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10 .0 Ano de Escolaridade António Vilas-Boas Manuel Vieira ENTRE PALAVRAS 10 Edição do Professor PORTUGUÊS Manual avaliado e certificado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Manual avaliado e certificado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Contextualização histórica e literária Texto 1 Gil Vicente: vida e obra VICENTE, Gil. A biografia de Gil Vicente continua a ser um dos grandes enigmas da lite- ratura portuguesa. Segundo Braamcamp Freire, este dramaturgo deve ser identificado com o autor da custódia de Belém. Com efeito, um ourives, de nome Gil Vicente, é mencionado, num documento da Chancelaria real, datado de 4 de fevereiro de 1513, como «trovador mestre da balança». Assim, o mencionado estudioso propugnará pela tese de que o autor da custódia, terminada em 1506, que esteve ao serviço de D. Leonor, irmã de D. João II e mulher de D. Manuel, e cujo nome figurará em documentos oficiais como ourives até 1517, é o mesmo Gil Vicente que, a partir de 1521, será incumbido pelo monarca de organizar as festas destinadas a celebrar a chegada da sua terceira mulher. Por sua vez, no Nobiliário de D. António de Lima Pereira assinala-se que Gil Vicente nascera em Guimarães. Quanto a esta data também surgem discrepâncias, propondo-se um período aproximado que se situa entre 1460 e 1470. Quanto à sua morte, é seguro que morrera antes de 1540, talvez em 1536, ano em que escreve a sua última obra. Teve este dramaturgo cinco filhos, dois do primeiro casamento, Gaspar e Belchior Vicente, e três do segundo (com Melícia Rodrigues), Paula e Luís Vicente e Valéria Borges. Aos dois primeiros, Paula e Luís, se deverá a organi- zação das suas obras. Independentemente das questões atrás formuladas, sabe-se que o dramaturgo esteve desde 7 de junho de 1502 ao serviço de D. Leonor. Nesta data, repre- sentou Gil Vicente o seu Monólogo do Vaqueiro perante a rainha velha e sob cuja proteção escreverá até à sua morte. Em 1522, ao serviço de D. João III, prosseguirá a sua criação dramática, iniciando esta nova etapa com o Auto de D. Duardos. Graças às investigações de Braamcamp Freire sabemos que este monarca continuou a apoiar financeiramente Gil Vicente, tendo sido documentada a última verba (8000 réis) em 1535. [Gil Vicente foi] o pai do teatro literário português. Álvaro Manuel Machado (Org. e dir.), Dicionário de literatura portuguesa, Lisboa, Editorial Presença, 1996, p. 497. - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - Roque Gameiro, Gil Vicente na corte de D. Manuel, 1917 Representação do Auto da Índia, em Almada, perante a rainha D. Leonor, em 1519 Carolina Santos, in História da literatura portuguesa ilustrada de Albino Forjaz de Sampaio, Lisboa, 1929-1932 116 4 Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira Texto 1 Aqui [Os Lusíadas, Canto X, est. 75 e seguintes] temos nós, a coroar todas as manifestações de recompensa pe- los atos de heroísmo praticados, o prémio supremo: a en- trada de posse do divino conhecimento (…) representado pela visão da «máquina do mundo». António Cirurgião, Leituras alegóricas de Camões e outros estudos de literatura portuguesa, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1999, p. 21. Texto 2 O globo que Tétis e o Gama veem pairando no ar (Os Lusíadas, Canto X, est. 77, v. 5) constitui uma representação tridimensional in parvum [em tamanho re- duzido] do universo inteiro, desde as esferas exteriores até à Terra. A máquina do Mundo é um «trasunto, reduzido / Em pequeno volume» (Os Lusíadas, Canto X, est. 79, vv. 5-6), isto é, uma cópia em ponto pequeno de todo o sistema cosmológico. (…) As oitavas do discurso de Tétis (da est. 79 à 143) não descrevem o mundo, mas descrevem um objeto que representa o mundo. Trata-se de uma representação de segundo grau, feita, diz-se, «por divina arte» (Os Lusíadas, Canto X, v. 78). (…) Hélio J. S. Alves, «Máquina do mundo n’Os Lusíadas» in Vítor Aguiar e Silva (Coord.), Dicionário de Luís de Camões, Lisboa, Caminho, 2011, pp. 555 e seguintes. (Texto adaptado) Texto 3 Aqui, Camões reproduz a cosmografia de Ptolomeu, pondo a Terra no centro dos vários orbes concêntricos que compõem o universo. (…) Tétis passa a resumir o universo para Vasco da Gama e, na estrofe 80, diz que a máquina é etérea e elemental. No caso, refere-se às substâncias metafísica e físi- ca da máquina e às suas partes: a parte etérea é a celestial, feita da quintessência imutável e lúcida; a parte elemental corresponde aos orbes compostos dos quatro elementos pitagóricos, ar, terra, água e fogo. A seguir, a deusa explica o que são os círculos em ordem decrescente, da borda da máquina até o centro, a Terra, onde o leitor está com os Portugueses a contemplar o todo. João Adolfo Hansen, «A máquina do mundo», in Adauto Novaes (Org.), Poetas que pensaram o mundo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, pp. 185-187. Textos de apoio A Máquina do Mundo: natureza e significado - - - - 5 - - - - 5 - - - - - - - 5 - - - - Leitura 1. Considera o texto 2. Explica por que razão a Máquina do Mundo se pode classificar como uma «representação de segundo grau», ll. 7-8. 2. Refere, de modo breve, como se apresenta dividida a Máquina do Mundo, com base na informação contida no texto 3. 3. Explicita o significado da «Máquina do Mundo» e o seu sentido simbólico. Andreas Cellarius, Harmonia macrocósmica, 1660/61 257 6Canto X Contextualização histórica e literária Parte inicial de cada sequência didática, com contextualização relativa ao estudo dos textos, acompanhada ou não de perguntas no domínio da Leitura. Textos não literários Conjunto de textos dos géneros a estu- dar no domínio da Leitura. Textos literários Conjunto de textos dos géneros a estu- dar no domínio da Educação literária. Textos de apoio Os textos literários são acompanhados, oportunamente, por breves textos de apoio, com ou sem questionamento associado nos domínios da Leitura e da Escrita, para consolidação das temáticas abordadas. Verás como é fácil «navegar» pelo Entre Palavras 10 Lamentos do Poeta 78 Um ramo na mão tinha1... Mas, ó cego, Eu, que cometo2, insano3 e temerário4, Sem vós, Ninfas do Tejo e do Mondego, Por caminho tão árduo, longo e vário! Vosso favor invoco, que navego Por alto mar, com vento tão contrário, Que, se não me ajudais, hei grande medo Que o meu fraco batel5 se alague6 cedo. 79 Olhai que há tanto tempo que, cantando O vosso Tejo e os vossos Lusitanos, A Fortuna me traz peregrinando, Novos trabalhos vendo e novos danos: Agora o mar, agora esprimentando Os perigos Mavórcios7 inumanos, Qual Cânace8, que à morte se condena, Nu~a mão sempre a espada e noutra a pena; 80 Agora, com pobreza avorrecida, Por hospícios9 alheios degradado; Agora, da esperança já adquirida, De novo, mais que nunca, derribado; Agora, às costas escapando a vida10, Que dum fio pendia tão delgado, Que não menos milagre foi salvar-se Que pera o Rei Judaico acrecentar-se11. 1 Camões interrompe uma história que estava a contar; 2 me atrevo; 3 louco; 4 imprudente; 5 navio; 6 encha de água, afunde; 7 de Marte, relativos à guerra; 8 Cânace foi obrigada a suicidar-se por ter cometid o um crime; escreveu uma mensagem de despedida segurando numa mão a pena e na outra a espada com a qual se ia su icidar; 9 regiões; 10 salvando a vida, a nado, nada mais podendo salvar; 11 Ezequias, rei da Judeia, pediu a Deus o milagre d e lhe dar mais quinze anos de vida, o que lhe foi concedido; o milagre de Camões ter salvo a vida não foi menor do que e ste; 12 os nobres portugueses que na Índia se distinguiram; 13 este; 14 de Os Lusíadas; 15 em vez das recompensas que o Poeta esperava; 16 coroas de louro, símbolos do reconhecimento pelos poetas; 17 Portugal; 18 estimular; 19 cuidadosos, atentos ao que se passa à sua volta; 20 o favor, a proteção das Ninfas do Tejo e do Mondego; 21 celebre, cante 81 E ainda, Ninfasminhas, não bastava Que tamanhas misérias me cercassem, Senão que aqueles que eu cantando andava 12 Tal13 prémio de meus versos14 me tornassem: A troco dos descansos que esperava15, Das capelas de louro16 que me honrassem, Trabalhos nunca usados me inventaram, Com que em tão duro estado me deitaram! 82 Vede, Ninfas, que engenhos de senhores O vosso Tejo17 cria valerosos, Que assi sabem prezar, com tais favores, A quem os faz, cantando, gloriosos! Que exemplos a futuros escritores, Pera espertar18 engenhos curiosos19, Pera porem as cousas em memória, Que merecerem ter eterna glória! 83 Pois logo, em tantos males, é forçado Que só vosso favor20 me não faleça, Principalmente aqui, que sou chegado Onde feitos diversos engrandeça21: Dai-mo vós sós, que eu tenho já jurado Que não no empregue em quem o não mereça, Nem por lisonja louve algum subido, Sob pena de não ser agradecido. 