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Introdução ao estudo da Psicologia II

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NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
1 
 
A Evolução da Ciência Psicologia 
No caso da Psicologia, a história tem por volta 
de dois milênios. Esse tempo refere-se à 
Psicologia no Ocidente, que começa entre os 
gregos, no período anterior à era cristã. 
A história de sua construção está ligada, em 
cada momento histórico, às exigências de 
conhecimento da humanidade, às demais áreas 
do conhecimento humano e aos novos desafios 
colocados pela realidade econômica social e 
pela insaciável necessidade do homem de 
compreender a si mesmo. 
A história do pensamento humano tem um 
momento áureo na Antiguidade, entre os 
gregos, particularmente no período de 700 a.C. 
até a dominação romana, às vésperas da era 
cristã. 
Os gregos foram o povo mais evoluído nessa 
época. Os avanços permitiram que o cidadão 
se ocupasse das coisas do espírito, como a 
Filosofia e a arte. Alguns homens, como Platão 
e Aristóteles, dedicaram-se a compreender 
esse espírito empreendedor do conquistador 
grego, ou seja, a Filosofia começou a especular 
em torno do homem e da sua interioridade. 
É entre os filósofos gregos que surge a primeira 
tentativa de sistematizar uma Psicologia. O 
próprio termo psicologia vem do grego psyché, 
que significa alma, e de logos, que significa 
razão. Portanto, etimologicamente, psicologia 
significa “estudo da alma”. A alma ou espírito 
era concebida como a parte imaterial do ser 
humano e abarcaria o pensamento, os 
sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, 
o desejo, a sensação e a percepção. 
Os filósofos pré-socráticos preocupavam-se em 
definir a relação do homem com o mundo 
através da percepção. Discutiam se o mundo 
existe porque o homem o vê ou se o homem vê 
 
um mundo que já existe. Havia uma oposição 
entre os idealistas (a idéia forma o mundo) e 
os materialistas (a matéria que forma o mundo 
já é dada para a percepção). 
Mas é com Sócrates (469-399 a.C.) que a 
Psicologia na Antiguidade ganha consistência. 
Sua principal preocupação era com o limite que 
separa o homem dos animais. Desta forma, 
postulava que a principal característica humana 
era a razão. 
O passo seguinte é dado por Platão (427-347 
a.C.), discípulo de Sócrates. Esse filósofo 
procurou definir um “lugar” para a razão no 
nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como 
sendo a cabeça, onde se encontra a alma do 
homem. A medula seria, portanto, o elemento 
de ligação da alma com o corpo. 
Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, 
foi um dos mais importantes pensadores da 
história da Filosofia. Sua contribuição foi 
inovadora ao postular que alma e corpo não 
podem ser dissociados. Para Aristóteles, a 
psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo 
aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta 
possui a sua psyché ou alma. 
Portanto, 2.300 anos antes do advento da 
Psicologia científica, os gregos já haviam 
formulado duas “teorias”: a platônica, que 
postulava a imortalidade da alma e a concebia 
separada do corpo, e a aristotélica, que 
afirmava a mortalidade da alma e a sua relação 
de pertencimento ao corpo. 
Falar de Psicologia nesse período é relacioná-
la ao conhecimento religioso, já que, ao lado 
do poder econômico e político, a Igreja Católica 
também monopolizava o saber e, 
conseqüentemente, o estudo do psiquismo. 
Nesse sentido, dois grandes filósofos 
representam esse período: Santo Agostinho 
(354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). 
 
Psicologia e História 
Psicologia entre os Gregos: os primórdios 
A Psicologia no Império Romano e na Idade 
Média 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
2 
 
