katanga Oriental, no 
sul onde estão e saem as grandes elites políticas do país, incluindo o 
Patrice Lumumba; 
Katanga Ocidental – potencialmente detentora das grandes reservas 
diamantíferas e outros recursos da economia nacional. Cada grupo 
residente e autóctone dessas regiões reivindica a paternidade da 
nação congolesa, uns usando o seu potencial intelectual e político, e 
outros supõem-se ser os produtores e donos da economia nacional. 
2. Na República do Ruanda – existem dois grandes grupos étnicos em 
lutas seculares devido a tomada dos destinos políticos do país. 
Destacam-se: 
a) Utus – são uma minoria mas que dominam a vida política nacional, 
são os mais letrados, urbanizados, tradicionalmente são eles os 
fazedores da história da nação; em 1994 a liderança utu, no governo 
importou do ocidente 400 toneladas de catanas alegando que iriam 
distribuir no seio da população para desencadear a campanha 
agrícola anual, mas na verdade, foram-se distribuir entre eles para 
exterminar a etnia adversária. 
b) Tutsis – representam a grande maioria do povo ruandês. 
Consequentemente, são secundarizados na liderança política, 
económica e administrativamente do estado. Deste modo, eles 
reivindicam a sua inserção nos grandes cargos governamentais, a 
posse da economia, etc. 
 
3. A República Federativa da Nigéria, igualmente tem dois grupos 
étnicos tradicionalmente rivais. Trata-se dos: 
a) Hausas – islamizados, do norte, detentores de grandes poços 
petrolíferos, instituíram os tribunais islâmicos baseados na lei da 
sharia, lei com uma acepção meramente islâmica; 
b) no sul encontram-se os yoruba – donos da vida política nacional, 
da capital do país, com uma instrução ocidental e cristianizados. 
 
 
Os Grandes Debates da Ciência Contemporânea 
A partir da segunda metade do século XIX, começou a surgir o debate 
representando o evoluir do conhecimento intelectual do Homem 
como um ser pensante. 
Nos finais do século XIX, surgiram duas posições antagónicas em 
volta do que devia ser considerado como conhecimento científico ou 
não verdadeiramente científico. Assim, destacaram-se nesta 
vertente as posições como: 
A. A Pseudociência ou Metafísica – aqui surgiram 
questionamentos sobre a Astrologia, o Marxismo e a 
Psicanálise se eram ciências ou não. Destacaram-se como 
figuras proeminentes deste movimento, Pierre Duhen, Ernest 
Meach e Jules Henri Poincaré. 
 
B. A Ciência propriamente dita – este movimento foi 
notável por estabelecer o Positivismo lógico do circulo de 
Viena. Nos princípios do século XX, um grupo de cientistas 
reuniu-se em Viena (Áustria) onde traçaram fronteiras 
existentes entre a Pseudociência e a Ciência. 
 
Foi em 1922 sob direcção do físico alemão, Mortz Shelik, que na 
companhia de seus homólogos e junto também, de seus estudantes, 
discutiram a temática e revolucionaram a maneira de conceber o 
pensamento científico. De entre os presentes destacaram-se na 
ocasião os seguintes especialistas: 
1. Herbert Feighl 
2. Otto Neurath 
3. Rudolf Carnap 
4. Kurt Gödel. 
Este grupo ficou bastante notabilizado por ter publicado uma obra 
intitulada "Visão científica do mundo". Nesta obra, o grupo de Viena 
apresentava a sua visão sobre o conhecimento científico 
denominado Positivismo Lógico, que com a sua posição filosófica 
sobre o conhecimento, surge então a famosa doutrina, o Positivismo 
Lógico do Círculo de Viena. 
 
A nova visão do Positivismo Lógico de Viena 
1. A base da ciência deve estar assente na Matemática e na 
Lógica – eles compreendiam que apenas essas ciências é que 
constituem ferramentas para a elaboração de um 
conhecimento científico. Negaram a credibilidade de um 
conhecimento resultante da observação; 
 
2. A explicação das afirmações devia ser feita por uma análise 
lógica – aqui, eles não concordam com as análises empíricas 
nem das experiências sucessivas; 
 
3. Indução como mecanismo teórico para a elaboração do 
conhecimento científico; 
 
4. Princípio de verificabilidade – este princípio postulava que 
seria considerado científico o enunciado que pudesse ser 
verificado, isto é, posto à prova, por meio de uma validação 
empírica; 
 
5. Processo indutivo – foi considerado como o motor da ciência, 
mas, mais tarde acabou desaguando no princípio de 
verificabilidade. 
 
A verificabilidade foi bastante criticada por diferentes cientistas da 
época, e desta forma, surgiram novas personalidades como: 
. Rudolf Carnap – preocupou-se em compreender a verificabilidade 
procurando encontrar um critério para se adequar aos problemas 
emergentes nos anos de 1930. Desta feita, ele adoptou o princípio 
de confirmacionismo. 
O princípio de confirmacionismo foi um modelo segundo o qual, os 
graus probabilísticos deviam passar por um alto grau de confirmação 
dependendo da experimentação empírica. 
Das conclusões tiradas das confirmações, não devem ser 
consideradas como verdades definitivas. 
C. Karl Popper e o princípio da Falseabilidade 
Popper publicou uma obra "A lógica da Pesquisa científica" em 1934 
onde propunha que não existe nenhuma garantia que uma indução 
elaborasse uma verdade conclusiva. Ele defendia que as observações 
e os testes sucessivos não podiam mostrar evidências de um 
conhecimento verdadeiramente científico. 
Sempre defendeu que mesmo havendo uma verdade lógica, é 
pertinente a existência de uma outra teoria que confronte e 
contrarie essa verdade lógica. 
 
 
D. Paradigmas científicos e programas de pesquisa 
A ideia relacionada com o desenvolvimento do conhecimento 
científico, mesmo depois da II guerra mundial, foi de Karl Popper 
com o seu princípio de Falseabilidade. 
Até 1960, surgiram novos cientistas que contrariaram Popper 
destacando-se como figuras principais: 
1. Thomas Kuhen que escreveu "Estruturas das evoluções científicas" 
onde introduziu pela primeira vez o conceito Paradigma. Para 
ele, este conceito representava um conjunto de crenças de 
valores comungados por uma comunidade científica, 
necessários para resolver problemas concretos da época e que 
deviam ser respeitados por todos os membros com que se 
identificam. 
Kuhen destaca dois momentos importantes da evolução 
científica que se compreendem em: 
a) Momento da ciência normal – foi o momento de 
questionamentos e de abrandamento no âmbito das 
discussões científicas envolvendo vários especialistas; 
 
b) Momento da revolução científica – foi o momento em que 
as ideias antes concebidas caíram em descrédito. 
 
Neste âmbito, a teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhen 
foram fortemente criticadas e contestadas. Discutiu-se que o 
conceito Paradigma foi demasiado exagerado na sua 
aplicação em vários contextos e foi substituído pelos termos 
Matriz Disciplinar. 
 
A partir das críticas a que foi alvo, Kuhen desenvolveu a tese 
de Incomensurabilidade. Aqui, ele explica que a 
comunidade científica daquela época (1960), não podia 
comparar os modelos porque são de contextos, valores, 
critérios e modelos de referência diferentes aos dos seus 
antecessores. 
Ainda nesta base, Kuhen observou que os paradigmas não 
são verdadeiros nem falsos porque o mais importante era 
avaliar a sua funcionalidade. 
 
