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ECA_Aula 6 a 8_Responsabilidades

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UNIDADE 2 - RESPONSABILIDADES
AULA 6
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
A proposta de política de atendimento prevista no Estatuto foi elaborada nos moldes do § 7º do art. 227, c/c art. 204, da CF, ou seja, com base nas diretrizes principais vinculadas à POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, tendo em vista:
1) A descentralização político-administrativa e
2) A participação popular. 
Esta nova concepção introduz mudanças profundas e amplas no campo das políticas públicas dirigidas à infância e à juventude.
A começar, o legislador, no art. 86, mostra a RESPONSABILIDADE de todos os ENTES DA FEDERAÇÃO E DA SOCIEDADE no tratamento das QUESTÕES INFANTO-JUVENIS. 
Em seguida, no art. 87, indicou o rol das principais ações que compõem esta nova política.
Cumpre ressaltar que o elenco contido nos art. 87 e 88, não se constitui em meras recomendações aos órgãos governamentais e não-governamentais, mas sim em VERDADEIROS COMANDOS NORMATIVOS e, como tal, de execução obrigatória.
Art. 87, incisos:
I - POLÍTICA SOCIAL BÁSICA = Aquelas que REPRESENTAM A SATISFAÇÃO DO MÍNIMO NECESSÁRIO PARA A EXISTÊNCIA DIGNA, exemplo: políticas vinculadas à saúde, educação, habitação, saneamento básico etc. 
II - CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CARÁTER SUPLETIVO = Aquelas que visam atender CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE NÃO CONSEGUEM TER ACESSO ÀS POLÍTICAS SOCIAIS BÁSICAS, exemplo: programas que visam à complementação de renda, de aceleração escolar etc.
III a V - POLÍTICA DE PROTEÇÃO ESPECIAL = Aquelas destinadas à POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL cujos DIREITOS FORAM AMEAÇADOS OU VIOLADOS, exemplo: programas voltados para aqueles em situação de rua, usuários de substâncias tóxicas ou drogas, vítimas de exploração sexual e violência doméstica.
Por conta dessa nova postura, o legislador estatutário, no art. 88, tem como ponto central das políticas públicas centrar-se não apenas no menor, mas também nas suas famílias, esta delineou as diretrizes a serem cumpridas dentro dessa nova estrutura de atendimento.
DIRETRIZES DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO = Conjunto de INSTRUÇÕES QUE DEVEM SER SEGUIDAS NA ELABORAÇÃO E NA IMPLEMENTAÇÃO DESSAS POLÍTICAS
 1ª diretriz - A primeira diretriz reside na MUNICIPALIZAÇÃO, que surge como conseqüência da descentralização político-administrativa prevista na CRFB, art. 204.
 Municipalizar o atendimento = Consiste em CONCENTRAR A RESPONSABILIDADE PELO ATENDIMENTO NAS MÃOS DO MUNICÍPIO E DA SOCIEDADE. 
 Esta obrigação não exonera os demais entes federativos de qualquer obrigação em relação ao setor infanto-juvenil, cabendo à União e aos Estados a complementação do que ultrapassar a possibilidade financeira e técnica dos Municípios.
 2ª diretriz - IMPÕE A CRIAÇÃO DOS CONSELHOS DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, órgãos paritários, responsáveis pela deliberação e controle das ações relacionadas à política de atendimento nos três níveis da federação.
 Por meio dos CONSELHOS DE DIREITOS, a sociedade participa, conjuntamente com o poder público da GESTÃO DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO, deliberando e controlando-a.
 Cabe ao Conselho de Direitos Municipais:
1) Função de deliberar e controlar a execução das políticas públicas
2) O cadastramento das entidades que atuam na área da infância (art. 90 parágrafo único) e
3) A presidência do processo de escolha dos membros dos conselhos tutelares (art. 139).
 3ª diretriz - CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS ESPECÍFICOS, observada a descentralização político-administrativa
 4ª diretriz CRIAÇÃO DOS FUNDOS VINCULADOS aos respectivos CONSELHOS DE DIREITOS, que têm suas normas de funcionamento previstas nos art. 165 a 169 da CF, nos art. 71 a 74 da Lei 4.320/64, Lei 8.666/93 e ainda nos art. 88, IV, 154, 214 e 260 do Estatuto.
 5ª diretriz - Também constitui diretriz à INTEGRAÇÃO OPERACIONAL DOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO ADOLESCENTE INFRATOR, prevista no inciso V, com objetivo de fazer com que todos os órgãos atuem de forma eficiente para uma pronta recuperação do adolescente. 
 6ª diretriz - MOBILIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA, no inciso VI: sem ela, as mudanças constantes do ECA dificilmente se concretizarão.
ENTIDADES DE ATENDIMENTO
- Estão reguladas no Estatuto logo após as normas gerais que norteiam a política de atendimento. 
- O legislador, nesse tópico, mais precisamente no art. 90, preocupou-se em:
a) DETERMINAR O OBJETO DAS ENTIDADES, englobando planejamento e execução dos programas
b) Apresentou um rol exemplificativo das várias POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO: 
1) A 1ª possibilidade consiste na CRIAÇÃO DE ENTIDADE que vise o atendimento do menor e sua respectiva família em regime de ORIENTAÇÃO e APOIO FAMILIAR.
 Esta entidade tem por fim:
I) Identificar as fragilidades daquele grupo familiar
II) Apontar os caminhos para superação do problema. 
2) A 2ª alternativa de atendimento apresentado pela lei consiste no APOIO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO, exemplo: visa o oferecimento de reforço escolar, oferta de cursos de profissionalização, promoção de atividades artísticas e culturais. 
3) A 3ª alternativa consiste em PROGRAMA DESTINADO À COLOCAÇÃO FAMILIAR, através da formação de cadastro de famílias acolhedoras. 
4) A 4ª alternativa trata da FORMAÇÃO DE UM ABRIGO para atender em caráter provisório e excepcional crianças e adolescentes em situação de RISCO PESSOAL OU SOCIAL.
 As entidades destinadas a desenvolver o programa de abrigo apesar de serem livres para definir o público-alvo que pretendem trabalhar, sua capacidade de atendimento e sua proposta pedagógica, estão vinculadas aos princípios e regras contidas nos art. 92 a 94.
5) As 3 últimas sugestões de entidade de atendimento, contidas no art. 90, funcionam como RETAGUARDA PARA A APLICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS.
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO (art. 90 a 97)
- CONTROLE DAS ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS: Para um maior controle das entidades não-governamentais, a lei, no § único do art. 90, condicionou o seu funcionamento ao PRÉVIO CADASTRAMENTO DE SEUS PROGRAMAS JUNTO AO CONSELHO MUNICIPAL DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, sendo que, essa regra NÃO SE APLICA ÀS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS, pois ESSAS SÃO CRIADAS POR LEI.
 Arts. 92 a 94
Da análise destes artigos, conclui-se que o legislador objetivou romper com a lógica do antigo regime de institucionalização, muito utilizado pelo sistema anterior vigente, onde os menores eram institucionalizados pelo simples fato de se enquadrarem na situação irregular do código de menores revogado.
Daí porque, a medida protetiva de abrigo hoje tem natureza excepcional e provisória. Como conseqüência dessa nova conjectura, além do legislador enumerar uma série de regras e princípios a serem seguidos pelos abrigos, ainda EQUIPAROU OS DIRIGENTES DO ABRIGO AO GUARDIÃO, para todos os efeitos de direito (art. 92 § único).
Art. 93: Permitiu aos dirigentes de abrigo, em caráter excepcional e de urgência, abrigar criança ou adolescente, tendo apenas que comunicar o fato até o segundo dia útil subseqüente ao Juiz da Infância e Juventude e Conselho Tutelar.
Observe-se que a preocupação do legislador em fazer essa ressalva, também demonstra que a tendência nos dias de hoje é pela não-aplicação do abrigo, tanto que somente três órgãos podem abrigar segundo as normas do ECA, ou seja, o Juiz da Infância e Juventude, o Conselho Tutelar e os dirigentes de abrigo em casos excepcionais.
 Art. 97
No art. 97, o legislador, previu que o DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER OBRIGAÇÃO por ele indicada importará na RESPONSABILIZAÇÃO DA ENTIDADE DE ATENDIMENTO, sem prejuízo das demais penalidades aplicáveis aos seus dirigentes.