 
Santo Agostinho, inspirado em Platão, 
também fazia uma cisão entre alma e corpo. 
Entretanto, para ele, a alma não era somente a 
sede da razão, mas a prova de uma 
manifestação divina no homem. A alma era 
imortal por ser o elemento que liga o homem a 
Deus. E, sendo a alma também a sede do 
pensamento, a Igreja passa a se preocupar 
também com sua compreensão. 
São Tomás de Aquino viveu num período que 
prenunciava a ruptura da Igreja Católica, o 
aparecimento do protestantismo — a transição 
para o capitalismo, com a revolução francesa e 
a revolução industrial na Inglaterra. Essa crise 
econômica e social leva ao questionamento da 
Igreja e dos conhecimentos produzidos por ela. 
Dessa forma, foi preciso encontrar novas 
justificativas para a relação entre Deus e o 
homem. São Tomás de Aquino foi buscar em 
Aristóteles a distinção entre essência e 
existência. Como o filósofo grego, considera 
que o homem, na sua essência, busca a 
perfeição através de sua existência. Porém, 
introduzindo o ponto de vista religioso, ao 
contrário de Aristóteles, afirma que somente 
Deus seria capaz de reunir a essência e a 
existência, em termos de igualdade. Portanto, a 
busca de perfeição pelo homem seria a busca 
de Deus. 
Pouco mais de 200 anos após a morte de São 
Tomás de Aquino, tem início uma época de 
transformações radicais no mundo europeu. É 
o Renascimento ou Renascença. 
Na transição para o capitalismo, começa a 
emergir uma nova forma de organização 
econômica e social. Dá-se, também, um 
processo de valorização do homem. 
Neste período, René Descartes (1596-1659) 
um dos filósofos que mais contribuiu para o 
avanço da ciência, postula a separação entre 
mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que 
o homem possui uma substância material e 
uma substância pensante, e que o corpo, 
desprovido do espírito, é apenas uma máquina. 
 
Esse dualismo mente-corpo torna possível o 
estudo do corpo humano morto, o que era 
impensável nos séculos anteriores (o corpo era 
considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede 
da alma), e dessa forma possibilita o avanço da 
Anatomia e da Fisiologia, que iria contribuir em 
muito para o progresso da própria Psicologia. 
No século 19, destaca-se o papel da ciência, 
e seu avanço torna-se necessário. O 
crescimento da nova ordem econômica — o 
capitalismo — traz consigo o processo de 
industrialização, para o qual a ciência deveria 
dar respostas e soluções práticas no campo da 
técnica. Há, então, um impulso muito grande 
para o desenvolvimento da ciência, enquanto 
um sustentáculo da nova ordem econômica e 
social, e dos problemas colocados por ela. 
O conhecimento tornou-se independente da fé. 
Os dogmas da Igreja foram questionados. O 
mundo se moveu. A racionalidade do homem 
apareceu, então, como a grande possibilidade 
de construção do conhecimento. 
Nesse período, surgem homens como Hegel, 
que demonstra a importância da História para a 
compreensão do homem, e Darwin, que 
enterra o antropocentrismo com sua tese 
evolucionista. A ciência avança tanto, que se 
torna um referencial para a visão de mundo. A 
partir dessa época, a noção de verdade passa, 
necessariamente, a contar com o aval da 
ciência. A própria Filosofia adapta-se aos novos 
tempos, com o surgimento do Positivismo de 
Augusto Comte, que postulava a necessidade 
de maior rigor científico na construção dos 
conhecimentos nas ciências humanas. Desta 
forma, propunha o método da ciência natural, a 
Física, como modelo de construção de 
conhecimento. 
É em meados do século 19 que os problemas e 
temas da Psicologia, até então estudados 
exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, 
também, investigados pela Fisiologia e pela 
Neurofisiologia em particular. 
Psicologia no Renascimento 
A Origem da Psicologia Científica 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
3 
 
