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Resenha a mineração na américa espanhola colonial

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RESENHA – A MINERAÇÃO NA AMÉRICA ESPANHOLA COLONIAL 
A procura tanto de ouro quanto de prata levou com que os espanhóis explorassem com uma rapidez impressionante as novas colônias. Obviamente o material mais almejado era o ouro, no entanto, o maior predomínio foi o da prata.
A medida em que os metais eram descobertos, também foram aumentando a população em vários locais e inclusive “inaugurando”, por assim dizer, algumas vilas em locais nunca antes habitados. O comércio e as estradas também foram amplificados graças aos novos circuitos econômicos. Além disso, as vilas mineiras recebiam vários itens advindos da Espanha, do Oriente e até mesmo escravos da África. 
A mineração também foi um motor para o desenvolvimento interno, sendo cultivado grãos, produzido vinho, criado gado e mulas em vários locais, além dos transportes e do trabalho especializado. Foram poucas as regiões que não sofreram com a influência dos metais.
O minério de prata era normalmente encontrado em veio, em que era escavado mais fundo em busca de mais minérios. Essa escavação a fundo criou túneis sinuoso, por vezes chamado de sistema del rato (sistema oportunista). Tal sistema foi desenvolvido principalmente devido ao fato de que os primeiros mineiros a escavarem, eram em sua maior parte amadores. Haviam poucos profissionais nas terras para ensinarem aos milhares de mineradores como se extrair os minérios com praticidade. Além disso, a coroa ansiava apenas aos lucros imediatos, ao invés de querer difundir como extrair os minérios com racionalidade, facilidade e praticidade. Além de tais fatos, a grande disponibilidade de mão-de-obra indígena também foi um dos motivos para o sistema del rato ser utilizado, tendo em vista que era mais barato utilizar os indígenas para transportar o material pelas passagens estreitas. 
 A mineração era feita principalmente por indígenas, havendo pouca participação de negros, escravos e livres, sendo a participação deles a principal na mineração de ouro. Os indígenas trabalharam por encomenda, escravidão, recrutamento forçado e por contratos contra salários. Portanto, quando a população nativa entrou em crise, foram importados escravos negros. 
A explicação por trás do uso da mão-de-obra negra na mineração de ouro, era que eles resistiam às doenças, enquanto os índios morriam. Por outro lado, quando empregavam os negros na mineração de prata nas montanhas, sua mortalidade era altíssima, sendo um obstáculo da coroa, que tentava substituir o trabalho indígena pelo escravo negro. 
O uso do trabalho nativo foi sendo disseminado por toda a América Central e do Sul. A medida em que os espanhóis avançavam conquistando novas terras, haviam indígenas que resistiam, sendo depois de conquistados, tornados legitimamente escravos. 
A existência dos antigos povos dominadores nas Américas, tanto os astecas quanto os incas, que obrigavam os povos dominados a prestarem serviços ao Estado dominante, facilitou com que os espanhóis convocassem indígenas para os trabalhos nas minas, tendo em vista que já estavam de certa forma habituados a esse costume, dadas as dominações anteriores, principalmente a inca, que praticava a mita. 
A mita consistia em ficar fixamente trabalhando em certo lugar por ordem estatal. A encomienda foi sendo superada pelo sistema de recrutamento, a mita, em que os índios deviam receber salários, limitando a duração de tempo do trabalho deles, tendo em vista que esses recrutamentos eram apenas utilizados a períodos específicos segundo as necessidades de mão-de-obra específicas da área.
O exemplo mais famoso a respeito dessa forma de empregar a mão-de-obra era a mita de Potosí. Em Potosí, os homens deveriam se dirigir todos os anos a esse local e permanecerem nele por um ano. O trabalho começava na terça-feira de manhã e ia até o sábado à noite, pois domingo era dia de descanso. Porém, quando a população dos Andes diminui, a carga de trabalho em Potosí aumenta, sendo o rodízio de trabalhadores feito depois de 7 anos em média. A mita foi ela mesma um dos motivos para o declínio da população, pois, para escaparem dela, as pessoas fugiam dos locais de recrutamento. 
Outra forma de se sair da mita, era comprar a sua saída, por alugar pessoas para te substituírem ou pagar aos empregadores a quantia necessária para a sua saída. Essa prática era muito interessante financeiramente para os empregadores, pois, se a mina estivesse exaurida, por exemplo, a quantia paga para “fugir” desse trabalho era muitas vezes maior do que a prata que essa pessoa produziria estivesse trabalhando nas minas. 
Nas minas, o trabalho de se extrair o minério era deixada aos barreteiros, sob muitas vezes muito calor, em um ambiente com pouquíssima ventilação e pouco iluminada. Aos tenateros, eram reservados o trabalho de se levar o minério extraído, para fora do estreito buraco, porém, sua tarefa não era fácil tendo em vista que podiam chegar a carregar 150 kg de minério e passando por locais estreitos, com largas cavidades, que se um homem caísse ou morreria, ou seria muito ferido. Além desses riscos, a mudança drástica de temperatura dentro das minas e fora delas nos Andes poderiam causar doenças. A doença mais comumente adquirida era a doença do pulmão, sendo ela piorada pelo pó das escavações.
As minas de mercúrio eram sem dúvidas as mais perigosas. Elas muitas vezes possuíam gases venenosos em seu interior além de que as rochas que envolvem o mercúrio são instáveis, causando desmoronamentos. Além disso, seus trabalhadores por serem expostos ao mercúrio, muitas vezes ficavam doentes devido ao envenenamento por esse minério.

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