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Norma Penal - Prof. seabra (AV1)

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1 
 
FACULDADE ESTÁCIO CÂMARA CASCUDO 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
EVERSON DOS SANTOS CERDEIRA 
 
 
 
NORMA PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL– RN, 2012.2 
 
2 
 
EVERSON DOS SANTOS CERDEIRA 
 
 
 
 
 
 
NORMA PENAL 
 
 
 
Trabalho apresentado como parte obrigatória da 
verificação parcial da disciplina de Direito Penal I da 
Faculdade Estácio Câmara Cascudo, sob a 
orientação do Professor Carlos Seabra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL– RN, 2012.2 
3 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................4 
2 NORMA PENAL.......................................................................................................4 
 2.1 Conceitos...................................................................................................4 
 2.2 Técnica legislativa para elaboração da norma penal............................6 
 2.3 Características..........................................................................................6 
3 CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL..................................................................7 
4 NORMAS PENAIS EM BRANCO...........................................................................10 
5 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL...........................................11 
 5.1 Espécies de interpretação......................................................................12 
 5.1.1 Quanto ao sujeito.........................................................................12 
 5.1.2 Quanto aos meios empregados...................................................13 
 5.1.3 Quanto aos resultados.................................................................14 
 5.2 Interpretação analógica...........................................................................15 
 5.3 Interpretação progressiva.......................................................................16 
 5.4 Interpretação conforme a constituição..................................................16 
 5.5 Dúvidas em matéria de interpretação....................................................16 
6 ANALOGIA.............................................................................................................17 
 6.1 Espécies de analogia..............................................................................19 
 6.2 Emprego da analogia..............................................................................20 
7 CONCURSO (OU CONFLITO) APARENTE DE NORMAS...................................20 
 7.1 Princípio da especialidade.....................................................................21 
 7.2 Princípio da subsidiariedade.................................................................21 
 7.3 Princípio da consunção.........................................................................22 
 7.3.1 Crime progressivo e progressão criminosa................................22 
 7.4 Princípio da alternatividade..................................................................23 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................23 
REFERÊNCIAS........................................................................................................25 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Este trabalho tem como objetivo conceituar, definir e expor as principais 
características e classificação das normas penais. Trataremos ainda da norma penal 
em branco, da interpretação e integração da lei penal, da analogia, do concurso ou 
conflito aparente de normas. 
2 NORMA PENAL 
2.1 Conceitos 
Antes de conceituar norma penal, faremos uma diferenciação entre norma e 
lei, a luz do que diz Fernando Capez (2004, p. 31): 
“Norma é um mandamento de comportamento normal, retirado do senso 
comum de justiça de cada coletividade. Exemplo: pertence ao censo comum 
que não se deve matar, roubar, furtar ou estuprar, logo, a ordem natural de 
conduta é não matar, não furtar, e assim por diante. A norma portanto, é 
uma regra proibitiva não escrita, que se extrai do espírito dos membros da 
sociedade, isto é, do senso de justiça do povo. A Lei é a regra escrita feita 
pelo legislador com a finalidade de tomar expresso o comportamento 
considerado indesejável e perigoso pela coletividade. É o veículo por meio 
do qual a norma aparece e torna cogente sua observância”. 
Capez ainda cita que na elaboração das leis devem ser tomadas algumas 
cautelas, com o objetivo de preservar os princípios da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, bem como evitar abusos contra a liberdade 
individual. 
Ainda de acordo com Capez, dentre a observância dos direitos do homem e 
do cidadão, encontra-se o da reserva legal, segundo o qual não há crime sem lei 
que o descreva e o da anterioridade, que exige que essa lei seja anterior ao fato 
delituoso. 
Segundo Damásio de Jesus (2012, p. 56) a norma penal pode ser entendida 
em sentindo amplo e estrido. Sendo que em latu sensu, norma penal é tanto a que 
define um fato punível, impondo, abstratamente, a sanção, como a que amplia o 
sistema penal através de princípios gerais e disposições sobre os limites e 
ampliação de normas incriminadoras e em sentido estrito (stricto sensu), norma 
penal é a que descreve uma conduta ilícita impondo uma sanção. 
5 
 
Damásio (2012, p. 56), “a norma penal obedece a peculiar técnica legislativa”. 
Onde diz que: 
“O legislador não diz expressamente que matar é crime, que é proibido 
matar, e sim que a ocasião da vida de uma pessoa por outra enseja a 
aplicação de determinada pena. Assim, o preceito imperativo que deve ser 
obedecido não se contém de maneira expressa na norma penal. A sanção 
e o comportamento humano ilícito é que são expressos”. 
Podemos dizer que a sanção será imposta àquele que praticar a conduta 
ilícita discriminada na norma. 
Para Norberto Bobbio apud Greco, normas penais são aquelas “cuja 
execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada”. Diz ainda que 
nem todas ocupam um mesmo patamar dentro do ordenamento jurídico, sendo que 
existem normas superiores e normas inferiores. Se refere a uma norma que é 
superior a todas as demais, que, através desta, as outras tornam-se legitimas e 
coesas dentro do ordenamento jurídico. Tal norma é denominada, por Bobbio, de 
Norma Fundamental. 
Citamos ainda o conceito de valoração da norma penal, dado por Júlio 
Fabbrini Mirabete, onde diz que: 
“A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais elevados da 
sociedade, dispondo-os em uma escala hierárquica e valorando os fatos de 
acordo com a sua gravidade. Quanto mais grave o crime, o desvalor da 
ação, mais severa será a sanção aplicável a seu autor”. 
Temos ainda a norma penal perfeita, que é a modalidade em que o preceito e 
a sanção se reúnem no mesmo dispositivo legal. A norma penal ultra-átiva, que é a 
modalidade que se aplica a relações jurídicas depois de cessado o tempo de sua 
vigência. 
Podemos afirma, levando em conta os conceitos apresentados e as 
explanações durante as aulas de Direito Penal I, que a norma penal é sancionadora, 
protegendo, penalmente, a dignidade da pessoa humana, a vida, o patrimônio, as 
instituições, o comércio, a administração pública, etc. 
 