 
Os avanços que atingiram também essa área 
levaram à formulação de teorias sobre o 
sistema nervoso central, demonstrando que o 
pensamento, as percepções e os sentimentos 
humanos eram produtos desse sistema. 
Para se conhecer o psiquismo humano passa 
a ser necessário compreender os mecanismos 
e o funcionamento da máquina de pensar do 
homem — seu cérebro. Assim, aPsicologia 
começa a trilhar os caminhos da Fisiologia, 
Neuroanatomia e Neurofisiologia. 
Algumas descobertas são extremamente 
relevantes para a Psicologia. Por exemplo, por 
volta de 1846, a Neurologia descobre que a 
doença mental é fruto da ação direta ou indireta 
de diversos fatores sobre as células cerebrais. 
O caminho natural que os fisiologistas da época 
seguiam, quando passavam a se interessar 
pelo fenômeno psicológico enquanto estudo 
científico, era a Psicofísica. Estudavam, por 
exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das 
cores. As cores eram estudadas como 
fenômeno da Física, e a percepção, como 
fenômeno da Psicologia. 
Por volta de 1860, há a formulação de uma 
importante lei no campo da Psicofísica. A Lei 
de Fechner-Weber, que estabelece a relação 
entre estímulo e sensação, permitindo a sua 
mensuração. Segundo Fechner e Weber, a 
diferença que sentimos ao aumentarmos a 
intensidade de iluminação de uma lâmpada de 
100 para 110 watts será a mesma sentida 
quando aumentamos a intensidade de 
iluminação de 1000 para 1100 watts, isto é, a 
percepção aumenta em progressão aritmética, 
enquanto o estímulo varia em progressão 
geométrica. 
Ela importância na história da Psicologia 
porque instaurou a possibilidade de medida do 
fenômeno psicológico, o que até então era 
considerado impossível. Dessa forma, os 
fenômenos psicológicos vão adquirindo status 
de científicos, porque, para a concepção de 
ciência da época, o que não era mensurável 
não era passível de estudo científico. 
 
Outra contribuição muito importante nesses 
primórdios da Psicologia científica é a de 
Wilhelm Wundt (1832-1926). Wundt cria na 
Universidade de Leipzig, na Alemanha, o 
primeiro laboratório para realizar experimentos 
na área de Psicofisiologia. Por esse fato e por 
sua extensa produção teórica na área, ele é 
considerado o pai da Psicologia moderna ou 
científica. 
Wundt desenvolve a concepção do 
paralelismo psicofísico, segundo a qual aos 
fenômenos mentais correspondem fenômenos 
orgânicos. Por exemplo, uma estimulação 
física, como uma picada de agulha na pele de 
um indivíduo, teria uma correspondência na 
mente deste indivíduo. Para explorar a mente 
ou consciência do indivíduo, Wundt cria um 
método que denomina introspeccionismo. 
Nesse método, o experimentador pergunta ao 
sujeito, especialmente treinado para a auto-
observação, os caminhos percorridos no seu 
interior por uma estimulação sensorial (a picada 
da agulha, por exemplo). 
 A experiência da subjetividade 
privatizada, em que nós nos 
reconhecemos como livres, diferentes, 
capazes de experimentar sentimentos, 
ter desejos e pensar independentemente 
dos demais membros da sociedade é 
uma precondição para que se formulem 
projetos de psicologia científica. Embora 
para nós essas experiências sejam 
óbvias, os estudos históricos e 
antropológicos revelam que nem sempre 
é assim em outras sociedades e 
culturas. 
 
 Outra precondição para a formulação de 
projetos de psicologia científica é a 
experiência de que não somos assim tão 
livres e tão diferentes quanto 
imaginávamos. 
 
Precondições Sócio-Culturais para o 
Aparecimento da Psicologia como Ciência 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
4 
 
 
É a suspeita de que há outras "forças 
invisíveis" nos controlando e de que não 
conseguimos espontaneamente ver com 
clareza as causas e os significados de 
nossas ações que nos leva a investigar 
o que há por detrás das aparências. 
Essa experiência se generaliza com o 
colapso da ideologia Liberal Iluminista e 
do Romantismo que, cada um à sua 
maneira, mantinham inquestionável a 
noção de subjetividade individual, 
embora já se encaminhassem para 
posições muito críticas a respeito. Esse 
colapso está associado ao 
desenvolvimento e ao domínio crescente 
do Regime Disciplinar e se expressa em 
elaborações filosóficas que põem em 
questão a soberania, a autonomia e a 
identidade dos indivíduos. 
 