233 6Canto VII Apresentação O teu Manual é constituído por sete sequências e um anexo informativo, no final. Quando vires este símbolo, não escrevas no Manual, se essa for a recomendação do(a) teu(tua) professor(a) ou do teu encarregado de educação. Estes símbolos remetem para o anexo informativo no final do Manual – sínteses informativas – e para o Caderno de Atividades. Caderno de Atividades Funções sintáticas (complemento do adjetivo) Pág. 17 Anexo informativo Funções sintáticas (complemento do adjetivo) Pág. 320 , não b s me ce eu cant versos14 m que espe que me h os me inv estado me enhos de se erosos, , com tais fav do, gloriosos os escritores, hos curiosos19 em memória, erna glória! males, é forçado me não faleça, que sou chegado 6II Inês Per eira viú va! Nov o casam ento com Pero Ma rques: a experi ência ve nce a ilu são - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - - 25 Inês Dai- me vós cá e ssa chave, e i bu scar vossa v ida. Moço Oh q ue triste de spedida! Inês Mas que nova tã o suave! Desa tado é o nó . Se eu por ele pon ho dó, o Dia bo me arreb ente! Pera mim era va lente, e ma tou-o um m ouro só! Guar dar1 de cava leirão, Barb udo, repete nado, 2 que e m figura de avisado é ma lino e sotra ncão3. Agor a quero tom ar, pera boa vida go zar, um m uito manso 4 marido. Não no quero já sabido, pois tão caro há- de custar. Aqui vem L ianor Vaz, e finge Inê s Pereira e star chora ndo, e diz Liano r Vaz: Lia Com o estais, Inê s Pereira? Inês Muit o triste, Lia nor Vaz. Lia. Que fareis ao qu e Deos faz? 5 Inês Case i por minha canseira. 6 Lia Se fic aste prenhe basta. Inês Bem quisera eu dele casta 7, mas não quis mi nha ventura 8. Vocabu lário 1 fugir; 2 insolente; 3 é mau e ve lhaco; 4 adjetivo co m duplo se ntido: carin hoso, mas também qu e aceita de bom grado as infidelid ades da mulher; 5 nada a fa zer: a mort e do marid o foi vontad e de Deus; 6 casei por m inha desgra ça; 7 filhos; 8 sorte; iron ia de Inês 155 4 g De novo, mais que nunca, derribado; Agora, às costas escapando a vida10 p Onde feitos diversos eengrandeça21: I nêsIn Mas qu Desa tad Se eu p o Dia b Pera m e ma t Guar Barb que é m VVoVooccabu lário 11 fugir; 2 insole da mulher; 5 n II V E stava uma linda manhã, dur ante grande par- te do percurso o caminho se guiu ao longo da costa e a paisagem era de tran scendente bele- za; os muros estavam cobert os com a flor cor- -de-rosa dos silvados, depois eram os campos escarlates de papoilas selvagens e toma dos ainda mais alegres pelo brilho de outras flores azuis e amarelas; as primeiras fi- zeram-me recordar a pequen a Clara, que pensa que tem direito exclusivo sobre esta s flores, que considerámos ervas daninhas no nosso jard im. Ao mesmo tempo que se tem uma vista alegre de be- leza luxuriante, ao tornear 1 uma rocha é frequente a pai - sagem mudar magicamente mostrando toda a grandeza selvagem da Natureza; roch as com várias centenas de pés2 de altura, ameaçadoras , que a cada instante pare- cem ir cair e esmagar os viaj antes, uma costa majestosa contra a qual o mar ruge enco lerizado; precipícios e tudo o mais que pode impression ar o espírito de forma subli- me e ao mesmo tempo terrí vel; os contrastes abruptos tomam o cenário ainda mais admirável. Cerca das 11 horas chegámo s a Vila Franca 3, uma pe- quena e interessante vila, e f omos para casa de Mr. Hick ling, onde partilhámos a com ida fria: galinha, pato e lín- gua, que ele trouxera de Pon ta Delgada. (…) Pouco depois da saída de Vila Franca, deixámos a cos- ta; o caminho tornou-se ma is montanhoso e o cenário mais selvagem, as zonas cult ivadas iam desaparecendo, contudo as montanhas maj estosas mantinham-se co- bertas de arvoredo, e tanto os cumes como as ravinas 4 eram verdes, o ambiente tra nquilo era perturbado uni- camente pelas torrentes de água que correm por entre os montes. Podem imaginar o que é subi r a 1000 pés de altura por um caminho tortuoso, onde o panorama faz lembrar os Alpes (embora não seja tão escarpado), e ao olhar para baixo ver um grupo de deza nove pessoas rodeado por montanhas enormes e precip ícios de centenas de pés. Assim andámos até às 4 hor as, altura em que, ao ro- dearmos uma montanha, qu e nos pareceu a mais des- pojada5 de arvoredo que tín hamos visto, apareceu pe- rante nós o encantador Vale das Furnas. Seria vão tentar descrever esse cenário que u ltrapassa o maravilhoso! Está rodeado de montanh as muito altas cober- tas de verdura, o que lhe dá um aspeto muito belo! É um quadro inigualável! O Vale jaz como uma pedra preciosa no seio da Nature za. As casas são quase to- das brancas e a igreja sobre ssai no conjunto da aldeia. Mr. Hickling é o único cavalh eiro que tem uma proprie- dade neste encantador lugar . A entrada é muito bonita, faz-se por uma alameda de árvores, cujos ramos se en- trelaçam de lado a lado, qu ase tapando o sol mesmo quando ele se encontra ma is alto. Tudo parece fazer parte de um conto de fadas e ao chegarmos a casa, de- pois de atravessarmos a ala meda ensombrada, a visão torna-se ainda mais ofuscan te. Uma longa escadaria liga a c asa a um pequeno lago, com cerca de um acre 6, que tem à sua volta um cam inho ladeado de árvores e no me io do tanque (como se diz em português) há uma pequ ena ilha com um grande sal- gueiro cujos ramos mergulha m na água. A ligação à mar- gem faz-se por uma ponte d e pedra em forma de arco. Segue-se um extenso parqu e com caminhos por entre as árvores e uma ribeira que q uase rodeia a propriedade, tornando-a numa península . (…) Uma viagem aos Açores O texto que se segue perte nce a um diário de viagem elaborado por uma senhor a inglesa no decurso de um a visita feita à ilha de S. Migu el, Açores, em 1824. - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - - 25 - - - - 30 - - Caroline Pomeroy, in O Val e das Furnas – Coletânea – Cronistas e viajantes – Textos e imagens – Sécs. X VI-XIX (1ª e 2ª décadas), Co imbra, Almedina, 2008, pp. 258-259. (Organização e introdução por José Man uel Motta de Sousa) (Texto adaptado) - - 35 - - - - 40 - - - - 45 - - - - 50 - - - - 55 - - - - 60 - - - - Texto 1 Relato de viagem Vocabulário 1 rodear; 2 o pé é uma unidade de co mprimento do sistema ang lo-sa- xão que corresponde, no s istema métrico decimal, a 30,48 cm; 3 Vila Franca do Campo; 4 depressões no solo; 5 livre; 6 unidade de medida para superfícies agrárias 26 1 Textos não literários a viúvavaaa!! Novo ca samento com Per o Marqu es: a exxxpperi ência ve nce a ilu são - 15 - - - - 20 - - - - 25 á essa chave , sa vida. despedida! va tão suave ! o nó. e ponho dó , e arrebente ! era valente, um mouro só! de cavaleirã o,, repetenad o,2 figura de av isado o e sotrancã o3. Agor a quero tom ar, pera boa vida go zar, um m uito manso 4 marido. Não no quero já sabido, pois tão caro há- de custar. Aqui vem L ianor Vaz, e finge Inê s Pereira e star chora ndo, e diz Liano r Vaz: Lia Com o estais, Inê s Pereira? Inês Muit o triste, Lia nor Vaz. Lia. Que fareis ao qu e Deos faz? 5 Inês Case i por minha canseira. 6 Lia Se fic aste prenhe basta. Inês Bem quisera eu dele casta 7, mas não quis m inha ventur a8. é mau e ve lhaco; 4 adjetivo co m duplo se ntido: carin hoso, mas também qu e aceita de bom grado as infidelid ades fazer: a mo rte do mar ido foi vont ade de Deu s; 6 casei p or minha d esgraça; 7 filhos; 8 sorte; iron ia de Inês 155 Sedia-m’eu na ermida de Sam Simiom Meendinho, in A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 254. (Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de Elsa Gonçalves) Sedia-m’eu1 na ermida de Sam Simiom2 e cercarom-mi as ondas, que grandes som: eu atendend’o3 meu amigo! eu atendend’o meu amigo! Estando na ermida ant’o altar, cercarom-mi as ondas grandes do mar: eu atendend’o meu amigo! eu atendend’o meu amigo! E cercarom-mi as ondas, que grandes som,nom ei [i] barqueiro, nem remador: eu atendend’o meu amigo! eu atendend’o meu amigo! E cercarom-mi as ondas do alto mar, nom ei [i] barqueiro, nem sei remar: eu atendend’o meu amigo! eu atendend’o meu amigo! Educação literária 1. Infere o possível motivo da presença da amiga na ermida de S. Simon. 2. Explicita a situação, o perigo em que se encontra. 3. Apresenta uma justificação plausível para o facto de ela se encontrar nessa situação. 4. Refere, justificadamente, os sentimentos da amiga implícitos nas suas palavras. 5. Atenta nos vários tipos de repetições paralelísticas presentes na cantiga.5.1 Refere-os. 5.2 Explicita a sua função. - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - - Vocabulário 1 estava eu 2 S. Simon, na ilha do mesmo nome, em frente a Vigo3 esperando Nom ei i barqueiro, nem remador, morrerei [eu] fremosa no mar maior: eu atendend’o meu amigo! eu atendend’o meu amigo! Nom ei [i] barqueiro, nem sei remar, morrerei eu fremosa no alto mar: eu atendend’o meu amigo! eu atendend’o meu amigo! Heinrich Johann Vogeler, O sonho, 1912 Cantigas de amigo 57 2 P R O F E S S O R 5.3 A relação entre ambas é de intimidade e de amizade; trata-a várias vezes por «Filha»; procu- ra seduzi-la, convencê-la atra- vés de um discurso com marcas de sedução, como «minhas flo- res», v. 124; aconselha-a quanto ao caminho a seguir no casa- mento, com base na sabedoria popular. 5.4 Aqui se encontram referên- cias a um quotidiano marcado pelas preocupações materiais do casamento, num tempo em que a mulher dependia do ma- rido; aqui está presente a alco- viteira, figura muito importante como intermediária de negócios amorosos num tempo em que as relações entre jovens eram muito vigiadas. 6. 6.1 Ocorre neste segmento tex- tual, por várias vezes, a presen- ça de ditados populares cuja função é servirem de caução aos conselhos dados a Inês pela al- coviteira e pela mãe; exemplos desses ditados encontram-se nos vv. 176-178, 183-186. Gramática 1. «peitogueira», v. 52, «sami- cas», v. 157. Ambas as palavras caíram em desuso. Arcaísmos Observa as palavra «ieramá», v. 44 e «al», v. 58. Apesar de serem habituais na linguagem de comunicação nos séculos XV e XVI, estas palavras foram, com o tempo, deixando de se usar. Observa que o mesmo processo se verificou com os seguintes vocábulos: «chantou», v. 59 forma verbal plantou, colocou «vós», v. 123 pronome forma de tratamento respeitosa, mas pouco comum, mais usada em regiões conservadoras As palavras ou construções que caem em desuso, isto é, que deixam de ser usa- das numa determinada língua ou comunidade linguística, chamam-se arcaísmos. 