E. O Anarquismo Metodológico de Feyerabend 
Paul Feyerabend foi um filósofo austríaco que publicou uma 
obra "Contra o Método" na qual avança três ideias principais: 
a) A ciênciaavança com os factos solidamente provados – foi 
um princípio também conhecido por princípio de 
Tenacidade. Para Feyerabend não há ciência sem 
questionamentos; 
b) Não há critérios científicos definitivos que garantem teorias 
científicas definitivas – todas as teorias que surgem em 
diferentes contextos, são em função da subjectividade das 
circunstâncias do momento. O Anarquismo Metodológico de 
Feyerabend sugere a criação de critérios para avaliar a 
qualidade da teoria científica assente em três regras 
principais: 
. Exactidão – as previsões das quantidades das teorias 
criadas devem estar de acordo entre elas. Devem ter 
concordância com as observações as experiências; 
. Consistência – uma teoria deve estar isenta de 
contradições internas e ser compatível com as outra teorias 
da época; 
. Fecundidade – uma teoria devia não só levar a novas 
descobertas como também sugerir novos problemas a serem 
resolvidos. 
F. A rebelião das Ciências Sociais 
No final do século XIX, com a crescente consolidação das 
Ciências Sociais, iniciaram as polémicas divergências a cerca 
da aplicabilidade dos métodos e procedimentos 
desenvolvidos pelas ciências naturais e também pelas 
Ciências Sociais. 
Wilhelm Dilthey (1833-1911), filósofo alemão estabeleceu 
uma distinção clara que se tornou um marco notável nessas 
discussões. Ele diferenciou: 
a) Explicação – compreendeu que era a operação básica 
existente nas ciências naturais que estabelece as causas e 
efeitos dos fenómenos observados; 
b) Compreensão – é um procedimento típico das Ciências 
Sociais nas quais, as causas dos fenómenos dificilmente 
seriam explicadas. 
Com o seu método de observação e de comparação, as Ciências 
Sociais ganharam o campo de pesquisa com específico objecto de 
estudo. Para tal, foi-se privilegiando a interpretação em Ciânicas 
Sociais com base no cruzamento entre as várias áreas do 
conhecimento como: 
História Geografia Demografia Etnografia 
 
 Antropologia Sociologia etc. 
 
A partir desta distinção de Wilhelm, o sociólogo alemão Marx 
Weber (1864-1920) propós um novo método científico para as 
Ciências Sociais – o Método Compreensivo. Este método consistia 
em entender o sentido que as acções humanas possuem, em vez de 
focalizar meramente os aspectos exteriores dessa mesma acção. 
 
No início da década de 1920, surgiu um movimento importante no 
Instituto de Pesquisas sociais de Frankfurt, Alemanha, onde se 
destacaram como figuras proeminentes: Herbert Marcuse, 
Theodoro Adorno e Walter Benjamim. 
A escola de Frankfurt propôs um conjunto de ideias 
multidisciplinares que passou a ser conhecido como Teoria Crítica. 
De uma inspiração marxista, esses teóricos defendiam que a ciência 
havia-se tornado desconectada da realidade social, servindo 
unicamente como instrumento das classes dominantes para a 
manutenção do seu status social. 
 
No final de 1960, surgiu um movimento na filosofia das ciências 
Sociais denominado Sociologia do Conhecimento. De entre os seus 
representantes, destacam-se: 
David Bloor, Barry, Barnes, David Edge, Steve Shapin, entre outros 
cientistas daquela geração. 
Estes e tantos outros especialistas eram da Universidade de 
Edimburgo, tinham abraçado a tese de Incomensurabilidade de 
Thomas Kuhen e inspiraram-se fortemente no Anarquismo 
Metodológico de Paul Feyerabend (a cerca dos critérios de avaliação das 
teorias científicas). 
A escola de Edimburgo passou a considerar o conhecimento científico 
como sendo uma construção social. 
 
Ainda em 1960 surgiu uma outra vaga de pensadores reafirmando a 
necessidade de existência de um método científico capaz de 
emancipar o ser humano submerso nas ideias capitalistas. 
O seu principal mentor foi o filósofo alemão Jürgen Habermas. O 
principal pensamento deste cientista, foi pela preservação das 
ciências naturais porque segundo ele, tinham uma lógica objectiva 
enquanto que as ciências sociais e humanas, deviam seguir uma 
lógica interpretativa porque a cultura e a sociedade encontram-se 
embaçadas de símbolos. 
Para Habermas, o pensamento aplicado às ciências sociais era 
fundamental porque podia proporcionar a separação da dicotomia 
"saber" e "fazer", a "ciência" e "sociedade". 
Para ele, as ciências sociais deviam ter um carácter intervencionista, 
o cientista social deve ser mais interventivo para garantir a 
transformação da sociedade através dos seus estudos, realizados a 
base das suas constantes e permanentes constatações. 
 
 
Pensamento Antropológico e as 
correntes fundamentais da Antropologia 
1. Pensamento Antropologico 
Antropologia é a ciência do Homem. 
Anthropos = Homem, no contexto e dimensão da espécie. 
Ethnos = colectividade = povo. 
Desde há muito tempo, foi conhecido e usado o termo Antropologia. 
Mas o conceito Etnologia foi conhecido a partir do século XIX 
através de uma pesquisa social projectada por antropólogo francês 
chamado Ampère. 
A sua pesquisa baseou-se em escritos de relatos e viagens da 
aventura expansionista levada acabo pelos europeus a partir do 
século XV, ao mudo extra-eurpeu. 
Neste âmbito, a partir desta compreensão, foram determinados 
fundamentos científicos com as seguintes linhas de orientação: 
Em 1839 foi fundada na França a Société d’Etnologie onde foi usado 
publicamente o termo Etnologia. 
Em 1859 foi fundada e funcionou em paralelo a Sociedade de 
Antropologia (Société d`Anthropologie). 
As duas instituições tendiam definir a Antropologia e a Etnologia 
como ciência de todo o Homem. Devido as particularidades e 
interesses individuais dos membros das duas sociedades, 
distinguiram de forma superficial e concluíram que: 
. Antropologia – é o estudo paleontológico e morfológico da 
anatomia humana incluindo as raças; 
. Etnologia – é o estudo dos aspectos culturais, espirituais ou sociais 
da actividade humana. 
 Esta distinção foi adoptada na sua fase inicial em toda a Europa, 
conforme se pode depreender: 
1. Na Inglaterra foi constituída em 1843, a Sociedade de Etnologia 
de Londres encarregada de fazer estudo do Homem na componente 
de formação das raças humanas, ao desenvolvimento das línguas e 
da civilização. 
 
Em 1863 surge a Sociedade da Antropologia de Londres com uma 
missão específica de estudar os aspectos anatómicos da etnologia 
das sociedades humanas. As duas sociedades (sociedade de 
Antropologia e de Etnologia) caracterizaram-se por um forte 
antagonismo que tais divergências terminaram com a fusão das duas 
instituições formando-se o famoso Royal Instituto de Antropologia 
da Grã-Bretanha nos finais do século XIX, precisamente em 1871. 
 
A partir desta altura, em todos os países de expressão inglesa, o 
termo Antropologia passou a ser mais usado enquanto que a 
Etnologia aplica-se a uma especialização secundária respeitante a 
história das culturas dos diferente povos de diferentes quadrantes 
do planeta terra. 
 