 A suspeita de que a liberdade e a 
singularidade dos indivíduos são 
ilusórias, que emerge com o declínio das 
crenças liberais e românticas, abre 
espaço, finalmente, para os projetos de 
previsão e controle científicos do 
comportamento individual. Este será um 
dos principais objetivos da psicologia 
como ciência a serviço das Disciplinas. 
Mas abre espaço, também, para 
problematizações teóricas e práticas das 
subjetividades totalmente avessas ao 
regime disciplinar e que alimentarão 
muitas das escolas contemporâneas do 
pensamento psicológico e, 
principalmente, suas incidências na 
clínica e na educação. 
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha 
do final do século 19. 
Seu status de ciência é obtido à medida que se 
“liberta” da Filosofia, que marcou sua história 
até aqui, e atrai novos estudiosos e 
pesquisadores, que, sob os novos padrões de 
produção de conhecimento, passam a: 
 
 
 definir seu objeto de estudo (o 
comportamento, a vida psíquica, a 
consciência); 
 delimitar seu campo de estudo, 
diferenciando-o de outras áreas de 
conhecimento, como a Filosofia e a 
Fisiologia; 
 formular métodos de estudo desse 
objeto; 
 formular teorias enquanto um corpo 
consistente de conhecimentos na área. 
Embora a Psicologia científica tenha nascido na 
Alemanha, é nos Estados Unidos que ela 
encontra campo para um rápido crescimento, 
resultado do grande avanço econômico que 
colocou os Estados Unidos na vanguarda do 
sistema capitalista. É ali que surgem as 
primeiras abordagens ou escolas em 
Psicologia, as quais deram origem às inúmeras 
teorias que existem atualmente. 
Essas abordagens são: o Funcionalismo, de 
William James (1842-1910), o Estruturalismo, 
de Edward Titchner (1867-1927) e o 
Associacionismo, de Edward L. Thorndike 
(1874-1949). 
 
Considerado como a primeira sistematização 
genuinamente americana de conhecimentos 
em Psicologia. 
Uma sociedade que exigia o pragmatismo para 
seu desenvolvimento econômico acaba por 
exigir dos cientistas americanos o mesmo 
espírito. 
Desse modo, para a escola funcionalista de W. 
James, importa responder “o que fazem os 
homens” e “por que o fazem”. Para responder a 
isto, W. James elege a consciência como o 
centro de suas preocupações e busca a 
compreensão de seu funcionamento, na 
medida em que o homem a usa para adaptar-
se ao meio. 
 
A Psicologia Científica 
O Funcionalismo 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
5 
 
 
O Estruturalismo está preocupado com a 
compreensão do mesmo fenômeno que o 
Funcionalismo: a consciência. Mas, 
diferentemente de W. James, Titchner irá 
estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, 
os estados elementares da consciência como 
estruturas do sistema nervoso central. 
Esta escola foi inaugurada por Wundt, mas foi 
Titchner, seguidor de Wundt, quem usou o 
termo estruturalismo pela primeira vez, no 
sentido de diferenciá-la do Funcionalismo. 
O método de observação de Titchner, assim 
como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os 
conhecimentos psicológicos produzidos são 
eminentemente experimentais. 
O principal representante do Associacionismo é 
Edward L. Thorndike, e sua importância está 
em ter sido o formulador de uma primeira teoria 
de aprendizagem na Psicologia. Sua produção 
de conhecimentos pautava-se por uma visão de 
utilidade deste conhecimento, muito mais do 
que por questões filosóficas que perpassam a 
Psicologia. 
O termo associacionismo origina-se da 
concepção de que a aprendizagem se dá por 
um processo de associação das idéias — 
das mais simples às mais complexas. Assim, 
para aprender um conteúdo complexo, a 
pessoa precisaria primeiro aprender as idéias 
mais simples, que estariam associadas àquele 
conteúdo. 
Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria 
de grande utilidade para a Psicologia 
Comportamentalista. De acordo com essa lei,todo comportamento de um organismo vivo (um 
homem, um pombo, um rato, etc.) tende a se 
repetir, se nós recompensarmos (efeito) o 
organismo assim que este emitir o 
comportamento. Por outro lado, o 
comportamento tenderá a não acontecer, se o 
organismo for castigado (efeito) após sua 
ocorrência. 
 