Veja o artigo da Dra. Patrícia Silveira Tavares, que se inicia na pág. 279 do livro: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - aspectos teóricos e práticos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
AULA 7 - DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E SOCIOEDUCATIVAS
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS (art. 98)
- Ao tratar das medidas de proteção, o legislador começa a apresentar os MECANISMOS capazes de SALVAGUARDAR OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS MENORESe indica como PARÂMETROS as situações arroladas no art. 98:
1) A 1ª situação contida nesse artigo consiste em que a AMEAÇA OU VIOLAÇÃO POR AÇÃO OU OMISSÃO SE DÁ POR PARTE DO ESTADO OU DA SOCIEDADE. 
 Exemplo: crianças em situação de rua, exploradas sexualmente ou sem acesso às políticas sociais básicas, como falta de vaga na rede regular de ensino ou de leito num hospital.
2) A 2ª situação está vinculada ao NÚCLEO FAMILIAR, onde A CRIANÇA SE TORNA VÍTIMA PELA FALTA, OMISSÃO OU ABUSO DOS PAIS OU RESPONSÁVEL. 
 Exemplo: a criança que se torna vítima de violência intrafamiliar ou em razão da morte dos pais ou quando o rendimento escolar não é acompanhado pelos pais ou responsáveis.
3ª) Por fim, justifica a aplicação da medida protetiva em razão da CONDUTA DA PRÓPRIA CRIANÇA OU ADOLESCENTE. 
 Exemplo: quando os menores cometem um ato infracional ou quando praticam atos capazes de colocá-los em risco, como ingestão de bebida alcoólica ou fuga de casa.
CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
 Arts. 99 e 100
Observem que, depois de indicar as situações nas quais justifica a aplicação das medidas protetivas, o legislador, nos artigos 99 e 100, preocupou-se em traçar as REGRAS PARA ORIENTAR O APLICADOR DESSAS MEDIDAS, sempre que houver a hipótese de AMEAÇA OU VIOLAÇÃO DE UM OU MAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
O GRANDE NORTE NA ESCOLHA DAS MEDIDAS a ser aplicada é o FORTALECIMENTO DOS VÍNCULOS FAMILIARES OU COMUNITÁRIOS. Dependendo das peculiaridades de cada caso, elas podem ser aplicadas isoladamente, cumulativamente ou substituídas a qualquer tempo. 
 Art. 101
O art. 101 apresenta um ROL DE MEDIDAS A SEREM APLICADAS PELA AUTORIDADE COMPETENTE. 
 A autoridade pode ser:
1) O Juiz da Infância e da Juventude (conf. art. 148, I), ou 
2) O Conselho Tutelar (art. 136 do ECA). 
Se observado o rol de medidas apresentadas, conclui-se que, apesar de o legislador não ter sido taxativo no rol destas medidas, procurou calçar todas as situações capazes de ensejar um crescimento harmonioso prevendo o encaminhamento aos pais, monitoramento via orientação, apoio e acompanhamento, matrícula na escola, inclusão em programa oficial de auxilio à família aos mais necessitados, requisição de tratamento médico ou psiquiátrico, inclusão em programas de desintoxicação, abrigo e colocação em família substituta.
Quanto ao ABRIGO, como essa medida deve ser vista como ÚLTIMA ALTERNATIVA, o legislador ressaltou, no art. 100 § único, que O ABRIGO NÃO IMPORTA EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, deve ser utilizado como MEIO DE TRANSIÇÃO PARA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.
 Art. 102
Aqui, o legislador destaca como medida de proteção a REALIZAÇÃO DO REGISTRO CIVIL, sempre que for constatada a sua inexistência, devendo o documento ser elaborado com os dados disponíveis, ou seja, com o nome da criança e sua provável idade, quando se desconhecer sua data de nascimento. O nome dos pais poderá ser inserido somente pelos próprios ou por decisão judicial. 
Vistos os mecanismos capazes de salvaguardar os direitos fundamentais dos menores, Acesse sua disciplina on-line, entre em Biblioteca da Disciplina e leia o texto Medidas socioeducativas.
TÍTULO III - DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
Partindo-se da idéia de que a lei 8.069/90 se constitui num instrumento de transformação e de garantias de direitos, o legislador, em alguns momentos, abandonou a técnica tradicional legislativa para utilizar técnica própria, com o fim de preservar a sua proposta inicial. Assim, como destinou esse capítulo para regulamentar as MEDIDAS DE PROTEÇÃO EM SENTIDO AMPLO:
- primeiro regulamentou as medidas a serem aplicadas aos carentes (art. 101); 
- em seguida, as medidas a serem aplicadas aos infratores (art. 112); 
- e, por fim, as medidas a serem aplicadas aos pais (art. 129). 
Depois de regulamentar as medidas protetivas, começa a preparar o aplicador da norma para utilizar as MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS. Como estas medidas são aplicáveis somente aos adolescentes infratores, houve o cuidado de:
- conceituar ato infracional no art. 103, 
- definir a imputabilidade infantojuvenil no art. 104 
- e, por fim, cuidar da criança infratora no art. 105. 
Como se pode verificar, ATO INFRACIONAL NÃO É CRIME NEM CONTRAVENÇÃO, e sim apenas um ATO ANÁLOGO AO CRIME OU À CONTRAVENÇÃO. 
Daí a pergunta: em que esses dois atos diferem? 
Para responder a essa pergunta, devemos partir da comparação analítica desses dois atos. Assim, se crime é a conduta, típica, antijurídica e culpável, a conclusão a que vamos chegar é que O ÚNICO ELEMENTO QUE FALTA AO ATO INFRACIONAL É A CULPABILIDADE, visto que a culpabilidade se compõe de dois fatores:
1. psicológico (que envolve a capacidade de discernimento);
2. biológico (que decorre da idade penal). 
Como não temos o elemento biológico, essa conduta não tem como se constituir num crime, e sim num ato análogo a um crime. E, se não há crime, não pode haver como resposta uma pena, e sim uma medida socioeducativa. 
Com base nessa premissa, o legislador não vinculou as medidas aos atos infracionais, diferentemente dos crimes, na medida em que, a cada crime, está acoplada uma pena.
 Art. 104 § único: Possibilidade de aplicação de medida socioeducativa ao jovem adulto, ao determinar que a IDADE DO ADOLESCENTE DEVE SER CONSIDERADA À ÉPOCA DO FATO, e não na data da apreensão, captura ou sentença. Este limite é muito importante, pois evita que jovens criminosos acabem impunes por conta da idade.
 Exemplo: se um adolescente comete um ato infracional bárbaro às vésperas de completar 18 anos e só é apreendido com mais de 18 anos, poderá ser aplicada a ele uma medida socioeducativa. Outro aspecto importante abordado pela lei diz respeito à criança infratora: o legislador definiu o tipo de medida a ser aplicada a ela e a autoridade competente que, conforme dispõe o art. 136, é o Conselho Tutelar.
CAPÍTULO II - DAS GARANTIAS INDIVIDUAIS
O legislador, antes de abordar as medidas socioeducativas, teve a preocupação de definir os direitos individuais e as garantias processuais do adolescente infrator. Conforme dito anteriormente, os direitos fundamentais dos menores nada mais são que os direitos fundamentais do cidadão comum acrescidos do status de prioridade absoluta.
Assim, o legislador entendeu por bem ratificar que os direitos individuais previstos para o criminoso também são aplicáveis aos adolescentes infratores, tanto que, no art. 106 do ECA, praticamente transcreve o disposto nos incisos LXI e LXIV do art 5º da CF, ao garantir que nenhum adolescente poderá ser apreendido senão em flagrante delito ou por ordem de autoridade judicial competente.
 Art. 106:
- Esta RESSALVA EM RELAÇÃO À AUTORIDADE COMPETENTE é importante por:
LIMITAR A PRERROGATIVA SOMENTE AO JUIZ DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, e não a outro juiz, e também por 
Determinar que o adolescente infrator tem o direito de saber quem são os RESPONSÁVEIS PELA SUA APREENSÃO e ser ALERTADO ACERCA DE SEUS DIREITOS, inclusive o de permanecer calado em sede policial. 
 Importância prática dessa regra: com relação à identificação dos responsáveis pela apreensão, permite aos menores identificar o autor de um abuso de autoridade, caso ocorra.