4. Inês pretende um noivo com determinadas características. 4.1 Explicita-as. 5. A função da alcoviteira, enviada por Pero Marques, é levar Inês a aceitar o pretendente. 5.1 Refere as qualidades que ela atribui a Pero Marques. 5.2 Explicita os argumentos que tanto ela como a mãe de Inês apresentam perante a reação de recusa do pretendente por parte de Inês. 5.3 Caracteriza a relação entre a alcoviteira e Inês. 5.4 Explica de que modo este momento da farsa pode caracterizar o quotidiano do tem- po da primeira representação da peça, o século XVI. 6. A sabedoria popular é utilizada tanto por Lianor Vaz como pela mãe de Inês para a con- vencer a aceitar Pero Marques como marido. 6.1 Justifica esta afirmação com base em elementos textuais pertinentes. 1. Identifica um arcaísmo no v. 52 e outro no v. 157. Gramática Caderno de Atividades Arcaísmos e neologismos Pág. 39 131 4 Oralidade COMPREENSÃO DO ORAL Documentário «Portugueses pelo mundo – S. Tomé e Príncipe» Escuta / visionamento – apreensão de sentidos globais e de pormenor 1. Procede ao visionamento do vídeo e usa os tópicos da grelha seguinte para tomares notas. Portugueses Profissão Atividade em S. Tomé O que «descobrem» em S. Tomé Como olham para S. Tomé a. b. c. d. 2. ntário. 3. a. grarem para países tropicais. b. é e Príncipe, a sua beleza natural, economia, c. nvolvidas pelos portugueses radicados no ar- d. nto turístico do país. 4. e vídeo as características próprias de um do- a. tar uma determinada realidade. b. pela perspetiva de cada um dos intervenientes. c. todos os intervenientes de forma subjetiva. d. esporadicamente com a realidade que trata. e. tanto dos portugueses como de santomenses. f. m diversos domínios (economia, educação, tu- Portugueses pelo mundo – S. Tomé e Príncipe 6 Luís de Camões, Os Lusíadas At eemm e ume emig Tomé dese imen neste men rado por t uito e cos, se em Oralidade EXPRESSÃO ORAL Apreciação crítica (de livro) Um discurso de apreciação crítica pode dirigir-se a um livro, a um filme, a uma reporta- gem, a um documentário, a uma exposição ou a outra manifestação cultural. Faz a apreciação crítica de um livro que tenhas lido, num breve discurso de dois a quatro minutos. Antes da planificação Consulta os elementos paratextuais que te ajudem a antecipar o conteúdo do livro a cuja apreciação vais proceder. Regista a informação relevante que neles possas encontrar. Durante a leitura do livro, faz anotações críticas que te ajudem, em momento posterior, a elaborar o teu discurso. Planificação Elabora um plano da tua apresentação. Livro a apreciar Indicar o título, o autor, a editora. Objetivos do meu texto Fazer a apreciação crítica do livro. Indicar as suas características objetivas. Apresentar a minha posição crítica relativamente ao que li. Introdução Um parágrafo: justificar a seleção do livro a apreciar. Desenvolvimento Três parágrafos: • descrever sucintamente o livro (elementos objetivos); • comentar criticamente – apreciação pormenorizada sobre o livro. Conclusão Um parágrafo: Pode revestir a forma de um apelo ou uma sugestão para ler o livro. Conectores a utilizar Para organizar a informação, utiliza: por um lado, por outro, etc. Palavras ou expressões para apreciar criticamente Apreciei / aprecio bastante; gostei / gosto; não concordei / não concordo quando; agradou-me / agrada-me; etc. Apresentação e avaliação Apresenta a apreciação crítica de acordo com os aspetos verbais e não verbais presentes na grelha de avaliação projetada pelo teu professor. Em caso algum poderás ler ou decorar um texto previamente escrito. Procede à avaliação do teu discurso com base na grelha. Redação Estrutura o teu texto em introdução, desenvolvimento e conclusão. Segue a proposta de organização do texto de apreciação crítica apresentado. Revisão / avaliação Revê o teu texto tendo em conta a grelhade avaliação apresentada pelo teu professor. 37 1 Teste de avaliação de conhecimentos No final de cada sequência, realiza o teste que te é proposto para avaliares os teus conhecimentos. Educação literária Questionamento sobre os textos literários de tipologia variada para treinares e te ires preparando para o Exame Nacional. Gramática Secção que se articula com o domínio da Educação literá- ria e a análise dos textos, visando consolidar conhecimen- tos adquiridos e/ou aprender novos. Escrita Propostas que visam a produção de textos respeitando as marcas dos géneros previstos para o 10º Ano, com apresentação de textos-modelo. Os textos fazem-se acompanhar de atividades nos vários domínios: Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Atividades para desenvolveres a capacidade de com- preensão e de expressão oral dos géneros previstos para o 10º Ano. 1 texto; 2 Lisboa do século XIX; 3 do século XIX; 4 designação política para o período compreendido entre 1851 e 1868, aproximadamente; 5 conjuntos densos; 6 suportes para desenhar; 7 tipo de planície Fo to gr af ia d e Jo sé A rt ur L ei tã o B ár ci a, V is ta s d a P ra ça d e D . P e d ro IV d o e le va d o r d e S a n ta J u st a , 1 90 0 112 3 Fernão Lopes, Crónica de D. João I GRUPO II Lê o texto. Em caso de nec essidade, consulta o vocab ulário. Lisboa Não cabe nas dimensões d e uma notícia 1 sumária descrever o coraç ão da Lisboa ro- mântica2, desde o Rossio ao Chiado, ou apresentar a Li sboa moderna, que chegou com o comboio nas três últimas décadas do século passado 3. O grande responsável pela cida- de sonhada foi o arquiteto R essano Garcia, que projetou chamar Europa ao conjunto dos bairros que nasciam com a reanimação económica que se seguiu à Regeneração 4. Era um projeto bonito: as grandes a venidas deviam chamar-se F rança, Inglaterra, Bélgica, Al ema- nha, e seriam muito largas, com tufos5 de arvoredo das espécies dominantes nos re speti- vos países, de tal modo que em Lisboa ninguém se sen tisse completamente estran geiro. Mas o futuro é sempre dist ante do sonho. As belas ave nidas foram estreitadas nas pran- chetas6 dos arquitetos, os r enques de arvoredo foram suprimidos e a nomenclatu ra foi adaptada às tortuosas conju nturas da política: Cinco de Outubro, Duque de Ávila, M iguel Bombarda. O projeto europ eu do grande arquiteto foi sa crificado às urbanizações de quin- tais, feitas à medida que os n obres vendiam e os constru tores compravam. Com o automóvel veio o n ovo salto em frente. Os arr abaldes das hortas e comes -e- -bebes desaparecem, cobre m-se de prédios, e depress a são bairros quase centrai s. (…) Cidade milionária, tem os i nevitáveis zumbidos das ho ras de ponta: trânsito denso , pas- sos apressados, sensação d e anonimato e de massifica ção. Mas quase é preciso pr ocurar essas situações para as sofre r. De um modo geral, Lisboa é afetuosa, tépida, feminina . Dos terreiros dos seus muitos m iradouros respiram-se essê ncias de madressilva e beir a-rio. A atmosfera é límpida: do a lto do Parque avisto o casar io de Palmela e, ainda, a bru ma da charneca7 alentejana. Tudo isso é hoje raro no mundo , mas para nós tão normal que já nem temos olhos para o ver. A dimensão das praças, das ruas, do casario, não é monu men- tal mas não é mesquinha. T udo parece ser feito com a p reocupação de que nos sint amos bem ali dentro. É a cidade feita à medida d a gente, não a estrutura des umana que nos comprime ou distende, e obriga a obedece r à dimensão da cidade. José Hermano Saraiva e J orge Barros, A memória da s cidades, Lisboa, CTT Cor reios, 1999, pp. 90-91. - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - - 25 - 1. Para responderes a cad a um dos itens de 1.1 a 1. 4, seleciona a única obter uma afirmação corre ta. 1.1 A beleza do projeto qu e Ressano Garcia idealizou para Lisboa res (A) em grandes avenidas e bairros modernos. (B) em criar ambientes urb anos nos quais os europeu s se sentiss (C) na decoração das aven idas com árvores de outros países. (D) no facto de ser um pro jeto com dimensão e carac terísticas e 1.2 Este projeto, contudo, falhou porque prevalecera m (A) interesses de classe so bre a conceção estética. (B) interesses dos propriet ários dos terrenos sobre a conceção (C) interesses económicos sobre a conceção estética . (D) interesses políticos sob re a conceção estética. 1.3 Tendo em consideraçã o o sentido geral do primei ro parágrafo, móvel veio o novo salto em frente.», l. 14, concretiza u ma (A) comparação. (B) ironia. (C) hipérbole. (D) anáfora. 1.4 O autor termina o text o referindo (A) a consequência de os h abitantes de Lisboa olhare m a sua (B) a causa de os habitante s de Lisboa olharem a sua cidade (C) a possibilidade de os lis boetas olharem a sua cida de rotin (D) as consequências de os lisboetas não saberem olh ar a su 2. Responde de forma corr eta aos itens apresentados . 2.1 Tem em atenção o tex to de Fernão Lopes, no Gru po I. Indica lógicos que a comparação das duas formas apresenta das pa permite observar: a. «sabee», l. 3, > sabei; b. «See», l. 31, > Sé. 2.2 Indica a função sintát ica da expressão «(…) mu itos lavrad filhos, (…)», ll. 8-9. 2.3 Classifica as orações: a. «(…) que por Castela tom arom voz.», l. 12; b. «(…) que fosse repartida a guarda dos muros pelos fida (…)», ll. 22-23. GRUPO III Escreve uma síntese do te xto anterior que tenha cerc a de um No final do Manual: • Anexo informativo P R O F E S S O R 5.3 A relação entre ambas é de intimidade e de amizade; trata-a várias vezes por «Filha»; procu- ra seduzi-la, convencê-la atra- vés de um discurso com marcas de sedução, como «minhas flo- res», v. 124; aconselha-a quanto ao caminho a seguir no casa- mento, com base na sabedoria popular. 