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Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC) Curso: Gestão de Empresas IIIº Ano – Semestre II Cadeira: Empreendedorismo II Relatório: Revisão dos Conceitos Básicos do Empreendedorismo; Discussão da diferença entre Negócios Tradicionais e Contemporâneos; Negócios Inclusivos e Base da Pirâmide; Discussão da diferença entre Cadeia de Valor Vs Cadeia de Fornecimento; Discussão sobre ambiente de negócios, pilares, indicadores e evidencias; Descrição sobre os principais piares do Doing Business e do Worl Economic Forum. Discentes: Docentes: Caiamy Constantino P. Alberto Samuel Sitoe, MBA (Regente) Delcia Mialato Bila Msc. Celso Baloi (Assistente) Josefina Milição Juliana Lourenço Nhantsumbo Mira Mahumane Chibuto, outubro de 2021 1 Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto – ESNEC Curso: Gestão de Empresas Disciplina/Cadeira: Empreendedorismo II Trabalho em grupo Relatório: Revisão dos Conceitos Básicos do Empreendedorismo; Discussão da diferença entre Negócios Tradicionais e Contemporâneos; Negócios Inclusivos e Base da Pirâmide; Discussão da diferença entre Cadeia de Valor Vs Cadeia de Fornecimento; Discussão sobre ambiente de negócios, pilares, indicadores e evidencias; Descrição sobre os principais piares do Doing Business e do Worl Economic Forum. Chibuto, Outubro de 2021 Relatório da pesquisa a ser apresentado à Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC), como um dos requisitos para avaliação na cadeira de Empreendedorismo II. 2 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização Nos últimos anos o empreendedorismo passou a assumir um papel preponderante na sociedade, tornou se uma tendência e ganhou atenção da comunidade académica, do sector empresarial e da sociedade no seu todo. O empreendedorismo está no centro das atenções, tem se hoje uma geração empreendedora com vontade de crescer e ganhar destaque na sociedade oque gera um aumento abrupto de empresas emergentes e pequenos negócios com um alto potencial de crescimento, quem pensa em fazer negócios na atualidade preocupa-se com a inovação, globalização, criatividade e dinamismo. O ambiente de negócios sofreu alterações, a forma como era feito o negócio há anos atrás não é a mesma de hoje, a sociedade evoluiu, passou a ser cada vez mais dinâmica e exigente, preocupada com o diferencial competitivo, comprometida com a geração de valor para a sociedade ao mesmo tempo que se minimiza os custos. Razão pela qual hoje fala-se de duas formas diferentes de fazer negócio, a tradicional e a contemporânea. Nem todos os extratos sociais possuem a capacidade financeira para estarem inseridas em uma cadeia de suprimentos na qualidade de fornecedor de insumos, retalhistas ou consumidores finais, são às referidas famílias que vivem na base da pirâmide, essas famílias possuem uma renda baixa oque não às permite uma fácil inserção nas cadeias de suprimentos, o empreendedorismo não visa criar exclusões, nos últimos anos surgiu na literatura e no ambiente empresarial o conceito de negócios inclusivos. Para que os produtos cheguem aos consumidores finais, é preciso que uma vasta equipe de intervenientes trabalhem em prol desse objetivo, os referidos intervenientes podem fazer parte da cadeia de valor ou da cadeia de fornecimento, o facto é que cada um dos intervenientes possuí um papel específico e indispensável. A presente pesquisa bibliográfica apresenta se dividida em quatro partes. A primeira engloba a revisão de conceitos básicos relacionados ao empreendedorismo. A segunda apresenta um quadro comparativo entre os negócios tradicionais e contemporâneos. A terceira discute os conceitos de negócios inclusivos e a sua relação com a base da pirâmide. Na quarta parte do trabalho apresenta-se a distinção entre cadeia de valor e cadeia de fornecimento. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Breve Revisão dos Conceitos Básicos de Empreendedorismo 2.1.1. Discussão do conceito de Empreendedorismo O primeiro uso do termo “empreendedorismo” foi registado por Richard Cantillon, em 1755, para explicar a recetividade ao risco de comprar algo por um determinado preço e vendê-lo em um regime de incerteza. Jean Baptiste Say, em 1803, ampliou essa definição – para ele, empreendedorismo está relacionado àquele que “transfere recursos económicos de um sector de produtividade mais baixa para um sector de produtividade mais elevada e de maior rendimento”, ficando, portanto, convencionado que quem abre seu próprio negócio é um empreendedor. Do ponto de vista de Baron e Shane (2007), não existe atualmente um consenso sobre a definição de empreendedorismo como uma área de estudo dos negócios ou como uma atividade em que as pessoas se envolvem. Todavia, os autores se assentam na definição proposta por Shane e Venkataraman (2000), segundo a qual o empreendedorismo enquanto área de negócios, busca entender como surgem as oportunidades para criar algo novo e como são descobertas ou criadas por indivíduos específicos que, a seguir, usam meios diversos para explorar ou desenvolver essas coisas novas, produzindo assim uma ampla gama de efeitos. O empreendedorismo é o processo dinâmico de criar mais riqueza. A riqueza é criada por indivíduos, que assumem os principais riscos, em termos de patrimônio, comprometimento e tempo com a carreira. É o processo de criar algo novo com valor dedicando o esforço e o tempo necessários, assumindo riscos sociais, psíquicos e financeiros correspondentes e recebendo as recompensas consequentes da independência e satisfação econômica e pessoal. (Hisrich e Peters, 2004 como citados por Silva, 2014) Para Johnson (2004), o empreendedorismo é um processo de identificação, desenvolvimento e realização de uma visão de vida. A visão pode ser uma ideia inovadora, uma oportunidade ou simplesmente o melhor caminho para fazer alguma coisa. A consequência desse processo é a criação de um novo negócio, ou seja, um novo empreendimento, com os desafios de correr riscos calculados. Rocha (2016) defende que empreender é a buscar de forma incessante, novas oportunidades por pessoas com perfil desafiador e que não temem correr alguns riscos 4 para encontrar o tão sonhado sucesso e a realização de um sonho. “empreender é arriscar, ir além do tradicional, fazer coisas que os outros não fazem” Massensini (2011, p. 18). Baron e Shane (2007) argumentam que o empreendedorismo