No universo da ciência antropológica, a distinção básica centra-se 
fundamentalmente em duas perspectivas: 
a) Antropologia Física – ocupa-se ao estudo morfológico das raças 
humanas. Compreende-se nesta linha de estudo, a lenta e 
progressiva transformação do Homem na sua existência (teoria de 
transformação de Charles Darwin em comparação com a teoria 
criativa defendida pelas crenças religiosas). Demonstra-se neste 
estudo morfológico e paleontológico, a genealogia lenta, progressiva 
e sucessiva transformação de: 
. Prossímio = símio = Arcantropo = Australopitecos – constituindo a 
primeira linha da transformação do Homem. Aqui, nota-se que esta 
revolução traduziu-se na emergência do homem inteligente (homo 
habilis). 
 
Razões dessas transformações: na história da existência da 
humanidade, foram registados vários cataclismos naturais que 
fustigaram a fase da terra.No período de Pleosteceno, registaram-se chuvas intensas 
(pluviações) em África e Ásia. Na mesma altura, no continente 
europeu formaram-se montanhas de gelo (glaciações) devido ao frio 
intenso. Tempos mais tarde, surge um aquecimento que fez derreter 
o gelo (regressões marinhas) na Europa cuja água aumentou a 
quantidade das aguas oceânicas que transbordaram o seu limite 
normal (transgressões marinhas). Biologia e Quimica 
 
Foi na altura da formação de montanhas de gelo em que houve o 
desfasamento das águas do mar provocando uma cedência da terra 
em diferentes quadrantes que culminou com a separação dos 
continentes. Esta separação foi aproveitada pelos povos do sudoeste 
asiático, nas suas migrações, transitarem para o extremo sul 
americano de onde não saíram devido a acção das transgressões 
marinhas que aumentaram o leito dos locais antes por eles 
atravessados. 
Significa para isso dizer que, a América não foi descoberta, como 
território habitável, pelos europeus conforme se divulgou 
universalmente, pois, os asiáticos já se fizeram presentes muito 
antes do século XV. 
 
b) Antropologia Social – dedica-se ao estudo dos aspectos culturais da 
existência humana nos seus valores e nas suas concepções 
cosmológicas ou perspectiva ontológica do Homem (a dimensão 
metafísica, a religiosidade, a antropologia histórica, política, etc.) 
 
2. Nos Estados Unidos da América atribui-se a paternidade da 
Antropologia ao Franz Boas. É uma perspectiva antropológica com 
matrizes inglesas devido a língua e acultura daquele país europeu 
colonizador. 
 
A Antropologia americana é genérica, mas o uso do termo tem 
apenas uma acepção cultural e não física. Deste modo, a estrutura e 
a organização do Departamento da Antropologia nas universidades 
americanas corresponde ao valor da acepção compreensiva e neutro 
do termo: Antropologia Física, Antropologia Filosófica, 
Antropologia Política, etc. 
 
Desta feita, encontram-se as ramificações específicas como 
Antropologia Física, Antropologia Cultural, Antropologia Política, 
Antropologia Social, Antropologia Económica, etc. 
Assim, os manuais de ensino da Antropologia são redigidos seguindo 
esta acepção compreensiva e com uma panorâmica científica 
bastante complexa. 
 
3. Na Itália, desde sempre a Etnologia foi considerada o estudo dos 
aspectos históricos e culturais da vida dos homens distinguindo-se 
dos aspectos paleontológicos e anatómicos da espécie humanos. 
A Antropologia Cultural, como denominação académica, ou seja, de 
um curso universitário especializado e distinto da Etnologia, é uma 
aquisição recente com nítida origem americana. 
A emergência do termo surge com a justificação de que a Etnologia 
se dedica ao estudo da cultura primitiva e das sociedades simples e 
exóticas, enquanto a Antropologia Cultural se dedicava a pesquisa de 
valores ideais e das relações entre e a cultura e a personalidade nas 
sociedades complexas. 
De forma análoga, os etnólogos e antropólogos italianos têm em 
comum o vasto campo da cultura, mas, diferenciam-se em pela 
pesquisa especializada e sectorial que partilham. 
Dada a estão dispersa da acepção compreensiva da Antropologia 
italiana, A. M. Cirese em 1970 introduziu uma nova expressão – 
Estudos Etno-Antropológicos. 
Nesta mesma visão, Bernardo Bernardi escreveu uma obra intitulada 
"Introdução aos Estudos Etno - Antropológicos". 
 
Natureza e Cultura Antropológicas 
O objecto de estudo específico da Antropologia é o Homem no 
contexto da espécie racional. 
A Antropologia Física estuda as formas e as estruturas do corpo 
humano. 
Antropologia Cultural estuda o significado e as estruturas da vida do 
Homem como manifestação da sua actividade mental. 
O Homem é condicionado pela construção de indivíduo, pelas 
relações que o liga com outros indivíduos com os quais comparticipa 
a sua vida e a natureza mais vasta que o circunda. 
 
O estudo antropológico assenta-se profundamente em grandes 
temas da existência humana como: 
. O Homem como indivíduo; 
. As relações entre os homens; 
. A relação humana dos indivíduos e dos grandes grupos com a 
natureza envolvente. 
A Antropologia estuda a natureza definindo-lhe as várias acepções 
sob as quais o conceito de natureza se ajusta a mente humana para 
ordenar a vida do Homem em sistemas de interpretação teórica e de 
instituições. 
Natureza é o universo como totalidade cósmica, visível e invisível 
dentro do qual o Homem está imerso. A natureza como complexo de 
forças estranhas ao Homem, é encarada como contraste a cultura e 
ao próprio Homem e a sua actividade. Tal oposição suscita a 
linguagem mítica e mística. 
As leis físicas e biológicas que regem a constituição íntima das coisas 
e dos seres são descritas também como natureza. O próprio Homem 
na sua estrutura física, sujeita-se a essas leis: nasce, cresce e morre. 
A constituição natural do Homem apresenta-se sob forma dupla 
devido a diferenciação de sexos. A distinção entre homem e mulher 
é um facto natural. Não é produto de livre escolha do Homem, por 
isso, ele vê-se perante uma distinção que não pode deixar de aceitar 
e que deve respeitar. 
 
Há vários modelos pelos quais a estrutura sociocultural se apresenta 
relativamente a distinção de sexos. A partir desta linha de 
compreensão, Emile Durkhein estudou os princípios e fundamentos 
da vida das sociedades e constatou que: 
1.Os Wogeo – povos da Nova Guiné, entendem que os membros de 
qualquer grupo sexual serão salvos, invulneráveis, sãos e prósperos 
desde que cada um se isole e se abstenha de misturar-se com 
membros de outro grupo sexual; 
 
2. Hogbin (1970) – entende que para uma mulher se abster do 
homem é possível quando estiver no ciclo menstrual e os homens se 
menstruam periodicamente fazendo incisões no pénis para se 
purificar pela perda de sangue; 
 
1. Griaule (1968) – constatou que os Dogon, estrato social 
existente na república do Mali, o nascimento de gémeos no seu seio, 
constitui um princípio constitutivo da vida de todos os seres e da 
ordenação cósmica. Tudo que contradiga este princípio é desordem; 
 
2. Turner (1969) – estudou os Ndembu, grupo étnico que se encontra 
na Zâmbia. Para este grupo, o nascimento de gémeos é um paradoxo 
vital. Para evitar este facto absurdo e brutal, para estabelecer a 
ordem na família e na sociedade, devem-se cumprir rituais 
apropriados no seio da comunidade onde surgiram os gémeos. 
 