6 
 
2.2 Técnica legislativa para elaboração da norma penal 
A norma penal é elaborada através de uma técnica legislativa que pode ser 
considerada como ímpar, onde, segundo Damásio de Jesus (2012, p. 56), o 
legislador não diz expressamente que matar é crime, que é proibido matar. Nas 
suas normas incriminadoras, traz, no preceito primário, a previsão da conduta que é 
considerada ilícita e a esta conecta, no preceito secundário, uma sanção. 
Frederico Marques apud Damásio de Jesus afirma que: “só por via indireta se 
constrói a regra proibitiva”. 
Podemos concluir então que a norma penal incriminadora é elaborada de 
maneira diversa às demais normasde direito do ordenamento positivo. 
2.3 Características 
Para Damásio de Jesus (2012, p. 60-63), os caracteres da norma penal são: 
exclusividade, imperatividade, generalidade e abstração e impessoalidade. 
A norma penal é exclusiva, pois, ainda segundo Damásio, é o único tipo de 
norma do ordenamento jurídico que descreve uma conduta, considerada ilícita, e 
impõe uma sanção (pena) para os que violarem a norma. Ele diz que “a norma penal 
é exclusiva, tendo em vista que somente ela define infrações e comina penas”. 
A imperatividade da norma penal é no sentido de fazer incorrer na pena 
aquele que descumpre o seu mandamento. Sendo ela que separa a zona do lícito da 
zona do ilícito penal. Na primeira, o homem pode agir livremente sem incorrer em 
qualquer sanção. Não pode, porém, ingressar na zona do ilícito penal sem sofrer 
consequências jurídico-criminais, afirma Damásio (2012, p. 61). 
Para Damásio, o caráter obrigatório (imperatividade) da norma está no 
sentido de que “a todos é devido o acatamento à lei penal”. 
Damásio diz ainda que: 
“Todas as leis ou normas penais são imperativas, mesmo as de caráter não 
incriminador, como as permissivas. Sendo que as normas penais não 
incriminadoras, se bem que não contenham sanção expressa, não são 
7 
 
desprovidas de sanção jurídica. São normas que se dirigem, sobretudo, aos 
órgãos do poder público, e a sua violação é juridicamente sancionada”. 
Temos ainda a característica da generalidade. A norma penal destina-se a 
toda coletividade, dirige-se a todos os cidadãos. Damásio (2012, p. 61) diz que “a 
norma penal atua para todas as pessoas. Tem eficácia erga omnes1”. 
“Diz-se que, em relação ao seu preceito primário, todos os cidadãos são 
destinatários de seu conteúdo, ao passo que o secundário se dirige aos 
encarregados de sua aplicação. O certo, porém, é que também é que a sua 
sanctio juris
2
 tem destinação geral”. (Damásio, 2012, p. 62) 
Aqui discute-se se os inimputáveis são destinatários das normas penais. 
Contudo, nos valemos mais uma vez das palavras de Damásio de Jesus, que diz 
que: “as normas jurídicas a todos se dirigem, e por isso nem aquelas a quem não se 
pune, por considerá-los a lei inimputáveis, estão subtraídos a sua eficácia 
imperativa. Assim, mesmo os inimputáveis devem obediência ao mandamento 
proibitivo contido na norma penal incriminadora”. 
Por fim, a norma penal é abstrata e impessoal, porque não endereça o seu 
mandamento proibitivo a um indivíduo. Dirige-se a fatos futuros, uma vez que não há 
crime sem lei anterior que a defina, pontua Damásio de Jesus (2012, p. 63). 
3 CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL 
Para Damásio de Jesus (2012, p. 60), as normas penais são classificadas em: 
1) normas penais incriminadoras; 2) normas penais permissivas; 3) normas penais 
finais, complementares ou explicativas. Podendo ser ainda: 4) gerais ou locais; 5) 
comuns ou especiais e 6) completas ou incompletas. Vale salientar ainda que, 
segundo o mesmo autor, as normas penais permissivas e finais são chamadas não 
incriminadoras. 
A norma penal em branco é tratada, por Damásio de Jesus, a parte, do item 
de classificação das normas, contudo entendemos ser um tipo de classificação. 
 