requer a criação ou o reconhecimento de uma aplicação comercial para uma coisa nova. A nova aplicação comercial pode assumir diferentes formas, mas simplesmente inventar uma nova tecnologia, produto ou serviço ou gerar uma nova ideia não é suficiente por si só. É preciso ir, mas além, é preciso assumir riscos e colocar a ideia em prática. O empreendedorismo está aliado a inovação, a ideia de pensar fora da caixa, nos últimos anos trabalham por conta de outrem deixou de ser a primeira alternativa para a empregabilidade, o cenário foi agravado pelo crescimento demográfico e pela redução da capacidade de empregabilidade por parte das instituições públicas e das empresas de grande dimensão. O empreendedorismo está transformando o cenário econômico mundial. Dados indicam que só nos Estados Unidos de América, desde 1980, mais de 95% de todos os projetos de inovação de sucesso e toda riqueza alcançada foram criados por empreendedores. A cada ano que passa, aumenta o número de pessoas que largam seus empregos em busca de um sonho, e este perfil de pessoa apresenta algumas características comuns como: são sonhadores, idealizadores, buscam oportunidades e informações, são persistentes, comprometidos, estão abertos a correr riscos, são exigentes com relação à qualidadedo serviço prestado, gostam de planejar, são confiantes e mantêm bons relacionamentos e uma vasta rede de contatos. (Martins, 2006; Bateman e Snell, 2012 citados por Rocha, 2016). Em suma, O empreendedorismo também pode ser visto como um processo de identificação de oportunidade de negocio, levantamento de recursos e meios disponíveis, elaboração de plano de negocio e a exploração da oportunidade de negocio identificada desenvolvendo e assumindo riscos inerentes a oportunidade de negocio com vista a obtenção do lucro para a satisfação das necessidades. 2.1.2. Discussão do conceito de Empreendedor Chiavenato (2007) conceitua o empreendedor como uma pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente. A definição envolve não apenas os fundadores de empresas, 5 mas os membros da segunda ou terceira geração de empresas familiares e os gerentes- proprietários, que compram empresas já existentes de seus fundadores. Mas o espírito empreendedor está também presente em todas as pessoas que mesmo sem iniciarem seus próprios negócios estão preocupadas e focalizadas em assumir riscos e inovar continuamente. O empreendedor é em sua essência um individuo visionário, pensa fora da caixa e propõe se a desafiar o status quo, está pronto para mudanças, fazer diferente e definir tendências. O empreendedor vê a mudança como norma e como sendo sadia. Geralmente, ele não provoca a mudança por si mesmo. Mas, se isto define o empreendedor e o empreendimento, o empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade (Druker, 1987, p.36 como citado por Massensini, 2011). Chiavenato (2007) acrescenta que o empreendedor não é somente um fundador de novas empresas ou o construtor de novos negócios. Ele é a energia da economia, a alavanca de recursos, o impulso de talentos, a dinâmica de ideias. Mais ainda: ele é quem fareja as oportunidades e precisa ser muito rápido, aproveitando as oportunidades fortuitas, antes que outros aventureiros o façam. Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos em uma economia em mudança, transformação e crescimento. Hisrich e Peters (2004) como citados por Silva (2014) avançam quatro aspetos básicos de ser um empreendedor, independente da área. Primeiro, que o empreendedorismo envolve o processo de criação, inovação. Segundo, exige a dedicação de tempo e de esforço necessário. Em sequência, assume os riscos indispensáveis. E por final, envolve as recompensas de ser um empreendedor, que é a independência, seguida de satisfação pessoal. Para Leite (2002) citado por Custódio (2011), ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber as ideias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em uma oportunidade de negócio, motivação para pensar conceitualmente e a capacidade para ver, perceber a mudança como uma oportunidade. 6 O empreendedorismo está cada vez mais se tornando essencial nas atitudes diárias dentro de uma empresa. Em um período em que a duração dos empregos formais está menor e, os mais diversos setores industriais comerciais são caracterizados por expressiva volatilidade, o empreendedorismo ao ser aplicado diariamente, passa a ser um importante diferencial para fortalecer a capacidade de superar desafios. 2.1.2.1. Principais características empreendedoras Algumas características são decisivas para identificar um indivíduo empreendedor. De acordo com SEBRAE (2007) como citado por Custódio (2011), observando o modo como agem, as características dos empreendedores são as seguintes: Iniciativa: age espontaneamente antes de ser forçado pelas circunstâncias. Busca de oportunidades: o empreendedor reconhece e sabe aproveitar oportunidades novas e pouco comuns, precisa estar atento e capaz de perceber, no momento certo, as oportunidades de negócio que o mercado oferece. Persistência: o empreendedor não desiste diante das dificuldades encontradas, nunca deixa de ter esperança e lutar para ver seus projetos realizados. Basca de informação: o empreendedor valoriza a informação e faz a busca pessoalmente para elaborar um plano ou tomar decisões, busca conhecimentos em livros, cursos ou até mesmo com pessoas que tenham experiência no setor. Preocupação com a alta qualidade do trabalho: o empreendedor possui interesse em manter um alto nível de qualidade nos produtos ou serviços prestados. Eficiência: o empreendedor possui preocupação em reduzir o custo, os recursos necessários e o tempo para realizar as tarefas. Autoconfiança: o empreendedor acredita na própria habilidade e capacidade. Comprometimento com os contratos de trabalho: o empreendedor possui comprometimento pessoal para cumprir contratos firmados. Assertividade: apresentar os problemas aos outros de forma direta e tomar decisões fortes no papel de oposição. Monitoramento: acompanhamento do trabalho dos outros para assegurar que o trabalho satisfaz as expectativas relativas a procedimento, planeamento e qualidade. Perícia: experiência ou capacitação prévia em áreas relacionadas ao próprio negócio, pois quanto mais dominar o ramo em que atua, maiores serão as chances de êxito 7 Planeamento Sistemático: uso de análise lógica para desenvolver planos específicos para a tomada de decisões Resolução de problemas: habilidade para mudar de estratégia quando se torna necessário identificar novas soluções para os problemas. 