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Morte e Vida Severina - Resumo e Análise

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MORTE E VIDA SEVERINA - RESUMO E ANÁLISE
Severino é o nome do personagem principal, mas ele vive uma realidade que muitos severinos vivem, então todos eles são Severinos.
Morte e Vida Severina, significa uma morte e uma vida difícil, desigual, com muita miséria, fome e doença. A vida severina geralmente acaba antes dos 30 devido à velhice ou antes dos 20 devido a emboscadas
É um estilo de vida que muitos nordestinos vivem.
Severino, já no início do livro, resolve migrar para o litoral, pois acha que lá vai ter melhores oportunidades. Ele não vai com grandes esperanças, inclusive, diz que só vai na esperança de passar um pouco dos 30 anos, porque na região em que ele mora é muito difícil que isso aconteça.
Encontra dois homens com um defunto no início da caminhada e conversa com eles. Esse homem morreu devido a uma bala perdida porque tinha pequenas partes de terra, mas que o mataram para conseguir esse pequeno território. Um dos homens que está carregando o defunto acredita que este tem sorte, pois não irá mais viver aquela vida severina.
Depois dessa conversa, Severino escuta alguns cantos e vai ver do que se trata: Está acontecendo um enterro. Então ele vê uma mulher na janela e ela parece ter uma boa condição de vida, então ele chega para conversar com essa mulher porque depois de ter visto tanta desgraça pelo caminho, ele cogita interromper sua viagem ali mesmo. Ele pergunta à mulher se ele poderia conseguir algum trabalho naquela região, a mulher então pergunta o que Severino sabe fazer. Ele diz que sabe lavrar, cuidar de terra e plantar, mesmo se a terra for muito ruim, porque ele viveu em uma região com essas características. Diz também que sabe cuidar de gado. Ela fala que, então, não teria trabalho para ele, visto que as únicas pessoas que se dão bem ali é quem faz algo relacionado à morte ex: Coveiro, saber rezar e cantar em funerais, saber organizar um enterro e saber velar um corpo, ou até mesmo a medicina porque existem muitas doenças.
Segue então seu caminho até chegar na zona da mata. Ele percebe que lá existe uma terra mais fértil e acredita que ali ele vai conseguir trabalho e que não vai precisar continuar sua viagem até o litoral. Acontece que ele escuta a conversa de dois amigos e eles estão enterrando um homem. Eles dizem que esse defunto estava recebendo o único pedaço de terra que um dia já foi dele: o buraco onde seu corpo seria sepultado. No meio dessa conversa, percebe-se que esse homem trabalhava com um latifundiário e que ele deu todo o seu esforço e conhecimento a esse homem com quem ele trabalhava para conseguir viver. Severino percebe então que o problema nesse local não seria afalta de terras, porque a terra era boa, mas o problema era a má distribuição de terras, na qual um latifundiário tinha muita riqueza e quem trabalhava para ele vivia em uma situação análoga à escravidão. Ele vê então que ali não é o lugar dele e segue sua viagem em direção ao Recife. Ele acredita que lá a vida será melhor.
Chegando ao Recife, Severino percebe que não é bem como ele imaginava, há muitos retirantes foram até lá e agora sofriam da mesma forma nos subúrbios, muitos não conseguiam se manter por não terem empregos. Ele escuta a conversa de dois coveiros que dizem que nas regiões ricas até não tem muitas mortes, mas ali no subúrbio tinha tantas mortes quanto no interior. Ele escuta esses homens falando que muitos retirantes iam até o litoral em busca de uma vida melhor, mas que nunca conseguiam. No momento que Severino escuta isso ele entende que ele estava caminhando em direção ao seu próprio enterro. Os coveiros acreditam que seria melhor se esses retirantes tivessem se matado se atirando em um rio, porque assim iriam economizar com o enterro e não precisariam mais sofrer.
Ao escutar isso, Severino fica muito cabisbaixo e vai em direção ao cais. Chegando lá, aparece José, um morador da região, e Severino pergunta a ele do que vale a vida? Como eles sempre lutam por uma condição de vida melhor e isso nunca chega. Porque ele deveria continuar vivendo? Por qual motivo ele ainda não teria se jogado no cais, como os coveiros disseram? José diz que não sabe como responder essa pergunta, mas que acredita que a vida severina vale sim a pena. Nesse momento, uma mulher chega avisando que nasceu o filho de José. Severino entra também na residência de José e esse menino é um sinal de esperança (uma metáfora de Jesus Cristo talvez). No momento que ele nasce tudo vira festa e chegam várias pessoas entregando presentes, mas sempre presentes muito simples poruqe a população que vive ali é muito pobre. Então chegam duas ciganas para prever o futuro da criança. Essas ciganas dizem que, apesar de ser nordestino e viver nessa vida nordestina, essa criança vai conseguir sair dessa e vai conseguir ser um operário e caçar como ninguém e que vai mudar o destino dessas pessoas. Nesse momento José fala para o severino que ele não sabia explicar com palavras o porque valeria a pena viver, mas que a vida por si só teria respondido a pergunta dele ao colocar aquela criança no caminho dele, visto que ela era o símbolo da vida. Então, mesmo a vida severina vale a pena ser vivida.
 