1 De origem latina (latim erga, "para", e omnes, "todos"), indica que os efeitos de algum ato ou lei atingem todos 
os indivíduos de uma determinada população ou membros de uma organização, para o direito nacional. 
2 Sanção penal. Toda norma penal incriminadora é composta de um preceito que é a descrição do tipo e uma 
sanção que é a reprimenda (SANCTIO JURIS). 
8 
 
Rogério Greco (2011, p. 19-25), classifica as normas penais em: 1) normas 
penais incriminadoras; 2) normas penais não incriminadoras; 3) normas penais em 
branco e 4) normas penais incompletas ou imperfeitas, onde diz que estas últimas 
são secundariamente remetidas. 
1) Normas penais incriminadoras são as que descrevem condutas puníveis e 
impõem as respectivas sanções. (Jesus, p. 60) 
Já Greco (2011, p. 19), define as normas penais incriminadoras como sendo 
reservada a função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, 
sob a ameaça da pena. Diz ainda que: 
“É a norma penal por excelência, visto que quando se fala em norma penal 
pensa-se, imediatamente, naquela que proíbe ou impõe condutas sob a 
ameaça da sanção. São elas, por isso, consideradas normas penais em 
sentido estrito, proibitivas ou mandamentais”. 
Rogério Greco fala ainda de dois preceitos que existem nas normas penais 
incriminadoras, que são: a) preceito primário e b) preceito secundário. Sendo que o 
primeiro é encarregado de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se 
procura proibir ou impor e ao segundo cabe a tarefa de individualizar a pena, 
cominando-a em abstrato. 
2) As normas penais permissivas ou não incriminadoras são, segundo 
Damásio de Jesus, as que determinam a licitude ou a impunidade de certas 
condutas, embora estas sejam típicas em face das normas incriminadoras. 
Seguindo o mesmo caminho, Rogério Greco diz que: 
“(...) ao contrário das" normas penais incriminadoras, as normas penais não 
incriminadoras tem por finalidade tornar lícitas determinadas condutas; 
afastar a culpabilidade do agente, erigindo causas de isenção de pena; 
esclarecer determinados conceitos; fornecer princípios gerais para a 
aplicação da lei penal”. 
Greco subdivide as normas penais não incriminadoras em: a) permissivas; b) 
explicativas; c) complementares. Sendo que as normas penais permissivas podem 
ser ainda: 1) permissivas justificantes, quando tem por finalidade afastar a ilicitude 
(antijuricidade) da conduta do agente e 2) permissivas exculpantes, quando se 
destinam a eliminar a culpabilidade, isentando o agente da pena. 
9 
 
Vimos que Damásio de Jesus usa o termo “norma penal permissiva” para 
caracterizar as normas penais não incriminadoras, já Rogério Greco usa o mesmo 
termo como sendo uma norma penal que está dentro das normas penais não 
incriminadoras, como uma subdivisão. 
Aqui vale dizer ainda que, para Damásio de Jesus, as normas penais 
complementares ou explicativas estão em uma categoria a parte, não sendo 
tratadas, como faz Rogério Greco, como uma subdivisão das normas penais não 
incriminadoras. 
3) As normas penais complementares ou explicativas, segundo Damásio de 
Jesus, são as que esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam o âmbito de sua 
aplicação. 
Para Rogério Greco, que trata cada palavra (complementares – explicativas) 
como uma norma, diferentemente de Damásio de Jesus, que as trata como uma 
única norma. Diz que: 
“As normas complementares são as que fornecem princípios gerais para a 
aplicação da lei penal e as normas explicativas são aquelas que visam esclarecer ou 
explicar conceitos”. 
Como dissemos anteriormente, Damásio de Jesus ainda classificas as 
normas penais em: 
4) Normas penais gerais ou locais, que são aplicadas segundo a extensão 
espacial de sua aplicação, sendo as últimas de exceção, determinadas por 
condições peculiares a certas regiões do Estado. 
5) Normas penais comuns ou especiais, que segue a divisão do Direito penal 
em Comum e Especial. 
6) Normas penais completas ou incompletas, sendo que as primeiras definem 
o crime com todos os seus elementos; as segundas são as de definição legal 
incompleta, que podem ser denominadas de normas penais em branco. 
10 
 
Para Rogério Greco, as normas penais incompletas ou imperfeitas, também 
conhecidas como secundariamente remetidas, são aquelas que: 
“Para saber a sanção imposta pela transgressão de seu preceito primário, o 
legislador nos remete a outro texto de lei. Assim, pela leitura do tipo penal 
incriminador, verifica-se o conteúdo da proibição ou do mandamento, mas 
para saber a consequência jurídica é preciso se deslocar para outro tipo 
penal”. 
Aqui vale salientar que para Rogério Greco, as normas incompletasnão 
tratam do mesmo preceito legal que as normas penais em branco. 
Mesmo tendo ciência que as normas penais em branco fazem parte da 
classificação da norma penal, trataremos desse assunto em um tópico separado. 
4 NORMAS PENAIS EM BRANCO 
Greco (2011, p. 20) conceitua normas penais em branco da seguinte forma: 
“Normas penais em branco ou primariamente remetidas são aquelas em 
que há necessidade de complementação para que se possa compreender o 
âmbito de aplicação de seu preceito primário. Isso significa que, embora 
haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer, 
obrigatoriamente, um complemento extraído de um outro diploma – leis, 
decretos, regulamentos etc – para que possam, efetivamente ser 
entendidos os limites de proibição ou imposição feitos pela lei penal, uma 
vez que, sem esse complemento, torna-se impossível sua aplicação”. 
Diz se ainda, conforme o mesmo autor, “que em branco a norma penal porque 
seu preceito primário não é completo para que se consiga compreender o âmbito de 
sua aplicação, é preciso que ele seja completado por outro diploma”. 
A doutrina divide as normas penais em branco em dois grupos: 
a) normas penais em branco homogêneas (em sentido amplo ou homólogas); 
b) normas penais em branco heterogêneas (em sentido estrito ou 
heterólogas). 
Temos a classificação dada por Jesus (2012, p. 64), que é a seguinte: 
a) normas penais em branco em sentido lato; 
b) normas penais em branco em sentido estrito. 
11 
 