O significado Antropológico de Cultura 
De forma correcta utilizam-se dois significados do termo cultura: 
1. Significado humanístico – é de âmbito limitado e restritivo que 
refere ao processo de conhecimentos mais ou menos especializados 
e adquiridos mediante ao estudo. É sinónimo de conhecimento ou 
doutrina. 
Deste modo, considera-se homem culto, aquele que completou 
estudos superiores; possui conhecimentos sistemáticos resultantes 
da formação universitária. 
Na mesma ordem, o termo cultura refere-se a épocas particulares, 
daí, a designação da cultura renascentista, a cultura do século XX, 
etc.; 
 
2. Significado antropológico – nasceu com o aparecimento da 
Antropologia científica e de forma lenta foi-se introduzindo no uso 
comum. Aqui, o termo cultura é reservado a uma concepção de vida 
especial de uma dada região ou localidade, como na expressão: 
cultura maconde, cultura ndau, cultura jaua, etc. 
Esta acepção conduz a consequências conceptuais e sociais 
limitativas. Por isso, é uma concepção refutada pelos antropólogos 
profissionais. 
 
Salmon, no século XVIII (1740) concebeu um mapa geográfico da 
África daquele século e nele representou áreas ocidentais 
correspondentes actualmente a países como Angola e Botswana e 
escreveu «nação selvagem que se diz, nem se quer conhece a palavra». 
 
Para os Humanistas e os povos da Antiguidade Clássica, os povos 
sem cultura eram os bárbaros (povos invasores que faziam lutas deconquistas, 
anexações territoriais, etc.). 
 
O s Iluministas do século XVIII, consideraram povos sem cultura aos 
naturais ou autóctones de qualquer região. Alegavam que a falta de 
viagens, não dá a possibilidade de alguém se familiarizar com as 
outras culturas de povos diferentes. 
Nesta base, a Antropologia começou a estudar os costumes e 
tradições dos povos por não concordar que haja povos sem cultura. 
 
A primeira formulação antropológica do termo cultura foi feita por 
Edward B. Taylor que definiu a cultura como sendo um complexo 
unitário que inclui conhecimentos, a crença, a moral, a religião, a 
arte, as leis e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo 
Homem como membro da sociedade. 
 
Um indivíduo simples pode-se ver como ele se insere na cultura e 
como esta serve para moldar a sua personalidade enquanto ele 
próprio participa activamente na sua criação, manifestação e 
manutenção. 
 
Para a comunidade, o complexo da cultura pode olhar-se na sua 
estrutura actual e operante, sob aspecto funcional e sincrónico, 
como um imediato e global e pode estudar-se sob aspecto histórico 
e diacrónico para reconstruir o seu processo evolutivo e causal. 
 
Como complexo unitário, a cultura assume ainda valor de 
património, um valor transmitido pelos pais e torna-se na herança 
tradicional que caracteriza não somente todo o indivíduo, mas 
também toda a sociedade. 
Os antropólogos americanos foram os estudiosos que mais se 
aplicaram ao estudo do conceito cultura ao ponto de tornar uma 
disciplina especializada denominada culturologia. As suas pesquisas 
alargaram-se a vasta problemática da dinâmica cultural da 
ontogênese (processo de formação e integração da cultura). 
 
Radcliff Brown em 1940 defendeu que a cultura não se observa 
porque tal palavra denota, não uma realidade concreta, mas uma 
observação bastante vaga. 
……………………………….Hist/Geog…..11.o8.11……………………………….. 
Cultura e Civilização 
Na óptica de Bernardo Bernardi, cultura é a actividade humana, da 
sua constituição física e biológica como indivíduo e como pólo de 
realizações sociais. 
 
Luís Gonzaga de Mello, citando Claude Levi-Strauss compreende 
que cultura é um conjunto complexo que inclui conhecimentos, 
crença, arte, moral, lei, costumes e várias outras aptidões e hábitos 
adquiridos pelo Homem como membro duma sociedade. 
 
Francisco Lerma Martínez, defende que etimologicamente o termo 
cultura provém do Latim - COLERE significando cultivar, cuidar ou 
seja, apresenta um sentido ligado ao cultivo da terra, como: 
. Agri-cola = cultivador da terra; 
. Colonus = quem cultiva; 
. In-cola = morador; 
. Colónia = o local cultivado; 
. Colere terram – é o primeiro sentido de cultura, significando cuidar 
da terra; 
. Colere deos Loci ou Cultus deorum – cuidar os deuses da terra. 
 
Na Idade Média, os dois termos encontraram-se no ideal do centro 
de cultura – nos mosteiros. A acção da missão de São Bento da 
Núrsia – instituição criada para garantir uma convivência ecuménica 
alterando o cenário da vida particularista, simplista em que uns 
viviam na ociosidade e outros na penúria. 
Durante o Renascimento, com os humanistas, se desenvolveu um 
terceiro significado: cultivar espírito. 
 
George de Napolis, antropólogo americano e professor da 
Universidade Gregoriana de Roma, define a cultura como um 
conjunto de significados e valores partilhados e aceites por uma 
comunidade. É a maneira de viver de um grupo humano, valores e 
compartimentos que identifica os mesmos membros. 
 
É a cultura que distingue o Homem dos outros animais pelo 
reconhecimento da noção de consciência que está presente no 
Homem. A cultura é uma tarefa social e não um acto individual. É um 
conjunto de experiências vividas pelo Homem através da história. Ela 
adquire-se pelo processo de aprendizagem – socialização. 
 
 
 
 
Português – 12.08.11 
Principais acepções da cultura 
Cultura objectiva e cultura subjectiva 
. Cultura objectiva – é a cultura enquanto exteriorizada. Todo o 
conjunto complexo da obra humana de todos os tempos e de toda a 
terra habitada pelos humanos; 
. Cultura subjectiva – é quando se refere ao conjunto de valores, 
conhecimentos, crenças, aptidões, qualidades e experiências 
presentes em cada indivíduo. 
 
Cultura real e cultura ideal; 
. Cultua real – é o que concretamente fazem as pessoas; 
. Cultura ideal – o comportamento que as pessoa dizem e 
acreditam que deviam ter. 
 
Principais características da cultura 
1. A cultura é simbólica – a cultura é um conjunto de significados e 
valores transmitidos necessariamente através de símbolos e sinais. 
Símbolo é um fenómeno físico que tem um significado conferido por 
aqueles que o utilizam. 
2. A cultura é social - o seu carácter permite que seja transmitida, 
comunicada e seja social. Os hábitos, os costumes e a padronização 
do comportamento aos processos sociais. A cultura pertence ao 
grupo humano a ela representada, transmite-se por meio da 
sociedade. O indivíduo atinge socialmente a cultura que lhe é 
transmitida por alguém que age em nome da sociedade. 
Segundo Keesing, a cultura não pode existir sem pessoas a ela 
relacionadas e transmitindo a seus descendentes. 
3. A cultura é dinâmica e estável 
a) Estável - no sentido de identidade e tradição. 
Segundo Boka Di Mpasi "Religião e cultura em África" a tradição não 
significa repetição. 
 Repetição Tradição 
 
4. A cultura é selectiva - a cultura é um acto e facto humano 
contínuo, um processo que lhe implica reformulações. Esse 
processo de reformulações se acentua na sucessão de gerações. 
Alguns valores são relegados ao esquecimento e outros novos são 
integrados. 
 
