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Pessoas no código civil-1

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Pessoas no código civil 
 
Iniciando o estudo sobre pessoas no código civil, faz-se importante 
abordar o significado de personalidade jurídica e a maneira como este 
termo é regulado pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
A personalidade jurídica é a soma de caracteres corpóreos e 
incorpóreos que formam a pessoa natural ou jurídica, configurando-
se como um atributo intrínseco ou essencial. Ela é um conceito 
atrelado à ideia de relações jurídicas existenciais, ou seja, define o 
que é ou o que não é pessoa. 
Os animais, por exemplo, não são dotados de personalidade jurídica, 
mas são considerados bens móveis. Falta à eles esse atributo 
intrínseco, essa aptidão genérica de ser titular de direitos e deveres. 
Toda a questão de personalidade deve ser regulada pela lei do país de 
domicílio da pessoa, segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro (LINDB): 
 
 
 
 
 
A Capacidade é um conceito que, por muitas vezes, é confundido com a 
personalidade. Entretanto, existe diferença entre esses dois 
conceitos! 
A Capacidade é a projeção da personalidade de determinada pessoa, que 
pode ser quantificada para definir a aptidão para titularizar direitos, 
assumir deveres, praticar atos e celebrar negócios jurídicos. 
Veja, neste novo conceito não há um critério existencial, mas sim uma 
"medida jurídica" de como a existência da pessoa interage com o 
universo de direitos e deveres. 
Existem dois tipos de Capacidade: 
 Capacidade de Direito ou de Gozo: É a ideia mais básica de 
capacidade, inerente à personalidade e referente à possibilidade 
de adquirir direitos e deveres. Presente no art. 1º do CC/02; 
 Capacidade de Fato: Trata-se da possibilidade de exercer os atos 
da vida civil, configurando-se como um critério para a validade 
de determinados atos ou negócios jurídicos. 
 
 
Portanto, diz-se que a Capacidade Civil Plena é a junção da Capacidade 
de Direito com a Capacidade de Fato. uma pessoa que possui apenas a 
capacidade de direito é considerada absolutamente incapaz, já que a 
sua "medida" de capacidade se restringe ao que é intrínseco à toda 
pessoa, não alcança os atos da vida civil. 
 
 
 
Relacionando-se à capacidade, temos o conceito de legitimação, que é 
a condição especial para a celebração de determinado ato ou negócio 
jurídico. Trata-se de uma certa limitação à capacidade que ocorre em 
situações específicas, onde é necessário o "aval" de outra pessoa 
para que a vontade inicialmente manifestada seja exercida. 
Um exemplo de legitimação é a outorga uxória ou marital. Ela é a 
autorização do cônjuge ao seu respectivo par para realizar um 
determinado negócio jurídico, como a alienação bens imóveis ou outra 
medida que cause ônus real em relação a eles. 
Já a Legitimidade é um conceito que se relaciona com o Direito 
Processual Civil, onde possui legitimidade aquele que está apto a 
integrar determinada relação processual (é uma condição da ação). 
 0 
 
8 
Toda pessoa é sujeito da personalidade e alvo de determinada norma 
(a todo direito deve corresponder um sujeito) 
 
Determinados objetos do direito não são dotados de personalidade e 
não se incluem como sujeitos. 
Exemplos: animais, seres inanimados e entidades místicas e metafísicas. 
 
Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre o começo e o fim da 
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família. 
Capacidade Civil Plena = Capacidade de Direito + 
Capacidade de Fato 
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil. 
 
Vale destacar que o Código Civil e a legislação pertinente passou a adotar 
o termo "pessoa" ao invés de "homem" em seus dispositivos, refletindo a 
isonomia constitucional entre gêneros. Por ser um termo mais receptivo e 
inclusivo, respeita e valoriza o direito à dignidade da pessoa humana, 
previsto na CF/88.
De maneira resumida, essas alterações representam um avanço por 
acompanhar a sociedade e firmar a ideia de que todos são 
pertencentes à humanidade em sua mais pura essência - a de ser 
humano. 
Importante enfatizar também que os deveres atribuídos aos sujeitos 
dotados de personalidade não se constituem unicamente de 
obrigações, mas também se inserem como deveres não obrigacionais. Um 
exemplo disso é o conjunto de deveres do matrimônio. 
 
O artigo 2º do Código Civil prevê não somente que a personalidade 
começa com o nascimento, mas também que a lei resguardará os 
direitos do nascituro. Nesse sentido, o nascimento é definido como o 
momento em que a criança é separada do corpo da mãe, considerando-
se o nascimento com vida a partir do primeiro momento em que o bebê 
tenha respirado. 
 
A partir disso, a discussão a respeito de se o feto aparentemente 
natimorto (nascido morto) respirou em algum momento pode ter 
grande relevância para sucessões em que o pai, casado em regime de 
separação total de bens e de pais vivos, faleceu durante a gestação. 
Isso se deve ao fato de que, se o feto respirara, mesmo que por 
alguns instantes, considera-se que ele herdou todos os bens do pai 
que, por sua vez, com a sua morte passaram integralmente à sua 
herdeira, sua mãe. Caso contrário, o feto nunca chegou a herdar bem 
algum e os bens do pai passam integralmente aos seus avós paternos. 
A outra parte do artigo supracitado tem também grande relevância 
para as discussões a respeito do nascituro, uma vez que a lei põe 
seus direitos "a salvo", dada a suposta iminência da aquisição da 
personalidade deste. Para definir precisamente atualmente contamos 
com três grandes teorias que explicam essa situação: as teorias 
natalista, da personalidade condicional e concepcionista. 
Teoria NATALISTA: A teoria natalista é a mais aceita pela doutrina 
tradicional e afirma que a personalidade só começa com o nascimento 
e, portanto, antes dele não há personalidade, como é o caso do 
nascituro. Apesar disso, tendo nascido com vida, todos os seus 
direitos retroagem ao momento de sua concepção. 
Esta teoria tem como base uma interpretação literal e dita simplista 
do artigo 2º do Código Civil, uma vez que ao não tratar o nascituro 
como pessoa acaba tratando-o como coisa. Além disso, essa teoria 
ignorar todo o sistema de proteção aos direitos do nascituro 
contido no Código, que se assemelha ao tratamento dado a qualquer 
pessoa. 
Teoria da personalidade condicional: A Teoria da Personalidade 
Condicional compreende que o nascituro é uma pessoa em potencial, 
cujos direitos existem apenas em condição suspensiva, ou seja, tem 
seus direitos garantidos desde que ocorra o nascimento com vida, 
sem o qual este direito não tem eficácia. 
Entretanto, esta teoria por sua vez também é alvo de críticas, uma 
vez que conduz ao entendimento de que o nascituro não tem direitos 
efetivamente falando, apenas a expectativa deles. Outro ponto 
importante é que consiste num erro chamar o efeito suspensivo dos 
direitos do nascituro de condição, uma vez que no direito brasileiro 
toda condição é voluntária, ou seja, jamais é determinada por lei. 
TEORIA CONCEPCIONISTA: Esta consiste numa doutrina moderna que 
afirma que o nascituro tem personalidade integral desde sua 
concepção. Esta posição, assim como as outras, tem sido alvo de 
fortes críticas, uma vez que, mesmo que seja admissível assegurar-
lhe alguns direitos, parece forçoso dizer que o nascituro é pessoa. 
Ademais, outros também afirmam que apesar de ser possível ser "meio" 
capaz, não é possível ser "meio pessoa" e que existe apenas uma 
categoria restrita de direitos que dependem do nascimento com vida 
para se efetivarem: o direitos patrimoniais maternais. 
Desta feita, apenas alguns poucos direitos do nascituro se 
efetivariam caso este houvesse: o direito a um nascimento com vida e 
a uma gestação saudável. Apesar disso, atualmente a corrente a 
favor da garantia dos direitos do nascituro tem crescido: hoje há 
farta jurisprudência a respeito,ao passo as grávidas cada vez mais 
tem acesso ao requerimento de alimentos gravídicos. 
Por outro lado, um olhar mais atento ao artigo 2º do Código Civil 
contesta a visão concepcionista, uma vez que o legislador fala 
claramente de expectativa de direitos, e não de direitos efetivados 
do nascituro, mesmo que o ECA e a Constituição dê fundamento à 
pretensão de defender o direito à vida dos nascituros e boas 
condições de gestação. 
Art. 2 - A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
A incapacidade é a ausência da capacidade de fato ou de exercício. 
Todos têm personalidade, mas nem todos são capazes para a prática 
dos atos da vida civil. 
 Lembre-se! Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção. 
E, por ser excepcional, a Lei prevê taxativamente as hipóteses de 
incapacidade, geralmente para proteger aquele que não tem 
discernimento, maturidade ou alguma doença que as tornam 
vulnerável para a efetivação de seus direitos na esfera civil. 
Por exemplo, as crianças. Elas não possuem maturidade ou 
discernimento para a prática dos atos da vida civil, de modo que a Lei 
lhes fornece proteção através a representação. 
 