 Art. 107: Objetivando dar MAIS VISIBILIDADE À APREENSÃO DO ADOLESCENTE, determinou o legislador que deverá o delegado comunicar a chegada do menor à DP ao juiz, à família ou à pessoa por ele indicada. Como a privação da liberdade se constitui numa exceção, deverá o Delegado, ainda nesse mesmo momento, verificar se é o caso de liberação imediata e, para tanto, deverá tomar por base as regras contidas no art. 122 desse mesmo diploma legal. Ainda relativamente às garantias individuais, o legislador fez questão de estabelecer que o prazo máximo da internação provisória do adolescente infrator é de 45 dias e de determinar que essa internação provisória só poderá decorrer de decisão judicial pautada em indícios de autoria e materialidade, ou seja, ser uma decisão fundamentada. Para concluir o rol das garantias individuais, estende ao menorinfrator o direito à não-identificação datiloscópica na DP, salvo em caso de dúvidas.
CAPÍTULO III - DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
Estas estão previstas nos art. 110 e 111. Neste item, o legislador resgata uma grande injustiça do passado em relação ao delinqüente juvenil, ao prever que nenhum adolescente hoje poderá ser privado de sua liberdade, sem o devido processo legal. Como corolário do devido processo legal, garantiu o direito de citação, igualdade na relação processual, defesa técnica por advogado, assistência judiciária gratuita, bem como o direito de ser ouvido pessoalmente e de solicitar a presença de seus pais em qualquer fase do processo.
CAPÍTULO IV - DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Observem a técnica utilizada pelo legislador em relação ao menor infrator. Antes de definir as medidas socioeducativas, preocupou-se em (1) preservar a dignidade do infrator por meio das garantias e ainda (2) definir as regras para a sua aplicação. 
 Art. 112: O legislador, ao cuidar das medidas a serem aplicadas ao ADOLESCENTE INFRATOR, o fez de forma a garantir a sua completa RESSOCIALIZAÇÃO, tanto que:
Aponta as 6 espécies de medidas socioeducativas e
Prevê a possibilidade de cumulá-las com as medidas previstas no art. 101, exceto as que visem à colocação em família substituta.
 Art. 112 §1º
- C/C art. 113: O legislador indicou os CRITÉRIOS A SEREM OBSERVADOS PELO JUIZ NO MOMENTO DA ESCOLHA DA MEDIDA MAIS ADEQUADA, a saber:
a) a capacidade para cumpri-la;
b) as circunstâncias e conseqüências do fato;
c) a gravidade da infração;
d) as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
 Art. 112 §2º
Como uma das espécies de medida se constitui na prestação de serviço, o legislador teve a preocupação de ressaltar que, em nenhuma hipótese, será admitida a prestação de trabalho forçado. Isso porque as medidas socioeducativas:
Têm caráter pedagógico e 
Visam à proteção e à educação do adolescente em conflito com a lei. 
 Art. 112 §3º
- Aqui o legislador não eximiu os ADOLESCENTES PORTADORES DE DOENÇA MENTAL da aplicação dessas medidas. Apenas previu que sejam aplicadas de forma individual e em local especializado, o que ainda é uma utopia nos dias de hoje, em razão da inexistência dessas entidades em nosso país.
 Art. 113
- Outra peculiaridade do sistema socioeducativo diz respeito à possibilidade de APLICAÇÃO CUMULADA DAS MEDIDAS E A SUA SUBSTITUIÇÃO A QUALQUER TEMPO, por força do art. 113, c/c art. 99. 
 Art. 114
- Como a MEDIDA SOCIOEDUCATIVA deve guardar NEXO DE PROPORCIONALIDADE com o ATO PRATICADO, exigiu o legislador que, para a IMPOSIÇÃO DAS MEDIDAS DESCRITAS NOS incisos II a V do art. 112, com EXCEÇÃO DA REMISSÃO (art. 127), restem suficientemente comprovadas a autoria e a materialidade do ato infracional. 
 Já para a medida de advertência (inciso I), a exigência ficou restrita à prova da materialidade e INDÍCIOS de autoria.
 Exemplo: um determinado aluno da escola é conhecido por pichar os seus cadernos, aí, num determinado dia, toda a escola amanhece com a pichação desse aluno, mas ninguém o viu praticando o ato, e ele nega. Nesta situação, como temos apenas indício da autoria com materialidade, a única medida a ser aplicada será de advertência, não cabem as demais.
Depois ultrapassar todas essas etapas, o legislador começa a esmiuçar as medidas.
I) DA ADVERTÊNCIA (art. 115)
- Consiste numa espécie de admoestação verbal, reduzida a termo e assinada pelo adolescente e seus responsáveis, com o objetivo de alertar o menor dos riscos do seu envolvimento. Na prática, esta medida está restrita aos ATOS INFRACIONAIS DE NATUREZA LEVE.
II) DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO (art. 116) 
- O legislador estatutário reservou esta medida aos atos infracionais de NATUREZA PATRIMONIAL. 
- Como envolve um tipo de obrigação que normalmente deve ser exercida pelos pais, nos moldes da lei civil, o legislador determinou que esta medida só poderá ser aplicada se o adolescente tiver condições de cumpri-la por si mesmo. Caso não tenha, a medida terá de ser substituída por outra (§ único). 
 Ainda para facilitar, determinou que esta medida possa ser cumprida com:
1) A restituição da coisa
2) O ressarcimento ou 
3) Outra forma que compense o prejuízo. 
 O exemplo que se tornou conhecido pela sociedade foi aplicado pelo Dr. Siro Darlan, que condenou alguns adolescentes a pintarem o muro do Maracanã como forma de reparação do dano.
III) DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE (art. 117) 
- Esta medida é de grande valia poque:
1) Preenche o tempo ocioso do adolescente infrator
2) Traz nítida sensação à coletividade de resposta penal à sua conduta. 
- Não obstante o seu caráter pedagógico, como envolve o trabalho do menor, o legislador:
Condicionar a sua aplicação às condições pessoais do menor e
Estabeleceu prazo máximo de 6 meses, com a possibilidade de extensão a uma jornada máxima de 8 horas semanais, sem prejuízo do horário escolar ou profissional.
IV) DA LIBERDADE ASSISTIDA (art. 118 e 119)
- Esta medida será aplicada sempre que se mostrarem necessários:
1) O acompanhamento
2) O auxílio e 
3) A orientação ao adolescente infrator (art. 118). 
- O legislador determinou o prazo mínimo de seis meses para a sua aplicação (art. 118 §2º).
 Observem que foi fixado um prazo mínimo, e não máximo. Isso porque não se pode prever o tempo necessário para se ressocializar um adolescente que esteja envolvido com a prática de ato infracional.
- Esta medida, nos dias de hoje, é a que mais tem resgatado os nossos adolescentes, porque, na prática:
1) O menor continua sob os cuidados de sua família e, ainda 
2) O menor é monitorado pelo juiz, na pessoa de um orientador. 
 Dada a importância do papel desse orientador, o legislador apontou uma gama de compromissos a serem observados por ele (art. 119), dentre os quais o de diligenciar a freqüência escolar e a profissionalização do adolescente e apresentar relatório, de forma a subsidiar a análise judicial acerca da necessidade da manutenção, substituição, extinção ou regressão da medida.
V) DA SEMILIBERDADE (art. 120)
- Trata-se de uma medida que pode ser aplicada desde o início ou como forma de transição para o meio aberto (art. 120 caput). 
- Aplicam-se a ela as disposições relativas à internação, desde que compatíveis (§2º). 
 Tal como na medida de internação:
Não comporta prazo determinado
Sua manutenção deve ser reavaliada pela autoridade judicial, no máximo, a cada seis meses. 
- É da essência dessa medida o EXERCÍCIO DE ATIVIDADES EXTERNAS (escolarização e profissionalização - §1º). Como conseqüência, o adolescente tem liberdade para estudar e trabalhar.
VI) DA INTERNAÇÃO 
- Esta medida será tratada na aula a seguir, em separado.
TÍTULO IV - MEDIDAS APLICÁVEIS AOS PAIS (arts. 129 e 130)
Consiste em uma série de MEDIDAS A SEREM APLICADAS AOS PAIS QUANDO RESTAR COMPROVADO QUE A ORIGEM DO PROBLEMA DO MENOR ESTÁ NA FAMÍLIA.
Nesse contexto, foram previstas medidas capazes de orientar e preparar os pais para assumirem os seus reais papéis. Tal preparação visa a proporcionar aos filhos um ambiente compatível com a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Ainda nessa trilha de preservação do crescimento harmonioso do menor, trouxe uma grande novidade, que consiste na possibilidade do afastamento do lar do agressor do menor, como medida cautelar (ECA, art. 130).