Os nomes podem ser diferentes, contudo, o entendimento sobre o que são 
esses dois ramos é o mesmo, para os dois autores. 
Quando o seu complemento é oriundo da mesma fonte legislativa que editou 
a norma que necessita desse complemento, diz que a norma penal em branco é 
homogênea (Greco) ou em sentido lato (Jesus). 
Greco ainda subdivide as normas penais em branco homogêneas em: a) 
homovitelina; e b) heterovitelina. Usa para conceituar as duas formas de norma 
penal o voto do Min. Felix Fisher, proferido no Recurso Ordinário em Habeas Corpus 
nº 9.834 – São Paulo (2000/0029128-5), que diz: 
“As normas penais em branco de complementação homóloga homovitelina 
são aquelas cuja norma complementar é do mesmo ramo de direito que a 
principal, ou seja, a lei penal será complementada por outra lei penal (...)”. 
“As normas penais em branco de complementação homóloga heterovitelina 
tem suas respectivas normas complementares oriundas de outro ramo do 
direito (...)”. 
Quando o seu complemento é oriundo de fonte diversa daquele que a editou, 
diz-se que a norma penal em branco é heterogênea (Greco) ou em sentido estrito 
(Jesus). 
“Assim, para que possamos saber se uma norma penal em branco é 
considerada homogênea ou heterogênea, é preciso que conheçamos, 
sempre, sua fonte de produção. Se for a mesma, ela será considerada 
homogênea, se diversa, será reconhecida como heterogênea”. (Greco, 
2012, p. 23) 
5 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL 
Interpretar é entender o que se quer dizer efetivamente, é descobrir, com 
precisão o que algo significa. No caso, o que a norma penal busca, qual é seu 
alcance efetivo. 
“A interpretação consiste em extrair o significado e a extensão da norma em 
relação à realidade. É uma operação lógica-jurídica que se dirige a 
descobrir a vontade da lei, em função de todo o ordenamento jurídico e das 
normas superiores de cultura, a fim de aplicá-las aos casos concretos da 
vida real”. (Jesus, 2012, p. 75) 
12 
 
Para Jesus, a necessidade de se interpretar a lei está no sentido de que não 
há infrações senão as descritas pela lei penal e, em consequência, não há 
comportamento humano que não seja ou conduta licita, ou ilícita penal. Tem-se daí a 
importância e a necessidade de se interpretar as normas penais, pois o pensamento 
que nelas contém exige um trabalho prévio de verificação do que realmente quer 
dizer, pois não pode existir falha ou erro de interpretação. 
5.1 Espécies de interpretação 
Greco divide a interpretação, em primeira abordagem, em: a) objetiva 
(voluntas legis); b) subjetiva (voluntas legislatoris). 
Grego afirma que na interpretação objetiva busca-se descobrir a suposta 
vontade da lei; na interpretação subjetiva procura-se alcançar a vontade do 
legislador. Contudo, nos diz que essa divisão tem recebido duras críticas da 
doutrina. 
5.1.1 Quanto ao sujeito 
Essa interpretação diz respeito ao órgão de que emana, quanto aos meios 
que são utilizados para alcançá-la e quanto aos resultados obtidos. Podendo ser: 
a) autêntica; 
b) doutrinária; 
c) judicial (vinculante e não vinculante) 
A norma autêntica é quando a interpretação é realizada pelo próprio texto 
legal. 
“Em determinadas situações, a lei, com a finalidade de espancar quaisquer 
duvidas quanto a este ou aquele tema, resolve, ela mesma, no seu corpo, fazer a 
sua interpretação”. (Greco, 2011, p. 34) 
A interpretação autentica ainda se subdivide em: a) contextual; e b) posterior. 
13 
 
Greco define que a contextual é a interpretação realizada no mesmo 
momento em que é editado o diploma legal que se procura interpretar. Já a posterior 
é a interpretação realizada pela lei, depois da edição de um diploma legal anterior. 
Temos ainda a interpretação doutrinária, que é aquela realizada pelos 
estudiosos do Direito através de emissão de opiniões pessoais sobre a lei que 
pretende interpretar. 
“É a chamada communis opinio doctorum. A interpretação doutrinária, embora 
seja extremamente importante para que as falhas e os acertos da lei possam ser 
apontados, não é de obediência obrigatória”. (Greco, 2011, p. 35) 
A interpretação judicial é a realizada pelos juízes de primeiro grau e 
magistrados que compõem os tribunais. 
“Por intermédio de suas decisões, os magistrados tornam a lei viva, 
aplicando-a na solução dos casos concretos que lhe são apresentados. 
Deve ser ressaltado, contudo, que somente devemos falar em interpretação 
judicial ou jurisprudencial com relação àquela que é levada a efeito infra-
autos, ou seja, sempre no bojo de um processo judicial”. (Greco, 2011, p. 
35) 
5.1.2 Quanto aos meios empregados 
Quanto aos meios empregados, a interpretação pode ser: 
a) literal (ou gramatical); 
b) teleológica; 
c) sistêmica (ou sistemática); 
d) histórica 
A interpretação literal ou gramatical é aquela em que o intérprete se 
preocupa, simplesmente, em saber o real ou efetivo significado das palavras. 
“O intérprete, obrigatoriamente, deve buscar o verdadeiro sentido e alcance 
das palavras para que possa dar início ao seu trabalho de exegese. Não se 
pode, por exemplo, entender o que venha a ser homicídio sem que se 
conheça o significado da palavra alguém, contida no art. 121 do Código 
Penal”. (Greco, 2011, p. 38) 
14 
 