Existem dois tipos de incapacidade civil: 
a) incapacidade absoluta: na qual o sujeito necessita de estar 
representado por pessoa com a capacidade civil plena. 
b) incapacidade relativa: que impõem estar o sujeito de direitos 
Assistido por pessoa com capacidade civil plena. 
As hipóteses de incapacidade civil absoluta estão dispostas no 
artigo 3°, enquanto que a incapacidade civil relativa consta no 
artigo 4°, todos do CC. 
 Atenção! Em 6 de julho de 2015, foi sancionada a Lei n° 13.146. 
/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência - EPD. Com publicação 
no dia 07 de julho, a vigência da Lei se deu a partir de janeiro de 
2016. 
O EPD consolida ideais invocados na Convenção de Nova York, tratado 
internacional de direitos humanos do qual o Brasil é signatário e que 
operou efeitos no sistema jurídico pátrio com os efeitos de Emenda 
Constitucional, nos termos do artigo 5°, inciso parágrafo 3º, da 
CRFB. Em suma, a lei foi editada para fins de inclusão social e 
efetivação de direitos humanos. 
As alterações mais substanciais da Lei Nova, no âmbito do Código Civil, 
deram-se na Teoria das Incapacidades e no Direito de Família. 
 
Art. 33º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os 
atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade. 
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de 
os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação 
especial. 
 
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os 
atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de 
os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
 
Paragrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por 
legislação especial. 
 
Incapacidade absoluta é a impossibilidade de se realizar, pessoal e 
diretamente, os atos da vida civil. As práticas desses atos sem 
representação implicam a nulidade de pleno direito dos atos, 
independente de comprovação de prejuízo para o incapaz. Isso porque 
o prejuízo é presumido. 
Somente são incapazes absolutamente para a prática dos atos da vida 
civil os menores de 16 anos, determinados menores impúberes, que 
devem ser representados pelos genitores ou representante legal. 
A razão de ser da previsão legal é que o legislador entende que, 
devido a tenra idade, a pessoa ainda não atingiu o necessário 
discernimento para distinguir o que é permitido ou proibido na ordem 
privada, ou o que é inofensivo e o que é prejudicial para si própria. 
Perceba que a antiga previsão do inciso II do artigo 3° (“os que, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses ato”) deixa de existir na ordem 
jurídica. A dignidade-vulnerabilidade dá lugar à dignidade-liberdade, e 
todo e qualquer deficiente mental é capaz para a prática dos atos da 
vida civil. 
Ressalta-se, no entanto, a previsão no EPD de algumas modalidades de 
auxílio ao deficiente, como a Tomada de Decisão Apoiada. 
 
Na incapacidade relativa, por sua vez, as pessoas praticam os atos da 
vida civil pessoalmente, porém, na companhia de alguém que lhes 
presta Assistência. 
A ausência do assistente gera a anulabilidade dos atos praticados 
pelo relativamente incapaz. Isto é, eles se convalidam se ninguém 
arguir a validade do negócio. 
As hipóteses de incapacidade relativa são: 
a) Menores de 18 anos e maiores de 16; 
b) Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos, ou seja, alcoólatras 
e toxicômanos; (Destaque para a revogação, através do EPD, da 
previsão do deficiente mental que tenha discernimento reduzido.) 
c) Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade. (Trata-se da antiga causa de incapacidade 
absoluta. Por exemplo, o surdo-mudo que não puder se expressar, o 
idoso portador de Alzheimer, ou uma pessoa em coma.) 
d) Os pródigos, sujeitos que dissipam seus bens e patrimônios de 
forma desordenada e desregrada. (Nesse caso, o curador ficará 
adstrito aos atos que possam comprometer o patrimônio do 
interditado, como emprestar dinheiro, transigir, dar quitação, 
alienação e aquisição de bens, hipotecar e, até mesmo, agir em juízo. 
Exemplo típico é o viciado em jogatinas.) 
De modo geral, é importante afirmar que a incapacidade relativa se 
aplica, sim, aos maiores de Idade. Ocorre que, como a capacidade é a 
regra, presumida até que se prove o contrário, a incapacidade relativa 
deve ser decretada pelo juiz. 
Nessa hipótese, o Juiz nomeará um curador para o relativamente 
incapaz, delimitando os limites da curatela. Para este caso, embora o 
EPD tenha previsto uma simples demanda em que é nomeado um curador, 
o Novo CPC está estruturado na ação de interdição (artigos 747 a 
758, do CPC), de modo que se mantém a possibilidade jurídica da 
Interdição do relativamente incapaz. 
A Capacidade Civil dos indígenas é regulada em legislação especial, 
assim como previsto no Código Civil: 
 
 
 
Essa limitação é alvo de muitas críticas da doutrina e de instituições 
e pessoas ligadas à defesa dos direitos dos indígenas. Isso porque a 
regra de incapacidade é aplicada simplesmente com base em uma 
diferença cultural, diferenciando-se da ideia central de limitação da 
capacidade. 
Os indígenas, segundo os críticos dessa questão, não deveriam ser 
considerados incapazes, mas apenas culturalmente diferenciados, 
divergentes do que é considerado um padrão. Portanto, o que é 
levantado é o debate sobre até que ponto essa diferença cultural 
interfere realmente na possibilidade de compreensão e expressão da 
vontade para os atos da vida civil. 
Tendo essa crítica em mente, passamos para a análise da legislação 
especial. 
 