Atenção: acesse sua disciplina on-line para participar do Fórum de Discussão, tirar suas dúvidas e realizar os exercícios de autocorreção desta aula. Isto é essencial para fixar o conteúdo e marcar sua presença na aula. 
Para aprofundar seu estudo sobre medidas socioeducativas, vale conferir o livro:
KONZEN, Afonso Armando. Pertinência socioeducativa: reflexões sobre a natureza jurídica das medidas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
EXERCÍCIOS – Aulas 5 e 6
1) Identifique a alternativa correta:
	A presença de crianças e adolescentes não é permitida em estabelecimento que explore comercialmente atividades de:
I) Exposição de arte
II)Bilhar
III) Rodeios
IV) Sinucas
V) Casa de apostas
R: II e V
2) Quanto à política de atendimento prevista pelo ECA é INCORRETO afirmar:
I) A municipalização do atendimento não constitui uma das suas diretrizes
II) Visa agilizar o atendimento ao adolescente que pratique ato infracional através da integração operacional entre os órgãos competentes
III) É feita através da articulação entre as ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
IV) Possui como uma das suas diretrizes a mobilização da opinião pública no sentido da indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade
V) A criação e manutenção de programas específicos deve considerar a descentralização político-administrativa.
R: Incorreta I
AULA 8 - DA INTERNAÇÃO
A medida de internação é a mais gravosa das medidas socioeducativas, uma vez que implica a privação da liberdade do adolescente. É aplicável em razão da prática de ato infracional. A lei prevê três TIPOS DE INTERNAÇÃO: 
1) PROVISÓRIA é decretada antes da sentença (art. 121 a 125).
 Dispõe a lei que, apesar de não comportar prazo determinado, não pode ultrapassar o período de 3 anos e deve ser reavaliada a cada 6 meses, no máximo.
2) DEFINITIVA resulta da própria sentença que julga procedente a representação (art. 108, 174, 183 e 184).
 Tem o prazo máximo de 45 dias.
3) INTERNAÇÃO-SANÇÃO resulta da regressão de medida mais leve, anteriormente imposta (§ 1º do art.122).
A internação provisória ou definitiva poderá ser decretada somente nas seguintes situações (art. 122):
a) Mediante ATO INFRACIONAL PRATICADO COM GRAVE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA À PESSOA;
b) REITERAÇÃO em outras infrações graves.
Já a internação-sanção, que é instrumental, tem a finalidade de EXIGIR QUE O ADOLESCENTE CUMPRA A MEDIDA ORIGINAL, e não a de substituir essa medida. Características:
1) Só pode ser decretada no prazo máximo de 3 meses
2) Tem como PRESSUPOSTO o DESCUMPRIMENTO REITERADO E INJUSTIFICÁVEL DA MEDIDA ANTERIORMENTE IMPOSTA (art. 122, III, c/c § 1º do mesmo artigo).
A internação, independentemente de sua natureza, constitui medida privativa de liberdade e está sujeita aos princípios da brevidade, da excepcionalidade e da condição peculiar do adolescente como pessoa em desenvolvimento:
PRINCÍPIO DA BREVIDADE (§ 3º do art. 121): ou seja, o prazo máximo dessa medida é de 3 anos.
PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE (§ 2º do art. 122): Ou seja, em nenhuma hipótese, será aplicada a internação quando houver outra medida mais adequada.
PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO PECULIAR DE PESSOA EM DESENVOLVIMENTO (art. 123): Determina que a internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescente e obedecer a rigorosa separação por idade, compleição física e gravidade da infração.
* O ECA pode ser aplicado excepcionalmente ao maior de 18 anos na medida de INTERNAÇÃO!!!
Porque as medidas socioeducativas possuem NATUREZA PEDAGÓGICA, isto é, têm por fim educar e ressocializar o adolescente, o legislador não tratou do instituto da prescrição, e, por tal motivo, esta omissão tem sido alvo de várias críticas por parte dos aplicadores do direito. Em torno desse assunto, se formaram duas correntes:
1ª- Pugna pela NÃO-APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA PRESCRIÇÃO. Motivos: 
Pela falta de previsão legal
Porque essa medida tem por finalidade reeducar e ressocializar.
Por conta disso, o Estado não poderá abrir mão de seu dever a pretexto de decurso de tempo.
2ª- Pugna pela APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO, por entender que, além do caráter pedagógico, essas medidas possuem um caráter sancionatório, na medida em que são impostas e restringem o direito do menor.
O grande problema da segunda corrente está em apontar o prazo prescricional, já que as medidas que restringem a liberdade do menor não comportam prazo determinado.
Não obstante essa questão, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro vem entendendo que o prazo prescricional é de um ano, o que consiste numa temeridade, em razão do curto decurso de tempo para se ter a certeza de que de fato aquele adolescente em conflito se reintegrou ao grupo nos moldes desejados.
Vejamos o raciocínio utilizado para tanto: aplicando analogicamente o instituto da prescrição contido no Código Penal, partiu-se da idéia de que o prazo de seis meses corresponde ao prazo in concreto da medida e, como tal, prescreve em dois anos (art. 109, VI, CP). Em se tratando de um menor de 21 anos, esse prazo é reduzido pela metade: um ano (art. 115, CP).
Apesar do raciocínio adotado pelo TJ/RJ, o MP discorda do prazo adotado, até porque o período de seis meses foi estipulado para reavaliação, não possui conotação de preceito secundário do tipo penal. Por conseguinte, o raciocínio deve partir das regras relativas à pena em abstrato, e não em concreto. Segundo este novo raciocínio, a prescrição se dá em quatro anos, já que o prazo máximo para a aplicação da medida é de três anos.
Ainda sobre esta questão, cabe ressaltar que atualmente há a súmula 338 do STJ, que determina que a prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Entretanto, permanece a controvérsia quanto ao seu prazo.
* Se você se interessou pela questão da prescrição da pena, saiba que atualmente existe a Súmula 338 do STJ. Ela determina que "A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas." Vale conferir os comentários postados no blog de Luiz Flávio Gomes (http://www.blogdolfg.com.br/index.php).
* Outro site na internet que pode ajudá-lo a aprofundar seus estudos é o do Ministério Público do Rio Grande do Sul (http://www.mp.rs.gov.br/infancia/estudos/id423.htm), no que concerne à realidade das unidades de internação brasileiras.
* Já se seu interesse se inclinar para medidas aplicáveis a adolescentes que cometem atos infracionais, recomendamos um livro que traz um panorama sobre a realidade da internação: FERNANDES, Márcio Mothé. Ação socioeducativa pública. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2002.
EXERCÍCIOS – Aulas 7 e 8
1) A medida socioeducativa que NÃO exige, para sua aplicação, prova suficiente da autoria do ato infracional praticado pelo adolescenteé:
a) Reparação do dano
b) Liberdade assistida
c) Abrigo
d) Advertência
e) Prestação de serviços à comunidade
R: d
2) O ECA pode ser aplicado excepcionalmente ao maior de 18 anos:
a) na medida de prestação de serviço à comunidade
b) na medida de liberdade assistida
c) na medida de internação
d) na medida de abrigo
e) em nenhuma hipótese
R: c
3) Sobre as medidas de proteção previstas pelo ECA é INCORRETO afirmar:
a) São aplicáveis tanto a crianças quanto a adolescentes
b) Podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente, bem como substituídas a qq tempo (art. 99)
c) Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, o juiz poderá aplicar a medida de proteção de obrigação de reparar o dano
d) As medidas de proteção poderão ser aplicadas quando verificadas qq das hipóteses previstas o art. 98 do ECA
e) Ao ato infracional praticado por criança corresponderão apenas as medidas de proteção (art. 105)
R: c
4) Assinale a alternativa CORRETA em relação à medida sócio-educativa da internação:
a) Poderá ser aplicada a adolescentes e crianças que pratiquem ato infracional grave
b) O seu cumprimento poderá ser feito conjuntamente e no mesmo local destinado a crianças e adolescentes que estão abrigados
c) Não poderá ser aplicada ao menor de 11 anos de idade que praticou ato infracional grave em nenhuma hipótese
d) Poderá ter o prazo superior a 3 meses na hipótese de descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta
e) Todas as alternativas estão incorretas
R: c
UNIDADE 2 - RESPONSABILIDADES
AULA 6
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
A proposta de política de atendimento prevista no Estatuto foi elaborada nos moldes do § 7º do art. 227, c/c art. 204, da CF, ou seja, com base nas diretrizes principais vinculadas à POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, tendo em vista:
1) A descentralização político-administrativa e
2) A participação popular. 