5. A cultura é universal e regional – a cultura é um fenómeno 
universal. Desde a existência da espécie humana, nunca foi 
encontrado um grupo que não tenha cultura. Cada grupo alimenta 
seus interesses, tarefas e dentro do conjunto cultural próprio e 
assim se formam padrões regionais de cultura conforme as 
situações próprias e as suas necessidades particulares. Os 
aspectos comuns a todas as culturas regionais denominam-se 
universais da cultura. 
 
6. A cultura é determinante e determinada – a cultura faz o Homem 
e este faz a cultura porque impõe aos indivíduos e estes pouco 
podem fazer no sentido de fugir os padrões culturais socialmente 
aceites. 
 
. a cultura determina o comportamento humano na sua 
padronização. 
. a cultura é determinada na medida em que se transforma ao 
longo do tempo devido a seguintes factores: 
- modificações geográficas; 
- modificações sociais; 
- modificações demográficas; 
- modificações culturais, etc. 
…………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………….. 
Relação entre cultura e sociedade 
Joseph H. Fichter entende sociedade como sendo um número 
maior de seres humanos que agem conjuntamente para satisfazer 
suas necessidades sociais e compartilham uma cultura comum. 
 
Kingsley Davis - divide o facto cultural em dois grupos ou tipos a 
saber: 
. Facto social bio-social – é um facto comum entre todos os animais 
e é herdado por hereditariedade (procriação); 
. Facto social sócio-cultural – é o fenómeno social próprio da espécie 
humana e é herdado pela cultura. 
Dinâmica – na lei da vida, a cultura muda com um ser vivo da 
espécie, as mudanças podem ser pequenas ou grandes, 
despercebidas ou grandes. 
 
Processo de endoculturação (inculturação) 
A endoculturação ou inculturação é o processo de ajustamento 
de respostas individuais aos padrões de cultura de uma 
sociedade. 
O primeiro especialista a utilizar o termo endoculturação, foi 
Melville Herskovits que defende que o processo de endoculturação 
começa após nascimento da criança porque a cultura não é 
transmitida biologicamente. Trata-sede um processo que inicia com 
a aparição da criança, vai-se consolidando durante o seu crescimento 
e se estende até a morte. 
 
Segundo Mischa Titiev "A ciência do Homem" a criança ao nascer tem 
um comportamento 100 % biológico. Ao crescer passa a receber o 
impacto da cultura e é levada a assimilar comportamentos 
padronizados que observa a sua volta. Assim, absorve o máximo da 
cultura e conforma o seu comportamento a ela. Aprenderá todo o 
dispositivo simbólico que lhe permitirá comunicar-se com os outros e 
tornará apta para o processo intelectual, sensitivo e volitivo. 
Adquirirá hábitos e costumes, disciplinar os seus movimentos 
biológicos e sofrerá uma mudança progressiva que transformará seu 
comportamento de 100 % biológico ao ponto de 100% cultural. 
Fig. Factores do processo de endoculturação ou inculturação. 
 
O processo de endoculturação ou inculturação apesar de estender-se 
por toda a vida do indivíduo, apresenta variações e intensidades 
diversas. Na criança, durante a sua infância, não há selecção. Ela 
assemelha-se a uma esponja que absorve tudo. Adquire os 
condicionamentos fundamentais como hábitos de dormir, de comer, 
de falar, de pensar, etc. Neste processo de inculturação, o indivíduo 
vai modelando a sua personalidade que perdura durante toda a vida, 
com aceitação ou repulsa consciente dos factos em função dos 
contextos adequados. 
 
A endoculturação é importante porque torna o indivíduo um 
membro ajustado à sociedade onde o seu comportamento atinge 
padrões culturais aceitáveis por todos. 
 
Etnocentrismo – é a atitude que os grupos humanos manifestam em 
se supervalorizar diante dos outros. É uma atitude que pode ser 
tomada como consequência do próprio processo de endoculturação 
ou inculturação. 
 
As Principais teorias ou escolas antropológicas 
1. Evolucionismo - o estudo das sociedades humanas vivas na 
continuidade das interrogações renascentistas, só passou a 
representar um interesse real a partir do momento em que foi 
possível obter informações sobre as sociedades muito afastadas e 
estranhas do contexto europeu. 
 
O contacto estabelecido com os povos de todos os continentes 
graças a descoberta das vias marítimas pelos portugueses da época, 
constituiu um marco importante na história de toda a humanidade e 
que a Antropologia tira maior proveito para o conhecimento geral 
sobre o Homem. 
As primeiras descrições reveladoras de mundos distantes, diferentes 
e inanimados para os europeus do século XVI, suscitavam a 
curiosidade dos espíritos pelas revelações e eram feitas a cerca das 
novas criaturas humanas até aí desconhecidas e dos seus modos de 
viver na fase da terra. 
Como exemplos destas descrições destacam-se: 
a) A crónica dos descobrimentos e descoberta da Guiné – Gomes 
Eanes Zurara (1410-1474) – ele descreve o contacto dos portugueses 
com as tradições guineenses; 
 
b) O roteiro da viagem de Vasco da Gama – por Álvaro Velho 
(1497) descreve o encontro dos portugueses com os habitantes da 
baía de Santa Helena e São Brás; 
 
 
c) Carta de Pêro Vaz Caminha – um escrivão que viajou junto de 
Pedro Álvares Cabral, até ao Brasil. Tal carta tão volumosa, foi 
enviada ao rei de Portugal, D. Manuel, na qual se relatava o 
comportamento, o ornamento e a reacção ao vinho de uvas pelos 
ameríndios; 
 
d) Etiópia Oriental – de Frei João dos Santos (1609) – que relata 
as informações sobre os costumes, artes, ofícios, modos de viver e 
vestir, tatuagens, enfeites de cabeça dos vários povos da costa 
oriental africana, principalmente os macuas do norte de 
Moçambique; 
 
e) Aventura de viagens de Fernão Mendes Pinto (1510-1583), pelo 
oriente em peregrinação; 
 
f) Relatos sobre as viagens no Cazembe – de Lacerda entre os séculos 
XVIII e XIX; 
 
g) Considerações sobre a religiosidade dos pretos da África Ocidental 
portuguesa e da região central do Equador – por António Gil. 
 
2. Evolucionismo Cultural – depois das reportagens trazidas ao 
mundo europeu pelos portugueses, a partir do século XV, devido as 
suas viagens marítimas, os séculos subsequentes, ou seja, os séculos 
XIX e XX constituíram momentos de euforia e optimismo. O século 
XX despoletou um medo enorme e apreensão devido aos progressos 
tecnológicos alcançados. 
Destas grandes vitórias tecnológicas e científicas registadas, atribui-
se a sua autoria aos seguintes especialistas: 
a) Edward B. Taylor (1832-1917) – foi considerado pai da Etnologia por 
tentar sistematizar o estudo das culturas; 
 
b) Duncan Mitchell "Dicionário de Sociologia" na sua abordagem sobre a 
evolução social, apresenta alguns nomes como sendo os 
precursores do evolucionismo cultural da Etnologia e de entre eles, 
se destacam os seguintes: 
. Henry Maine (1622-1888) – estudou a organização da vida nas 
sociedades primitivas; 
 
. Saint – Simoin (1760-1825) – defendeu nas suas várias obras de 
que há uma sequência evolutiva através da qual toda a humanidade 
atravessa; 
 
. Auguste Comte (1798-1870) concordando com o seu antecessor, 
ele apresenta um esquema onde fala de um estado primitivo ou 
teológico, de um intermediário (metafísico) e o terceiro estado é o 
positivo ou científico. Segundo ele, todas as sociedades passam por 
todos estes três estados; 
 
. Herbert Spencer (1820-1903) foi o autor da expressão clássica 
"sobrevivência dos mais aptos e extinção dos mais fracos" mais tarde 
publicada por Charles Darwin e Wallace. 
 