Na interpretação teleológica o intérprete busca alcançar a finalidade da lei, 
aquilo ao qual ela se destina regular. 
“A interpretação lógica ou teleológica consiste na indagação da vontade ou 
intenção realmente objetiva na lei e para cuja revelação e, muitas vezes, insuficiente 
a interpretação gramatical”. (Hungria apud Greco, 2011, p. 38) 
Na interpretação sistêmica, o intérprete faz sua análise da norma ou 
dispositivo legal no próprio sistema em que ele está contido, e não de forma isolado. 
“aquela forma de interpretação que tira os argumentos do pressuposto de 
que as normas de um ordenamento, ou, mais exatamente, de uma parte do 
ordenamento (como Direito Privado, o Direito Penal) constituam uma 
totalidade ordenada (mesmo que depois se deixe um pouco no vazio o que 
se deve entender com essa expressão), e, portanto, seja lícito esclarecer 
uma norma deficiente recorrendo ao chamado „espírito sistema‟, mesmo 
indo contra aquilo que resultaria de uma interpretação meramente literal”. 
(Bobbio apud Greco, 2011, p. 38) 
Greco afirma que é por meio da interpretação histórica que o intérprete volta 
ao passado, ao tempo em que foi editado o diploma que se quer interpretar, 
buscando os fundamentos desua criação, o momento pelo qual atravessava a 
sociedade etc., com vista a entender o motivo pelo qual houve a necessidade de 
modificação do ordenamento jurídico, facilitando, ainda, a interpretação de 
expressões contidas na lei. 
5.1.3 Quanto aos resultados 
A interpretação pode ser: 
a) declaratória; 
b) extensiva; 
c) restritiva. 
Na interpretação declaratória, o intérprete apenas declara a vontade da lei, 
sem, de nenhuma forma, ampliar ou restringir seu alcance. Busca apenas dirimir 
eventual dúvida entre a letra e a vontade da lei. 
15 
 
Na interpretação restritiva busca apreender o verdadeiro sentido da norma, ou 
seja, “restringe o alcance das palavras da lei até o seu sentido real”. (Jesus, 2012, p. 
83) 
Greco diz que a interpretação restritiva “é aquela em que o intérprete diminui, 
restringe o alcance da lei, uma vez que esta, à primeira vista, disse mais do que 
efetivamente pretendia dizer (lex plus dixit quam voluit)”. 
Diz-se interpretação extensiva, segundo Jesus (2011, p. 83), “é quando o 
caso requer seja ampliado o alcance das palavras da lei para que a letra 
corresponda à vontade do texto. Ocorrendo quando o texto legal não expressa a sua 
vontade, em toda a extensão desejada (lex minus dixit quan voluit)”. 
5.2 Interpretação analógica 
A variedade de situações que podem ocorrer na sociedade é bastante 
extensa, acontecendo de o legislador, em muitas passagens da norma, deixar de 
prevê um determinado comportamento social, contudo, estes comportamentos são 
similares aos que já foram previstos pelo legislador na norma. Neste caso, é 
previsto, expressamente, a utilização de um recurso que amplia o alcance da norma 
penal, que é a interpretação analógica. 
Entende-se como interpretação analógica, segundo Greco (2011, p. 40): 
“interpretação analógica quer dizer que a uma fórmula casuística, que servira de 
norte ao exegeta, segue-se uma fórmula genérica”. 
Para Jesus (2012, p. 88): 
“a interpretação analógica ou intra legem é permitida toda vez que uma 
cláusula genérica se segue a uma fórmula casuística, devendo entender-se que 
aquela só compreende os casos análogos aos mencionados por esta”. 
Damásio de Jesus (2012, p. 88) faz uma diferenciação entre interpretação 
analógica e analogia, que é: 
“A diferença, pois, entre interpretação analógica e analogia reside na 
voluntas legis: na primeira, pretende a vontade da norma abranger os casos 
semelhantes aos por ela regulados; na segunda, ocorre o inverso: não é 
16 
 
pretensão da lei aplicar o seu conceito aos casos análogos, tanto que 
silencia a respeito, mas o intérprete assim o faz, suprindo a lacuna.” 
5.3 Interpretação progressiva 
Damásio de Jesus (2012, p. 87), diz que: “interpretação progressiva, 
adaptativa ou evolutiva é a que se faz adaptando a lei às necessidades e 
concepções do presente”. 
“A lei vive e se desenvolve em ambiente que muda e evolui e, uma vez que 
não queiramos reformá-la frequentemente, é mister adaptar a norma, como 
sua própria vontade o permite, às novas necessidades da época”. (Asúa 
apud Jesus, 2012, p. 85) 
5.4 Interpretação conforme a constituição 
É o método por meio do qual o intérprete, de acordo com a concepção penal 
garantista, procura aferir a validade das normas mediante seu confronto com a 
Constituição. 
“As normas infraconstitucionais devem, sempre, ser analisadas e 
interpretadas de acordo com os princípios informadores da Carta 
Constitucional, não podendo, de modo algum, afrontá-los, sob pena de ver 
judicialmente declarada sua invalidade, seja mediante o controle direto de 
constitucionalidade, exercido pelo Supremo Tribunal Federal, seja pelo 
controle difuso, atribuído a todos os juízes que atuam individualmente 
(monocráticos) ou coletivamente (colegiados)”. Greco (2011, p. 41) 
5.5 Dúvidas em matéria de interpretação 
Rogério Greco (2011, p. 42) levanta o seguinte questionamento: 
“(...) se ainda persistir a dúvida no âmago do intérprete, podemos aplicar o 
princípio do in dubio pro reo, ou seja, a dúvida em matéria da lei penal deve ser 
levada em benefício do agente que supostamente praticou a infração penal?” 
Com a finalidade de responde a essa indagação, segundo Greco, surgem três 
correntes. A primeira delas aduz que em caso de dúvida de interpretação, essa deve 
pesar em prejuízo do agente (in dubio pro societate). A segunda diz que na dúvida 
de interpretação que é competente para solucionar é o julgador, que pode ser em 
favor ou contra o agente. A última, e que é a corrente aceita no Direito Penal 
17 
 