Esta nova concepção introduz mudanças profundas e amplas no campo das políticaspúblicas dirigidas à infância e à juventude.
A começar, o legislador, no art. 86, mostra a RESPONSABILIDADE de todos os ENTES DA FEDERAÇÃO E DA SOCIEDADE no tratamento das QUESTÕES INFANTO-JUVENIS. 
Em seguida, no art. 87, indicou o rol das principais ações que compõem esta nova política.
Cumpre ressaltar que o elenco contido nos art. 87 e 88, não se constitui em meras recomendações aos órgãos governamentais e não-governamentais, mas sim em VERDADEIROS COMANDOS NORMATIVOS e, como tal, de execução obrigatória.
Art. 87, incisos:
I - POLÍTICA SOCIAL BÁSICA = Aquelas que REPRESENTAM A SATISFAÇÃO DO MÍNIMO NECESSÁRIO PARA A EXISTÊNCIA DIGNA, exemplo: políticas vinculadas à saúde, educação, habitação, saneamento básico etc. 
II - CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CARÁTER SUPLETIVO = Aquelas que visam atender CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE NÃO CONSEGUEM TER ACESSO ÀS POLÍTICAS SOCIAIS BÁSICAS, exemplo: programas que visam à complementação de renda, de aceleração escolar etc.
III a V - POLÍTICA DE PROTEÇÃO ESPECIAL = Aquelas destinadas à POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL cujos DIREITOS FORAM AMEAÇADOS OU VIOLADOS, exemplo: programas voltados para aqueles em situação de rua, usuários de substâncias tóxicas ou drogas, vítimas de exploração sexual e violência doméstica.
Por conta dessa nova postura, o legislador estatutário, no art. 88, tem como ponto central das políticas públicas centrar-se não apenas no menor, mas também nas suas famílias, esta delineou as diretrizes a serem cumpridas dentro dessa nova estrutura de atendimento.
DIRETRIZES DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO = Conjunto de INSTRUÇÕES QUE DEVEM SER SEGUIDAS NA ELABORAÇÃO E NA IMPLEMENTAÇÃO DESSAS POLÍTICAS
 1ª diretriz - A primeira diretriz reside na MUNICIPALIZAÇÃO, que surge como conseqüência da descentralização político-administrativa prevista na CRFB, art. 204.
 Municipalizar o atendimento = Consiste em CONCENTRAR A RESPONSABILIDADE PELO ATENDIMENTO NAS MÃOS DO MUNICÍPIO E DA SOCIEDADE. 
 Esta obrigação não exonera os demais entes federativos de qualquer obrigação em relação ao setor infanto-juvenil, cabendo à União e aos Estados a complementação do que ultrapassar a possibilidade financeira e técnica dos Municípios.
 2ª diretriz - IMPÕE A CRIAÇÃO DOS CONSELHOS DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, órgãos paritários, responsáveis pela deliberação e controle das ações relacionadas à política de atendimento nos três níveis da federação.
 Por meio dos CONSELHOS DE DIREITOS, a sociedade participa, conjuntamente com o poder público da GESTÃO DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO, deliberando e controlando-a.
 Cabe ao Conselho de Direitos Municipais:
1) Função de deliberar e controlar a execução das políticas públicas
2) O cadastramento das entidades que atuam na área da infância (art. 90 parágrafo único) e
3) A presidência do processo de escolha dos membros dos conselhos tutelares (art. 139).
 3ª diretriz - CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS ESPECÍFICOS, observada a descentralização político-administrativa
 4ª diretriz CRIAÇÃO DOS FUNDOS VINCULADOS aos respectivos CONSELHOS DE DIREITOS, que têm suas normas de funcionamento previstas nos art. 165 a 169 da CF, nos art. 71 a 74 da Lei 4.320/64, Lei 8.666/93 e ainda nos art. 88, IV, 154, 214 e 260 do Estatuto.
 5ª diretriz - Também constitui diretriz à INTEGRAÇÃO OPERACIONAL DOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO ADOLESCENTE INFRATOR, prevista no inciso V, com objetivo de fazer com que todos os órgãos atuem de forma eficiente para uma pronta recuperação do adolescente. 
 6ª diretriz - MOBILIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA, no inciso VI: sem ela, as mudanças constantes do ECA dificilmente se concretizarão.
ENTIDADES DE ATENDIMENTO
- Estão reguladas no Estatuto logo após as normas gerais que norteiam a política de atendimento. 
- O legislador, nesse tópico, mais precisamente no art. 90, preocupou-se em:
a) DETERMINAR O OBJETO DAS ENTIDADES, englobando planejamento e execução dos programas
b) Apresentou um rol exemplificativo das várias POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO: 
1) A 1ª possibilidade consiste na CRIAÇÃO DE ENTIDADE que vise o atendimento do menor e sua respectiva família em regime de ORIENTAÇÃO e APOIO FAMILIAR.
 Esta entidade tem por fim:
I) Identificar as fragilidades daquele grupo familiar
II) Apontar os caminhos para superação do problema. 
2) A 2ª alternativa de atendimento apresentado pela lei consiste no APOIO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO, exemplo: visa o oferecimento de reforço escolar, oferta de cursos de profissionalização, promoção de atividades artísticas e culturais. 
3) A 3ª alternativa consiste em PROGRAMA DESTINADO À COLOCAÇÃO FAMILIAR, através da formação de cadastro de famílias acolhedoras. 
4) A 4ª alternativa trata da FORMAÇÃO DE UM ABRIGO para atender em caráter provisório e excepcional crianças e adolescentes em situação de RISCO PESSOAL OU SOCIAL.
 As entidades destinadas a desenvolver o programa de abrigo apesar de serem livres para definir o público-alvo que pretendem trabalhar, sua capacidade de atendimento e sua proposta pedagógica, estão vinculadas aos princípios e regras contidas nos art. 92 a 94.
5) As 3 últimas sugestões de entidade de atendimento, contidas no art. 90, funcionam como RETAGUARDA PARA A APLICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS.
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO (art. 90 a 97)
- CONTROLE DAS ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS: Para um maior controle das entidades não-governamentais, a lei, no § único do art. 90, condicionou o seu funcionamento ao PRÉVIO CADASTRAMENTO DE SEUS PROGRAMAS JUNTO AO CONSELHO MUNICIPAL DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, sendo que, essa regra NÃO SE APLICA ÀS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS, pois ESSAS SÃO CRIADAS POR LEI.
 Arts. 92 a 94
Da análise destes artigos, conclui-se que o legislador objetivou romper com a lógica do antigo regime de institucionalização, muito utilizado pelo sistema anterior vigente, onde os menores eram institucionalizados pelo simples fato de se enquadrarem na situação irregular do código de menores revogado.
Daí porque, a medida protetiva de abrigo hoje tem natureza excepcional e provisória. Como conseqüência dessa nova conjectura, além do legislador enumerar uma série de regras e princípios a serem seguidos pelos abrigos, ainda EQUIPAROU OS DIRIGENTES DO ABRIGO AO GUARDIÃO, para todos os efeitos de direito (art. 92 § único).
Art. 93: Permitiu aos dirigentes de abrigo, em caráter excepcional e de urgência, abrigar criança ou adolescente, tendo apenas que comunicar o fato até o segundo dia útil subseqüente ao Juiz da Infância e Juventude e Conselho Tutelar.
Observe-se que a preocupação do legislador em fazer essa ressalva, também demonstra que a tendência nos dias de hoje é pela não-aplicação do abrigo, tanto que somente três órgãos podem abrigar segundo as normas do ECA, ou seja, o Juiz da Infância e Juventude, o Conselho Tutelar e os dirigentes de abrigo em casos excepcionais.
 Art. 97
No art. 97, o legislador, previu que o DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER OBRIGAÇÃO por ele indicada importará na RESPONSABILIZAÇÃO DA ENTIDADE DE ATENDIMENTO, sem prejuízo das demais penalidades aplicáveis aos seus dirigentes.