 
Segundo Evans Pitchard, os primeiros a considerar a sociedade 
primitiva como tema interessante e merecedora de estudo, foram 
Mclenan e Taylor (Inglaterra) bem como o Lewis Morgan (América). 
 
Foram eles a extrair informações acerca das sociedades primitivas 
com base na selecção dos escritos sobre as diversas classes, 
apresentaram de forma sistematizada estabelecendo as bases da 
Antropologia Social. 
 
Em 1871, Taylor publicou a sua obra "cultura primitiva" onde mostra o 
desenvolvimento da prática religiosa. Foi responsável pelo conceito 
do termo cultura distinguido-o do de raça. 
 
James Frazer (1854-1941) escreveu sobre Antropologia Social onde 
apresenta três etapa da evolução pelas quais passam todas as 
sociedades: magia, religião e ciência. 
 
Evolucionismo Cultural: principais características 
1. Amplitude do objecto de estudo – o evolucionismo visava o estudo 
da cultura definida por Taylor como sendo um conjunto complexo 
que inclui conhecimentos, a moral, a arte, a religião, os hábitos e 
costumes e várias outras aptidões adquiridas pelo Homem como 
membro de uma determinada sociedade. 
A Antropologia nascente do século XIX, abrangia um vasto campo de 
estudo, respeitava as diferenças e semelhanças culturais dos povos. 
 
Segundo esta holística antropológica emergente, o evolucionismo 
começou a acreditar na noção de unidade psíquica do Homem (todos 
os povos mais cedo ou mais tarde evoluíram e evoluirão em sua cultura). 
 
Este posicionamento refuta a postura de Montesquieu segundo a 
qual, as mutações culturais devem-se ao ambiente onde-se insere 
cada sociedade, daí, os africanos por excelência são povos atrasados 
até a sua eternidade. 
 
Para Lewis Morgan, o aspecto material ou técnico é o grande 
responsável pela transformação na organização das sociedades e 
posterior transformação do equipamento. 
 
A amplitude do objecto do estudo permitiu o desenvolvimento 
acelerado de actividades científicas que vieram ampliar o 
conhecimento sobre o passado humano, pois, foi privilegiado o 
estudo da Arqueologia e da Paleontologia históricas. Deste modo, o 
estudo e a abordagem sobre o Homem e da sua cultura passou a não 
ser apenas um dogma religioso. 
 
2. Factor tempo – o evolucionismo procura criar um novo tempo 
cultural onde apresenta as fases ou estágios da evolução cultural. 
Foi assim que surgiram os termos como tempo primitivo, tempo 
moderno e outros, para os evolucionistas,os níveis de 
desenvolvimento cultural determinam também o tempo da vivência 
do Homem que com a qual se identifica. 
 
3. O método comparativo - é o método que tinha por objectivo 
explicar aquilo que se ignorava quase que completamente. Foi um 
método usado pela primeira vez por Aristóteles no seu estudo sobre 
os sistemas políticos. Desta visão, a ciência antropológica veio dar 
uma revolução ao método comparativo privilegiando observações 
nas diferenças e semelhanças dos factos sociais. 
 
Analisando o método comparativo do século XIX, Percy S. Cohen diz 
que em todo o século XIX, houve uma ligação entre o método 
comparativo e a abordagem evolucionista fundamentalmente pela 
influência crescente da corrente identificada com o darwinismo. 
 
John Stewart Mill (1806-1873) – demonstrava que o método 
comparativo era apenas uma aplicação da lógica científica para os 
casos já dados. 
 
Nos dias correntes, o método comparativo é enfatizado nas ciências 
humanas por Emile Durkhein e Marx Weber. Os evolucionistas 
falharam nas metodologias usadas e por não fazer a crítica das 
fontes usadas para as suas informações, pois, basearam-se somente 
nas narrações bíblicas e na mitologia grega da época. 
 
Mas foi o evolucionismo que começou com o método comparativo 
de forma mis correcta quando passou a estudar os povos primitivos 
contemporâneos para através das observações concretas, aumentar 
o seu verdadeiro conhecimento cultural universal. 
…………………………………….Hipogep…17.08.11……………………………… 
4. Principais temas e conceitos – para os evolucionistas, os principais 
temas da sua análise, foram as instituições familiares e religiosas. De 
igual modo, preocuparam-se também ao estudo das instituições 
jurídicas e dos aspectos da cultura material – como foi o caso do 
Morgan. Morgan defendia que a história do género humano é única 
em sua origem, na sua experiência e no seu progresso (ele refutava a 
existência de povos primitivos, bárbaros e civilizados). 
Os principais conceitos introduzidos pelo evolucionismo foram: 
cultura, sistema de parentesco, sobrevivência, aderência, evolução 
cultural, religião, magia simpática, totemismo, clã, tribo, frataria, 
descendência matrilinear ou patrilinear, etc. 
 
Dinamismo Cultural: a cultura como processo 
As culturas estão sempre em movimento, mesmo aquelas consideras 
como sendo impávidas, inertes ou semi-morfas. Todas elas vibram, 
palpitam e tem vida. Em cada membro estão os valores culturais. 
Deste modo, a cultua constitui um modo colectivo de provar a 
sobrevivência de todos e de cada um dos membros da população. 
 
Em linhas gerais, o comportamento cultural assenta-se em dois 
extremos sem nunca atingidos completamente: 
1. Estado de estabilidade ou funcionamento – a cultura é um padrão 
de comportamento colectivo sempre actualizado cujas raízes se 
perdem no espácio-temporal (estrutura). 
O estado de estabilidade é considerado por vários autores 
especialmente Claude Levi-Strauss, Pagés, Eric Wolf, Lefebvre, Aron 
e outros referenciados por Roger Bastide, em 1950, como sendo 
estrutura. 
 
2. Mudança ou transformação – a cultura nasce, cresce, se 
desenvolve, atinge o auge e decai. 
 
 
Difusão cultural 
Todos os antropólogos são unânimes em reconhecer que o 
fenómeno da difusão cultural é incontestável e é importante na vida 
dos seres humanos. 
 
 
 
Segundo Ralph Linton: 
"O cidadão americano desperta num leito construído 
segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas 
modificado na Europa Setentrional antes de ser transmitido a 
América. Sai das mantas de algodão cuja planta foi 
domesticada na Índia ou de linho e lã de carneiro 
domesticado no Próximo Oriente. Lava-se com sabão 
inventado pelos antigos gauleses; faz a barba que é um ritual 
dos sumérios do Egipto Antigo. As suas roupas tem a forma 
de peles das estepes dos nómadas da Ásia; tem sapatos de 
pele curtida por um processo inventado no Egipto e com um 
feitio do Mediterrâneo. Antes de ir tomar café, olha as ruas 
pela vidraça feita de vidro inventado no Egipto e se estiver 
chovendo, calça galochas de borracha descobertas pelos 
índios da América Central e toma um guarda chuva inventado 
no sudoeste asiático. 
A caminho do café, pára para comprar um jornal pagando 
com moedas, invenção da Líbia Antiga. O prato é feito de 
uma espécie de cerâmica inventada da China e a faca é feita 
de liga de aço inventado pela primeira vez na Índia do Sul; o 
garfo foi inventado na Itália medieval e a colher vem de um 
original romano. 
Começa o seu café com uma laranja vinda do Mediterrâneo, 
melão da Pérsia (Irão) e uma melancia africana , tomando 
café, planta africana da Abissínia (Etiópia)". Toma um xarope 
de maçã inventado pelos índios da floresta do leste dos 
Estados Unidos da América; come ovo duma espécie de ave 
domesticada da Indochina; finas fatias de carne de um 
animal domesticado da Ásia Oriental e come salgados e 
defumados por um processo desenvolvido na Europa. 
Acabando de comer, fuma, hábito implantado pelos índios 
americanos mas utilizando uma planta tipicamente do Brasil 
e usando um cachimbo dos índios da Virgínia ou cigarros 
provenientes do México. Mas também pode usar um charuto 
transmitido à América do Norte pelas Antilhas por intermédio 
da Espanha. 
 