brasileiro, diz que em caso de dúvida na interpretação, deve esta ser resolvida em 
benefício do agente (in dubio pro reo). Sendo essa posição defendida por inúmeros 
juristas, inclusive Hungria, que diz: 
“No caso de irredutível dúvida entre o espírito e as palavras da lei, é força 
acolher, em direito penal, irrestritamente, o princípio do in dubio pro reo (isto 
é, o mesmo critério de solução nos casos de prova dúbia no processo 
penal). Desde que não seja possível descobrir a voluntas legs, deve guiar-
se o intérprete pela conhecida máxima: favorablia sunt amplianda, odiosa 
restringenda. O que vale dizer: a lei penal deve ser interpretada 
restritivamente quando prejudicial ao réu, e extensivamente no caso 
contrário”. Hungria apud Greco (2011, p. 43) 
6 ANALOGIA 
A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a 
disposição relativa a um caso semelhante. Rogério Greco aduz que: 
“Define-se analogia como uma forma de autointegração da norma, 
consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal 
relativa a um caso semelhante, atendendo-se, assim, ubi eadem ratio, ubi 
eadem legis dispositivo”.
3
 
Para Ana Flávia Messa (2010, p. 26), “analogia é a aplicação a uma hipótese 
não prevista em lei de um preceito legal (analogia legal) ou princípio jurídico 
(analogia Jurídica) que regula caso semelhante”. 
Já para Luiz Regis Prado apud Greco: 
“Por analogia, costuma-se fazer referência a um raciocínio que permite 
transferir a solução prevista para determinado caso a outro não regulado 
expressamente pelo ordenamento jurídico, mas que comparte com o 
primeiro certos caracteres essenciais ou a mesma ou suficiente razão, isto 
é, vinculam-se por uma matéria relevante simili ou a pari”. 
A aplicação da analogia está amparado pelo art. 4º da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, que diz: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso 
de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. 
Quando se trata de aplicar a analogia no Direito penal, Greco (2011, p. 44) 
observa que: 
 
3 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, parte especial. V. 1. 13. ed. p. 43. 
18 
 
“É terminantemente proibido, em virtude do princípio da legalidade, o 
recurso à analogia quando esta for utilizada de modo a prejudicar o agente, 
seja ampliado o rol de circunstâncias agravantes, seja ampliando o 
conteúdo dos tipos penais incriminadores, a fim de abranger hipóteses não 
previstas expressamente pelo legislador.” 
Já para Messa (2010, p. 26), “no direito penal, é permitida a analogia in 
bonam partem. Lei excepcional não admite analogia. A doutrina majoritária sustenta 
a possibilidade de analogia in bonam partem nas causas excludentes de ilicitude e 
culpabilidade”. 
Existe ainda a célere pergunta: na analogia, temos a aplicação ou 
interpretação da lei? 
Para responder a esta pergunta nos valemos do que diz Battaglini apud 
Damásio de Jesus: “é evidente que se deve falar em aplicação e não em 
interpretação, pois é impossível interpretar uma norma inexistente. O que ocorre é a 
aplicação ao caso a ser decidido de norma ou regra que regula hipótese semelhante 
em matéria análoga; pela regulamentação de caso análogo, infere-se que o 
legislador comportar-se-ia da mesma maneira, se tivesse previsto o caso que na 
norma não se enquadra”.Greco parte do raciocínio de Fabrício Leiria para fazer a distinção entre 
analogia in bonam partem e analogia in malam partem, quando diz: 
“Em matéria penal, por força do princípio de reserva, não é permitido, por 
semelhança, tipificar fatos que se localizam fora do raio de incidência da 
norma, levando-as à categoria de delitos. No que tange às normas 
incriminadoras, as lacunas porventura existentes, devem ser consideradas 
como expressões da vontade negativa da lei. E, por isso, incabível se torna 
o processo analógico. Nestas hipóteses, portanto, não se promove a 
integração da norma no caso por ela não abrangido”. 
“A aplicação da analogia in bonam partem, além de ser perfeitamente viável, 
é muitas vezes necessária para que ao interpretarmos a lei penal não cheguemos a 
soluções absurdas. Se a analogia in malam partem, já deixamos entrever, é aquela 
que, de alguma maneira, prejudica o agente, a analogia in bonam partem, ao 
contrário, é aquela que lhe é benéfica”. 
Para Assis de Toledo apud Greco “é preciso notar, porém, que a analogia 
pressupõe falha, omissão da lei, não tendo aplicação quando estiver claro no texto 
19 
 