5.4 Aqui se encontram referên- cias a um quotidiano marcado pelas preocupações materiais do casamento, num tempo em que a mulher dependia do ma- rido; aqui está presente a alco- viteira, figura muito importante como intermediária de negócios amorosos num tempo em que as relações entre jovens eram muito vigiadas. 6. 6.1 Ocorre neste segmento tex- tual, por várias vezes, a presen- ça de ditados populares cuja função é servirem de caução aos conselhos dados a Inês pela al- coviteira e pela mãe; exemplos desses ditados encontram-se nos vv. 176-178, 183-186. Gramática 1. «peitogueira», v. 52, «sami- cas», v. 157. Ambas as palavras caíram em desuso. nicação nos séculos XV e XVI, sar. os seguintes vocábulos: olocou tratamento respeitosa, mas mum, mais usada em regiões oras isto é, que deixam de ser usa- ica, chamam-se arcaísmos. VI. omo pela mãe de Inês para a con- textuais pertinentes. Caderno de Atividades Arcaísmos e neologismos Pág. 39 131 Educação literária 1. Divide o soneto em partes lógicas, justificando. 2. Explica como é construída, na primeira quadra, a sugestão do movimento da dama. 3. Explicita o sentido da pergunta feita pelo sujeito lírico, na segunda quadra. 4. Atenta no primeiro terceto. 4.1 Identifica as metáforas nele presente. 4.2 Refere a sua expressividade literária. 5. Explicita o desejo expresso pelo sujeito lírico, no último terceto. 5.1 Indica o que está na sua origem. Ondados fios d’ouro reluzente Luís de Camões, Rimas, Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005, p. 164. Ondados fios d’ouro reluzente, que agora1 da mão2 bela recolhidos, agora3 sobre as rosas4 estendidos, fazeis que sua beleza s’acrecente; olhos, que vos moveis tão docemente, em mil divinos raios encendidos, se de cá me levais alma e sentidos,5 que fôra, se de vós não fôra ausente? Honesto riso6, que entre a mor fineza de perlas e corais nasce e parece7, se n’alma em doces ecosnão o ouvisse! S’imaginando8 só tanta beleza de si, em nova glória9, a alma s’esquece, que fará quando a vir? Ah! Quem a visse! - - - - 5 - - - - 10 - - - - Vocabulário 1 num momento; 2 pela mão; 3 noutro momento; 4 metáfora de face; 5 v. 7: se só pensa nela estando longe dela – «cá»; 6 riso discreto, ajuizado; 7 aparece; 8 se lembrando; 9 arrebatada Soneto Composição lírica de origem italiana, introduzido em Portugal por Sá de Miranda, no século XVI. É composto por catorze versos divididos em duas quadras e dois tercetos. O seu esquema rimático é, normalmente, abba abba cde edc / cdc dcd / cde cde. O verso usado é o decassílabo. Sandro Botticelli, Retrato de uma jovem mulher, 1480 180 5 Luís de Camões, Rimas Escrita Exposição sobre um tema Primeira parte: preparação para a redação de um texto expositivo 1. Principais marcas linguísticas e textuais de um texto expositivo • Introdução: indica-se o tema a tratar, o assunto a desenvolv tando eventualmente definições que delimitem o âmbito do t • Desenvolvimento: apresentação da informação factual rela de forma organizada, encadeada através de raciocínios lógico tados. • Conclusão: tem a forma de resumo ou síntese do exposto. • Títulos, subtítulos: contribuem para organizar de forma ló mação no texto. • Deixis textual: conjunto de palavras ou expressões que se re tros elementos do texto, retomando algo que já foi enuncia ciando algo que vai aparecer adiante no texto. Estas expres buem para a coesão textual e ajudam o leitor a situar-se no t • Conectores lógicos: elementos linguísticos que unem unida – orações, parágrafos, secções. Podem ter, entre outras, na cativa, aditiva, causal, de consequência, de reformulação, de conclusão, etc. • Objetividade e impessoalidade: ausência de matizes pessoa tividade, de valores estilísticos. Predomínio de formas verbais • Tipo de frase: predomínio de frases do tipo declarativo. Cont a concisão e a objetividade. 2. Planificar um texto expositivo Atenta na seguinte proposta de escrita. Escreve um texto no qual exponhas as principais característ sia lírica galaico-portuguesa. O teu texto deve ter entre 280 e 32 estruturar-se nas três secções habituais. Antes de planificares, reflete sobre: • os destinatários do teu texto: podem ser os teus colegas como informação fundamental sobre a lírica galaico-portugu • a intenção com que o escreves: informar com objetividade facilitar a compreensão e a memorização. Oficina de escrita Nota: Págs. 325-327 A Cantigas de escárnio e maldizer 2 oss e ve te at os óg ef ad ss te ad tu e a s tr tic 20 , ue e, planificares o teu texto: • recolher informação: no teu manual escolar, na biblioteca da tua escola – podes con- sultar em enciclopédias, histórias da literatura portuguesa, na Internet; • selecionar a informação pertinente: escolher a informação mais adequada. Podes fazê-lo em colaboração com o teu professor; • tratar essa informação: através de paráfrases, resumos, sínteses, elaboração de tópicos; • ordenar a informação tratada: através, por exemplo, de esquemas, de mapas orga- nizadores; aqui podes já definir, eventualmente, títulos e subtítulos; • esquematizar o texto nas suas três grandes secções, indicando o que vai aparecer em cada uma; • mostrar de novo o trabalho já realizado ao professor ou refletir sobre ele com colegas que possam estar a trabalhar contigo. Na planificação, podes ainda elencar algumas marcas linguísticas específicas do tipo de texto que vais escrever: conectores, expressões da deixis textual, tipo de frase, tendência para a objetividade, entre outras. 3. Escrever o texto: uma proposta A poesia lírica galaico-portuguesa Introdução Conclusão Desenvolvimento A lírica galaico-portuguesa é a primeira manifestação da nossa literatura. A sua produção ocorreu entre finais do século XII e meados do século XIV. Os tex- tos dividem-se, basicamente, em três grandes categorias, cujas características veremos: cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer. Os autores destas formas poéticas designavam-se trovadores e criavam-nas para serem cantadas. Estas composições poéticas, as primeiras, como vimos, da nossa literatura, de temática amorosa ou satírica, nascidas na região do Minho e da Galiza há muito tempo, continuam a atrair o leitor de hoje. Cantigas de amigo. São composições poéticas de temática amorosa. O sujei- to poético é sistematicamente uma jovem apaixonada que exprime o sentimento amoroso, os afetos e as emoções, de muitos modos, que tem uma forte relação com a Natureza, sua confidente, no mesmo plano da mãe ou das amigas. Têm raiz na poesia popular; por isso, apresentam quase sempre estruturas paralelís- ticas, das quais se destaca o refrão. Cantigas de amor. Sendo também de temática amorosa, diferem grande- mente, contudo, das anteriores, já que o sujeito lírico é agora um homem que presta homenagem à beleza da amada através do elogio cortês e sofre a coita de amor com a indiferença desta. Se nas cantigas de amigo encontramos, por vezes, o amor realizado e a alegria de amar, nestas deparamo-nos com um amor idealizado e impossível. Radicam em poesia culta, portanto podem ou não apre- sentar refrão. Cantigas de escárnio e maldizer. Este terceiro tipo de cantiga é de nature- za satírica. A crítica pode recair sobre inúmeros aspetos da vida social: desde a própria literatura e os seus agentes até traições políticas, infidelidades, modos de vestir, miséria de certos cavaleiros presunçosos… A linguagem é, por vezes, insultuosa e o alvo dos ataques pode ou não ser mencionado. TEXTO-MODELO 82 2 Poesia trovadoresca 0 Teste diagnóstico PP. Educação literária Leitura 20 «A aia» Eça de Queirós Breve história dos celtas p. 22 2 Poesia trovadoresca PP. Educação literária Leitura 48-51 Contextualização histórica e literária Cantigas de amigo Variedade do sentimento amoroso «Pois nossas madres van a San Simon» Pero Viviaez «Sedia-m’eu na ermida de Sam Simom» Meendinho • O paralelismo / refrão p. 58 Relação com a Natureza | Confidência amorosa «– Ai flores, ai flores de verde pino» Dom Dinis Variedade do sentimento amoroso «Todalas cousas eu vejo partir» Joam Airas de Santiago Cantigas de amor O elogio cortês «Quer’eu em maneira de proençal» Dom Dinis A coita de amor «Senhor fremosa, pois me non queredes» Martin Soares Cantigas de escárnio e maldizer «Nostro Sennor, e ora que sera» Rui Queimado Paródia do amor cortês Cantigas de maldizer «Roi Queimado morreu com amor» Pero Garcia Burgalês A crítica de costumes Cantigas de escárnio «Un infançon mi á convidado» Nunes «Un cavalo non comeu» Joan Garcia de Guilhade Texto 1 | Portugal: o Estado feudal p. 48 Texto 2 | A cultura trovadoresca no Portugal medieval p. 49 Texto 3 | O nascimento da literatura portuguesa p. 50 Texto 4 | Os autores p. 51 Texto 5 | Os textos – as cantigas p. 51 Textos de apoio Texto 1 | Lirismo e repetição: o paralelismo p. 56 Texto 2 | Função das repetições p. 56 Textos de apoio (Cantigas de amigo) Textos 1, 2 e 3 p. 69 Textos de apoio (Cantigas de amor) Texto 1 | Da coita de amor à morte de amor p. 74 Texto 2 | A coita de amor: as palavras p. 74 Texto 3 | O louvor da senhor: o elogio cortês – as qualidades p. 74 Textos de apoio Texto 1 | Paródia p. 77 Texto 2 | Sátira p. 77 Textos de apoio (Cantigas de escárnio e maldizer) Texto 1 | A sátira trovadoresca p. 80 Texto 2 | Valor documental p. 80 55 57 64 67 70 72 75 76 78 79 84-87 Teste de avaliação de conhecimentos 1 Textos não literários PP. Leitura Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) 26 Relato de viagem Texto 1 | Uma viagem aos Açores Exposição sobre um tema Texto 2 | Sagres – Símbolo de Portugal Apreciação crítica (de livro) Texto 3 | As belas adormecidas Artigo de divulgação científica Texto 4 | Em busca de vida fora da Terra Anúncio publicitário Escolha Portugal p. 29 Apreciação crítica (delivro) p. 3730 33 38 42-45 Teste de avaliação de conhecimentos Índice remissivo p. 12 PROJETO DE LEITURA p. 14 Escrita Gramática AI* • Texto de opinião p. 23 Classes de palavras; funções sintáticas; subordinação pp. 309-317; 317-321; 321-324 Índice geral * AI é o Anexo informativo, no final do Manual. Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Escrita Gramática AI* • Reportagem pp. 60-62 Festival «Andanças» • Apreciação crítica (de filme) p. 63 O nome da rosa • Exposição sobre um tema p. 66 • Exposição sobre um tema p. 68 • Exposição sobre um tema p. 73 Oficina de escrita • Exposição sobre um tema pp. 81-83 O português: génese, variação e mudança 1. Etapas da formação e da evolução do português 1.1 Do latim ao galego-português pp. 52-53 1.2 Do português antigo ao português contemporâneo p. 54 O português antigo (séculos XII-XV) • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração pp. 59-60 • Funções sintáticas p. 60 • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; etapas da formação e da evolução do português p. 65 • Funções sintáticas p. 66 • Etapas da formação e da evolução do português; processos fonológicos de inserção, supressão e alteração p. 68 • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; etapas da formação e da evolução do português; funções sintáticas p. 71 • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; funções sintáticas p. 73 pp. 305-307; 317-321 Escrita Gramática AI* • Exposição sobre um tema p. 28 Oficina de escrita • Apreciação crítica (de livro) pp. 35-37 • Exposição sobre um tema p. 41 • Funções sintáticas (complemento do adjetivo) p. 28 • Processos irregulares de formação de palavras; coordenação e subordinação p. 32 • Formação de palavras – derivação e composição; neologismos pp. 40-41 pp. 317-321; 321-324 3 Fernão Lopes, Crónica de D. João I PP. Educação literária Leitura 90-92 Contextualização histórica e literária Crónica de D. João I (Excertos) Capítulo 11 Capítulo 148 [Primeira parte] Capítulo 148 [Segunda parte] Capítulo 148 [Terceira parte] Texto 1 | Fernão Lopes – vida e obras p. 90 Texto 2 | Contexto histórico – morte do rei D. Fernando e crise de 1383-1385 p. 91 Texto 3 | Crónica p. 92 Texto 4 | O cronista/historiador p. 92 Textos de apoio Crónica de D. João I – Atores individuais Texto 1 | D. João I p. 103 Crónica de D. João I – Atores coletivos: afirmação da consciência coletiva Texto 2 | Multidões – a consciência coletiva p. 103 93 96 98 101 110-113 Teste de avaliação de conhecimentos 4 Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira PP. Educação literária Leitura 116-121 Contextualização histórica e literária Farsa de Inês Pereira | Integral Inês Pereira, moça solteira e fantesiosa Lianor Vaz, alcoviteira, propõe um pretendente: Pero Marques Pero Marques: o pretendente rústico rejeitado Brás da Mata: o pretendente trazido pelos judeus casamenteiros. Ilusão. Casamento de Inês. Desilusão e engano: o discreto marido revela-se um tirano Inês Pereira viúva! Novo casamento com Pero Marques: a experiência vence a ilusão Liberdade, enfim! Texto 1 | Gil Vicente: vida e obra p. 116 Texto 2 | Gil Vicente: iniciador do teatro em Portugal p. 117 Texto 3 | Farsa de Inês Pereira – a intriga p. 118 Texto 4 | Farsa de Inês Pereira – a estrutura p. 119 Farsa de Inês Pereira – as personagens p. 120 Farsa de Inês Pereira – dimensão satírica p. 121 Texto 5 | Farsa p. 121 Textos de apoio Texto 1 | A revolta de Inês Pereira p. 126 Texto 2 | Inês Pereira e a Mãe: dois modos de ver a vida p. 126 Textos de apoio Texto 1 | Função das alcoviteiras p. 133 Texto 2 | Lianor Vaz apresenta Pero Marques p. 133 Texto de apoio Pero Marques: o riso p. 139 Textos de apoio Texto 1 | O Escudeiro Brás da Mata p. 148 Texto 2 | Brás da Mata: a função crítica do Moço p. 148 Textos de apoio Texto 1 | Inês Pereira: a esposa prisioneira p. 152 Texto 2 | Inês Pereira: a realidade do marido discreto p. 152 Texto 3 | Inês Pereira: o castigo p. 152 Texto 4 | Inês Pereira: experiência e evolução p. 153 Textos de apoio Inês viúva: da experiência à mudança p. 158 Textos de apoio Texto 1 | Pero Marques: o supremo ridículo p. 162 Texto 2 | Pero Marques: o asno que a leva p. 162 123 127 135 140 149 155 159 166- -169 Teste de avaliação de conhecimentos ária literária Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Escrita Gramática AI* • Reportagem p. 104 Estrangeiros em Lisboa • Síntese Crise de 1383-1385 p. 109 • Exposição sobre um tema p. 100 Oficina de escrita • Síntese pp. 105-109 • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; subordinação p. 95 • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração p. 99 pp. 321-324 * AI é o Anexo informativo, no final do Manual. Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Escrita Gramática AI* • Reportagem pp. 163-164 Mulheres de sucesso • Apreciação crítica pp. 164-165 (de reportagem) • Síntese p. 117 • Exposição sobre um tema p. 134 • Exposição sobre um tema p. 139 • Síntese p. 148 • Exposição sobre um tema p. 154 • Apreciação crítica p. 165 (de cartoon) • Funções sintáticas p. 125 • Arcaísmos p. 131 • Formação de palavras; processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; subordinação p. 132 • Funções sintáticas p. 138 • Funções sintáticas (predicativo do complemento direto) p. 147 • Coordenação e subordinação; processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; arcaísmos p. 158 • Funções sintáticas p. 161 pp. 317-321; 321-324 • 5 Luís de Camões, Rimas PP. Educação literária Leitura 172-175 Contextualização histórica e literária A representação da amada | A experiência amorosa Vilancete «Pastora da serra» Trovas ou endechas «Aquela cativa» Soneto «Ondados fios d’ouro reluzente» Soneto «Leda serenidade deleitosa» A experiência amorosa | A reflexão sobre o Amor Vilancete «D’Amor e seus danos» «Bela bela» Almeida Garrett Soneto «Está o lascivo e doce passarinho» Soneto «Este amor que vos tenho, limpo e puro» Recurso expressivo NOVO (Apóstrofe) p. 187 A representação da Natureza A experiência amorosa | A reflexão sobre a vida pessoal Soneto «Alegres campos, verdes arvoredos» A reflexão sobre a vida pessoal Soneto «Erros meus, má fortuna, amor ardente» Soneto «Oh! Como se me alonga, de ano em ano» O tema do desconcerto Esparsa «Os bons vi sempre passar» Soneto «O dia em que eu nasci, moura e pereça» «Lamentações de Job» Livro de Job O tema da mudança Soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» Texto 1 | Luís de Camões: a vida e a obra pp. 172-173 Renascimento, Humanismo, Classicismo: três conceitos intimamente ligados pp. 173-175 Texto 2 | Renascimento – I p. 173 Texto 3 | Renascimento – II p. 173 Texto 4 | Humanismo p. 174 Texto 5 | Classicismo p. 174 Texto 6 | Luís de Camões: a lírica tradicional («medida velha») e a inspiração clássica (medida nova) p. 175 Textos de apoio A representação da amada e da Natureza A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor pp. 189-190 Texto 1 | Lírica camoniana: a visão petrarquista da mulher – I p. 189 Texto 2 | Lírica camoniana: a visão petrarquista da mulher – II p. 189 Texto 3 | Lírica camoniana: presença e funções da Natureza p. 190 Texto 4 | Lírica camoniana: o sofrimento amoroso – I p. 190 Texto 5 | Lírica camoniana: o sofrimento amoroso – II p. 190 Textos de apoio A reflexão sobre a vida pessoal; o tema do desconcerto; o tema da mudança pp. 200-201 Texto 1 | Lírica camoniana: presença da melancolia p. 200 Texto 2 | Lírica camoniana: o desconcerto do mundo – I p. 200 Texto 3 | Lírica camoniana: o desconcerto do mundo – II p. 201 Texto 4 | Lírica camoniana: pessimismo e mudança p. 201 Texto5 | O tema da mudança p. 201 176 178 180 181 182 182 184 186 188 191 195 196 197 197 198 202- -205 Teste de avaliação de conhecimentos Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Escrita Gramática AI • Canção pp. 193-194 («Balada astral», Miguel Araújo) • Expressão de opiniões p. 194 (apresentar um ponto de vista) • Exposição sobre um tema p. 187 • Exposição sobre um tema p. 200 • Campo semântico p. 177 • Subordinação; funções sintáticas p. 179 • Campo lexical p. 183 • Funções sintáticas; subordinação p. 185 • Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; arcaísmos p. 187 • Funções sintáticas (complemento do nome); subordinação p. 192 • Arcaísmos; processos fonológicos de inserção, supressão e alteração; funções sintáticas p. 199 pp. 317-321; 321-324; 325 * AI é o Anexo informativo, no final do Manual. 