 
 
 
Já no 1º artigo, é possível identificar o objetivo do estatuto de 
fornecer proteção normativa aos indígenas e preservar seus 
costumes e tradições. Portanto, a ideia é conseguir criar um ambiente 
harmônico entre os usos e costumes indígenas e o modo de vida 
contemporâneo. 
O dever de proteção é direcionadoà União, aos estados e aos 
municípios de acordo com sua respectiva competência. Dentro do 
estatuto, existe uma classificação dos indígenas que serve para 
diferenciar o regime jurídico aplicável à cada um deles e o nível de 
proteção do Estado a ser fornecida. 
As classificações do art. 4º são: 
Indígenas isolados: totalmente alheios ao modo de vida 
contemporâneo; 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à 
maneira de os exercer: Parágrafo único. A capacidade dos 
indígenas será regulada por legislação especial. 
 
Estatuto do Índio - Lei 6.001/73 
Art. 1º [...]Parágrafo único. Aos índios e às comunidades 
indígenas se estende a proteção das leis do País, nos 
mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, 
resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, 
bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei. 
 
Indígenas em vias de integração: passando por um processo de 
integração ao modo de vida contemporâneo; 
Indígenas integrados: inseridos no modo de vida contemporâneo, 
considerados perfeitamente aptos a exercer seus direitos na 
sociedade. 
Com base nessa classificação, o estatuto impõe o regime 
tutelar aos indígenas ainda não integrados à comunhão nacional. 
Neste regime, são aplicáveis os princípios e normas da tutela de 
direito comum, ou seja, aquela prevista no código civil (a partir 
do art.1.728) 
 
 
 
 
 
 
 
Seguindo a ideia de proteção ao Indígena, o estatuto prevê a nulidade 
de atos praticados com os sujeitos não integrados, quando inexiste 
assistência do órgão ou autoridade competente. Vale ressaltar aqui 
que existe uma excludente, uma exceção: quando o indígena 
demonstra conhecer o ato e estar consciente do que está 
realizando, não se aplica a regra de nulidade. 
Para que o indígena deixe o regime tutelar previsto no estatuto, são 
exigidos alguns requisitos, previstos no art. 9º: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conseguindo comprovar o cumprimento dos requisitos, o indígena 
recebe uma declaração formal que o classifica na condição de 
integrado e apto à celebrar os atos da vida civil. Essa declaração 
deve ser homologada judicialmente e inscrita no registro civil. 
Por fim, existe a possibilidade de emancipação por ato do Presidente da 
República: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Lei prevê as hipóteses de incapacidade absoluta e relativa, mas 
também fornece mecanismos jurídicos para supri-la. São eles: o poder 
familiar, a curatela e a tutela. 
O poder familiar é o poder exercido pelos pais em relação aos filhos, 
dentro dos ideais de família democrática, regime de colaboração 
familiar, de relações baseadas e de afeto principalmente. O instituto é 
regulado pelos artigos 1.630 e seguintes do Código Civil. 
Lembre-se de que o poder familiar é exercido pelo pai e pela mãe, 
juntos ou isoladamente, a não ser quando não haja tais figuras, ou 
haja duas figuras maternas, duas paternas enfim. 
Os limites do poder familiar estão dispostos no artigo 1.634, do 
CC, dentre eles: dirigir a criação e educação dos filhos; conceder ou 
negar consentimento para casamento e viagem ao exterior; 
administração de bens, e, nesse caso, os genitores terão usufruto, 
com exceção das causas previstas no artigo 1.693, do CC. Tudo 
isto enquanto o menor não for totalmente capaz. 
Art. 7º [...] 
§ 1º Ao regime tutelar estabelecido nesta Lei aplicam-
se no que couber, os princípios e normas da tutela de 
direito comum, independendo, todavia, o exercício da 
tutela da especialização de bens imóveis em hipoteca 
legal, bem como da prestação de caução real ou 
fidejussória. 
 
Art. 9º Qualquer índio poderá requerer ao Juiz 
competente a sua liberação do regime tutelar 
previsto nesta Lei, investindo-se na plenitude da 
capacidade civil, desde que preencha os requisitos 
seguintes: 
I - idade mínima de 21 anos;II - conhecimento da língua 
portuguesa;III - habilitação para o exercício de 
atividade útil, na comunhão nacional;IV - razoável 
compreensão dos usos e costumes da comunhão 
nacional.Parágrafo único. O Juiz decidirá após 
instrução sumária, ouvidos o órgão de assistência ao 
índio e o Ministério Público, transcrita a sentença 
concessiva no registro civil. 
 
Art. 11. Mediante decreto do Presidente da República, 
poderá ser declarada a emancipação da comunidade 
indígena e de seus membros, quanto ao regime tutelar 
estabelecido em lei, desde que requerida pela maioria 
dos membros do grupo e comprovada, em inquérito 
realizado pelo órgão federal competente, a sua plena 
integração na comunhão nacional. 
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste 
artigo, exigir-se-á o preenchimento, pelos 
requerentes, dos requisitos estabelecidos no artigo 
9º. 
 
A tutela é um munus público, uma atribuição imposta pelo Estado para 
atender a interesses públicos e sociais. Nos termos do artigo 
1.728, do Código Civil, os filhos serão postos em tutela quando: 
a) ocorrer o falecimento dos pais ou eles forem julgados ausentes; 
b) em casos de perda do poder familiar do pai ou da mãe, por castigos 
imoderados ou outro motivo. 
Mas tutela não se confunde com representação ou assistência. A 
tutela é genérica e serve para a administração geral dos interesses 
da criança ou do adolescente. Já a representação busca atender aos 
interesses dos menores de 16 anos, e a assistência, dos maiores de 
16 e menores de 18 anos. 
Os poderes dos tutores em relação aos tutelados são menores do 
que o poder exercido no Poder Familiar. E, ainda que os poderes sejam 
mais restritos, são divididos naqueles que não precisam da inspeção 
judicial (artigo 1.740) e aqueles que estão submetidos a 
supervisão do juiz (artigo 1.741). De modo geral, o primeiro diz 
respeito aos interesses sociais e educacionais do menor, como 
direção e educação, providências necessárias defesa dos interesses; 
enquanto que, no segundo, predominam-se os interesses patrimoniais 
do tutelado. 
A curatela é instituto de direito assistencial para a defesa dos 
interesses de maiores incapazes. 
Tendo em vista que a capacidade é a regra, a curatela depende de 
declaração de incapacidade relativa do pretenso curatelado pelo 
Juiz competente, com a delegação do munus ao interessado. 
No mais, à curatela aplicam-se as regras da tutela, com uma exceção: 
a interdição do pródigo somente restringe os atos que se refiram à 
administração e disposição de bens. 
O código, com intuito de proteger aqueles que não têm o 
discernimento para a prática segura dos atos da vida civil, 
estabeleceu formas de proteção. Daí surgiram a Representação, a 
Assistência e outras formas de proteção espalhadas pelo 
ordenamento. 
É o instituto inerente aos absolutamente incapazes. Na 
representação, o incapaz não pratica o ato pessoalmente, de modo 
que a prática de um ato por um incapaz, que não seja feito por seu 
representante, caracteriza o ato como nulo de pleno direito, 
independente da comprovação do prejuízo. A inexigibilidade da 
comprovação do prejuízo se dá pelo fato do prejuízo ser presumido 
pela lei. 
A nulidade, por sua vez, pode ser alegada por qualquer interessado 
ou reconhecida de ofício pelo Juiz. Será questionada por ação 
declaratória, sem prazo estipulado por lei, isto é, indescritivelmente, 
com efeitos ex tunc (retroativos da data em que foi reconhecida a 
nulidade, até a data em que foi praticado). Logo, o ato praticado por 
pessoa absolutamente incapaz cuja nulidade não tenha sido arguida 
não importa em convalidação. 
É instituto de proteção aos relativamente incapazes que praticam o 
ato pessoalmente, mas acompanhado por seu assistente. A ausência 
do assistente na prática do ato importa em anulabilidade. 
A anulabilidade, diferente da nulidade, somente pode ser alegada pela 
pessoa prejudicada pelo ato jurídico, e nunca será reconhecida de 
ofício. O vício é arguido por meio de ação desconstitutiva, em prazo 
estipulado por Lei, sob pena de convalidação,resultando em sentença 
com efeito ex nunc (efeitos que operam do reconhecimento da 
anulabilidade para o futuro). 
 Atenção! O menor de 18 e maior de 16 anos que ocultou 
dolosamente a sua idade ou declarou-se plenamente capaz quando da 
contração de uma obrigação não poderá invocar a incapacidade 
relativa à sua idade para eximir-se da obrigação (artigo 180, do CC). 
 