2.1.3. Discussão do conceito de negócio Segundo Chiavenato (2008) como citado por Messa (2011) define negócio como um esforço organizado por determinadas pessoas para produzir bens e serviços, a fim de vendê-los em um determinado mercado e alcançar recompensa financeira pelo seu esforço. Se o negócio estiver organizado, a tendência natural será alcançar a recompensa financeira. Na mesma linhagem Santos (2017) defende que negócio é quando uma ou mais pessoas se juntam em um esforço organizado para produzir bens (produtos) e serviços, a fim de gerar lucros através da venda desses para um determinado mercado. Em linhas gerais, negociar envolve, basicamente, compra e venda de algo a alguém, agregando valor a esse “algo” produzido em meio a essas duas pontas. Negócio é ato de transferência de bens e serviços (compra e venda). A negociação também implica que cada uma das partes tenha algum grau de poder sobre a outra (Elizabeth, 2004) Apud (Chalufo, 2010). O objetivo de um negócio é produzir e vender com lucro produtos/serviços que satisfaçam necessidades e desejos da sociedade. Necessidades e desejos que podem ser do mercado, ou, mais especificamente, do cliente. Tais bens ou serviços são produzidos para estarem disponíveis em um mercado, que é o lugar, físico ou virtual, em que os compradores e os vendedores se localizam ou se reúnem para efetuar suas transações. Todo negócio envolve algum produto/serviço e, consequentemente, algum fornecedor e algum cliente; uma cadeia de entradas, processos e saídas; alguma produção e algum mercado; uma forma de satisfazer alguma necessidade do cliente ou responder a alguma oportunidade de mercado. Negociar significa basicamente comprar e vender algo a alguém. E produzir esse algo agregando valor nessas duas situações. Todo negócio envolve necessariamente o ato de produzir ou vender um produto ou prestar um serviço (Chiavenato, 2007; Messa, 2011). 8 2.1.4. Discussão do conceito de oportunidade de negócios De acordo com Baron, Scott e Shane (2007) uma oportunidade de negócios é uma situação na qual mudanças na tecnologia ou nas condições políticas,sociais e demográficas geram o potencial para criar algo novo. Ademais, uma oportunidade de negócio pode ser explorada mediante a criação de um novo produto ou serviço, a abertura de um novo mercado, o desenvolvimento de uma nova maneira de organização, o uso de um novo material ou a introdução de um novo processo produtivo. Oportunidade de negócio refere-se a utilização de recursos, sejam estes humanos, materiais ou ainda conhecimento, com objectivo de aproveitar uma chance para a criação de uma nova actividade (De bono, 1989). Oliveira (1989) citado por Cunha e Silva (1994) define oportunidade de negócio como forças ou eventos ambientais, que são incontroláveis pela empresa e que podem favorecer sua ação estratégica, desde que conhecidos e aproveitados satisfatoriamente enquanto existirem. De acordo com Cobra (1993, p.94), “[...] uma oportunidade é mais do que uma forma lucrativa de explorar algo, seja um serviço ou mesmo um produto; é muitas vezes uma forma de sobrevivência em um negócio.” Criar um negócio novo a partir do nada costuma ser o caminho mais utilizado quando se discute um novo empreendimento. Uma nova empresa representa uma oportunidade significativa para muitos empreendedores. A oportunidade de negócio é constituída por todas às oportunidades favoráveis para a lucratividade de um determinado negócio. Portanto, a fórmula mais direta para identificar oportunidades de negócios é procurar necessidades que não estão sendo satisfeitas e desenvolver os produtos ou serviços para satisfazê-las, a um custo que os consumidores estejam dispostos a pagar. (Degen, 1989, p.22) Para Chiavenato (2007) às oportunidades para se iniciar um novo negócio podem ser resumidas em quatro vertentes: Invenção de um produto/serviço que requer um novo tipo de negócio, como foi o caso dos computadores e telefones celulares. Trata-se de fornecer aos clientes um produto/serviço que não existe em seu mercado. 9 Desenvolvimento de uma nova tecnologia, como é o caso da internet. Trata-se de um processo tecnicamente novo. Desenvolvimento de um novo mercado, como é o caso da inclusão social de novas faixas de consumidores. Trata-se de fornecer aos clientes um produto/serviço que não existe em seu mercado, mas que já existe em outros locais. Desenvolvimento de novos benefícios, que são conceitos para desempenhar antigas funções de uma nova maneira, mais aprimorada e com execução superior. Trata-se de realizar o que já se faz no mercado, mas de maneira mais sofisticada ou com elevada qualidade. O processo empreendedor inicia com a identificação da oportunidade de negócio, identificar uma oportunidade empreendedora é enxergar um possível espaço para atuação no mercado ou até mesmo na empresa empregadora. A oportunidade de negócio deve adequar-se ao perfil do empreendedor, é dinâmica, se alguém a identifica, significa que ela ainda tem chance para dar certo, a oportunidade de negócio é desafiante, duradoura e tem a hora certa para ser aproveitada. 2.1.5. Discussão do conceito de gestão Segundo Chiavenato (2007) citado por Aboobakar (2013), refere-se à gestão como um conjunto de tarefas que procuram garantir a afetação eficaz de todos os recursos disponibilizados pela organização a fim de serem atingidos objetivos (específicos) pré- determinados pela organização. Gestão é a arte de aglutinar, coordenar, fazer funcionar junto e de forma harmoniosa os diferentes recursos, equipamentos, tecnologia e materiais, capital e pessoas, visando a atingir lucros e/ou cumprir um papel social. (Rodriguez, 2005 como citado por Massensini, 2011). Por seu turno Sousa (1990), defende que gestão é o processo de trabalhar com e através dos outros a fim de atingir eficazmente os objetivos organizacionais usando eficientemente os recursos escassos num contexto em mudança. Segundo Follett (1995), citado por Adair (2004) gestão é a arte de conseguir que determinadas tarefas sejam executadas a partir do esforço alheio. Uma visão tida como retrógrada, pois preconiza uma abordagem de instrumentalização de recursos humanos para o alcance de resultados, sendo que a mesma visão tem vindo a perder espaço na atualidade. 