6 Luís de Camões, Os Lusíadas PP. Educação literária Leitura 208-210 Contextualização histórica e literária Os Lusíadas Canto I Proposição (Est. 1-3) Recurso expressivo NOVO (Anástrofe) p. 213 Canto I Invocação (Est. 4-5) Canto I Dedicatória (Est. 5-18) Reflexões sobre a fragilidade da vida humana Canto I (Est. 105-106) Recurso expressivo NOVO (Interrogação retórica) p. 225 Crítica à incultura dos Portugueses Canto V (Est. 92-100) Recurso expressivo NOVO (Metonímia) p. 230 Lamentos do Poeta Canto VII (Est. 78-87) O poder corruptor do dinheiro Canto VIII (Est. 96-99) A Ilha dos Amores I O espaço e as Ninfas Canto IX (Est. 52-53; 66-70) A Ilha dos Amores II O seu significado Canto IX (Est. 88-95) A Ilha dos Amores III A Máquina do Mundo Canto X (Est. 75-91) Reflexões finais do Poeta; conselhos ao rei D. Sebastião Canto X (Est. 145-156) Textos 1 e 2 | Necessidade de um poema épico que cantasse as Descobertas p. 208 Os Lusíadas Natureza: uma epopeia p. 209 Estrutura externa p. 209 Estrutura interna p. 209 Os quatro planos temáticos: sua interdependência p. 210 Enquadramento dos planos em Os Lusíadas p. 210 Textos de apoio Texto 1 | A Proposição – constituição da matéria épica p. 215 Texto 2 | Linguagem e estilo da Invocação p. 215 Texto de apoio Texto 1 | Natureza da Dedicatória p. 223 Texto de apoio Reflexão sobre a fragilidade da vida humana p. 225 Texto de apoio Crítica à incultura dos Portugueses; impossibilidade de haver quem os cante no futuro p. 231 Textos de apoio Textos 1 e 2 | As queixas do Poeta – I e II p. 236 Textos de apoio Textos 1 e 2 | Reflexões sobre o poder corruptor do dinheiro – I e II p. 240 Textos de apoio Textos 1, 2, 3 e 4 | Significado da Ilha dos Amores p. 246 Textos 5 e 6 | A mensagem humanista de Luís de Camões p. 247 Textos de apoio Textos 1 a 3 | A Máquina do Mundo: natureza e significado p. 257 Textos de apoio Textos 1 a 4 | As reflexões finais do Poeta pp. 262-263 212 214 216-221 224 228-229 233-234 238 242 244-245 252-254 258-260 270-273 Teste de avaliação de conhecimentos 7 História trágico-marítima PP. Educação literária Leitura 276 Contextualização histórica e literária «As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)» (Excertos) I – A nau «Santo António» parte do Brasil em direção a Lisboa II – Encontro com corsários franceses. Jorge de Albuquerque decide dar-lhes luta. III – Tempestade! IV – Finalmente os náufragos chegam a Lisboa A História trágico-marítima: origens e natureza p. 276 280-281 282-283 284-285 286-288 292-295 Teste de avaliação de conhecimentos 298 Anexo informativo Leitura e A História trágico-marítima: origens e natureza p. 276 Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Escrita Gramática AI • Documentário pp. 248-249 «Portugueses pelo mundo – S. Tomé e Príncipe» • Apreciação crítica p. 250 (de documentário) • Exposição sobre um tema p. 223 • Exposição sobre um tema p. 225 • Síntese p. 236 • Exposição sobre um tema p. 236 • Síntese p. 240 • Exposição sobre um tema p. 240 • Apreciação crítica p. 250 (de documentário) • Classes de palavras p. 213 • Subordinação e funções sintáticas p. 214 • Funções sintáticas p. 218 • Palavras convergentes e divergentes pp. 221-222 • Funções sintáticas; subordinação; palavras convergentes e divergentes; processos fonológicos de inserção, supressão e alteração pp. 230-231 • Funções sintáticas; subordinação p. 239 • Funções sintáticas; subordinação; campo lexical p. 243 • Funções sintáticas p. 255 • Funções sintáticas; processos fonológicos de inserção, supressão e alteração p. 261 O português: génese, variação e mudança 1. Português clássico (séculos XVI-XVIII) p. 264 2. Português contemporâneo (séculos XIX-XXI) p. 265 Geografia do português no mundo 1. Português europeu p. 266 2. Português não europeu (variedade brasileira; variedades africanas; crioulos de base portuguesa) pp. 267-269 pp. 305-308; 308-309; 309-317; 317-321; 321-324; 325 * AI é o Anexo informativo, no final do Manual. Oralidade (compreensão do oral e expressão oral) Escrita Gramática AI • Documentário pp. 277-279 «Caravelas, naus e galeões portugueses: um choque tecnológico no século XVI na época dos Descobrimentos» • Apreciação crítica p. 279 (de documentário) • Apreciação crítica pp. 290-291 (de quadro) • Funções sintáticas p. 283 • Campo lexical p. 285 • Funções sintáticas; coordenação e subordinação pp. 289-290 pp. 317-321; 321-324 Índice remissivo Oralidade Compreensão do oral A Anúncio 29 D Documentário 248, 277 R Reportagem 60, 104, 163 Oralidade Expressão oral A Apreciação crítica de livro 37 de filme 63 de reportagem 164 de documentário 250, 279 S Síntese 109 Leitura A Apreciação crítica 33 Artigo de divulgação científica 38 E Exposição sobre um tema 30 R Relato de viagem 26 Escrita A Apreciação crítica de livro 35 (oficina de escrita) de cartoon 165 de documentário 250 de quadro 290 E Exposição sobre um tema 28, 41, 66, 68, 73, 81 (oficina de escrita), 100, 134, 154, 223, 225, 236, 240 S Síntese 105 (oficina de escrita), 117, 148, 236, 240 Educação literária Poesia trovadoresca C Cantigas de amigo Paralelismo 58 Refrão 58 Relação com a Natureza / Confidência amorosa 64 Variedade do sentimento amoroso 55, 57, 67 Cantigas de amor Coita de amor 72 Elogio cortês 70 Cantigas de escárnio e maldizer Crítica de costumes 78, 79 Paródia do amor cortês 76 Fernão Lopes, Crónica de D. João I A Atores coletivos / Afirmação da consciência coletiva 96, 98, 101 Atores individuais 93 C Contexto histórico 90, 91 Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira C Caracterização das personagens 120, 123, 127, 135, 140, 149, 155 Contextualização histórica-literária 116, 117 D Dimensão satírica 135, 140, 149, 155, 159 E Estrutura da obra I 119 Estrutura da obra II 122 Farsa 121 N Natureza da obra I 118 Natureza da obra II Quadro dimensão satírica 121 R Relação entre as personagens 123, 127, 135, 140, 149, 155 Quadro de personagens 120 Representação do quotidiano 127, 131, 140 Luís de Camões, Rimas C Classicismo 174 Contextualização histórico-literária 172, 173, 174, 175 E Experiência amorosa 176, 178, 180, 181, 182, 184, 186, 188 H Humanismo 174 L Lírica de inspiração clássica / Medida nova 175 Lírica tradicional / Medida velha 175 R Reflexão sobre a vida pessoal 188, 191, 195 Reflexão sobre o Amor 182, 184, 186 Renascimento 173 Representação da amada 176, 178, 180, 181 Representação da Natureza 188 S Soneto: características 180 T Tema da mudança 198 Tema do desconcerto 196, 197 Luís de Camões, Os Lusíadas C Constituição da matéria épica 212, 214, 216, 219, 220, 221, 242, 244, 252 Contextualização histórico-literária 208 E Estrutura 209 N Naturezada obra (Epopeia) 209 P Planos temáticos 210 R Reflexões do Poeta 224, 228, 233, 238, 244, 258 Resumo dos cantos 211, 226, 227, 232, 237, 241, 251 História trágico-marítima A Aventuras e desventuras dos Descobrimentos 280, 282, 284, 286 Contextualização histórico-literária 276 Gramática Português – génese, variação e mudança E Etapas da formação e da evolução do português 52, 65, 68, 71 Etimologia, étimo 221, 222, 308 L Latim vulgar e a romanização 52 P Palavras divergentes e convergentes 221, 222, 231 Português antigo (séculos XII – XV) 54, 305 Português clássico (séculos XVI – XVIII) 264, 306 Português contemporâneo (a partir do século XIX) 265, 307 Português europeu e português não europeu 266, 267, 268 Principais crioulos de base portuguesa 269, 308 Principais línguas românicas 53 Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração 59, 65, 68, 71, 73, 95, 99, 132, 158, 187, 199, 231, 261 Q Quadro português europeu-português do Brasil 267 S Substratos e superstratos 52, 53 Sintaxe C Complemento do adjetivo 28 Complemento do nome 192 Coordenação 32, 158, 290, 321, 322 F Funções sintáticas 28, 60, 66, 71, 73, 125, 138, 147, 161, 179, 185, 192, 199, 218, 230, 239, 243, 255, 261, 283, 289, 317, 318, 319, 320, 321 P Predicativo do complemento direto 147 S Subordinação 32, 95, 132, 158, 179, 185, 192, 214, 231, 239, 243, 290, 321, 322, 323, 324 Lexicologia A Arcaísmos 131, 158, 187, 199 C Campo lexical 183, 243, 285, 325 Campo semântico 177, 325 N Neologismos 41 P Processos irregulares de formação de palavras 32 R Recursos expressivos 327, 328 Outras sugestões programáticas • Dante Alighieri A divina comédia (excertos escolhidos), Quetzal Editores, 2011 • Adalberto Alves O meu coração é árabe (poemas escolhidos), Assírio & Alvim, 1998 • Peter Carey O Japão é um lugar estranho Tinta da China, 2009 • Miguel Cervantes D. Quixote de la Mancha (excertos escolhidos), Bertrand, 2010 • António Gedeão Poesia completa (poemas escolhidos), Portugália, 1972 • Clarice Lispector Contos Relógio d’Água, 2006 • Baltasar Lopes Chiquinho Biblioteca Editores Independentes / Cotovia, 2008 • Claudio Magris Danúbio Quetzal Editores, 2011 • Marco Polo Viagens (excertos escolhidos), Assírio & Alvim, 2008 • Walter Scott Ivanhoe Dom Quixote, 1997 Bruce Chatwin Na Patagónia Edição: 2009 Editor: Quetzal ISBN: 9789725647721 «Encontrávamo-nos tão perto da costa, que a ressaca do mar batia contra o costado do barco e estávamos assombra- dos pelo terror do nosso próximo fim.» «Um livro esplêndido.» Sunday Times «Um livro de viagens para se colocar na estante ao lado de Graham Greene, Somerset Maugham e Paul Theroux.» The New York Times Book Review Raul Brandão As ilhas desconhecidas Edição: 2011 Editor: Quetzal ISBN: 9789725649398 «Nasce o Sol. No alto, a delicadeza, a beleza, a alegria das aves, das gaivotas, a que os rapazes das Flores chamam passarocas, atirando-lhes pedras quando elas grasnam – eh! eh!... Passaroca louca, O teu pai morreu Tua avó chorou!...» «Entre junho e agosto de 1924, na companhia de ou- tros intelectuais (entre eles, Vitorino Nemésio), Raul Brandão viajou pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Daí nasceu As ilhas desconhecidas – notas e paisagens, um dos mais importantes e belos livros de viagem da li- teratura portuguesa.» Texto da contracapa Umberto Eco O nome da rosa Edição: 2011 Editor: Gradiva ISBN: 9789896164546 «Era uma bela manhã de fim de novembro. Durante a noite, tinha nevado um pouco, mas o terreno estava coberto por uma camada fresca com não mais de três dedos de altu- ra. No escuro, logo depois das laudes, tínhamos ouvido missa numa aldeia do vale. Depois, ao despontar do Sol, puséramo- -nos a caminho em direção às montanhas. Quando trepávamos pela senda escarpada que serpen- teava em torno do monte, vi a abadia.» O enredo d’O nome da rosa centra-se nas investiga- ções de uma