A Psicologia científica, que se constituiu de três 
escolas — Associacionismo, Estruturalismo e 
Funcionalismo —, foi substituída, no século 20, 
por novas teorias. 
As três mais importantes tendências teóricas da 
Psicologia neste século: Behaviorismo ou 
Teoria (S-R) (do inglês Stimuli-Respond — 
Estímulo-Resposta), a Gestalt e a Psicanálise. 
 O Behaviorismo, que nasce com 
Watson e tem um desenvolvimento 
grande nos Estados Unidos, em função 
de suas aplicações práticas, tornou-se 
importante por ter definido o fato 
psicológico, de modo concreto, a partir 
da noção de comportamento (behavior). 
 
 A Gestalt, que tem seu berço na Europa, 
surge como uma negação da 
fragmentação das ações e processos 
humanos, realizada pelas tendências da 
Psicologia científica do século 19, 
postulando a necessidade de se 
compreender o homem como uma 
totalidade. A Gestalt é a tendência 
teórica mais ligada à Filosofia. 
 
 A Psicanálise, que nasce com Freud, na 
Áustria, a partir da prática médica, 
recupera para a Psicologia a importância 
da afetividade e postula o inconsciente 
como objeto de estudo, quebrando a 
tradição da Psicologia como ciência da 
consciência e da razão. 
 Projeto de Wundt 
O alemão W. Wundt (1832-1920) costuma ser 
reconhecido como um pioneiro na formulação 
de um projeto de psicologia como ciência 
independente, na criação de instituições 
destinadas à pesquisa e ao ensino da 
psicologia e na formação de inúmeros 
psicólogos não só alemães, mas também de 
outras nacionalidades. 
O Estruturalismo 
O Associacionismo 
As Principais Teorias do Século XX 
Os Projetos de Psicologia como Ciência 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
6 
 
 
O objeto da psicologia é, para Wundt, a 
experiência imediata dos sujeitos, embora 
ele não esteja primordialmente interessado nas 
diferenças individuais entre esses sujeitos. 
Experiência imediata é a experiência tal como o 
sujeito a vive antes de se pôr a pensar sobre 
ela, antes de comunicá-la, antes de "conhecê--
la". É, em outras palavras, a experiência tal 
como se dá. 
Contudo, Wundt não reduz a tarefa da 
psicologia à descrição dessa experiência 
subjetiva. Ele quer ir além e tenta fazê-lo de 
duas formas: 
 utilizando o método experimental, ele 
pretende pesquisar os processos 
elementares da vida mental que são 
aqueles processos mais fortemente 
determinados pelas condições físicas do 
ambiente e pelas condições fisiológicas 
dos organismos. Com o método 
experimental, em situações controladas 
de laboratório, Wundt procura analisar 
os elementos da experiência imediata e 
as formas mais simples de combinação 
desses elementos. Mas isto é apenas o 
começo da psicologia, e não é o mais 
importante para Wundt; e 
 
 por meio da análise dos fenômenos 
culturais - como a linguagem, os 
sistemas religiosos, os mitos, etc. -, 
segundo Wundt, manifestam-se os 
processos superiores da vida mental - 
como o pensamento, a imaginação, etc. 
A dificuldade de Wundt era a de entender como 
no homem - que é uma unidade psicofísica, em 
que o corpo e a mente não existem separados 
- as duas causalidades se ligavam uma à outra. 
Wundt acaba criando, assim, duas psicologias 
(embora ele próprio pense que está fazendo 
uma coisa só): 
 a psicologia fisiológica experimental, 
em que a causalidade psíquica é 
reconhecida, mas não é enfocada em 
profundidade – e nesse sentido não se 
 
 
 
cria nenhum problema mais sério para 
ligar essa psicologia às ciências físicas e 
fisiológicas; e 
 