10 A gestão é uma actividade complexa, envolvendo a combinação e a coordenação de recursos humanos, físicos e financeiros, para que se produzam bens ou serviços que sejam simultaneamente procurados e que possam ser oferecidos a um preço que possa ser pago, tornando ao mesmo tempo agradável e aceitável o ambiente de trabalho de todos os envolvidos. (Drucker, 1994). Um contributo importante para a discussão é a trazido por Rocha (2016), diferenciando gestores de empreendedores: Os empreendedores e gestores se diferenciam por algumas características: pode- se dizer que um empreendedor é um gestor, mas exerce atividades que nem todos os gestores contemplam, pois estes geralmente ocupam um lugar formal na hierarquia da empresa e operam com responsabilidades e autoridade bem definidas. Por outro lado, os empreendedores utilizam mais redes de contatos do que autoridade formal. Os gestores atuam mais calmamente, com os pés mais no chão, calculando todo risco atrelado ao negócio; já os empreendedores são mais ágeis, impulsivos e gerenciam o risco em tempo real, mas não os preveem e por isso não possuem estratégias para evitá-los. Gestão também pode ser vista como arte de planear, organizar, controlar e dirigir os seus recursos, sendo essas as suas funções centrais que são levadas a cabo pela administração de modo a alcançar os seus objetivos. 2.1.6. Discussão do conceito de empresa Segundo Silva (2004), Empresa são organizações sociais que utilizam uma cadeia de recursos para produzir e oferecer produtos (bens ou serviços), que possam satisfazer às necessidades das pessoas e com a finalidade de obter o lucro. Empresa é um conjunto de actividades humanas, coletivas e organizadas, regidas por um centro regulador, com a finalidade de adaptar constantemente os meios disponíveis aos objetivos pré-determinados, tendo em vista a produção/ comercialização de bens/ serviços (Carvalho, 2016). De acordo com Santos (1982), a empresa é comumente definida pelos economistas como uma unidade básica do sistema econômico, cuja principal função é produzir bens e serviços. Para conseguir fabricar seus produtos, ou oferecer seus serviços, a empresa 11 combina diversos fatores de produção, ou seja, os recursos naturais, o capital e o trabalho necessários para o desempenho da função produção. Para Madeira (2001), empresa é uma unidade de produção, composta por fatores de produção (capital, pessoas e técnica), organizados de forma a gerar valor acrescentado sob a forma de produtos e serviços, com objetivo final de obtenção do lucro. Chiavenato (2007), argumenta que no nosso cotidiano, estamos continuamente fazendo transações com empresas. Quase todas as nossas necessidades são satisfeitas por intermédio de empresas. Dependemos delas para comprar, pagar, comer, viajar, nos divertir, vender, alugar, cuidar de nossa saúde, descansar. Todas as necessidades humanas são atendidas ou satisfeitas por empresas que produzem, vendem, informam e prestam os mais variados serviços e facilidades. Além disso, praticamente vivemos grande parte de nossa vida dentro de empresas, seja para trabalhar, seja para interagir com elas, seja para obter seus benefícios. Na perspetiva de Teixeira (2010, p. 65), as empresas são instituições-organizações que, como instituições, decorrem do engenho humano, são reconhecidas no seio social e são voltadas a determinado fim, para o qual utilizam os meios objetivos disponíveis, e como organizações, observam relações de hierarquia e cooperação previamente estruturadas com as pessoas com quem interagem, sejam elas partes do agrupamento de pessoas que eventualmente lhe constituem, sejam elas pessoas com as quais interagena consecução de sua finalidade social. Machanguana, Muchanga e Matusse (2010), corroboram com o posicionamento de Teixeira, defendendo que empresa é, antes de mais, um agente económico. É um dos intervenientes no processo de troca que se desenvolve no âmbito dos diversos mercados em que ela se apresenta como fornecedora ou como cliente, ou seja, como parte integrante da oferta ou da procura agregadas que se encontram nesse mercado específico. Apesar do conceito de empresas ser tido como intrincado pelo fato de abranger vários aspetos no domínio dos negócios, os autores que a conceituam deixam de forma consensual a necessidade de a mesma constituir uma organização que visa a lucratividade, satisfação dos clientes e sustentabilidade, combinando recursos financeiros, humanos, materiais e mercadológicos. 12 2.2. Diferença entre Negócios Tradicionais Vs Contemporâneos Negócio é um esforço organizado por determinadas pessoas para produzir bens e serviços, a fim de vendê-los em um determinado mercado e alcançar recompensas financeiras pelo seu esforço (Chiavenato, 2007). Engloba todas as actividades económicas que envolvem a produção e comercialização de produtos para obter lucro e riqueza por meio da satisfação das necessidades humanas (Business – Marketing, 2012). 2.2.1. Negócios tradicionais O conceito tradicional explica que o objetivo do negócio é obter lucro através da produção e comercialização de produtos. Os produtos podem ser de diferentes tipos. Por exemplo, bens físicos, serviços, ideias e informações. O principal lema dos negócios é maximizar o lucro apenas de acordo com o conceito tradicional. (Pant, 2010). Figura 1. Esquema da visão tradicional dos negócios. Fonte: adaptado pela autora (2021). A figura 1 ilustra dois intervenientes nos negócios, o consumidor que pode ser uma pessoa física ou coletiva e a empresa. O consumidor procura produtos e serviços no mercado e esta disposto a assumir uma contrapartida financeira em troca do que demanda, ou seja, possui o dinheiro e está disposto a pagar a empresa em troca de bens ou serviços, é uma relação de dependência entre ambas partes. Na visão tradicional dos negócios a empresa faz vendas de produtos e/ou serviços e essa constitui a única fonte de receitas, às empresas assumem o papel de provedores de determinados produtos e/ou serviços e são dependentes da contrapartida paga pelos clientes. Na visão tradicional, os negócios eram uma atividade simples e havia uma Empresa Bens ou servicos Clientes Dinheiro 13 relação direta entre às empresas e o consumidor, era no consumidor final que a empresa buscava fundos para sustentar os seus negócios e garantir a lucratividade dos mesmos. 