a) Atuação do MP: nos termos do artigo 178, inciso II, do CPC, o MP 
será intimado para, no prazo de 30 dias, intervir em todas as ações 
que envolvam interesse de incapaz. 
b) Inocorrência de prescrição: a prescrição não corre contra os 
absolutamente incapazes, nos termos do artigo 198, do CC. 
c) Exigência de autorização do guardião para mútuo: para que o mútuo 
(grosso modo, empréstimo) seja celebrado junto a pessoa menor, 
exige-se a autorização daquele sob cuja guarda estiver, nos termos 
do artigo 588, do CC, sob pena de não poder ser reavido. A hipótese 
aplica-se somente aos menores de 18 anos, sejam eles 
absolutamente ou relativamente incapazes. 
d) Impossibilidade de cobrar ou reaver dívida de jogo: segundo o 
artigo 814, do CC, “as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a 
pagamento, mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente 
se pagou, salvo se foi ganha por dolo ou se o perdente é menor ou 
interdito”. 
e) Impossibilidade de reclamar o que foi pago por ação anulada: o 
artigo 181 do CC é expresso ao afirmar que ninguém poderá 
reclamar o que pagou por obrigação anulada, salvo se comprovar 
que a importância reverteu-se em proveito do incapaz. 
 
 
 
A incapacidade, em regra, cessa-se aos 18 anos completos, nos 
termos do artigo 5º, do CC. Ausentes quaisquer hipóteses do artigo 
4º, o menor que atinge a maioridade completa obtém a capacidade civil 
plena. 
No entanto, a lei prevê casos em que, mesmo ainda menor, a pessoa 
passa a ser plenamente capaz para os atos da vida civil. Trata-se do 
instituto da emancipação. 
 Atenção! Embora a lei não trate expressamente dos casos de 
incapacidade relativa que não decorrem da verificação da idade, é 
evidente que a incapacidade permanecerá enquanto a sua causa não 
cessar. Exemplo: superado o vício em tóxicos ou álcool; 
desaparecimento da causa transitória que impedia a pessoa de exprimir 
sua vontade. 
 
A emancipação é o ato jurídico que antecipa os efeitos da maioridade 
civil e da capacidade civil plena. O menor que tem entre 16 e 18 
anos pode adquirir a capacidade plena antes da maioridade civil. 
Em regra, a emancipação é definitiva, irretratável e irrevogável, salvo 
por sentença que desconstitua o ato por vício de vontade (erro ou 
dolo). 
A Lei dispõe sobre três espécies de emancipação: 
a) Emancipação voluntária: é aquela concedida pelos pais, ou um deles 
na falta do outro, mediante instrumento público, independente de 
homologação judicial (artigo 5º, parágrafo único, inciso I, primeira 
parte, do CC). A emancipação voluntária ficará registrada no Cartório 
de Registro de Pessoas, em razão da imposição legal pela formalidade 
do ato. 
b) Emancipação judicial: é aquela concedida pelo Juiz, a pedido do 
adolescente relativamente incapaz, ouvido o tutor e o MP. 
c) Emancipação legal: são hipóteses que ocorrem de pleno direito, por 
imposição legal. Nestas hipóteses, a lei considera que determinado 
acontecimento na vida do relativamente incapaz demonstra o 
discernimento dele para a prática dos atos da vida civil 
São elas: 
 
 
 
 
 
Embora autoexplicativas, algumas ressalvas devem ser feitas. 
As hipóteses de emancipação legal independem de contrato público ou 
de homologação judicial, bastando a ocorrência do fato. Ocorre que 
algumas delas dificilmente operam-se na prática. 
A emancipação legal por exercício de emprego público efetivo, como a 
própria letra da lei impõe, afasta as hipóteses de serviços 
temporários ou cargos comissionados. No entanto, a maioria dos 
editais de concursos públicos exigem que o candidato tenha 18 
anos completos. 
A emancipação legal por colação de grau em curso superior 
reconhecido também dificilmente se opera. Isso porque, em regra, a 
pessoa precisa ter completado o ensino médio e cursado todos os 
anos da faculdade, e ainda ser menor de 18 anos. 
Para os fins da emancipação legal por economia própria, basta que o 
relativamente incapaz perceba um salário mínimo. 
I) o casamento; 
II) conquista de emprego público efetivo, não bastando o 
temporário; 
III) colação de grau em curso superior, e 
IV) pela conquista da independência econômica, sejam por 
relação de emprego ou por estabelecimento civil ou comercial 
(empresário). 
 
 
O fim da personalidade da pessoa natural se dá pela morte, nos 
termos do artigo 6°, primeira parte, do Código Civil, o qual expressa 
“a existência da pessoa natural termina com a morte”. 
Em regra, com o fim da personalidade jurídica, o falecido deixa de ser 
sujeito de direitos e deveres. Existem direitos que excepcionalmente 
perduram após a morte, diante da possibilidade de os lesados 
indiretos pleitearem indenização por lesão à honra ou imagem do de 
cujus, bem como os direitos autorais. 
A legislação exige a morte real da pessoa, que se dá com a morte 
cerebral (ou morte encefálica), constatada com a parada das 
atividades cerebrais da pessoa. Este é o entendimento extraído do 
artigo 3°, da Lei n° 9.434/1997. 
Para tanto, é necessário laudo médico constatando a morte 
encefálica, visando à elaboração do atestado de óbito no Cartório de 
Registro de Pessoas Naturais. A ausência do Atestado de Óbito impede 
que haja qualquer sepultamento, nos termos do artigo 77 da Lei de 
Registros Públicos. 
Com a extinção da personalidade, inúmeros reflexos jurídicos são 
percebidos. Vejamos alguns deles. 
a) Dissolução do vínculo conjugal e do regime de bens; 
b) Extinção do poder familiar e do direito a receber e dever de prestar 
alimentos; 
c) Extinção de obrigações personalíssimas, que são aquelas que 
somente podem ser cumpridas pelo devedor da obrigação; 
d) Extinção da punibilidade na esfera penal; 
Acontece que a morte encefálica somente pode ser atestada quando 
há prova material, isto é, o corpo da pessoa, objeto do laudo médico. 
 
O Código Civil, em seu artigo 8°, trata da Comoriência. 
 