 a psicologia social ou "dos povos", 
cuja preocupação é exatamente a de 
estudar os processos criativos em que a 
causalidade psíquica aparece com mais 
força. 
Como esses processos são essencialmente 
"subjetivos" - mas só ocorrem claramente na 
vida social -, não se podem fazer experimentos 
controlados com eles, apenas estudá-los por 
meio de seus produtos socioculturais. 
 Projeto de Titchener 
Titchener (1867-1927) - um dos mais famosos 
alunos de Wundt e principal responsável pela 
divulgação da obra deste nos EUA - que 
redefine o objeto da psicologia como sendo a 
experiência dependente de um sujeito - 
sendo este concebido como um puro organismo 
e, em última análise, como um sistema nervoso 
-, e não mais a experiência imediata. 
Isto significa que ir além da experiência do 
sujeito, para elucidá-la, acarretaria a busca de 
justificativas fisiológicas para os fenômenos da 
vida mental. 
Titchener defende a posição denominada 
paralelismo psicofísico, em que os atos 
mentais ocorrem lado a lado a processos 
psicofisiológicos. Um não causa o outro, mas o 
fisiológico explica o mental. 
Como a mente e o corpo andam lado a lado, é 
possível fazer psicologia usando 
exclusivamente, segundo Titchener, os 
métodos das ciências naturais: a observação e 
a experimentação. A única diferença seria a de 
que na psicologia a observação se daria sob a 
forma de auto-observação ou introspecção. 
Nessa medida, Titchener deixa de lado toda a 
obra de Wundt orientada para a psicologia dos 
povos. 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
7 
 
Em completa oposição à psicologia de 
Titchener e em relativa oposição ao 
funcionalismo - mas devendo a ele alguns 
pressupostos básicos surgiu, no começo do 
século XX, um outro projeto de psicologia 
científica: o comportamentalismo. 
Segundo esse projeto, elaborado originalmente 
pelo psicólogo americano J. 13. Watson (1878-
1958), o objeto da "psicologia" científica já não 
é a mente (por isso o termo psicologia foi 
colocado entre aspas). O objeto é o próprio 
comportamento e suas interações com o 
ambiente. O método deve ser o de qualquer 
ciência: observação e experimentação, mas 
sempre envolvendo comportamentos 
publicamente observáveis e evitando a auto- 
-observação. 
Redefinindo a psicologia como "ciência do 
comportamento", Watson podia não só se 
livrar do método da auto-observação, tão 
discutível, mas resolvia, também, a questão 
que desde Wundt vinha perturbando os 
psicólogos: a questão da "unidade psicofísica". 
A partir de agora, supunha Watson, já não seria 
necessário dizer que mente e corpo interagem 
ou que somente caminham lado a lado: vamos 
estudar o comportamento, isto é, os 
movimentos do corpo e suas relações com o 
ambiente. 
Nessa medida, o "sujeito" do comportamento 
não é um sujeito que sente, pensa, decide, 
deseja e é responsável por seus atos: é apenas 
um organismo. Enquanto organismo, o ser 
humano se assemelha a qualquer outro animal, 
e é por isto que essa forma de conceber a 
psicologia científica dedica uma grande 
atenção aos estudos com seres não humanos, 
como ratos, pombos e macacos, entre outros. 
Ele não tem o mínimo interesse na "vivência" do 
sujeito, na sua experiência imediata. O 
comportamentalismo watsoniano interessa-se 
exclusivamente pelo comportamento 
observável, com o objetivo muito prático de 
prevê-lo e controlá-lo de forma mais eficaz. 
Passemos agora aos projetos de psicologia 
científica que, sem negar a experiência 
subjetiva, procuram compreendê-la e explicá- 
-la. 
Ainda no começo do século XX surgiu outro 
projeto de psicologia científica na Alemanha. 
Essa escola psicológica denominou-se 
"psicologia da gestalt", palavra alemã de 
difícil tradução: ora traduz-se por psicologia da 
estrutura, ora por psicologia da totalidade, ora 
por psicologia da forma, e freqüentemente 
conserva-se o termo alemão não traduzido ou 
aportuguesado, como na denominação 
"gestaltismo". 
Os psicólogos gestaltistas mais importantes- 
M. Wetheimer (1880-1943); K. Koffka (1886-
1941) e W. Kohler (1887-1967) partiam da 
experiência imediata e adotavam, como 
procedimento para captação da experiência tal 
como se dava ao sujeito, o método 
fenomenológico. 
Esse método consiste na descrição ingênua 
dos fenômenos tais como aparecem na 
consciência, antes de qualquer reflexão ou 
conhecimento, ou de qualquer tentativa de 
análise. Aplicando o método fenomenológico, 
os gestaltistas descobriram que todos os 
fenômenos da percepção, da memória, da 
solução de problemas, da afetividade, etc. eram 
vividos pelo sujeito sob a forma de estruturas, 
isto é, sob a forma de relações entre partes que 
faziam com que a forma resultante fosse mais 
que a mera soma das suas partes. 
O caráter do projeto de psicologia científica dos 
gestaltistas, que comporta dois aspectos 
essenciais: 
 o reconhecimento da experiência 
imediata; e 
 a preocupação de relacionar essa 
experiência com a natureza física e 
biológica e com o mundo dos valores 
socioculturais. 
 