2.2.2. Negócios contemporâneos Segundo Pant (2010), a satisfação do consumidor é o ponto central do conceito moderno de negócios. O lucro pode ser obtido pela manutenção da responsabilidade social. Ele esforça para incluir todos os aspetos da civilização humana. Ele vê o negócio moderno como uma instituição socioeconómica que é sempre responsável perante a sociedade. Figura 2. Esquema da visão contemporânea dos negócios. Fonte: adaptado pelos membros do grupo (2021). No contexto contemporâneo os clientes não são necessariamente a fonte de recursos para o sustento do negócio das pequenas e medias empresa, as empresas buscam financiamento das organizações não governamentais, Governos ou Grandes Empresas para financiarem os seus negócios e proverem Produtos e/ou Serviços a população que vive na base da pirâmide a custo zero ou a um valor simbólico. Tornando o negócio inclusivo, conforme ilustra a figura 2. A visão contemporânea dos negócios surge pois 80% da população mundial vive abaixo de 2 USD/dia, a referida base da pirâmide, na perceção dos empreendedores é preciso fazer negócios com pensando na parte da população que vive abaixo da linha da pobreza. A visão contemporânea afirma que os negócios ganham lucro por meio da satisfação dos clientes, desenvolvem relações de longo prazo com os mesmos, e se preocupam com o bem-estar da sociedade e dos consumidores (Business- Marketing, 2012). A satisfação do cliente é o ponto central desta visão, é orientada para resultados, e envolve uma série de Financiamento P M E Bens e Serviços Pagamento Irrisório ou Nulo C o n su m id o r 14 processos e técnicas simples e eficientes, assim a combinação de diferentes estratégias de marketing (Quora, 2018). Neste caso as empresas (normalmente as micro, pequenas e medias empresas), tomam a posição de intermediário no processo de troca, de tal forma que recebe o dinheiro das grandes empresas, do Governo e das ONG’S e disponibilizam os bens e serviços para consumidores, geralmente sem cobrar valor, tendo como benefício os donativos e doações oriundos das grandes entidades. 2.3. Negócios Inclusivos ou Sociais e Base da Pirâmide 2.3.1. Abordagem dos negócios inclusivos. Negócio Inclusivo foi definido como uma iniciativa empresarial que envolve de forma rentável comunidades de baixa renda no estabelecimento e desenvolvimento de seus projetos comerciais (Conferência sobre Negócios Inclusivos, 2011). São tidos ainda, em Negócios Inclusivos Colômbia (2017), como uma iniciativa empresarial economicamente rentável, ambiental e socialmente responsável, mutuamente benéfica para o sector empresarial e comunidades de baixa renda que melhora sua qualidade de vida e garante a sustentabilidade do negócio. Segundo Hirich (1999), os negócios inclusivos são iniciativas de negócio que sem perder de vista o objetivo final de gerar lucro, ajudam a suprir a pobreza através da incorporação de cidadãos de baixa renda em sua cadeia de valores, em uma proporção de benefício para todas as partes. Segundo Melo (2010), citado por Santos (2013) os negócios inclusivos são considerados por alguns sectores empresariais, grandes agenciais internacionais de cooperação e organizações de desenvolvimento, como uma estratégia para superar a pobreza que permite uma participação ativa do sector privado nos temas de desenvolvimento e inclusão de pessoas de baixa renda, os que vivem na base da pirâmide, no mercado consumidor e de trabalho. Segundo Bastos, Vale e Teodósio (2016) são negócios inclusivos os desenvolvidos por organizações que procuram resolver problemas sociais por meio de ferramentas mercadológicas e possibilitem que as sociedades tenham outros caminhos de modo a romper, ou ao menos amenizar, com as discrepâncias sociais que assolam parte significativa da população mundial, especialmente nas regiões periféricas. 15 Os conceitos acima apresentados deixam claro que os negócios inclusivos visam beneficiar indivíduos que vivam na base da pirâmide, dando a eles a oportunidade fazerem parte de determinada cadeia de fornecimento. Os negócios inclusivos são um meio influente para a redução da pobreza pois tornam mais acessíveis os produtos e serviços de qualidade, melhoram a produtividade e/ou geram novas fontes de renda através de oportunidade de trabalho e de sustento decente para a população da base da pirâmide. O que por sua vez gera, dentro de uma economia o crescimento inclusivo e desenvolvimento sustentável na vertente social, económica e ambiental- fenómeno este que explica a importância do negócio inclusivo para o governo (Grupos dos 20, 2016). 2.3.2. Base da pirâmide Segundo Prahalad (2010) base da pirâmide é um termo demográfico que cobre aproximadamente 4,5 bilhões de pessoas que vivem com pouco menos de 2,5 dólares por dia na base da pirâmide económica global. Geralmente as empresas não consideram este grupo como um mercado potencial devido à baixa renda das famílias. É a parte da pirâmide composta por pessoas que tem em comum a incapacidade de satisfação de suas necessidades básicas (devido ao facto de não poderem pagar o preçocobrado pelos produtos vendidos com foco no topo e na parte intermediaria da pirâmide económica mundial, deixando de suprir suas necessidades). Os negócios inclusivos visam essencialmente incluir a parte da população que vive com menos de 2 USD por dia a referida base da pirâmide que constitui 80% da população mundial, na cadeia de fornecimento. Oferecem aos que vivem na base da pirâmide a oportunidade de atuarem como fornecedores de insumos, distribuidores, retalhistas e consumidores. O surgimento dessa nova perspetiva, que vê os pobres como fonte de lucros para as empresas, ao mesmo tempo em que essas contribuem para o desenvolvimento econômico do país e a ascensão social desse segmento da população, abre novas oportunidades para os estudiosos de administração de negócios em geral (Rocha; Silva, 2008). 16 Fonte: U.N. World Development Reports 2.3.3. Características dos negócios inclusivos Numa visão holística, os negócios inclusivos, além serem negócios com fins lucrativos a quem pratica, estes são principalmente caracterizados pela possibilidade de integração de pessoas da baixa renda na cadeia de valor para produção de um bem ou serviço (PNUD Brasil, 2019). Os negócios tidos como inclusivos possuem às seguintes características: Buscam retorno financeiro para além da autossuficiência; Desenvolvem a capacidade para que as pessoas de menor renda possam produzir bens e serviços que o mercado demanda, ou seja que promovem a participação da base da pirâmide na cadeia de valor e de fornecimento; São soluções escaláveis de natureza comercial, mas que podem servir como um meio influente para a redução da pobreza; Criam valor compartilhado expandindo conexões entre desenvolvimento económico, social e reconectando retorno financeiro com o benefício social; Contribuem para a geração de emprego e para o aumento das receitas governamentais. 