Veja o artigo da Dra. Patrícia Silveira Tavares, que se inicia na pág. 279 do livro: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - aspectos teóricos e práticos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
AULA 7 - DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E SOCIOEDUCATIVAS
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS (art. 98)
- Ao tratar das medidas de proteção, o legislador começa a apresentar os MECANISMOS capazes de SALVAGUARDAR OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS MENORES e indica como PARÂMETROS as situações arroladas no art. 98:
1) A 1ª situação contida nesse artigo consiste em que a AMEAÇA OU VIOLAÇÃO POR AÇÃO OU OMISSÃO SE DÁ POR PARTE DO ESTADO OU DA SOCIEDADE. 
 Exemplo: crianças em situação de rua, exploradas sexualmente ou sem acesso às políticas sociais básicas, como falta de vaga na rede regular de ensino ou de leito num hospital.
2) A 2ª situação está vinculada ao NÚCLEO FAMILIAR, onde A CRIANÇA SE TORNA VÍTIMAPELA FALTA, OMISSÃO OU ABUSO DOS PAIS OU RESPONSÁVEL. 
 Exemplo: a criança que se torna vítima de violência intrafamiliar ou em razão da morte dos pais ou quando o rendimento escolar não é acompanhado pelos pais ou responsáveis.
3ª) Por fim, justifica a aplicação da medida protetiva em razão da CONDUTA DA PRÓPRIA CRIANÇA OU ADOLESCENTE. 
 Exemplo: quando os menores cometem um ato infracional ou quando praticam atos capazes de colocá-los em risco, como ingestão de bebida alcoólica ou fuga de casa.
CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
 Arts. 99 e 100
Observem que, depois de indicar as situações nas quais justifica a aplicação das medidas protetivas, o legislador, nos artigos 99 e 100, preocupou-se em traçar as REGRAS PARA ORIENTAR O APLICADOR DESSAS MEDIDAS, sempre que houver a hipótese de AMEAÇA OU VIOLAÇÃO DE UM OU MAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
O GRANDE NORTE NA ESCOLHA DAS MEDIDAS a ser aplicada é o FORTALECIMENTO DOS VÍNCULOS FAMILIARES OU COMUNITÁRIOS. Dependendo das peculiaridades de cada caso, elas podem ser aplicadas isoladamente, cumulativamente ou substituídas a qualquer tempo. 
 Art. 101
O art. 101 apresenta um ROL DE MEDIDAS A SEREM APLICADAS PELA AUTORIDADE COMPETENTE. 
 A autoridade pode ser:
1) O Juiz da Infância e da Juventude (conf. art. 148, I), ou 
2) O Conselho Tutelar (art. 136 do ECA). 
Se observado o rol de medidas apresentadas, conclui-se que, apesar de o legislador não ter sido taxativo no rol destas medidas, procurou calçar todas as situações capazes de ensejar um crescimento harmonioso prevendo o encaminhamento aos pais, monitoramento via orientação, apoio e acompanhamento, matrícula na escola, inclusão em programa oficial de auxilio à família aos mais necessitados, requisição de tratamento médico ou psiquiátrico, inclusão em programas de desintoxicação, abrigo e colocação em família substituta.
Quanto ao ABRIGO, como essa medida deve ser vista como ÚLTIMA ALTERNATIVA, o legislador ressaltou, no art. 100 § único, que O ABRIGO NÃO IMPORTA EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE, deve ser utilizado como MEIO DE TRANSIÇÃO PARA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.
 Art. 102
Aqui, o legislador destaca como medida de proteção a REALIZAÇÃO DO REGISTRO CIVIL, sempre que for constatada a sua inexistência, devendo o documento ser elaborado com os dados disponíveis, ou seja, com o nome da criança e sua provável idade, quando se desconhecer sua data de nascimento. O nome dos pais poderá ser inserido somente pelos próprios ou por decisão judicial. 
Vistos os mecanismos capazes de salvaguardar os direitos fundamentais dos menores, Acesse sua disciplina on-line, entre em Biblioteca da Disciplina e leia o texto Medidas socioeducativas.
TÍTULO III - DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
Partindo-se da idéia de que a lei 8.069/90 se constitui num instrumento de transformação e de garantias de direitos, o legislador, em alguns momentos, abandonou a técnica tradicional legislativa para utilizar técnica própria, com o fim de preservar a sua proposta inicial. Assim, como destinou esse capítulo para regulamentar as MEDIDAS DE PROTEÇÃO EM SENTIDO AMPLO:
- primeiro regulamentou as medidas a serem aplicadas aos carentes (art. 101); 
- em seguida, as medidas a serem aplicadas aos infratores (art. 112); 
- e, por fim, as medidas a serem aplicadas aos pais (art. 129). 
Depois de regulamentar as medidas protetivas, começa a preparar o aplicador da norma para utilizar as MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS. Como estas medidas são aplicáveis somente aos adolescentes infratores, houve o cuidado de:
- conceituar ato infracional no art. 103, 
- definir a imputabilidade infantojuvenil no art. 104 
- e, por fim, cuidar da criança infratora no art. 105. 
Como se pode verificar, ATO INFRACIONAL NÃO É CRIME NEM CONTRAVENÇÃO, e sim apenas um ATO ANÁLOGO AO CRIME OU À CONTRAVENÇÃO. 
Daí a pergunta: em que esses dois atos diferem? 
Para responder a essa pergunta, devemos partir da comparação analítica desses dois atos. Assim, se crime é a conduta, típica, antijurídica e culpável, a conclusão a que vamos chegar é que O ÚNICO ELEMENTO QUE FALTA AO ATO INFRACIONAL É A CULPABILIDADE, visto que a culpabilidade se compõe de dois fatores:
1. psicológico (que envolve a capacidade de discernimento);
2. biológico (que decorre da idade penal). 
Como não temos o elemento biológico, essa conduta não tem como se constituir num crime, e sim num ato análogo a um crime. E, se não há crime, não pode haver como resposta uma pena, e sim uma medida socioeducativa. 
Com base nessa premissa, o legislador não vinculou as medidas aos atos infracionais, diferentemente dos crimes, na medida em que, a cada crime, está acoplada uma pena.
 Art. 104 § único: Possibilidade de aplicação de medida socioeducativa ao jovem adulto, ao determinar que a IDADE DO ADOLESCENTE DEVE SER CONSIDERADA À ÉPOCA DO FATO, e não na data da apreensão, captura ou sentença. Este limite é muito importante, pois evita que jovens criminosos acabem impunes por conta da idade.
 Exemplo: se um adolescente comete um ato infracional bárbaro às vésperas de completar 18 anos e só é apreendido com mais de 18 anos, poderá ser aplicada a ele uma medida socioeducativa. Outro aspecto importante abordado pela lei diz respeito à criança infratora: o legislador definiu o tipo de medida a ser aplicada a ela e a autoridade competente que, conforme dispõe o art. 136, é o Conselho Tutelar.
CAPÍTULO II - DAS GARANTIAS INDIVIDUAIS
O legislador, antes de abordar as medidas socioeducativas, teve a preocupação de definir os direitos individuais e as garantias processuais do adolescente infrator. Conforme dito anteriormente, os direitos fundamentais dos menores nada mais são que os direitos fundamentais do cidadão comum acrescidos do status de prioridade absoluta.
Assim, o legislador entendeu por bem ratificar que os direitos individuais previstos para o criminoso também são aplicáveis aos adolescentes infratores, tanto que, no art. 106 do ECA, praticamente transcreve o disposto nos incisos LXI e LXIV do art 5º da CF, ao garantir que nenhum adolescente poderá ser apreendido senão em flagrante delito ou por ordem de autoridade judicial competente.
 Art. 106:
- Esta RESSALVA EM RELAÇÃO À AUTORIDADE COMPETENTE é importante por:
LIMITAR A PRERROGATIVA SOMENTE AO JUIZ DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, e não a outro juiz, e também por 
Determinar que o adolescente infrator tem o direito de saber quem são os RESPONSÁVEIS PELA SUA APREENSÃO e ser ALERTADO ACERCA DE SEUS DIREITOS, inclusive o de permanecer calado em sede policial. 
 Importância prática dessa regra: com relação à identificação dos responsáveis pela apreensão, permite aos menores identificar o autor de um abuso de autoridade, caso ocorra.