legal que a mens legis quer excluir de certa regulamentação determinados casos 
semelhantes”. 
Vicente Cernicchiaro e Roberto Lyra Filho apud Greco definem analogia in 
malam partem como: 
“significa a aplicação de uma norma que define o ilícito penal, sanção, ou 
consagre occidentalia delicti (qualificadora, causa especial de aumento de 
pena e agravante) a uma hipótese não contemplada, mas que se 
assemelha ao caso típico. Evidentemente, porque prejudica e contrasta o 
princípio da reserva legal, é inadmissível”. 
Damásio de Jesus diz que para que seja permitido o recurso à analogia exige-
se a concorrência dos seguintes requisitos: 
“1º) que o fato considerado não tenha sido regulado pelo legislador; 2º) 
este, no entanto, regulou situação que oferece relação de coincidência, de 
identidade com o caso não regulado; 3º) o ponto comum às duas situações 
(a regulada e não prevista) constitui o ponto determinante na implantação 
do princípio referente à situação considerada pelo julgador”. 
6.1 Espécies de analogia 
Segundo Jesus (2012, p. 95) a analogia divide-se, tradicionalmente, em: 
a) analogia legal (ou analogia legis); 
b) analogia jurídica (ou analogia juris). 
A analogia legis é a que compreende uma argumentação trabalhada sobre 
textos da norma penal, quando se verifica a insuficiência de sua redação, sendo 
assim definida sua atuação por Damásio de Jesus: “A analogia legis atua quando o 
caso não previsto é regulado por um preceito legal que rege um semelhante”. 
A analogia juris ocorre quando se aplica à espécie não prevista em lei, e com 
a qual não há norma que apresente características semelhantes, sendo que, 
segundo Damásio de Jesus, “ocorre quando o princípio para o caso omitido se 
deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico considerado em seu 
conjunto”. 
 
20 
 
6.2 Emprego da analogia 
Damásio de Jesus (2012, p.96-97), define assim o emprego da analogia 
quando ao Direito Penal: 
“Encontra-se proibido em relação às normas penais em sentido estrito, 
quais sejam, as que definem infrações e cominam penas (as denominadas 
normas penais incriminadoras). Não pode a analogia criar figura delitiva não 
prevista expressamente, ou pena que o legislador não haja determinado”. 
Portanto, a conclusão que se tem é que a analogia in malam partem é 
proibida e segundo Jesus, “essa proibição não se aplica apenas às normas 
incriminadoras contidas do Direito Penal. Tem eficácia em relação a todas as leis 
que descrevem crimes e impõem sanções, estejam em qualquer estatuto”. 
7 CONCURSO (OU CONFLITO) APARENTE DE NORMAS 
Greco diz que “fala-se em concurso aparente de normas quando, para 
determinado fato, aparentemente, existem duas ou mais normas que poderão sobre 
ele incidir”. 
Frederico Marques apud Greco faz a seguinte conceituação: 
“o concurso de normas tem lugar sempre que uma conduta delituosa pode 
enquadrar-se em diversas disposições da lei penal. Diz-se, porém, que esse 
conflito é tão-só aparente, porque, se duas ou mais disposições se mostram 
aplicáveis a um dado caso, só uma dessas normas, na realidade, é que o 
disciplina”. 
O conflito deverá ser resolvido com a análise dos seguintes princípios: 
a) princípio da especialidade; 
b) princípio da subsidiariedade; 
c) princípio da consunção; 
d) princípio da alternatividade. 
O Princípio da alternatividade é usado apenas por alguns autores, como é o 
caso de Rogério Greco, que é autor de uma das obras que estamos usando para a 
realização deste trabalho. 
21 
 
7.1 Princípio da especialidade 
Baseado no princípio da especialidade, a norma especial afasta a aplicação 
da norma geral. 
Damásio de Jesus (2012, p. 150), diz que: 
“As duas disposições (especial e geral) podem estar contidas na mesma lei 
ou em leis distintas; podem ter sido postas em vigor ao mesmo tempo ou 
em ocasiões diversas. É preciso, porém, na relação de generalidade e 
especialidade entre normas, que sejam contemporâneas, o que pode deixar 
de ocorrer na consunção”. 
Rogério Greco (2011, p. 28) aduz que: 
“Em determinados tipos penais incriminadores, há elementos que os tornam 
especiais em relação a outros, fazendo com que, se houver uma 
comparação entre eles, a regra contida no tipo especial se amolde 
adequadamente ao caso concreto, afastando, dessa forma, a aplicação da 
norma geral”. 
Damásio de Jesus fala ainda da característica que distingue o princípio da 
especialidade dos demais, “a prevalência da norma especial sobre a geral se 
estabelece in abstracto, pela comparação das definições abstratas contidas nas 
normas, enquanto os outros exigem um confronto em concreto das leis que 
descrevem o mesmo fato”. 
7.2 Princípio da subsidiariedade 
Pelo princípio da subsidiariedade, a norma dita subsidiária é considerada, na 
expressão de Hungria apud Greco, como um “soldado de reserva”, ou seja, para 
Greco, “na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, 
aplica-se a norma subsidiária menos grave”. 
Greco diz ainda que, a subsidiariedade, pode ser expressa ou tácita. 
Sendo expressa ou explícita quando a própria lei faz a sua ressalva, deixando 
transparecer seu caráter subsidiário. É tácita ou implícita quando o artigo, embora 
não se referindo expressamente ao seu caráter subsidiário, somente terá aplicação 
nas hipóteses de não ocorrência de um delito mais grave, que, neste caso, afastará 
a aplicação da norma subsidiária. 
22 
 