 
 
Por mesma ocasião da morte, entende-se que ela deve ter ocorrido 
precisamente no mesmo espaço temporal, não necessariamente no 
mesmo local. 
Exemplo: em um acidente automobilístico, A e B falecem. Um policial 
constata, no entanto, que A sobreviveu alguns segundos a mais que 
B. Nessa hipótese, não havendo laudo pericial que confirme tal 
hipótese, A e B serão considerados comorientes. Tal instituto 
importa ao direito no que se diz respeito a casos em que os indivíduos 
mortos são ligados por vínculos sucessórios. Casos em que a ordem 
do falecimento faria a diferença para fins de herança. 
A importância de Laudo Médico, ou outra prova efetiva e precisa que 
seja capaz de atestar com certeza que um viveu a mais que outro, se 
dá pelo fato de que há presunção relativa (iuris tantum) da 
comoriência. A jurisprudência é uníssona no sentido de que, mantida 
dúvida ou não sendo precisa a prova, presume-se a comoriência. 
 
Antigamente, existia o instituto da Morte Civil, que acontece quando 
uma pessoa continua realmente viva, mas, para fins legais, é tratada 
como “coisa”, inapta a ter direitos e deveres, em razão de algum ato 
previsto e estipulado em lei. No ordenamento pátrio, não se admite a 
Morte Civil. 
Embora para o direito Brasileiro somente seja aceita a morte real ou 
presumida, existem alguns resquícios da ideia de Morte Civil. 
Por exemplo, os artigos 1.814 e seguintes do CC, que, ao tratar da 
exclusão da herança da indignidade, considera o herdeiro indigno como 
morto no momento da abertura da sucessão. Para todos os demais 
efeitos jurídicos, no entanto, ele permanece com os caracteres da 
personalidadejurídica intactos. 
 
A outra hipótese de morte presumida decorre do desaparecimento da 
pessoa natural sem deixar o corpo presente. A ausência se dá nas 
hipóteses de inexistência ou incerteza de morte, desde que a pessoa 
esteja em local incerto e não sabido, não havendo indícios das razões 
do desaparecimento. 
Trata-se presunção relativa, aceitando-se prova em contrário, a 
depender de decisão judicial declaratória de ausência (ação judicial 
declaratória). 
A ação, no entanto, precisa cumprir os requisitos dos artigos 22 e 
23, sendo que o principal objetivo da declaração de ausência é a 
curadoria e divisão de bens. 
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não 
se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos 
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
Assim, são necessários: 
a) constância de bens; 
b) que o ausente não tenha deixado representante ou procurador a 
quem caiba a administração dos bens, ou tenha deixado mandatário que 
não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato ou ainda 
que tenha poderes insuficientes, e 
c) que haja requerimento de interessado ou do MP. 
 
 
 
Tendo o ausente deixado bens, após provocação do interessado ou 
do MP (e não havendo prova em contrário), o juiz declarará a ausência 
da pessoa e nomeará curador para administrar os bens do declarado 
ausente. 
Atenção! O ausente não é incapaz, embora haja um curador para 
tutelar seus interesses. Trata-se de inovação legislativa trazida 
pelo Código Civil de 2002, já que o ausente era tratado como 
absolutamente incapaz pelo CC/1916. 
Quem pode ser curador do ausente? Será o cônjuge do ausente, 
preferencialmente, desde que não esteja separado judicialmente ou de 
fato por mais de 2 anos antes da declaração de ausência. Não 
havendo cônjuge, serão os pais ou os descendentes do ausente, 
nesta ordem, sendo que os mais próximos precedem os mais remotos. 
E, por fim, não havendo qualquer destes, o juiz nomeará outra pessoa 
à sua escolha. 
O juiz também arrecadará os bens do ausente e publicará editais, onde 
permanecerão pelo prazo de um ano. 
 
Decorrido um ano da arrecadação de bens e da correspondente 
nomeação de curador, se deixado representante ou mandatário, 
decorridos três anos, poderá ser aberta sucessão provisória 
mediante pedido formulado pelos interessados ou, na ausência 
destes, pelo MP. 
 
 
Sabe-se que a ausência conta com presunção somente relativa e que 
é possível que o ausente retorne ou que se encontrem provas de 
que ele esteja vivo. Não por outro motivo (com exceção dos 
descendentes, ascendentes e cônjuge), demais herdeiros precisam 
oferecer garantia equivalente ao quinhão de que tem direito. 
Nessa fase, pode acontecer de o ausente retornar ou ser-lhe 
provada a existência, oportunidade em que cessarão todas as 
vantagens conferidas aos sucessores, sendo estes obrigados a 
tomar as medidas assecuratórias até a entrega do bem. 
 
Provado o falecimento do ausente ou se dele não mais se tiver 
notícias, decorridos 10 anos da sucessão provisória, abrir-se-á a 
sucessão definitiva. Atenção para o fato de que, se o ausente contar 
com mais de 80 anos, o prazo entre a sucessão provisória e 
definitiva cai para 05 anos. 
Caso o ausente regresse, nesse tempo, reclamará os bens existentes 
e no estado em que se acharem, os sub-rogados em seus lugares ou o 
preço que os herdeiros houverem recebido pelos bens depois daquele 
tempo. 
Morte presumida sem declaração de ausência. 
Quando não for encontrado corpo do falecido para ser periciado, 
faz-se necessária a Justificação Judicial para se declarar a morte 
presumida sem declaração de ausência. As hipóteses de morte 
presumida sem declaração de ausência constam do artigo 7°, do CC e 
no artigo 88, da Lei de Registros Públicos. 
 
 
 
 
A declaração de ausência divide-se em três principais 
fases: 
a) Curadoria (artigos 22 a 25); 
b) Sucessão Provisória (artigos 26 a 36), e 
c) Sucessão Definitiva (artigos 37 a 39).
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se 
consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito 
dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e 
não pagas. 
 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação 
de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em 
perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não 
for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
 
Atenção! A declaração de morte presumida sem declaração de ausência 
somente pode ser requerida após esgotadas todas as buscas e 
averiguações. 
 Curiosidade! A Lei n° 9.140/95 reconhece como falecidas as 
pessoas desaparecidas em razão de participação ou acusação de 
participação em atividades políticas no período de 2 de setembro de 
1961 a 15 de agosto de 1979 (ditadura militar). 
 
O nome é um aspecto da personalidade protegido em todos os seus 
elementos, quais sejam: 
Prenome: O primeiro nome de cada pessoa. Ex: Cárita, Roberto, 
Mariana, Ederson. 
Sobrenome, nome, apelido, patronímico ou nome de família: Refere-
se às nomenclaturas adquiridas por meio de filiação familiar, 
advindas de ascendentes ou cônjuges. Ex: Carizzi, Andrade, 
Cestari, Rodrigues. 
Partícula: Conexão ou junção entre dois outros elementos 
presentes no nome. Ex: da, dos, de. 
Agnome: Indicativo de relação com outro membro da família. Ex: 
Júnior, Filho, Neto. 
 
Aqui, vale observar que existe também o "apelido" em sentido informal 
ou moderno, que refere-se à uma maneira tanto íntima como popular 
para se direcionar à pessoa. O nome técnico adequado para o "apelido" 
é alcunha ou cognome. 
Nesse caso, existe proteção legal para o hipocorístico: alcunha 
notória ou pública que acaba por identificar o sujeito na sociedade de 
maneira mais efetiva ou certa do que o seu próprio nome. Tal 
proteção está fundada no art. 58 da Lei de Registros Públicos 
(6.015/73) e na ideia de que o hipocorístico elenca materialmente 
um elemento do nome, sendo abarcado pela tutela do Código Civil. 
 