Com este texto, pode-se entender a Difusão Cultural como 
sendo um processo universal de cultura que consiste na 
propagação de elementos de uma dada cultura para outras 
culturas através de contactos entre povos. 
 
Processo de aculturação 
Em 1880, J. W. Powell utilizou o termo aculturação para significar 
empréstimos culturais entre diferentes povos localizados em 
distintos quadrantes do globo terrestre. 
 
Em 1899, Franz Boas usou o conceito difusão cultural para os 
estudos sobre a disseminação das culturas. 
Para Melville J. Herskovits, a difusão cultural é o processo de 
transmissão cultural consumada enquanto que aculturação é estudo 
da transmissão da cultura em marcha. 
 
Darcy Ribeiro "os índios e a civilização" defende que no processo de 
aculturação, as culturas de alto índice técnico em contacto com as do 
baixo nível de desenvolvimento técnico, as de baixo índice 
tecnológico acabam sendo absorvidas. 
 
Estudo do Parentesco na Antropologia 
Parentesco refere-se aos laços de consanguinidade que marcam a 
ligação entre os seres humanos. Mas também referem-se aos laços 
de afinidade como por exemplo, o casamento. 
O parentesco no sentido amplo tem três tipos de laços: 
a) Laços de sangue - descendência; 
b) Laços de afinidade – casamento ou matrimónio; 
c) Laços fictícios – adopção. 
Descendência – são laços ou relações do indivíduo com os seus 
parentes de sangue. Portanto, é uma relação biológica. Em algumas 
sociedades, leva-se em consideração apenas a descendência 
unilateral, seja de pai ou de mãe. 
 
Segundo Tornay Copans "Antropologia, ciência das sociedades 
primitivas", entre o homem e a mulher quem teria precedido o outro 
para o desenvolvimento da humanidade? 
(História de Adão e Eva = Adam e Hawa ) 
 
Nas sociedades modernas, a descendência é bilateral. Consideram 
portanto, ancestrais tanto o pai como também a mãe. A 
descendência matrilinear é também conhecida por uterina e a 
patrilinear é também chamada por agnática. 
 
A descendência é igualmente chamada por linhagem. Desta feita, 
sistema matriarcal ou patriarcal é diferente de linhagem ou 
descendência matriarcal ou patriarcal. Os sistemas referem-se aos 
regimes políticos, o exercício do poder. 
 
Descendência unilinear dupla – trata-se de uma sociedade onde não 
se considera de forma igual a descendência pelas duas linhas. Assim 
o reconhecimento unilinear é por certos objectivos que tem em vista 
conforme diz Lacy Mair in Introdução a Antropologia Social " Para os 
Yakö, do Cross River, na Nigéria Oriental, a descendência matrilinear tem 
uma importânciaadicional. A terra é propriedade das patrilinhagens… o 
gado e dinheiro, ferramentas, armas e utensílios domésticos são herdados na 
linha feminina". 
 
Pai e genitor – genitor é o pai biológico. Pai refere-se ao pai social. O 
pai é um dado cultural, socialmente reconhecido. O biológico é um e 
único. 
 
Nomenclatura de parentesco – também chamada por terminologia 
de parentesco é o sistema simbólico de denominação das posições 
relativas aos laços de descendência e de afinidade. São exemplos de 
nomenclaturas os termos como: pai, mãe, tio, irmão, imã, primo, 
esposa, etc. 
Os antropólogos classificam as nomenclaturas em dois tipos: 
1. Descritivo – são aqueles em que usa um termo diferente para 
designar cada parente normalmente em linha directa de um 
descendente, tal como o pai ou mãe; 
2. Classificatório – é o sistema que não restringe a utilização de 
um termo a um único indivíduo. Emprega um termo para 
designar uma classe ou grupo de pessoas algumas das quais são 
de parentesco linear outras de colateral. Por exemplo o termo 
pai, pode designar o irmão do pai. 
Clã – é o conjunto de pessoas que acreditam derivar de um único 
ancestral comum. Foi o sistema governativo predominante no 
mundo antigo na Ásia, África, Europa e Austrália. 
Fratria – é o conjunto de vários clãs. 
 
Apresentação gráfica dos laços de parentesco 
 - Homem 
 - Mulher 
 - Sexo indiferente 
 - Homem ou Mulher 
 - Falecido 
 - Primogénito - irmão ou seja, filho mais velho 
 - primogénita – irmã ou seja, filha mais velha 
 - Casamento 
- Casamento polígamo 
 - Filiação 
 - germandade – relação entre irmãos 
 - Divórcio. 
 
Os símbolos de diagrama de parentesco 
P= primos paralelos 
Px= primos cruzados 
G+= gerações superiores 
G-= gerações inferiores 
G0= gerações zero 
 
Primos paralelos – são indivíduos nascidos de irmãos do mesmo 
sexo; 
Primos cruzados – são os indivíduos cujos progenitores são de sexos 
diferentes. 
Para a leitura de diagramas genealógicos, existem diferentes 
parâmetros que cruzados permitem indicar com rigor a posição de 
cada indivíduo em referência a outro, determinando assim o tipo de 
relação de parentesco entre eles. Os parâmetros são os seguintes: 
a) Linha recta – ao longo da qual se encontram os ascendentes e 
os descendentes; 
b) Linhas colaterais – nas quais se distribuem os colaterais a 
diferentes níveis. Aqui, os irmãos são os primeiros colaterais e 
o ponto de partida para a contagem de tantos outros; 
c) O grau de consanguinidade – informa sobre a maior ou menor 
proximidade parental dentro de uma certa categoria (por 
exemplo, entre primos); 
d) O grau genealógico – indica a posição do indivíduo no grupo de 
parentesco. 
 
As abreviações 
Para além dos símbolos utilizados para construir os diagramas 
genealógicos, utiliza-se também um sistema de abreviações ou de 
notação dos termos de parentesco, representando uma criação 
científica universalmente aceite. 
 
Os primeiros a fornecer a aplicação correcta da nomenclatura do 
parentesco, foram os ingleses e mais tarde os franceses. Na língua 
portuguesa, a notação das relações de parentesco são: 
Consanguíneos 
P - pai; M - mãe; Fo - filho; Fa - filha; Io - irmão; Iã - irmã; 
IoP/IoM – tio (irmão do pai ou irmão da mãe); 
IãP/IãM – tia (irmã do pai ou irmã da mãe); 
FoI/FoIã – sobrinho (filho do irmão ou filho da irmã); 
FoIoP/FoIoM/FoIãP/FoIãM – primo (filho do irmão do pai ou filho do 
irmão da mãe ou filho da irmã do pai ou filho da irmã da mãe). 
Pgt = primogénito 
Laços de parentesco afins: 
Mdo - marido; Esp/mer – esposa ou mulher 
Io Mdo/Io Mer; MdoIã/MdoIãMdo/MdoIãEsp - Cunhado (irmão do 
marido ou irmão a mulher; marido da irmã ou marido da irmã do 
marido ou marido da irmã da esposa). 
 