série de crimes misteriosos, cometidos numa abadia medieval, no norte de Itália. Parecendo Sherlock Holmes, o investigador, o frade franciscano William de Baskerville, ajudado pelo jovem noviço Adso de Melk, leva a cabo as suas investigações, apesar de muitas resistências, e acaba por decifrar o mistério – com o fim terrível da abadia… Um verdadeiro romance policial! Texto dos autores PR OJ ET O DE L EIT UR A: A N OS SA S EL EÇ ÃO 1º Período 1 o-nos tão perto da costa, que a ressaca do costado do barco e estávamos assombra- do The New York Times Book Review a 46 manhã de fim de novembro. Durante a um pouco mas o terreno estava coberto nhecidas 8 No alto, a delicadeza, a beleza, a alegria tas a que os rapazes das Flores chamam 14 Outras sugestões programáticas • AA.VV. Antologia do Cancioneiro Geral (poemas escolhidos), Verbo, 2009 • Jorge Amado Capitães da areia BIS, 2009 • Italo Calvino As cidades invisíveis Editorial Teorema, 2009 • Júlio Dinis Serões da província Publicações Europa-América, 1971 • Cecília Meireles Antologia poética (poemas escolhidos), Relógio d’Água, 2002 • Vinicius de Moraes Antologia poética (poemas escolhidos), Dom Quixote, 2003 • Ondjaki Os da minha rua Editorial Caminho, 2007 • Pepetela Parábola do cágado velho Dom Quixote, 2006 • Petrarca Rimas (poemas escolhidos), Bertrand Editora, 2003 • Lygia Fagundes Telles Ciranda de pedra Editorial Presença, 2008 Amin Maalouf As cruzadas vistas pelos Árabes Edição: 2013 Editor: Edições 70 ISBN: 9789724417561 «Na cidade cercada, a esperança dos primeiros dias de maio deu lugar à mais total aflição. No palácio como na rua, não se compreende por que motivo as tropas de Mossul tardam tanto. Yaghi Siyan está desesperado.» «Texto cativante, que mescla o tom da crónica con- temporânea com a mestria estilística do autor, As cru- zadas vistas pelos árabes apresenta-nos uma perspetiva que não é habitual, mas não menos empolgante.» Texto da contracapa Sophia de Mello Breyner Andresen Navegações Edição: 1996 Editor: Editorial Caminho ISBN: 9789722110495 «Vi as águas os cabos vi as ilhas E o longo baloiçar dos coqueirais Vi lagunas azuis como safiras Rápidas aves furtivos animais» «Fala-se aqui, efetivamente, (…) de um certo olhar (o do poeta, naturalmente) sobre as grandes navega- ções portuguesas: todo o insuperável espanto perante a novidade e a “veemência do visível” ou “o brilho do visível frente a frente”; o entusiasmo particular, único, perante os sucessivos cenários de cada “primitiva ma- nhã da criação”.» João Rui de Sousa, Colóquio / Letras, Nº 77, janeiro de 1984 Richard Zimler O último cabalista de Lisboa Edição: 2014 Editor: Porto Editora ISBN: 9789720044914 «No ano de 1494 da era cristã, tinha eu oito anos, li a história dos íbis sagrados que tinham ajudado Moisés a atra- vessar um pântano etíope infestado de cobras. Com as tintas e corantes de meu tio Abraão desenhei um animal vermelho e negro com um bico em forma de foice. O meu tio pegou no desenho para o observar.» «Publicado originalmente em Portugal, O último cabalista de Lisboa é um extraordinário romance histó- rico, que catapultou o seu autor para um sucesso inter- nacional, tendo sido publicado em toda a Europa, nos Estados Unidos e Brasil, onde depressa se tornou um bestseller.» Texto da contracapa 2º Período stas 61 a, a esperança dos primeiros dias de maio total aflição No palácio como na rua não odo ista 14 94 da era cristã, tinha eu oito anos, li a grados que tinham ajudado Moisés a atra- Breyner inho 95 s cabos vi as ilhas içar dos coqueirais PR OJ ET O DE L EI TU RA 15 Outras sugestões programáticas • Anónimo Lazarilho de Tormes Vega, 1993 • Ferreira de Castro A selva Cavalo de Ferro, 2014 • Mathias Énard Fala-lhesde batalhas, de reis e de elefantes Dom Quixote, 2013 • António Ferreira Castro Publicações Europa-América, 1997 • Homero Odisseia (excertos escolhidos), Cotovia, 2003 • Arturo Pérez-Reverte A tábua de Flandres Edições ASA, 2009 • Edgar Allan Poe Contos fantásticos Guimarães Editores, 2004 • Manuel Rui Quem me dera ser onda Editorial Caminho, 2007 • William Shakespeare A tempestade Campo das Letras, 2001 • Jonathan Swift As viagens de Gulliver Edições Nelson de Matos, 2009 • Virgílio Eneida (excertos escolhidos), Bertrand Editora, 2011 Vitorino Nemésio Vida e obra do Infante D. Henrique Edição: 2010 Editor: Texto Editores ISBN: 9789724742694 «As navegações empreendidas ao largo da costa de África no sentido atlântico ligam-se, como vimos, à vigilância a exercer ao longo do Algarve para o defender dos Moiros. Os corsários berberes e tunísios, assaltando o litoral («anda moiro na costa»), provocavam a represália.» «Vida e obra do Infante D. Henrique, o título que cou- be a este livrinho (…) não se há de entender tanto por biografia pura e resenha de feitos pessoais como por narrativa sumária da empresa histórica portuguesa desenrolada na contemporaneidade do Infante e seus tempos mais próximos, e não menos historicamente projetada na sua figura.» Texto da contracapa Almeida Faria O murmúrio do mundo Edição: 2012 Editor: Tinta da China ISBN: 9789896711115 «O voo para Cochim (Cochi, ou Kochi), capital do estado de Kerala, saiu cedo, com tempo claro, sem vento. Os portu- gueses que antigamente aqui desembarcaram traziam de- senhadores e cartógrafos para mapearem bancos de areia, ilhas, baixios, cabos, reentrâncias, recortes, perigos previsí- veis e defesas possíveis desta costa que lhes custaria tantas vidas.» «Inesgotável e inumerável, assim se nos apresenta a Índia – tantos os mundos, as almas, os mitos e as fábu- las, os ritos e os ritmos, as gentes e as divindades! (…) O texto é entremeado de pequenos relatos e comen- tários dos mais variados autores, portugueses e estran- geiros, como forma de o enriquecer e de nos levar ao conhecimento de outros ângulos de visão de diferentes épocas e gentes.(…)» Marcello Duarte Mathias, Colóquio / Letras, 181, setembro / dezembro 2013.Daniel Defoe Robinson Crusoe Edição: 2009 Editor: Relógio D’Água ISBN: 9789896411336 «Por volta do meio-dia o mar cresceu com força, e o nosso castelo de popa mergulhava de tal modo no mar que a água atravessava e varria o convés; por uma ou duas vezes chegá- mos a julgar que a âncora tinha cedido. Então o comandante ordenou que largássemos a âncora mestra para impedir que o buque retrocedesse, depois de ter largado os cabos até ao fim.» «As aventuras de Robinson Crusoe, a história de um náufrago que vive vinte e oito anos numa ilha deserta, é baseado numa história verdadeira. O romance foi publicado pela primeira vez em 1719 e em poucos me- ses vendeu mais de oitenta mil exemplares. É um dos romances de aventuras mais populares em todo o mun- do. Um verdadeiro clássico da literatura universal.» Texto da contracapa 3º Período enrique 44 s empreendidas ao largo da costa de África do g Texto da contracapa oe a 36 meio-dia o mar cresceu com força, e o nosso ergulhava de tal modo no mar que a água mundo 5 ochim (Cochi, ou Kochi), capital do estado PR OJ ET O DE L EIT UR A: A N OS SA S EL EÇ ÃO 16 PR OJ ET O DE L EI TU RA P R O F E S S O R EL10: 15.1 a 15.4; 15.6 E10: 10; 11; 12; 13 O10: 3; 4; 5; 6 L10: 7.5; 9.1 Nota prévia O Programa e Metas Curricu- lares de Português do Ensino Secundário prevê, na página 29, relativamente ao Projeto de Lei- tura, a sua «articulação com a Oralidade e a Escrita» «median- te a concretização de atividades inerentes a estes domínios, con- soante o ano de escolaridade e de acordo com o estabelecido entre professor e alunos.». Este Manual privilegia, neste âmbito, o texto de apreciação crítica e o discurso de apreciação crítica sobre obras do Projeto de Lei- tura. Escrita Nota No Caderno de Atividades, os alunos poderão encontrar ou- tras propostas de escrita de textos de apreciação crítica de livros não constantes na lista do Projeto de Leitura do Programa e Metas Curriculares de Portu- guês do Ensino Secundário. • Grelha de planificação 2, p. 68 • Grelha de avaliação 2, p. 99 L P P Documentos Grelhas de planificação e de avaliação 2 Oralidade Expressão oral • Grelha de planificação 1, p. 60 • Grelha de avaliação 1, p. 92 L P P Documentos Grelhas de planificação e de avaliação 1 Atividades Escrita Apreciação crítica Elabora uma apreciação crítica de um livro que tenhas lido no âmbito do teu Projeto de Leitura, num texto que tenha entre 200 e 300 palavras. Sobre as características deste tipo de texto – consulta a página 34 do Manual. Sobre a redação deste tipo de texto, consulta as páginas 35-37 do Manual. Divide o teu texto em duas secções: • primeira: descrição sucinta do livro en- quanto objeto (formato, capa, contracapa, editor, ano e lugar da edição, organização interna…); • Segunda: comentário crítico. Oralidade EXPRESSÃO ORAL Apreciação crítica Apresenta uma apreciação crítica de um li- vro que tenhas lido no âmbito do teu Projeto de Leitura, numa intervenção de cerca de seis minutos. Estrutura-a em introdução, desenvolvi- mento e conclusão. Na introdução, faz uma breve descrição dos aspetos físicos do livro (capa, contracapa, editor, ano e lugar de edição, organização interna, etc.). No desenvolvimento, procede a um comen- tário crítico que incida nos aspetos que preten- des destacar. (Vê os exemplos indicados para a atividade de escrita.) Indica os aspetos do livro que mais valorizaste, justificando sempre. Por exemplo: • um episódio, referindo-o sucintamente; • uma personagem, caracterizando-a; • um espaço, identificando-o e descrevendo-o; • a relação entre duas ou mais personagens, identificando-as e explicitando-a; • a relação do autor ou do narrador com um espaço, ou de personagens com um espaço; • um excerto que vale a pena ler, reler, guardar na memória… Integra estas duas secções no desenvolvi- mento do teu texto, que deve ter também uma introdução e uma conclusão. Na conclusão, aconselha ou desaconselha a leitura do livro, fundamentando. Faz a tua apresentação seguindo os aspetos verbais e não verbais presentes na grelha de heteroavaliação. Podes servir-te de meios TIC na tua apresen- tação. Sobre as características do discurso de apre- ciação crítica, consulta a página 34. 