Observe que a proteção ao nome se dá com uma preocupação especial 
à exposição pública pessoa, por isso a alcunha notória está incluída, 
já que pode ser utilizada para a difamação do sujeito. 
 
No entendimento doutrinário majoritário, a simples utilização indevida do 
nome já transgride a regra contida neste artigo. O art. 18 amplia a 
proteção enfatizando a vedação ao uso do nome alheio em propaganda 
comercial: 
 
 
Neste sentido, ainda, vale citar o Enunciado 278 da IV Jornada de 
Direito Civil, que aborda as situações em que, sem autorização da 
pessoa, um "sósia" é utilizado para propagandas : 
 
 
 
 
 
Está sob proteção legal também o pseudônimo, que é um nome fictício 
utilizado por determinados autores que não desejam se identificar em 
suas obras artísticas, literárias ou científicas. Exemplo: Lemony 
Snicket, pseudônimo do escritor Daniel Handler. 
Neste aspecto entra também a alcunha quando utilizada como nome 
artístico, voltado especificamente para a exposição ao público. 
Exemplo: Xuxa. 
Como mencionado anteriormente, é no art. 58 da Lei de Registros 
Públicos que está regulada a adoção do nome artístico: 
 
 
 
 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por 
outrem em publicações ou representações que a 
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja 
intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio 
em propaganda comercial. 
A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades 
inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar 
seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui 
violação a direito da personalidade. 
 
 
 
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia,a sua substituição por apelidos públicos notórios. 
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda 
admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente 
da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em 
sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público. 
 
 
Apesar de se tratar de algo intríseco à pessoa e tutelado pelo 
ordenamento jurídico, o nome pode ser alterado em determinadas 
hipóteses. Tais situações estão previstas na Lei de Registros 
Públicos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O estado da pessoa natural pode ser analisado de diferentes 
perspectivas, a depender do que se busca entender ou fazer em um 
caso concreto. 
 
Refere-se a situação quanto à relação do sujeito com a nação, 
podendo ser classificado como nacional (nato ou naturalizado) ou 
estrangeiro. 
 
Refere-se a existência de atuação econômica da pessoa natural no 
exercício de diferentes atividades. Portanto, a pessoa pode ser 
empregada, desempregada, trabalhadora autônoma, servidora, etc. 
 
Refere-se aos aspectos e peculiaridades do indivíduo, como idade, 
estado psíquico, saúde e imagem. 
Art. 56. O interessado, no primeiro ano após 
ter atingido a maioridade civil, poderá, 
pessoalmente ou por procurador bastante, 
alterar o nome, desde que não prejudique os 
apelidos de família, averbando-se a alteração 
que será publicada pela imprensa. 
Art. 57. A alteração posterior de nome, 
somente por exceção e motivadamente, após 
audiência do Ministério Público, será permitida por 
sentença do juiz a que estiver sujeito o 
registro, arquivando-se o mandado e publicando-
se a alteração pela imprensa, ressalvada a 
hipótese do art. 110 desta Lei. 
§ 1º Poderá, também, ser averbado, nos 
mesmos termos, o nome abreviado, usado 
como firma comercial registrada ou em 
qualquer atividade profissional. 
§ 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, 
que viva com homem solteiro, desquitado ou 
viúvo, excepcionalmente e havendo motivo 
ponderável, poderá requerer ao juiz competente 
que, no registro de nascimento, seja 
averbado o patronímico de seu companheiro, 
sem prejuízo dos apelidos próprios, de 
família, desde que haja impedimento legal para 
o casamento, decorrente do estado civil de 
qualquer das partes ou de ambas. 
§ 3º O juiz competente somente processará 
o pedido, se tiver expressa concordância do 
companheiro, e se da vida em comum houverem 
decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou 
existirem filhos da união. 
§ 4º O pedido de averbação só terá curso, 
quando desquitado o companheiro, se a ex-
esposa houver sido condenada ou tiver 
renunciado ao uso dos apelidos do marido, 
ainda que dele receba pensão alimentícia. 
 
§ 5º O aditamento regulado nesta Lei será cancelado a 
requerimento de uma das partes, ouvida a outra. 
§ 6º Tanto o aditamento quanto o cancelamento da 
averbação previstos neste artigo serão processados em 
segredo de justiça. 
§ 7º Quando a alteração de nome for concedida em razão de 
fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a 
apuração de crime, o juiz competente determinará que haja a 
averbação no registro de origem de menção da existência de 
sentença concessiva da alteração, sem a averbação do nome 
alterado, que somente poderá ser procedida mediante 
determinação posterior, que levará em consideração a 
cessação da coação ou ameaça que deu causa à alteração. 
§ 88º O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável 
e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá 
requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, 
seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua 
madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem 
prejuízo de seus apelidos de família. 
 
 
Refere-se a situação da pessoa no âmbito de constituição de uma 
família. Também conhecido como "Estado Civil", será abordado com 
maiores detalhes a seguir. 
 
Dentro do espectro de análise do estado familiar da pessoa, existem 
as seguintes possibilidades: 
 Solteiro 
 Casado 
 Viúvo 
 Divorciado 
 Separado Juridicamente 
Após o casamento, a pessoa não volta a ser solteira, mas assume um 
dos demais estados civis apresentados. As pessoas em união estável 
(companheiros ou coniventes) não possuem um estado civil próprio, 
apesar de configurarem um instituo familiar reconhecido 
constitucionalmente e pela jurisprudência do STF. 
 
Dentro desse tema, existem ações que são voltadas especificamente 
para a alteração do estado civil das pessoas ou o reconhecimento de 
determinado estado. Geralmente o objetivo é evidenciar um certo 
estado civil para produzir os seus efeitos legais. Exemplo: o divórcio 
altera o estado civil de "casado" para "divorciado" e pode levar à 
partilha de bens. 
São exemplos de ações de estado: 
 Divórcio 
 Nulidade de casamento 
 Investigação de paternidade 
 Negatória de paternidade 
 Ação de alimentos 
 
 
Alguns atos relacionados à pessoa devem ser registrados 
publicamente para produzir adequadamente seus efeitos. A importância 
aqui está em garantir que os direitos e deveres sejam devidamente 
observados.
Por exemplo, para que a personalidade seja devidamente atribuída à 
pessoa é necessário que ela tenha sido registrada como nascida. Ela 
já tem a personalidade desde o nascimento com vida, mas tal 
nascimento deve ser registrado para dar maior efetividade a esse ato. 
 
 
 
 
 
 
Para determinados atos, faz-se necessária a averbação (uma espécie de 
adição) aos registros públicos, para que tenham efetividade. Um 
divórcio, por exemplo, não possui certidão própria, mas a sentença 
que decreta o divórcio é averbada na certidão de casamento, dando 
efetividade à mudança de estado civil. 
 
 
 
 
 
 
Existe também a previsão da possibilidade de registro de atos para 
brasileiros que se encontram em outros países, evitando um 
cerceamento de direitos em função da localização do sujeito. 
 