2.4. Diferença entre Cadeia de Valor Vs Cadeia de Fornecimento ou Suprimentos 2.4.1. Cadeia de valor: Contextualização Cadeia de valor é conceituado como uma sequência de operações que resultam de relações interdependentes e complementares entre agentes com objetivo único de manufatura de bens, desde a aquisição de insumos, produção, agregações de valores, comercialização e a distribuição até que o produto chegue ao consumidor final (Araújo, 2007). É tido ainda como um modelo eficaz de gestão que permite à empresa receber matérias-primas, 17 acrescentar-lhe valor por variados processos e vender produtos transformados aos clientes com uma margem (pmelink, 2019). Segundo Costa (2011), a cadeia de valor compreende todas as fases necessárias para o desenvolvimento de um produto, ou seja, inicia-se com a conceção, seguindo-se a chegada de matérias primas dos fornecedores, partindo para um conjunto de actividades de industrialização, desenvolvimento, marketing até terminar nos canais de distribuição para chegar no cliente. Por outro lado, para Hanser e Mowen (2001), citado por Lopes e Araújo (2013) cadeia de valor é um conjunto de elos das actividades de criação de valor da matéria-prima básica até ao descarte do produto acabado pelo usuário final. Figura 3. Modelo original da cadeia de valor de Porter. Fonte: Porter (1989), como citado em Britto e Schnorrenberger (2013). Segundo Kotller e Keller (2012) a cadeia de valor identifica nove actividades estrategicamente relevantes — cinco primárias e quatro de apoio — que criam valor e custo em um determinado negócio. 2.4.1.1. Actividades primarias O conjunto das actividades primárias é representado por Porter (1989), como citado em Conto, Britto e Schnorrenberger (2013), apresenta a seguinte estrutura: Logística interna 18 São as actividades associadas ao recebimento de material, armazenagem, controle de stock, programação de frotas, veículos e devolução para fornecedores. Operações São as actividades associadas à transformação dos insumos no produto final, como trabalho com máquinas, embalagens, montagem, manutenção de equipamento, testes, impressão e operações de produção. Logística externa São as actividades associadas à coleta, armazenamento e distribuição física do produto para compradores, como armazenagem de produtos acabados, manuseio de materiais, operação de veículos de entrega, processamento de pedidos e programação. Marketing e vendas São as actividades associadas a oferecer um meio pelos quais compradores possam comprar o produto e a induzi-los a fazer isto, como propaganda, promoção, força de vendas, cotação, seleção de canal, relações com canais e fixação de preços. Serviço São as actividades associadas ao fornecimento para intensificar ou manter o valor do produto, como instalação, conserto, treinamento, fornecimento de peças e ajuste do produto. 2.4.1.2. Actividades de apoio. Segundo Porter (1989), citado por Conto, Britto e Schnorrenberger (2013) o conjunto das actividades de apoio é constituído por: Aquisição São funções relacionadas à compra de insumos empregados na cadeia de valor da empresa. Insumos adquiridos incluem matérias-primas, suprimentos e outros itens de consumo, bem como ativos como máquinas, equipamento de laboratório, equipamento de escritório e prédios. Desenvolvimento de tecnologia Cada actividade de valor engloba tecnologia, seja ela know-how, procedimentos ou a tecnologia envolvida no equipamento do processo, até aquelas tecnologias envolvidas no próprio produto. 19 Gerência de recursos humanos Consiste em actividades envolvidas no recrutamento, na contratação, no treinamento, no desenvolvimento e na compensação de todos os tipos de pessoal. Infraestrutura da empresa Consiste em uma série de actividades, incluindo gerência geral, planeamento, finanças, contabilidade, problemas jurídicos, questões governamentais e gerência da qualidade. 2.4.2. Cadeia de fornecimentos: Contextualização Cadeia de fornecimento é uma rede de unidades de negócio, com um grau de autonomia variável, que tem a responsabilidade das actividades de aquisição, fabricação e distribuição de uma ou várias famílias ou gamas de produtos (pmelink, 2019) Segundo Chistopher (2010), citado por Castro e Santos (2013) a cadeia de fornecimento é uma rede de organizações envolvidas por meio dos vínculos a montante e a jusante, nos diferentes processos e actividades que produzem valor na forma de produtos e serviços destinados ao consumidor final. Segundo Moori e Zilber (2003) cadeia de suprimentos representa um conjunto de empresas que contribui sequencialmente para a produção e a distribuição de produtos que vai desde as actividades extrativas até o consumidor final. Por outro lado, Christopher (2007 citado por Kuiawinski, et al. 2008) conceitua a cadeia de fornecimento como uma rede de organizações, através de ligações de diferentes processos e actividades que produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados nas mãos do consumidor final. Figura 4. Esquema da cadeia de fornecimento. Fonte: adaptado pela autora (2021). Fornecedores de insumos Fornecedores de Insumos. Produtor Distribuidores Retalhistas Consumidor final 20 Segundo Mendes (2014, p. 3) “Fornecedores de insumos são a parte dos stakeholders que disponibiliza às empresas, os inputs necessários de que ela precisa para produzir bens e serviços”. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como entes despersonalizados que desenvolvam actividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou de prestação de serviços (Duarte, 2011). “Fornecedor de insumo como as empresas que produzem matérias-primas para outras empresas, ou seja, são fornecedoras as pessoas que disponibilizam insumos para a produção de um bem ou serviço”Hugo (2003, p.24). É o primeiro interveniente da cadeia de fornecimento, garante junto de sua cadeia de valor que haja matérias primas disponíveis para o processo produtivo. Produtor Produtor é aquele que tem transforma insumos em produtos finais e suas ações coordenam o uso dos recursos produtivos para atender as demandas de clientes (Kuiawinski, Luz, Zonin, & Sellitto, 2008). Segundo Kon (2015) o produtor constitui uma entidade que desenvolve o processo de produção, isto e, dedica-se a transformação da matéria prima em um produto acabado. De acordo com Hugo (2003) essas empresas são fabricantes de produtos finais, usam as matérias-primas ou subconjuntos dos outros produtores para criarem seus produtos, ou seja, transformam os insumos em produto acabado. São tidos como os intervenientes com mais impacto para a cadeia de fornecimento, pois é responsável por garantir que seja feita a transformação de matérias primas em produtos acabados de forma a garantir que o distribuidor tenha em sua posse produtos acabados para colocar a disposição dos retalhistas e esses últimos garantirem que tenha o consumidor final o acesso a tais produtos acabados. Distribuidores Distribuidor é o que trata da movimentação, armazenamento e processamento de pedidos dos produtos finais da firma com a principal função de garantir a disponibilidade dos produtos finais aos clientes (Oliveira, 2013). 21 Segundo Camargo (2004) os distribuidores constituem uma divisão de logística que aborda a movimentação, armazenamento e processamento de pedidos dos produtos finais da firma. De acordo com Kotler (1998), entende-se por distribuição todas as actividades relacionadas com a venda de bens ou serviços para aqueles que compram para revenda ou uso comercial. Esse interveniente garante a ligação entre o produtor e os retalhistas na cadeia de fornecimento, boa parte das cadeias de fornecimento ignora a atuação desse interveniente deixando a distribuição na responsabilidade do produtor. Retalhistas Retalhista são empresas engajadas na venda de produtos diretamente ao consumidor final, cuja principal tarefa é interpretar as necessidades dos clientes e servir de agente de compra para esses junto aos diversos fabricantes (Regioli, Bazolli, Januzzi, & Fregoneze, 2014). Para Hugo (2003) os retalhistas constituem uma organização que controla de perto as preferências e a procura dos clientes. Estas armazenam os stocks e vendem em quantidades pequenas ao público geral. Segundo Munguambe (2003) os retalhistas vendem em lojas, mercados ou outros lugares destinados ao comércio, em geral abertos ao publico. As mercadorias são transacionadas em pequenas quantidades. Os retalhistas são a parte da cadeia de fornecimento que mantem o contacto direto com os consumidores finais, podendo nesse processo colher as sensibilidades ou aspirações dos referidos consumidores finais como forma de avaliar os seus níveis de satisfação e aumentar os seus níveis de satisfação. Consumidor final Segundo Mankiw (2005) consumidores são pessoas que compram bens e serviços para si mesmo ou para outros, e não para revende-los ou usa-los como insumos. De acordo com Hugo (2003) são clientes ou organizações que compram ou usam um produto. Um consumidor pode comprar um produto com o objetivo de incorporar noutro, vendendo posteriormente á outro cliente. 22 Consumidor Final- é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário (Duarte, 2011). Os consumidores finais constituem os últimos intervenientes da cadeia de fornecimento, todos os outros intervenientes trabalham de forma conjunta com o objetivo primordial de garantir a satisfação desse interveniente, a qual o produto se destina. Em linhas gerais ao conjunto de empresas que contribuem de forma sequenciada para a fabricação dos produtos até que os mesmos possam estar à disposição do consumidor final dá-se o nome de cadeia de fornecimento. Sendo que a cadeia de valor representa as fases necessárias para o desenvolvimento do produto incluindo a respetiva logística de apoio. Cada interveniente da cadeia de fornecimento possui a sua própria cadeia de valor. 2.5. Ambiente de negocio De acordo com Chiavenato (2013), Ambiente: é tudo aquilo que envolve externamente uma Organização e/ou Empresa. E o ambiente de negócios é o nome genericamente atribuído às condições que circunscrevem, em um determinado país ou em uma determinada região, o ciclo de vida das empresas. É um conjunto de forças externas que influenciam as decisões de se fazer negócio e é baseado nas perceções dos agentes económicos com relação aos fatores-chave dentre os quais Políticos. Económicos e Sociais que influenciam positivamente ou negativamente nas actividades economicista (Chalufo, 2010). 2.5.1. Pilar Pilares (Santos, 2017), são elementos estruturais lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes. Assim, na análise do ambiente de negócios, é necessária a definição das estruturas que servirão de apoio às ações estratégicas e implementadas. 2.5.2. Indicador Para Mourão (2006) citado por Soligo (2012), pode-se identificar um indicador como uma estatística, um fato, uma medida, uma série quantitativa de dados (indicador quantitativo) ou uma série de evidências ou perceções postuladas sobre a realidade (indicador qualitativo). 2.5.3. Evidencia 23 Segundo Thomas (2007) citado por Martinez (2015), evidência é informação que sustenta (ou refuta) uma afirmação e deve passar pelo teste da relevância. Do conceito de Thomas decorre que um facto só é evidência se ele confirma ou refuta uma afirmação, hipótese ou proposição. E essa evidência só pode ser considerada uma evidência científica se passar pelo teste da relevância, suficiência e veracidade. Evidência é um conjunto de informações utilizadas para confirmar ou negar uma teoria ou hipótese científica (Recuperado ás 19:21mins em 17 de outubro em http://biblioteca.cofen.gov.br/manual-revisao-bibliografica-sistematica-integrativa pesquisa-baseada-evidencias/) 2.6. Principais pilares e indicadores do Doing Business e do World Economic Forums 2.6.1. Pilares e indicadores do Doing Business O Doing Business mede aspetos da regulamentação que permitem ou impedem os empreendedores de abrir, operar ou expandir uma empresa — e traz exemplos de boas práticas que podem melhorar o ambiente de negócios. (Doing Business em Brasil, 2021) O primeiro relatório do Doing Business em Moçambique mede quatro áreas de regulamentação que impactam o ambiente de negócios: abertura de empresas, registo de propriedades, execução de contratos em 10 províncias, e comércio internacional em três portos marítimos e uma travessia de fronteira terrestre. (Primeiro Doing