17 0Teste diagnóstico Em destaque: Educação literária «A aia» Eça de Queirós EXCERTO Leitura «Breve história dos celtas» Gramática • Classes de palavras • Funções sintáticas • Subordinação Escrita • Texto de opinião P R O F E S S O R Grupo I A 1. 1.1 Os advérbios que caracteri- zam o choro da rainha são, por esta ordem, «magnificamen- te», l. 8, «desoladamente», l. 8, e «ansiosamente», l. 9. Todos estão ligados a um motivo de choro diferente e com ele litera- riamente relacionados. Assim, dada a qualidade social do mari- do, rei, o advérbio utilizado para caracterizar o choro por ele, «magnificamente», relaciona- -se com o seu muito elevado estatuto social; a tristeza pro- funda da rainha por ter perdido, além do seu rei, o próprio mari- do, tristeza de viúva, provocou um choro triste, desesperado, na solidão que ela adivinha – chorou pois «desoladamente»; o choro da mãe, extremamente preocupada com a sorte do filhi- nho, infante, está bem traduzi- do pelo advérbio «ansiosamen- te», que sugere a expectativa temerosa quanto ao futuro da criança indefesa, sem pai que a proteja perante perigos da mãe bem conhecidos. GRUPO I A Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário. A aia Era uma vez um rei, moço e valente,senhor de um reino abundante em cidades e searas, que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua rainha e um filhi- nho, que ainda vivia no seu berço, dentro das suas faixas. A lua cheia que o vira marchar, levado no seu sonho de conquista e de fama, começava a minguar, quando um dos seus cavaleiros apareceu, com as armas rotas, negro do sangue seco e do pó dos caminhos, trazendo a amarga nova de uma batalha perdida e da morte do rei, trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à beira de um grande rio. A rainha chorou magnificamente o rei. Chorou ainda desoladamente o esposo, que era formoso e alegre. Mas, sobretudo, chorou ansiosamente o pai que assim deixava o filhinho desamparado, no meio de tantos inimigos da sua frágil vida e do reino que seria seu, sem um braço que o defendesse, forte pela força e forte pelo amor. Desses inimigos o mais temeroso era seu tio, irmão bastardo do rei, homem depravado e bravio, consumido de cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa dos seus te- souros, e que havia anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda1 de rebeldes, à maneira de um lobo que, entre a sua atalaia, espera a presa. Ai! a presa agora era aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço com o seu guizo de ouro fechado na mão! - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - Robert Henri, A lavadeira, 1916 20 0 Teste diagnóstico P R O F E S S O R 2. A identificação do tio com a fera deriva do facto de ele habi- tar, como os lobos, nos altos das montanhas – sempre a esprei- tar a possível presa. 3. Trata-se de uma escrava ex- tremamente fiel em relação aos seus senhores e profundamente protetora do pequeno infante de quem deve cuidar; chorou inten- samente a morte do seu senhor; era-lhe de tal modo fiel que via já o dia em que o iria servir no Céu. Além disso, o seu instinto protetor em relação ao pequeno príncipe, profundamente mater- nal, avivou-se com a sua nova si- tuação de criança indefesa. Fiel e protetora são, pois, dois adje- tivos que a caracterizam bem, com base nas suas atitudes e nos seus pensamentos. 4. Trata-se da metáfora «flor». 1 bando 2 a devoção, o culto 3 servidores 4 subiria 5 vaso pequeno de cerâmica onde se queimam plantas aromáticas 6 espadas Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Mas este era um escravozinho, filho da bela e robusta escrava que amamentava o príncipe. Ambos tinham nascido na mesma noite de verão. O mesmo seio os criava. Quando a rainha, antes de adormecer, vinha beijar o principezinho, que tinha o cabelo louro e fino, beijava também, por amor dele, o escravo- zinho, que tinha o cabelo negro e crespo. Os olhos de ambos reluziam como pedras precio- sas. Somente o berço de um era magnífico e de marfim entre brocados – e o berço do outro, pobre e de verga. A leal escrava, porém, a ambos cercava de carinho igual, porque, se um era o seu filho – o outro seria o seu rei. Nascida naquela casa real, ela tinha a paixão, a religião2 dos seus senhores. Nenhum pranto correra mais sentidamente do que o seu pelo rei morto à beira do grande rio. Per- tencia, porém, a uma raça que acredita que a vida da Terra se continua no Céu. O rei seu amo, decerto, já estaria agora reinando em outro reino, para além das nuvens, abundante também em searas e cidades. O seu cavalo de batalha, as suas armas, os seus pajens tinham subido com ele às alturas. Os seus vassalos3, que fossem morrendo, prontamente iriam, nesse reino celeste, retomar em torno dele a sua vassalagem. E ela, um dia, por seu turno, remontaria4 num raio de luz a habitar o palácio do seu senhor, e a fiar de novo o linho das suas túnicas, e a acender de novo a caçoleta5 dos seus perfumes; seria no Céu como fora na Terra, e feliz na sua servidão. Todavia, também ela tremia pelo seu principezinho! Quantas vezes, com ele pendurado do peito, pensava na sua fragilidade, na sua longa infância, nos anos lentos que correriam antes que ele fosse ao menos do tamanho de uma espada, e naquele tio cruel, de face mais escura que a noite e coração mais escuro que a face, faminto do trono, e espreitando de cima do seu rochedo entre os alfanges6 da sua horda! Pobre principezinho de sua alma! Com uma ternura maior o apertava então nos braços. Eça de Queirós, «A aia», in Contos, Lisboa, Edições Livros do Brasil, 2012, pp. 157-160. - - 20 - - - - 25 - - - - 30 - - - - 35 - - - - 40 - 1. Atenta na reação da rainha quando soube da morte do marido na guerra – terceiro parágrafo, ll. 8-11. 1.1 Justifica a utilização de cada um dos três advérbios que servem para caracteri- zar o seu choro. 2. Refere o facto que possibilita ao narrador identificar o tio do pequenino príncipe com um lobo, l. 15. 3. Elabora a caracterização psicológica da escrava tendo em consideração as suas ati- tudes presentes no texto. 4. Identifica o recurso expressivo presente em «(…) trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à beira de um grande rio.», l. 7. B Escreve um texto no qual, recorrendo à tua experiência de leitura, apresentes uma personagem marcante de uma narrativa que tenhas lido na íntegra durante o 3º Ciclo. Não deixes de justificar a escolha dessa personagem. O teu texto deve ter entre 80 e 130 palavras. 21 0 GRUPO II Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário. Os celtas não morreram. É certo que já lá vão dois milénios desde que a civilização céltica per- deu a sua grandeza, depois de ter dominado a Eu- ropa Central e Ocidental durante cinco séculos. Foi destruída pela colonização romana, pelas inva- sões germânicas e pelo desenvolvimento do cris- tianismo. Mas os celtas não se apagaram na grande amálgama1 de populações que, desde então, foi incessantemente alterando a face da Europa. No continente, perderam a identidade e a especifi- cidade; mas o seu espírito sobreviveu na sombra das lendas e do folclore, e também na língua, que se manteve, apesar de tudo, na Bretanha. Nas ilhas britânicas, na Irlanda, no País de Gales e na Escó- cia, continuaram vivos, na mesma altura em que Roma mergulhava na decadência. O próprio cris- tianismo não abafou por completo a sua cultura: eram monges os que, nos finais da Idade Média, transcreveram as obras-primas de uma literatura oral que propagava2 mitos e lendas dos quais a cul- tura europeia se alimentou em grande parte. Artur, Lancelote, Merlin, Morgana, o Graal e a Távola Re- donda, que passaram a fazer parte do seu patrimó- nio, embora muito corrigidos pelos ensinamentos da Igreja, provêm da herança céltica. Portanto, os celtas ainda vivem, pelo menos no nosso imaginá- rio, e hoje, na orla3 atlântica da Europa Ocidental, entoam um canto vindo do fundo dos séculos. Uma origem imprecisa Ao iniciarmos um livro que lhes é consagra- do, gostaríamos de poder defini-los com bastante exatidão, de modo a circunscrever4 o campo de estudo e precavermo-nos5 contra qualquer ris- co de confusão. Mas o tempo e o espaço em que se afirmaram foram tão extensos que é impossí- vel encerrá-los em fronteiras definidas ou entre duas datas. A arqueologia, a filologia6 e a mitologia atestam-no: um conjunto de povos cuja origem só em parte se conhece partilhou, durante vários mi- lénios, línguas, práticas, crenças, se não comuns, pelo menos semelhantes. Keltoi: é assim que os celtas são mencionados nos primeiros textos gregos, no século VI a. C. O nome parece provir daquele que eles próprios já se atribuíam (teriam, pois, uma consciência de iden- tidade). Qualificava diversas populações que ocu- pavam então a maior parte da Europa Ocidental e Oriental, onde haviam edificado7 a primeira grande civilização. Gilles Plazy, ABCedário dos celtas, Lisboa, Público, 2001. (Texto adaptado) - - - - 5 - - - - 10 - - - - 15 - - - - 20 - - - - 25 - - - -
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