 Art. 107: Objetivando dar MAIS VISIBILIDADE À APREENSÃO DO ADOLESCENTE, determinou o legislador que deverá o delegado comunicar a chegada do menor à DP ao juiz, à família ou à pessoa por ele indicada. Como a privação da liberdade se constitui numa exceção, deverá o Delegado, ainda nesse mesmo momento, verificar se é o caso de liberação imediata e, para tanto, deverá tomar por base as regras contidas no art. 122 desse mesmo diploma legal. Ainda relativamente às garantias individuais, o legislador fez questão de estabelecer que o prazo máximo da internação provisória do adolescente infrator é de 45 dias e de determinar que essa internação provisória só poderá decorrer de decisão judicial pautada em indícios de autoria e materialidade, ou seja, ser uma decisão fundamentada. Para concluir o rol das garantias individuais, estende ao menor infrator o direito à não-identificação datiloscópica na DP, salvo em caso de dúvidas.
CAPÍTULO III - DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
Estas estão previstas nos art. 110 e 111. Neste item, o legislador resgata uma grande injustiça do passado em relação ao delinqüente juvenil, ao prever que nenhum adolescente hoje poderá ser privado de sua liberdade, sem o devido processo legal. Como corolário do devido processo legal, garantiu o direito de citação, igualdadena relação processual, defesa técnica por advogado, assistência judiciária gratuita, bem como o direito de ser ouvido pessoalmente e de solicitar a presença de seus pais em qualquer fase do processo.
CAPÍTULO IV - DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Observem a técnica utilizada pelo legislador em relação ao menor infrator. Antes de definir as medidas socioeducativas, preocupou-se em (1) preservar a dignidade do infrator por meio das garantias e ainda (2) definir as regras para a sua aplicação. 
 Art. 112: O legislador, ao cuidar das medidas a serem aplicadas ao ADOLESCENTE INFRATOR, o fez de forma a garantir a sua completa RESSOCIALIZAÇÃO, tanto que:
Aponta as 6 espécies de medidas socioeducativas e
Prevê a possibilidade de cumulá-las com as medidas previstas no art. 101, exceto as que visem à colocação em família substituta.
 Art. 112 §1º
- C/C art. 113: O legislador indicou os CRITÉRIOS A SEREM OBSERVADOS PELO JUIZ NO MOMENTO DA ESCOLHA DA MEDIDA MAIS ADEQUADA, a saber:
a) a capacidade para cumpri-la;
b) as circunstâncias e conseqüências do fato;
c) a gravidade da infração;
d) as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
 Art. 112 §2º
Como uma das espécies de medida se constitui na prestação de serviço, o legislador teve a preocupação de ressaltar que, em nenhuma hipótese, será admitida a prestação de trabalho forçado. Isso porque as medidas socioeducativas:
Têm caráter pedagógico e 
Visam à proteção e à educação do adolescente em conflito com a lei. 
 Art. 112 §3º
- Aqui o legislador não eximiu os ADOLESCENTES PORTADORES DE DOENÇA MENTAL da aplicação dessas medidas. Apenas previu que sejam aplicadas de forma individual e em local especializado, o que ainda é uma utopia nos dias de hoje, em razão da inexistência dessas entidades em nosso país.
 Art. 113
- Outra peculiaridade do sistema socioeducativo diz respeito à possibilidade de APLICAÇÃO CUMULADA DAS MEDIDAS E A SUA SUBSTITUIÇÃO A QUALQUER TEMPO, por força do art. 113, c/c art. 99. 
 Art. 114
- Como a MEDIDA SOCIOEDUCATIVA deve guardar NEXO DE PROPORCIONALIDADE com o ATO PRATICADO, exigiu o legislador que, para a IMPOSIÇÃO DAS MEDIDAS DESCRITAS NOS incisos II a V do art. 112, com EXCEÇÃO DA REMISSÃO (art. 127), restem suficientemente comprovadas a autoria e a materialidade do ato infracional. 
 Já para a medida de advertência (inciso I), a exigência ficou restrita à prova da materialidade e INDÍCIOS de autoria.
 Exemplo: um determinado aluno da escola é conhecido por pichar os seus cadernos, aí, num determinado dia, toda a escola amanhece com a pichação desse aluno, mas ninguém o viu praticando o ato, e ele nega. Nesta situação, como temos apenas indício da autoria com materialidade, a única medida a ser aplicada será de advertência, não cabem as demais.
Depois ultrapassar todas essas etapas, o legislador começa a esmiuçar as medidas.
I) DA ADVERTÊNCIA (art. 115)
- Consiste numa espécie de admoestação verbal, reduzida a termo e assinada pelo adolescente e seus responsáveis, com o objetivo de alertar o menor dos riscos do seu envolvimento. Na prática, esta medida está restrita aos ATOS INFRACIONAIS DE NATUREZA LEVE.
II) DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO (art. 116) 
- O legislador estatutário reservou esta medida aos atos infracionais de NATUREZA PATRIMONIAL. 
- Como envolve um tipo de obrigação que normalmente deve ser exercida pelos pais, nos moldes da lei civil, o legislador determinou que esta medida só poderá ser aplicada se o adolescente tiver condições de cumpri-la por si mesmo. Caso não tenha, a medida terá de ser substituída por outra (§ único). 
 Ainda para facilitar, determinou que esta medida possa ser cumprida com:
1) A restituição da coisa
2) O ressarcimento ou 
3) Outra forma que compense o prejuízo. 
 O exemplo que se tornou conhecido pela sociedade foi aplicado pelo Dr. Siro Darlan, que condenou alguns adolescentes a pintarem o muro do Maracanã como forma de reparação do dano.
III) DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE (art. 117) 
- Esta medida é de grande valia poque:
1) Preenche o tempo ocioso do adolescente infrator
2) Traz nítida sensação à coletividade de resposta penal à sua conduta. 
- Não obstante o seu caráter pedagógico, como envolve o trabalho do menor, o legislador:
Condicionar a sua aplicação às condições pessoais do menor e
Estabeleceu prazo máximo de 6 meses, com a possibilidade de extensão a uma jornada máxima de 8 horas semanais, sem prejuízo do horário escolar ou profissional.
IV) DA LIBERDADE ASSISTIDA (art. 118 e 119)
- Esta medida será aplicada sempre que se mostrarem necessários:
1) O acompanhamento
2) O auxílio e 
3) A orientação ao adolescente infrator (art. 118). 
- O legislador determinou o prazo mínimo de seis meses para a sua aplicação (art. 118 §2º).
 Observem que foi fixado um prazo mínimo, e não máximo. Isso porque não se pode prever o tempo necessário para se ressocializar um adolescente que esteja envolvido com a prática de ato infracional.
- Esta medida, nos dias de hoje, é a que mais tem resgatado os nossos adolescentes, porque, na prática:
1) O menor continua sob os cuidados de sua família e, ainda 
2) O menor é monitorado pelo juiz, na pessoa de um orientador. 
 Dada a importância do papel desse orientador, o legislador apontou uma gama de compromissos a serem observados por ele (art. 119), dentre os quais o de diligenciar a freqüência escolar e a profissionalização do adolescente e apresentar relatório, de forma a subsidiar a análise judicial acerca da necessidade da manutenção, substituição, extinção ou regressão da medida.
V) DA SEMILIBERDADE (art. 120)
- Trata-se de uma medida que pode ser aplicada desde o início ou como forma de transição para o meio aberto (art. 120 caput). 
- Aplicam-se a ela as disposições relativas à internação, desde que compatíveis (§2º). 
 Tal como na medida de internação:
Não comporta prazo determinado
Sua manutenção deve ser reavaliada pela autoridade judicial, no máximo, a cada seis meses. 
- É da essência dessa medida o EXERCÍCIO DE ATIVIDADES EXTERNAS (escolarização e profissionalização - §1º). Como conseqüência, o adolescente tem liberdade para estudar e trabalhar.
VI) DA INTERNAÇÃO 
- Esta medida será tratada na aula a seguir, em separado.
TÍTULO IV - MEDIDAS APLICÁVEIS AOS PAIS (arts. 129 e 130)
Consiste em uma série de MEDIDAS A SEREM APLICADAS AOS PAIS QUANDO RESTAR COMPROVADO QUE A ORIGEM DO PROBLEMA DO MENOR ESTÁ NA FAMÍLIA.
Nesse contexto, foram previstas medidas capazes de orientar e preparar os pais para assumirem os seus reais papéis. Tal preparação visa a proporcionar aos filhos um ambiente compatível com a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Ainda nessa trilha de preservação do crescimento harmonioso do menor, trouxe uma grande novidade, que consiste na possibilidade do afastamento do lar do agressor do menor, como medida cautelar (ECA, art. 130).