 
O Comportamentalismo A Psicologia de Gestalt 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
8 
 
Um outro projeto de psicologia científica foi 
desenvolvido pelo psicólogo americano B. E 
Skinner (1904-1990). Embora se trate de um 
comportamentalismo, o projeto de Skinner 
afasta-se imensamente do de Watson, sendo 
um erro absurdo reuní-los numa mesma 
análise. 
Skinner torna-se importante para a psicologia 
além da sua importância para o estudo do 
comportamento dos organismos - quando se 
põe a falar da subjetividade: do mundo 
"privado" das sensações, dos pensamentos, 
das imagens, etc. 
Skinner não rejeita a experiência imediata, mas 
trata de entender sua gênese e sua natureza. 
Ele não duvida que os homens sintam sem 
expressar seus sentimentos, que os homens se 
iludam, alucinem, reflitam sobre as coisas e 
sobre si mesmos, relatem temores, aspirações 
e desejos. Tudo isso é real, mas, segundo 
Skinner, devemos investigar em que 
condições a vida subjetiva privatizada se 
desenvolve. 
A resposta do autor remete às relações 
sociais. É em sociedade que se aprende a falar 
e uma parte da fala pode referir-se ao próprio 
corpo e ao próprio comportamento do sujeito. 
Contudo, essa capacidade para falar de si é 
aprendida na convivência com os outros. O 
mundo privado de cada um é uma construção 
social. 
Segundo Skinner, as experiências subjetivas 
não têm nada de imediato; são sempre 
construídas pela sociedade. O projeto de 
psicologia skinneriano pode ser, então, 
caracterizado como o do reconhecimento e 
crítica da noção de experiência imediata a partir 
de um ponto de vista social. É clara aí a 
intenção de desiludir: aquilo que 
aparentemente mais nos pertence não é nosso, 
mas é apenas um produto social. 
 
 
A crença de que nossa consciência é a causa 
determinante de nossas ações deveria ser 
tratada como um último preconceito ou 
ignorância. A simples existência de uma alma 
(mente) independente do corpo ou do ambiente 
já não faria qualquer sentido. Assim, a noção 
moderna de sujeito, como aquilo que "subjaz" a 
tudo e é livre para determinar seu destino cai 
totalmente por terra com Skinner. 
Outra proposta de psicologia científica foi 
desenvolvida pelo psicólogo suíço J. Piaget 
(18961980). Ao lado dessa proposta, com um 
desenvolvimento totalmente independente, 
com outros pontos de partida e outras 
finalidades, encontramos a psicanálise 
concebida e desenvolvida por S. Freud (1856-
1939). 
O que une esses dois autores é apenas - mas 
isso não é pouco - a perspectiva de estudar a 
gênese do sujeito, levando em consideração 
sua experiência imediata, mas não se 
restringindo a essa experiência na busca de 
compreensões e explicações mais profundas. 
Piaget e Freud fazem o caminho: do ser 
biológico ao ser moral. Ambos partem em 
suas teorizações de certos pressupostos 
biológicos, mas em nenhum dos casos a 
experiência imediata dos sujeitos são reduzidos 
a seus condicionantes naturais. 
Piaget, ex-biólogo, estuda o 
desenvolvimento das funções cognitivas (da 
inteligência) e da moralidade (da capacidade 
de julgar e comportar-se moralmente) pelo 
chamado "método clínico". Ele observa o 
comportamento de crianças e pede a elas que 
descrevam o que estão fazendo; pede, 
também, que justifiquem o que e como estão 
fazendo, propõe a elas algumas tarefas para 
desenvolverem, sempre as observando e 
conversando com elas. 
 