ANÁLISE
 
CONTEXTO HISTÓRICO: Morte e Vida Severina foi publicado quase no meio do século XX. O mundo tinha saído recentemente, da segunda guerra mundial. Na memória, ainda havia a lembrança da explosão das bombas de Hiroshima e Nagasaki e a sensação de que a vida é passageira. No Brasil, o Estado Novo havia chegado ao fim com a queda de Getúlio Vargas em 1945. Mas em 1951, com a ausência de novos líderes, Getúlio volta ao poder através das eleições diretas. Esse segundo momento de Getúlio na presidência, que durou cerca de 3 anos e meio, foi marcado por muita corrupção e descrédito, e terminou com seu suicídio em 1954. Com a sua morte, o Brasil teve 3 sucessores que ocuparam a cadeira da presidência da república até 1956, quando Juscelino Kubitschek foi eleito. Depois disso, Jânio Quadros foi eleito, exerceu o cargo por 206 dias e renunciou. Quem assumiu foi João Goulart, mais conhecido como Jango, em uma época extremamente marcada pelo conservadorismo e que culminou no golpe de 64 e no início da Ditadura Militar.
 
MODERNISMO: Geração 45, composta por escritoras famosas como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.É uma geração que nega a herança modernista das primeiras gerações e volta a utilizar uma poesia com metro, formas fixas e um tom grandiloquente, metafísico. Predomínio do existencialismo, da reflexão sobre o mundo. A poesia volta a lidar com temas tradicionalmente poéticos, a noite, a lua, as aflições humanas, a solidão, a angústia, a busca de respostas sobre o mundo e foge um pouco dos temas sociais.
 
JOÃO CABRAL DE MELO NETO: Quando a gente pensa na poesia brasileira dos século XX, João Cabral de Melo Neto é considerado por muitos estudiosos como um dos mais influentes desse período, principalmente porque traz uma perspectiva mais objetiva da poesia, uma novidade até então. Ele nasceu no dia 9/01/1920 em Recife, em uma família da Elite Nordestina e, no caso dele, Pernambucana. Ele teve acesso ao melhor da educação ocidental, mesmo que vivesse em um território periférico, como o Brasil e o Recife eram considerados naquela época. Na fazenda dos pais ele estava em volta de trabalhadores e pessoas que transmitiam a poesia oral e popular do nordeste. O cordel, os cantadores e os repentistas, vão ser uma porta de entrada no universo literário que João Cabral futuramente vai ocupar. Na adolescência, ele começou a se interessar por literatura, mas ele não queria ser poeta e, sim, crítico literário, mas, nessa época ele tinha apenas 17 anos e não tinha tanta bagagem e conhecimento para isso. Foi aí, que ele decidiu escrever poemas para acumular experiências e depois, se tornar o crítico literário que ele tanto queria ser. Isso se tornou uma característica de sua poesia, visto que o autor escreve com bastante densidade reflexiva e metapoética. Aos 22 anos, ele se muda para o Rio com a família e publica seu primeiro poema,"Pedra do Sono". Muitos dizem que ele é um poeta sem sentimentos, que matou o Eu-lírico e escreve de forma dura e concreta, tanto que ganhou o título de poeta, engenheiro e arquiteto das palavras. Ele chegou a dizer em uma entrevista, que seus poemas eram trabalhados arduamente, uma poesia cerebral. Essa particularidade dele causou uma ruptura na literatura brasileira e inspirou muitos escritores na segunda metade do século XX. Em 1945, ele começa a trabalhar como servidor público e, no mesmo ano, se inscreve em um concurso do Ministério das Relações Exteriores, passando a ser um dos integrantes do quadro de diplomatas brasileiros. Ele atuou em vários países ao longo de 42 anos e não deixou de escrever, pelo contrário, a maioria de suas obras foi escrita enquanto ele ia de um país e de uma cultura para a outra. É possível observar e perceber alguns desses cenários em suas obras. Tinha muita enxaqueca e depressão, mas para a última havia uma resistência para se medicar de forma correta, porque ele achava que isso iria matar o lado poético dele. Em 1987, ele voltou a morar no Rio de Janeiro. Passador 3 anos, ele se aposenta da carreira diplomática e, mais ou menos no mesmo período, passa a sofrer com uma cegueira e se recusa a escrever porque ele dizia que era preciso enxergar para poder compor um verso e colocar cada palavra no devido lugar. 9/10/1999, aos 79 anos, João Cabral sofre um ataque cardíaco e morre no Rio de Janeiro.
 
MORTE E VIDA SEVERINA: Publicado em 1955 e com o subtítulo de "auto de natal pernambucano", o texto foi escrito originalmente para o teatro, mas acabou não sendo encenado. Usa raramente o verso livre, mas não tem uma fixação pela forma fixa.
 
RELEVÂNCIA ATUAL: O Brasil da época era dominado pelo Latifúndio e, hoje, é dominado pelo Banco e pelo Latifúndio. Muitas coisas mudaram, mas a estrutura fundiária conserva-se excludente.

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