Atenção: acesse sua disciplina on-line para participar do Fórum de Discussão, tirar suas dúvidas e realizar os exercícios de autocorreção desta aula. Isto é essencial para fixar o conteúdo e marcar sua presença na aula. 
Para aprofundar seu estudo sobre medidas socioeducativas, vale conferir o livro:
KONZEN, Afonso Armando. Pertinência socioeducativa: reflexões sobre a natureza jurídica das medidas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
EXERCÍCIOS – Aulas 5 e 6
1) Identifique a alternativa correta:
	A presença de crianças e adolescentes não é permitida em estabelecimento que explore comercialmente atividades de:
I) Exposição de arte
II) Bilhar
III) Rodeios
IV) Sinucas
V) Casa de apostas
R: II e V
2) Quanto à política de atendimento prevista pelo ECA é INCORRETO afirmar:
I) A municipalização do atendimento não constitui uma das suas diretrizes
II) Visa agilizar o atendimento ao adolescente que pratique ato infracional através da integração operacional entre os órgãos competentes
III) É feita através da articulação entre as ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios
IV) Possui como uma das suas diretrizes a mobilização da opinião pública no sentido da indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade
V) A criação e manutenção de programas específicos deve considerar a descentralização político-administrativa.
R: Incorreta I
AULA 8 - DA INTERNAÇÃO
A medida de internação é a mais gravosa das medidas socioeducativas, uma vez que implica a privação da liberdade do adolescente. É aplicável em razão da prática de ato infracional. A lei prevê três TIPOS DE INTERNAÇÃO: 
1) PROVISÓRIA é decretada antes da sentença (art. 121 a 125).
 Dispõe a lei que, apesar de não comportar prazo determinado, não pode ultrapassar o período de 3 anos e deve ser reavaliada a cada 6 meses, no máximo.
2) DEFINITIVA resulta da própria sentença que julga procedente a representação (art. 108, 174, 183 e 184).
 Tem o prazo máximo de 45 dias.
3) INTERNAÇÃO-SANÇÃO resulta da regressão de medida mais leve, anteriormente imposta (§ 1º do art.122).
A internação provisória ou definitiva poderá ser decretada somente nas seguintes situações (art. 122):
a) Mediante ATO INFRACIONAL PRATICADO COM GRAVE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA À PESSOA;
b) REITERAÇÃO em outras infrações graves.
Já a internação-sanção, que é instrumental, tem a finalidade de EXIGIR QUE O ADOLESCENTE CUMPRA A MEDIDA ORIGINAL, e não a de substituir essa medida. Características:
1) Só pode ser decretada no prazo máximo de 3 meses
2) Tem como PRESSUPOSTO o DESCUMPRIMENTO REITERADO E INJUSTIFICÁVEL DA MEDIDA ANTERIORMENTE IMPOSTA (art. 122, III, c/c § 1º do mesmo artigo).
A internação, independentemente de sua natureza, constitui medida privativa de liberdade e está sujeita aos princípios da brevidade, da excepcionalidade e da condição peculiar do adolescente como pessoa em desenvolvimento:
PRINCÍPIO DA BREVIDADE (§ 3º do art. 121): ou seja, o prazo máximo dessa medida é de 3 anos.
PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE (§ 2º do art. 122): Ou seja, em nenhuma hipótese, será aplicada a internação quando houver outra medida mais adequada.
PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO PECULIAR DE PESSOA EM DESENVOLVIMENTO (art. 123): Determina que a internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescente e obedecer a rigorosa separação por idade, compleição física e gravidade da infração.
* O ECA pode ser aplicado excepcionalmente ao maior de 18 anos na medida de INTERNAÇÃO!!!
Porque as medidas socioeducativas possuem NATUREZA PEDAGÓGICA, isto é, têm por fim educar e ressocializar o adolescente, o legislador não tratou do instituto da prescrição, e, por tal motivo, esta omissão tem sido alvo de várias críticas por parte dos aplicadores do direito. Em torno desse assunto, se formaram duas correntes:
1ª- Pugna pela NÃO-APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA PRESCRIÇÃO. Motivos: 
Pela falta de previsão legal
Porque essa medida tem por finalidade reeducar e ressocializar.
Por conta disso, o Estado não poderá abrir mão de seu dever a pretexto de decurso de tempo.
2ª- Pugna pela APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO, por entender que, além do caráter pedagógico, essas medidas possuem um caráter sancionatório, na medida em que são impostas e restringem o direito do menor.
O grande problema da segunda corrente está em apontar o prazo prescricional, já que as medidas que restringem a liberdade do menor não comportam prazo determinado.
Não obstante essa questão, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro vem entendendo que o prazo prescricional é de um ano, o que consiste numa temeridade, em razão do curto decurso de tempo para se ter a certeza de que de fato aquele adolescente em conflito se reintegrou ao grupo nos moldes desejados.
Vejamos o raciocínio utilizado para tanto: aplicando analogicamente o instituto da prescrição contido no Código Penal, partiu-se da idéia de que o prazo de seis meses corresponde ao prazo in concreto da medida e, como tal, prescreve em dois anos (art. 109, VI, CP). Em se tratando de um menor de 21 anos, esse prazo é reduzido pela metade: um ano (art. 115, CP).
Apesar do raciocínio adotado pelo TJ/RJ, o MP discorda do prazo adotado, até porque o período de seis meses foi estipulado para reavaliação, não possui conotação de preceito secundário do tipo penal. Por conseguinte, o raciocínio deve partir das regras relativas à pena em abstrato, e não em concreto. Segundo este novo raciocínio, a prescrição se dá em quatro anos, já que o prazo máximo para a aplicação da medida é de três anos.
Ainda sobre esta questão, cabe ressaltar que atualmente há a súmula 338 do STJ, que determina que a prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Entretanto, permanece a controvérsia quanto ao seu prazo.
* Se você se interessou pela questão da prescrição da pena, saiba que atualmente existe a Súmula 338 do STJ. Ela determina que "A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas." Vale conferir os comentários postados no blog de Luiz Flávio Gomes (http://www.blogdolfg.com.br/index.php).
* Outro site na internet que pode ajudá-lo a aprofundar seus estudos é o do Ministério Público do Rio Grande do Sul (http://www.mp.rs.gov.br/infancia/estudos/id423.htm), no que concerne à realidade das unidades de internação brasileiras.
* Já se seu interesse se inclinar para medidas aplicáveis a adolescentes que cometem atos infracionais, recomendamos um livro que traz um panorama sobre a realidade da internação: FERNANDES, Márcio Mothé. Ação socioeducativa pública. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2002.
EXERCÍCIOS – Aulas 7 e 8
1) A medida socioeducativa que NÃO exige, para sua aplicação, prova suficiente da autoria do ato infracional praticado pelo adolescenteé:
a) Reparação do dano
b) Liberdade assistida
c) Abrigo
d) Advertência
e) Prestação de serviços à comunidade
R: d
2) O ECA pode ser aplicado excepcionalmente ao maior de 18 anos:
a) na medida de prestação de serviço à comunidade
b) na medida de liberdade assistida
c) na medida de internação
d) na medida de abrigo
e) em nenhuma hipótese
R: c
3) Sobre as medidas de proteção previstas pelo ECA é INCORRETO afirmar:
a) São aplicáveis tanto a crianças quanto a adolescentes
b) Podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente, bem como substituídas a qq tempo (art. 99)
c) Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, o juiz poderá aplicar a medida de proteção de obrigação de reparar o dano
d) As medidas de proteção poderão ser aplicadas quando verificadas qq das hipóteses previstas o art. 98 do ECA
e) Ao ato infracional praticado por criança corresponderão apenas as medidas de proteção (art. 105)
R: c
4) Assinale a alternativa CORRETA em relação à medida sócio-educativa da internação:
a) Poderá ser aplicada a adolescentes e crianças que pratiquem ato infracional grave
b) O seu cumprimento poderá ser feito conjuntamente e no mesmo local destinado a crianças e adolescentes que estão abrigados
c) Não poderá ser aplicada ao menor de 11 anos de idade que praticou ato infracional grave em nenhuma hipótese
d) Poderá ter o prazo superior a 3 meses na hipótese de descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta
e) Todas as alternativas estão incorretas
R: c

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