 
O Comportamentalismo Diferenciado: O 
Behaviorismo Radical de Skinner 
A Psicologia Cognitivista de Piaget e a 
Psicanálise Freudiana 
NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
@larirodrigues.b 
9 
 
 
Seu objetivo é, antes de tudo, tentar 
entender a experiência imediata das 
crianças, como elas "vivem” , percebem e 
pensam sobre o mundo. Com base nisto, ele 
procura construir uma teoria que explique 
essas experiências e por que, ao longo do 
crescimento, as experiências da criança vão 
mudando e ela vai "vivendo" o mundo de 
forma cada vez mais complexa e adaptativa. 
Freud, como Piaget, veio da biologia, mas, 
depois de abandonar o laboratório de fisiologia, 
cria e se dedica à clínica psicanalítica. 
Como é sabido, Freud teve sua formação em 
neurologia. Ao receber em sua clínica certos 
pacientes - denominados histéricos - com 
sintomas de paralisias e anestesias localizadas, 
ele se defrontou com a falta de instrumental 
neurológico para responder ao sofrimento 
deles. Seus mestres não reconheciam a 
existência de uma doença nesses pacientes, na 
medida em que não podiam identificar neles 
lesões orgânicas - se não havia lesão, não 
poderia haver doença. Além do que, esses 
pacientes eram altamente dramáticos e as 
paralisias de que reclamavam não 
correspondiam ao mapeamento nervoso ou 
muscular do corpo, o que fazia com que os 
médicos simplesmente não reconhecessem 
como legítimo seu sofrimento. 
Tendo que lidar com o sofrimento desses 
pacientes, Freud não pôde se contentar com a 
atitude de seus colegas médicos e chegou à 
compreensão de que a "lesão" de que se 
tratava na histeria não incidia sobre um nervo, 
mas sobre a idéia relativa à determinada parte 
do corpo. Freud articula um evento corporal – 
uma conversão histérica ao universo 
representativo da pessoa. Num certo sentido, 
ele atravessa a distinção simples e clássica 
entre mente e corpo. 
Os sintomas histéricos passaram a ser tomados 
como resultado de uma dinâmica psíquica 
composta por: conflito, repressão e retorno do 
reprimido. Determinados conflitos entre 
tendências contraditórias geram um tal 
sofrimento, que se toma impossível suportá-los; 
 
como defesa contra esse sofrimento, há então 
a inibição de uma das tendências, a repressão 
da representação (ou de um conjunto delas) 
cuja consciência gera dor. 
Essa exclusão do campo da consciência de fato 
evita a dor imediata, mas a representação 
excluída persiste inconscientemente no 
psiquismo, agora fora do controle do eu. Na 
medida em que ela é real e significativa, 
acabará por se manifestar à revelia do "eu". 
Como resultado de um embate entre 
representação inconsciente e defesa, e por 
uma série de compromissos, dá-se o retomo 
simbólico do reprimido como sintoma, sonho, 
ato falho, etc. 
Freud define o inconsciente como o objeto da 
psicanálise, o que seria um contra-senso do 
ponto de vista positivista: o inconsciente por 
definição não é um fenômeno positivo no 
sentido de que "dado diretamente à 
observação". Neste ponto em que se coloca o 
impedimento para que a psicanálise seja 
reconhecida como uma ciência nos moldes 
positivistas, reside provavelmente o que a 
psicanálise tem de mais particular entre as 
teorias psicológicas. 
Freud tenta, então, desenvolver uma técnica de 
interpretação do sentido oculto. Pede aos 
pacientes que lhe contem tudo sem censura 
alguma, tudo que lhes venhaà cabeça. Quando 
eles começam a falar sem receio e sem tentar 
elaborar um discurso lógico, começam a 
despontar os sentidos ocultos. Mas Freud não 
se contenta em compreender a experiência 
imediata do paciente melhor do que ele próprio 
a compreendia, e isto já seria muito importante 
em termos científicos; já seria uma forma de 
transcender a experiência imediata. Freud, 
porém, quer explicar essa experiência e, para 
tanto, precisa desenvolver uma teoria da 
psique e do desenvolvimento psicológico. 
Como essa teoria vai além do "psicológico" e do 
"vivido", essa parte de sua obra foi denominada 
"metapsicologia" (meta quer dizer "além de”).

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