Sumário de abreviaturas: tipos primários de parentes 
Inglês Português Abreviaturas 
Father Pai Fa F F 
Mother Mãe Mo M M 
Husband Marido Hu H H 
Wife Esposa Wi W W 
Brother Irmão Br B B 
Sister Irmã Si Z Z 
Son Filho So S s 
Daughter Filha Da D d 
 
Para Schuscky, a melhor de eliminar a confusão dos antropólogos 
de usar sistemas variados de parentesco, é bom que se use o método 
latino que consiste no seguinte: 
 
Inglês Português Abreviaturas Termo latim 
Father Pai Fa F F Pater P 
Mother Mãe M M Mater M 
Husband Marido Hu H H Spnsus Sp 
Wife Esposa Wi W W Uxor U 
Brother Irmão Br B Frater F 
Sister Irmã Si Z Z Soror s 
Son Filho So S s Filius Fu 
Daughter Filha Da D d Filia Fa 
 
O casamento e a aliança matrimonial 
O casamento de dois indivíduos de sexos diferentes pressupõe uma 
aliança entre grupos distintos. O grau de distância consanguínea 
entre os grupos de onde emanam os indivíduos esposáveis pode ser 
consideravelmente variado duma sociedade para outra, pelo que a 
aliança pode realizar-se fora de qualquer laco de parentesco, como 
dentro de um grupo de consanguíneos relativamente próximos. 
 
O incesto como proibição universal de relações sexuais entre os 
consanguíneos, geralmente com os parentes do primeiro grau, 
obriga a procura de cônjuges fora de circulo de aparentados 
consanguineamente próximos. 
Esta proibição de carácter universal, tem como característica 
fundamental, a proibição de casamento entre irmãos. Segundo 
Claude Levi-Strauss, em 1967, defendeu que a aliança corresponde a 
escolha de cônjuge segundo dois grandes modelos: 
1. Regras positivas – indicam preferencialmente a escolha do 
cônjuge; 
2. Regras negativas – limitam-se a proibir um pequeno circulo de 
parentes consanguineamente muito próximos, deixando livre a 
escolha do cônjuge relativamente a indivíduos não aparentados 
ou ao conjunto dos outros parentes. 
As regras positivas são também chamadas por estruturas 
elementares do parentesco que tem um carácter positivo no sentido 
em que a escolha do cônjuge deve ser realizada numa zona 
determinada do parentesco. 
 
As regras negativas são igualmente conhecidas por estruturas 
complexas do parentesco, são mais aplicáveis no contexto europeu 
em que o código civil e a igreja limitam as regras definindo uma zona 
de parentesco cujos membros não podem contrair matrimónios 
entre eles. 
 
Os tipos de casamento 
1. Monogamia ou poligamia –numerosos povos praticam a 
poligamia. A poligamia divide-se em duas partes e práticas 
distintas conhecidas no contexto universal que são: 
a) A poligínia – é típica da cultura islâmica e consiste em um 
único homem ter várias esposas; 
b) A poliandria – é o inverso da poligínia ou seja, uma única 
mulher tem vários maridos legalmente autorizados. É uma 
prática peculiar dos Toda (grupo tribal existente no norte da 
Índia ou no Tibete) em que é feita de forma délfica (todos os 
maridos dessa mesma mulher devem ser irmãos carnais) entre si. 
 
2. O levirato ou sororato – o levirato é uma forma de casamento 
considerado secundário, na medida em que é precedido por 
um primeiro. Consiste na obrigação que uma mulher tem em 
casar com o irmao do seu marido falecido. Os filhos saídos 
deste novo casamentonão são considerados como deste 
genitor, mas, do falecido. 
Em certas sociedades poligínicas, quando um homem morre, os 
seus filhos partilham as suas várias esposas entre si, com a 
excepção da sua própria mãe (prática típica dos Arapesh, também 
na Índia). 
 
O inverso de levirato está o sororato que consiste no princípio 
segundo qual, quando uma mulher morre, os seus parentes de 
origem, tem a obrigação de fornecer uma outra mulher em 
substituição da primeira. 
 
Procedência dos cônjuges 
a) Casamento exogâmico – os cônjuges são de grupos de 
parentesco diferentes; 
b) Casamento endogâmico – é feito por indivíduos do mesmo 
grupo de parentesco. 
Formas de obtenção da esposa 
1. Casamento por captura – consiste no rapto ou roubo da moça, 
que será feita como futura esposa; 
2. Casamento por fuga – não sendo do agrado e consentimento 
dos pais, a jovem menina foge para se encontrar e casar com o 
seu futuro marido; 
3. Casamento por serviço – quando é feito como condição para 
alguém se empregar ou atingir níveis de direcção; 
4. Casamento de compra – trata-se de lobolo ou dote; 
5. Casamento por herança – quando alguém as esposas do 
falecido pai, a viúva do irmao (levirato) ou a irmã da esposa 
falecida (sororato). 
 
Residência matrimonial 
Em muitas sociedades, o local da residência matrimonial é 
determinado pelas regas e sistemas de parentesco. A partir de 
experiências do terreno, os antropólogos elaboraram uma tipologia 
específica de residência matrimonial que respeita os seguintes 
modelos principais: 
1. Residência patrilocal – corresponde a regra que leva a que os 
dois cônjuges devam residir na casa ou terras do pai do marido; 
 
2. Residência virilocal – os cônjuges estabelecem-se nas terras e 
na casa própria e não no grupo de parentes do marido; 
 
 
3. Residência matrilocal – o casal vive junto dos parentes da mãe 
da esposa ou no seu território; 
 
4. Residência uxorilocal – os cônjuges instalam-se na casa da 
mulher; 
 
 
5. Residência bilocal – não impõe um único local de domicilio. O 
casal pode escolher em funcao de determinados critérios, o 
local de residência que ode ser junto de parentes do marido ou 
da esposa. Segundo a escolha, o casal integra-se num ou 
noutro grupo de parentes podendo um dos cônjuges deixar de 
ser membro de origem abandonada. É uma prática típica dos 
Iban do Bornéu, na França. 
 
6. Residência alternada – consiste em alternar entre a residência 
patrilocal e a matrilocal. Pode ser uma alternância periódica em 
funcao das regras estabelecidas. Os Boschimanes são 
obrigados a viver na casa do pai da esposa até o nascimento de 
determinado número de filhos, antes de mudar para ir residir 
em casa dos parentes do marido; 
 
7. Residência duolocal ou natal – cada um dos cônjuges vive 
separadamente em casa dos seus respectivos pais. Os homens 
Ashanti, casados vivem na casa da sua mãe juntamente com os 
seus irmãos e irmãs e filhos das irmãs. As esposas vivem na 
casa das suas mães junto dos filhos onde confeccionam comida 
que é levada por estes ao seu respectivo pai genitor. 
Segundo B. O´Neil em 1984, no norte de Portugal, os cônjuges 
viviam e trabalhavam separadamente durante o dia em casa de 
seus respectivos pais e só passavam a noite juntos na casa da 
esposa. 
 
8. Residência avuncolocal – um casal vai residir junto do irmão da 
mãe do marido; 
 
9. Residência neo-local – os cônjuges vivem num local 
independente, neutro, fora dos parentes de cada um. 
 
 
FIM.

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