7.3 Princípio da consunção 
Greco afirma que para falar em princípio da consunção tem que ser sobre as 
seguintes hipóteses: 
1) quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparação ou de 
execução de outro crime; 
2) nos casos de antefato ou pós-fato impuníveis. 
Greco diz que “a consumação absorve a tentativa e esta absorve o 
incriminado ato preparatório; o crime de lesão absorve o correspondente crime de 
perigo; o homicídio absorve a lesão corporal; o furto em casa habitada absorve a 
violação de domicílio etc”. 
Para Greco, o fato impunível seria a situação antecedente praticada pelo 
agente a fim de conseguir levar a efeito o crime por ele pretendido inicialmente e 
que, sem aquele, não seria possível. Já o pós-fato impunível pode ser considerado 
um exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, por ele não 
pode ser punido. 
Para Fragoso apud Greco: 
“os fatos posteriores que significam um aproveitamento e por isso ocorrem 
regularmente depois do fato anterior são por estes consumidos. É o que 
ocorre os crimes de intenção, em que aparece especial fim de agir. A venda 
pelo ladrão da coisa furtada como própria não constitui estelionato. Se o 
agente falsifica moeda e depois a introduz em circulação prática apenas o 
crime de moeda falsa (art. 289, CP)”. 
7.3.1 Crime progressivo e progressão criminosa 
O crime progressivoocorre quando o agente, a fim de alcançar o resultado 
pretendido pelo seu dolo, obrigatoriamente, produz outro, antecedente e de menor 
gravidade, sem o qual não atingiria o seu fim. 
“Os crimes que ocorrem antes do resultado final pretendido pelo agente são 
reconhecidos como crimes de ação de passagem, que terão de ser levados 
a efeito a fim de possibilitar o crime progressivo”. (Greco, 2011, p. 31) 
23 
 
Na progressão criminosa, ao contrário do crime progressivo, o dolo inicial do 
agente era dirigido a determinado resultado e, durante os atos de execução, resolve 
ir além, e produzir um resultado mais grave. 
André Estefam apud Greco afirma que: 
“Não se deve confundir progressão criminosa em sentido estrito com crime 
progressivo. Naquela, o agente modifica seu intento durante a execução do 
fato, isto é, inicia com um objetivo determinado (por exemplo: decide furtar 
um objeto encontrado no interior do imóvel em que ingressou). No crime 
progressivo, o agente possui, desde o princípio, o mesmo escopo e o 
persegue até o final, ou seja, pretendendo um resultado determinado de 
maior lesividade (v.g., a morte de alguém), pratica outros fatos de menor 
intensidade (v.g., sucessivas lesões corporais) para atingi-lo”. 
7.4 Princípio da alternatividade 
Greco (2011, p. 32) lembra que “embora os três princípios sejam os indicados 
para a solução do conflito aparente de normas”, é mencionado um quarto princípio, 
que é o princípio da alternatividade, que, para ele, “terá aplicação quando 
estivermos diante de crimes tidos como de ação múltipla ou de conteúdo variado, ou 
seja, crimes plurinucleares, nos quais o tipo penal prevê mais de uma conduta em 
seus vários núcleos”. 
“A rigor, o princípio da alternatividade não diz respeito à hipótese de conflito 
aparente de normas, uma vez que, não existem duas normas que, 
supostamente, dispõem sobre o mesmo fato, mas, sim, vários núcleos, 
constantes do mesmo tipo penal, que poderiam ser imputados ao agente”. 
(Greco, 2011, p. 32) 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este trabalho apresentou a norma penal, seus conceitos e suas 
características, a classificação, a interpretação e a integração da lei penal, bem 
como a analogia e, falou-se também do conflito aparente de normas. 
Sob essa ótica, como futuros operadores do Direito, devemos conhecer bem 
o assunto abordado e saber discernir e identificar as diversas características da 
norma penal. 
Conforme Rogério Greco (2011, p. 17) “(...) a lei, portanto, é a bandeira maior 
do Direito Penal. Sem ela, proibindo ou impondo condutas, tudo é permitido”. 
24 
 
Ao concluir, observamos que não existem normas penais apenas com a 
finalidade única e exclusiva de punir aqueles que praticam as condutas descritas nos 
chamados tipos penais incriminadores. Existem normas que possuem um conteúdo 
explicativo, ou mesmo têm a finalidade de excluir o crime ou isentar o réu de pena, 
que são chamadas de normas penais não incriminadoras. 
Na perspectiva do desenvolvimento do trabalho proposto, consideramos 
relevante a pesquisa e a continuidade desta para o enriquecimento do saber no 
processo de ensino-aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
REFERÊNCIAS 
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 
2006. 
________. Curso de direito penal. v. 3. São Paulo: Saraiva, 2004. 
GRECO, Rogério. Curso de direito penal, parte geral. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Impetus, 2011. 
JESUS, Damásio de. Direito penal – parte geral. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
v. 1. 
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro - parte geral. vol. 1. 4. ed. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 
MESSA, Ana Flávia. Direito penal, para aprender Direito. 2. ed. São Paulo: Barros, 
Fischer & Associados, 2010. 
MIRABETE, Júlio Fabbrine. Manual de direito penal - parte geral. 8. ed. São 
Paulo: Atlas, 1994. v. 1.

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