 
 
 
 
Art. 9º Serão registrados em registro público: 
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do 
juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte 
presumida. 
 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do 
casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento 
da sociedade conjugal; 
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou 
reconhecerem a filiação; 
 
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as 
autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o 
casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, 
inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de 
brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Código Civil (art. 70) define o domicílio como o lugar onde a 
pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Deste 
conceito é possível extrair dois elementos principais do domicílio: 
 Elemento Objetivo: estabelecimento da pessoa, local físico 
em que ela reside. 
 Elemento Subjetivo: ânimo ou vontade de permanência. 
O conceito de domicílio possui uma relevância jurídica maior, visto 
que é utilizado como critério para muitos institutos no Direito 
(citação, foro, lei aplicável, etc.). Portanto, podemos dizer que o 
domicílio é o lugar onde a pessoa pode ser encontrada para efeitos 
jurídicos. 
A residência é simplesmente o local físico onde a pessoa reside, vive 
com habitualidade. É comum que a residência da pessoa seja o seu 
domicílio, mas não é uma situação necessária. 
Exemplo: o local de trabalho é domicílio para determinadas relações 
jurídicas, mesmo que a pessoa não resida neste lugar. 
 
Importante diferenciar o domicílio dapessoa da sua habitação ou 
moradia. Este último conceito se refere ao local onde a pessoa é 
encontrada, de modo eventual, não correspondendo sempre à sua 
residência ou domicílio. 
Logo, pode se referir à um local em que a pessoa permanece por 
alguns dias a trabalho eventualmente. 
 
No art. 71 do Código, temos a previsão da multiplicidade de 
domicílios: 
 
 
 
O domicílio profissional é o local onde a pessoa exerce sua 
profissão constantemente, com habitualidade: 
 
 
 
 
 
 
 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras 
também poderão celebrar a separação consensual e 
o divórcio consensual de brasileiros, não havendo 
filhos menores ou incapazes do casal e 
observados os requisitos legais quanto aos 
prazos, devendo constar da respectiva escritura 
pública as disposições relativas à descrição e à 
partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, 
ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge 
de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome 
adotado quando se deu o casamento. 
§ 2º É indispensável a assistência de advogado, 
devidamente constituído, que se dará mediante a 
subscrição de petição, juntamente com ambas as 
partes, ou com apenas uma delas, caso a outra 
constitua advogado próprio, não se fazendo 
necessário que a assinatura do advogado conste 
da escritura pública. 
 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas 
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á 
domicílio seu qualquer delas. 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em 
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para 
as relações que lhe corresponderem. 
 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não 
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração 
municipal; 
 
No que tange às demais pessoas jurídicas: 
 
 
 
 
 
 
 
Existem grupos de pessoas que trabalham conjuntamente para um objetivo 
em comum mas não constituem uma pessoa jurídica, apesar de muitas vezes 
ser dotado do direito de ser representado processualmente. Isto se dá 
com conjuntos de bens ou direitos que podem ser entendidos como uma 
unidade e que a lei prescreve que são capazes processualmente e tem 
legitimidade para serem parte em uma relação jurídica. 
Nesta condição se encontram a massa falida pelo síndico, a herança jacente 
e vacante, o espólio, a sociedade irregular e o condomínio, de acordo com o 
Código de Processo Civil. Apesar disso, a jurisprudência aceita que 
consórcios e os vários tipos de fundos que existem atualmente no 
mercado financeiro sejam representados pelos seus administradores como 
pessoas jurídicas despersonalizadas. 
 
As sociedades que não tiverem seu contrato social devidamente 
registrado não tem personalidade jurídica e são consideradas 
sociedades irregulares ou de fato. Entretanto, o Código Civil prevê 
algumas regras para esse tipo de sociedade. 
 
 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde 
funcionarem as respectivas diretorias e 
administrações, ou onde elegerem domicílio 
especial no seu estatuto ou atos 
constitutivos. 
§1º Tendo a pessoa jurídica diversos 
estabelecimentos em lugares diferentes, cada 
um deles será considerado domicílio para os 
atos nele praticados. 
§2º Se a administração, ou diretoria, tiver a 
sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio 
da pessoa jurídica, no tocante às obrigações 
contraídas por cada uma das suas agências, o 
lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que 
ela corresponder. 
 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o 
servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu 
representante ou assistente; o do servidor público, 
o lugar em que exercer permanentemente suas 
funções; o do militar, onde servir, e, sendo da 
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que 
se encontrar imediatamente subordinado; o do 
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do 
preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
 
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado 
no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem 
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser 
demandado no Distrito Federal ou no último ponto 
do território brasileiro onde o teve. 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os 
contratantes especificar domicílio onde se exercitem e 
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a 
intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que 
declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, 
e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria 
mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. 
 
 
 
 
Essa regra também se aplica às associações que já realizavam 
atividades sem fins lucrativos mas não tem existência legal. Em 
questões de patrimônio, o patrimônio dos sócios e da sociedades 
confundem-se na sociedade irregular, como se vê no disposto pelo 
artigo 990: 
 
O artigo 44 do Código Civil prevê a existência de 6 tipos de pessoas 
jurídicas de direito privado: a associação, a sociedade, a fundação, a 
organização religiosa, o partido político e a empresa individual de 
responsabilidade limitada (EIRELI). 
 
São pessoas jurídicas de direito privado que não possuem fins 
econômicos (CC, art. 53). Assim sendo, inexiste entre os associados, 
a princípio, a intenção de dividir excedentes ou lucros. 
 Cuidado! Isso não significa que não podem auferir renda, significa 
apenas que, quanto ao seu objeto principal, não visam ao lucro. 
A diferença fundamental entre este tipo de pessoa jurídica e a 
sociedade é em relação aos fins lucrativos. Enquanto a associação 
se caracteriza por não tê-los a sociedade geralmente tem como 
objetivo justamente o lucro. 
Entretanto, isso não quer dizer que a realização de atividades 
econômicas com o objetivo da expansão da associação a 
descaracterize como tal, nem tampouco o faria se fossem cobradas 
taxas de contribuição do associado, o que torna o enunciado do 
artigo 53 inadequado e impróprio ao dizer "não tiverem fins 
econômicos", uma vez que é autorizado que estas realizem atividades 
econômicas. Desta feita, o que lhes é vedado é que tenham fins 
lucrativos e dividam seus ganhos entre os associados. 
As associações têm como destinação os fins assistenciais, 
desportivos, culturais, etc. 
 
É constituída através de um contrato social ou de sociedade, que 
consiste no comum acordo entre duas ou mais pessoas em contribuir 
com bens ou serviços para a realização de atividades econômicas e 
dividir os resultados disso. Este tipo de pessoa jurídica pode ser 
dividido entre sociedade simples ou empresarial. 
 Sociedade Simples: não exercem atividade tipicamente 
empresarial, são profissionais que se unem para realizar 
uma determinada atividade, mesmo que cada um faça sua 
parte independente do outro, com um fim econômico ou 
lucrativo, tal como dentistas ou advogados. 
 Sociedade Empresária: também tem fins lucrativos, assim 
como a sociedade simples, mas ela deve ter por objeto 
relações próprias de empresário, nos termos do artigo 
966, ou seja, quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de 
bens ou de serviços. 
 