Business em Moçambique, 2019) Item Descrição dos pilares Descrição dos indicadores 01 Abertura de empresas Procedimentos, tempo, custo e capital integralizado mínimo para iniciar uma empresa de responsabilidade limitada para homens e mulheres 02 Obtenção de alvarás de construção Procedimentos, tempo e custo para concluir todas as formalidades para a construção de um armazém Mecanismos de controlo de qualidade e segurança do sistema de licenciamento de construções 03 Obtenção de eletricidade Procedimentos, tempo e custo para obter uma ligação à rede elétrica, a qualidade do fornecimento de energia e transparência das tarifas http://biblioteca.cofen.gov.br/manual-revisao-bibliografica-sistematica-integrativa 24 04 O registo de propriedade Procedimentos, tempo e custo para transferir uma propriedade e a qualidade do sistema de administração fundiária 05 Obtenção de crédito Leis de garantias móveis e sistemas de informações sobre crédito 06 Proteção dos investidores minoritários direitos dos acionistas minoritáriosem transações com partes relacionadas e em governança corporativa 07 Pagamento de impostos Pagamentos, tempo e carga tributária total para uma empresa cumprir com todas as regulamentações fiscais bem como com os procedimentos pós-declaratórios 08 Comércio internacional Tempo e o custo associados ao processo logístico de exportação de mercadorias (produto da vantagem comparativa) e de importação (peças de automóvel) 09 Execução de contratos Tempo e custo para resolver um litígio comercial e a qualidade dos processos judiciais 10 Resolução de insolvência Tempo, custo, resultado e taxa de recuperação de uma insolvência comercial e a robustez do regime jurídico aplicável aos processos de liquidação e reorganização de empresas 11 Regulamentação do mercado de trabalho Flexibilidade na regulamentação do emprego e aspetos da qualidade do emprego Fonte: Primeiro Doing Business em Moçambique, 2019 2.6.2. Pilares e indicadores do World Economic Forums O World Economic Forum e uma organização mundial para cooperação Público-privada. O fórum envolve os principais lideres políticos, empresariais, culturais e outros da sociedade para moldar as agendas globais, regionais e industriais. Foi criada em 1971 como uma fundação sem fins lucrativos e esta sediada em genebra, suíça. E independente imparcial e não esta vinculado a nenhum interesse especial. O fórum se empenha em todos os seus esforços para demonstrar o empreendedorismo no 25 interesse publico global, ao mesmo tempo em que defende os mais altos padrões de governança. A integridade moral e intelectual esta no centro de tudo que faz. O fórum acredita que o progresso acontece ao reunir pessoas de todas as esferas da vida que tem o ímpeto e a influencia para fazer mudanças positivas. Item Pilares Indicadores 01 Instituições Direitos de propriedade Incidência da corrupção, Influência indevida, Desempenho do sector público, Segurança. 02 Infraestrutura Qualidade do fornecimento de eletricidade; Qualidade das estradas; Fiabilidade do abastecimento de agua; Qualidade da infraestrutura de transporte aéreo; 03 Adopção das TIC assinaturas de telefonia móvel-celulares assinaturas de banda larga móvel assinaturas de Internet fixa em banda larga assinaturas de fibra Internet usuários de internet 04 Ambiente Macroeconómico Saldo orçamental do governo; Poupança nacional bruta. Inflação; Dívida pública; Classificação de crédito do país; Capacidade do país para reter o talento. 05 Saúde Impacto comercial da malária Expectativa de vida; 06 Educação Facilidade de encontrar trabalhadores qualificados; Expectativa de vida escolar; Média de anos de escolaridade Acesso à Internet nas escolas; Disponibilidade local de pesquisa especializada e treinamento Serviços; 26 Extensão do treinamento do pessoal. 07 Mercado do produto efeito de distorção de impostos e subsídios sobre a concorrência; Extensão da posição dominante no mercado; Concorrência nos serviços; Prevalência de barreiras não tarifárias; tarifas comerciais; Complexidade de tarifas; Eficiência do processo de apuramento; Serviços abertura comercial. 08 Eficiência do mercado de trabalho Cooperação em relações trabalhador-empregador; Flexibilidade de determinação de salário; As politicas ativas; Os Direitos dos trabalhadores; As Práticas de contratação e demissão; Salários e produtividade; Taxa de imposto de trabalho; Custos de redundância. 09 Desenvolvimento do mercado financeiro O crédito interno ao sector privado; Financiamento das PME; disponibilidade de capital de risco; A capitalização de mercado; Prêmio de seguro; Solidez dos bancos; Empréstimos non-performing valor da carteira de crédito; gap de crédito pontos percentuais; rácio de capital regulamentar dos bancos proporção. 10 Dimensão do mercado Produto Interno Bruto; Importações. 11 Sofisticação de negócios Custo de começar um negócio; Hora de começar um negócio; 27 taxa de recuperação de insolvência; quadro regulamentar insolvência; Atitudes em relação ao risco empresarial; Vontade de delegar autoridade; Crescimento de empresas inovadoras; Empresas abraçando ideias disruptivas. 12 Inovação Capacidade de inovação; Qualidade das instituições de pesquisa científica; Despesas da empresa em P & D; Colaboração entre universidade e indústria em I & D; Compras governamentais de produtos de tecnologia avançada; Disponibilidade de cientistas e engenheiros; Proteção da propriedade intelectual. Fonte: Relatório de Competividade Global – World Economic Forum (WEF), 2020 28 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adair, J. (2004). Management principles. Londonː Thaorogoog Banco Mundial (2020). Doing Business em Moçambique 2020. Washington, DC: Banco Mundial. Baron, R. A e Shane, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Cengage Learnig Bastos, M. F., Vale, G. M. V e Teodósio, A. S. S. (2016). Empreendedorismo social e negócios inclusivos. Brito, A. M., Pereira, P. S e Linard, A. P. (2009). Empreendedorismo. Ceara: e-tec. Camargo, F. W. (2004). Sistemas logísticos de distribuição. Florianópolis. Castro, O. J e Santos, V. S. (2013). Logística empresarial. Rio de Janeiro Cavalcante, L. R. (2015). Como o ambiente de negócios impacta os investimentos e a produtividade. Economia e Governo. Chiavenato, I. (2004). Teoria geral da administração. (7a ed.) São Paulo: Elsevier Editora Ltda. Chiavenato, I. (2007). 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