Trata-se de um conjunto de bens destinados por um documento 
para uma finalidade específica de interesse público de uma maneira 
estável e permanente, ou seja, trata-se de uma reunião 
patrimonial e não de pessoas. Existem fundações de 
administração pública e privada, as quaissão reguladas pelos 
artigos 62 a 69 do Código Civil. 
Seus elementos são os seus bens e o fim para que foi instituída. 
Versa o artigo 62 do Código que o fim da fundação deve 
necessariamente ser um dos listados no artigo, visando evitar a 
proliferação de fundações inúteis ou de motivação fútil e que 
os recursos destinados a ela sejam melhor usados. Ainda, existe 
para a fundação, assim como para a associação que sua finalidade 
não seja lucrativa, o que não inviabiliza que ela realize atividade 
econômica para seu próprio crescimento. 
Vale destacar ainda que outro elemento distintivo da fundação 
em relação às outras pessoas jurídicas é que seu registro 
efetivo está sujeito à aprovação do ministério público, o que 
dificulta também a instituição de fundações inúteis ou que não 
tenham recursos suficientes para atender ao fim a que se 
propõem. Assim sendo, caso a fundação não tenha recursos 
suficientes para fazê-lo, o Código prevê que eles sejam 
destinados a outra fundação com finalidade igual ou 
semelhante. 
Art. 986 - Enquanto não inscritos os atos 
constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações 
em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, 
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as 
normas da sociedade simples. 
Art. 990 - Todos os sócios respondem solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do 
benefício de ordem, previsto no art. 11.024, aquele que 
contratou pela sociedade. 
 
Nada mais são do que as igrejas ou entidades destinadas 
exclusivamente a tratar de religião, crença e fé, não possuindo fins 
lucrativos. Importante destacarmos a imunidade fiscal que lhes é 
legalmente garantida, motivo pelo qual não pagam impostos. 
 
No seu objetivo disposto no artigo 1º da Lei 99.096 de 19 de 
setembro de 1995, os partidos políticos destinam-se a assegurar, 
no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema 
representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na 
Constituição Federal. 
 
As chamadas EIRELIs foram incluídas no ano de 2011 e são empresas 
individuais de responsabilidade limitada. Trata-se de uma pessoa 
jurídica constituída por um único titular, com responsabilidade 
limitada, logo, não haverá responsabilização do constituinte em caso 
de dívidas contraídas pela empresa. 
Falamos sobre a distinção entre a pessoa jurídica e seus membros, vez 
que essa possui sua própria existência, não se confundindo com quem 
a criou, dando-se origem, aqui, à blindagem patrimonial. 
Entretanto, o artigo 50 do Código Civil dispõe que: 
 
 
 
 
 
Nessa ótica, temos que o Código Civil adotou a teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica nos casos em que houver 
(i) desvio de finalidade; ou (ii) confusão patrimonial. 
O desvio de finalidade é a adoção de artifícios através da pessoa 
jurídica para lesar credores (atrasar pagamentos, evitar obrigações, 
impedir execuções) ou praticar atos ilícitos (fraudes, estelionato, 
lavagem de dinheiro, etc.). Nestas situações, o sócio obtém vantagem 
de diferentes formas: ele pode evitar que uma dívida sua seja cobrada 
pelo credor, pode ocultar determinado patrimônio individual ou até 
mesmo prosseguir com a execução de um crime econômico, utilizando 
os cofres da pessoa jurídica para movimentar valores ilegais. 
A confusão patrimonial é a mistura inadequada do patrimônio dos 
sócios e da pessoa jurídica. Pode-se constatar a confusão 
patrimonial quando valores injustificáveis são movimentados entre a 
pessoa jurídica e a pessoa física ou quando as obrigações de uma são 
cumpridas pela outra. Vale dizer que não é qualquer transferência de 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da 
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, desconsiderá-la para que os 
efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de 
administradores ou de sócios da pessoa jurídica 
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de 
finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o 
propósito de lesar credores e para a prática de atos 
ilícitos de qualquer natureza. 
 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de 
separação de fato entre os patrimônios, caracterizada 
por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do 
sócio ou do administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas 
contraprestações, exceto os de valor 
proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia 
patrimonial. 
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste 
artigo também se aplica à extensão das obrigações de 
sócios ou de administradores à pessoa 
jurídica. 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a 
presença dos requisitos de que trata o caput deste 
artigo não autoriza a desconsideração da personalidade 
da pessoa jurídica. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão 
ou a alteração da finalidade original da atividade 
econômica específica da pessoa jurídica. 
 
valores que configura confusão patrimonial, mas apenas aqueles de 
valores proporcionalmente significantes. 
Observados o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial, poderá 
o juiz desconsiderar a personalidade jurídica para que sejam 
reparados os atos ligados causados por aqueles que se utilizaram 
indevidamente da pessoa jurídica para obtenção de vantagens injustas 
ou ilícitas. Portanto, é a presença do desvio de finalidade ou a 
confusão patrimonial somada à obtenção de vantagem direta ou 
indireta que permite a desconsideração da personalidade jurídica. 
Uma vez desconsiderada a personificação outrora dada, ficará ela 
afastada temporariamente até que o juiz decida. Assim, o que antes 
era distinto deixa de ser, e os sócios responderão pelos atos 
praticados, ou seja, confundir-se-á o patrimônio pessoal do sócio 
com o patrimônio da pessoa jurídica da qual faz parte. 
A extinção da pessoa jurídica significa dizer que ela chegou ao seu 
fim. O artigo 1.033 do Código Civil tratou de elencar diversas 
hipóteses de dissolução da sociedade. Vejamos: 
 
 
 
Extinta a pessoa jurídica, haverá a desvinculação das unidades de 
seus membros e materiais que fundavam sua existência. 
Existe ainda a extinção por determinação judicial, a requerimento de 
qualquer dos sócios, quando for esgotado o fim social, conforme 
artigo 1.034 do Código Civil. 
O artigo 69 do Código Civil especifica os casos em que serão 
dissolvidas as fundações. Aqui, existindo uma finalidade ilícita, 
impossível, ou decorrido o prazo de sua existência, o Ministério 
Público, ou qualquer outro interessado, poderá promover a extinção 
da fundação, incorporando seu patrimônio, observado o ato 
constitutivo ou estatuto, a outra fundação designada pelo juiz que 
possua fim igual ou semelhante. 
Com relação à associação, o artigo 61 do mesmo código diz que, 
previsto em seu estatuto, seus bens serão destinados a entidades 
igualmente de fins não lucrativos. Não havendo tal previsão, os bens 
irão para estabelecimento municipal, estadual ou federal de fins 
semelhantes. 
Mas e se não houver, no Município, Estado ou Distrito Federal em que 
a associação tinha sede, outro ente sem fins lucrativos? 
Neste caso, os bens remanescentes deverão ser devolvidos à Fazenda 
do Estado, do Distrito Federal ou da União. (artigo 62, § 2º, do 
CPC). 
 Atenção! Devemos saber que a extinção da pessoa jurídica não se 
opera de modo instantâneo. Ora, havendo bens de seu patrimônio e 
dívidas a resgatar, ou seja, ativos e passivos, continuará a pessoa 
jurídica em fase de liquidação, respeitada a publicação necessária. 
Finalizada a liquidação, será promovido o cancelamento da inscrição 
da pessoajurídica. 
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: 
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e 
sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, 
caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; 
II - o consenso unânime dos sócios; 
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na 
sociedade de prazo indeterminado; 
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no 
prazo de cento e oitenta dias; 
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. 
 Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o 
sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de 
todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no 
Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do 
registro da sociedade para empresário individual ou para 
empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no 
que couber, o disposto nos arts. 11.113. a 11.115.115 deste 
Código.

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