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Rebeka Freitas Rebeka Freitas - A pancreatite é uma condição inflamatória do pâncreas ⇾ autodigestão do tecido pancreático por enzimas pancreáticas ativadas inapropriadamente. - O pâncreas exócrino produz enzimas que desembocam no ducto de Wirsung e são direcionadas para a segunda porção do duodeno ⇾ nesse ponto, essas enzimas são ativadas por outras enzimas. - O processo de dificuldade de saída da secreção pancreática para a segunda porção do duodeno faz com que as enzimas sejam ativadas no próprio pâncreas, levando à autodigestão. - A pancreatite aguda grave tem uma mortalidade acima de 20-30%; a pancreatite aguda leve tem mortalidade de 1% ⇾ a mortalidade global da pancreatite aguda é de 15%. - A pancreatite aguda prejudica o pâncreas, e pode ter repercussões em órgãos à distância (rim ⇾ desidratação, insuficiência renal; sistema respiratório ⇾ derrame pleural, IRA, hipoventilação). - Na pancreatite aguda ocorre elevação dos níveis de enzimas pancreáticas no sangue e em outros fluidos (liquido da ascite, por exemplo ⇾ ascite pancreática). - A forma edematosa (grau I na classificação de Balthazar) é normalmente a forma mais leve de pancreatite aguda; há também a forma necrótica (sublcassificada em graus conforme a quantidade de necrose). - O impedimento da saída das enzimas pancreáticas para o duodeno pode ocorrer por um cálculo que migra da vesícula biliar e obstrui o ducto comum do pâncreas e da via biliar ⇾ por isso pode acontecer icterícia associada; um edema na cabeça do pâncreas também pode obstruir a via biliar. - Com a autodigestão promovida pelas enzimas inapropriadamente ativadas, pode acontecer sangramento no pâncreas, o que pode promover translocação bacteriana da flora intestinal (duodeno, cólon transverso) para essa região, gerando infecção ⇾ portanto, uma necrose a princípio asséptica pode tornar-se uma necrose infectada. - Lesão tissular inicial ⇾ resposta inflamatória local ⇾ resposta inflamatória sistêmica ⇾ falência de múltiplos órgãos. - Existem três subclassificações para pancreatite: - Causas de pancreatite aguda: litíase biliar/microlitíase, etilismo, pós-operatório (trauma local), trauma (lesão de aceleração e de desaceleração), neoplasia (tumores de apêndice, outros), drogas, hiperlipidemia familiar/hipertrigliceridemia (triglicerídeos acima de 1000 podem gerar pancreatite aguda); idiopática (só quando todas as outras causas forem descartadas). - Litíase e etilismo correspondem, juntos, a 80% dos casos de pancreatite aguda; causas idiopáticas equivalem a 10%; o restante corresponde a 10%. - Hipóteses para pancreatite aguda biliar: obstrução do ducto pancreático ou obstrução da ampola de Vater; edema da papilar maior pós passagem de cálculo; refluxo da bile através do ducto pancreático, o que dificultaria a passagem das enzimas pancreáticas do ducto de Wirsung para o duodeno. - 3 a 7% dos portadores de litíase biliar desenvolvem pancreatite aguda. - Se o paciente ficar grave e esse estado refletir uma colangite (infecção de via biliar) e uma estase significativa da via biliar ⇾ colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) com papilotomia: o esfíncter de Oddi é aberto, desfeito para que a bile desça diretamente, sem mecanismo valvular ⇾ diminuição na via biliar. - A CPRE deve ser realizada preferencialmente em até 48- 72h. - Quadro clínico: dor abdominal (de moderada a grave) epigástrica ou em faixa, do tipo continua; náusea e vômitos significativos; febre; icterícia; parada da eliminação de gases (hipoatividade intestinal); distensão abdominal; choque. Pancreatite Aguda Rebeka Freitas - Exame físico: fascies de sofrimento; posição antálgica do paciente (fica voltado para a frente); taquicardia, sudorese, palidez cutaneomucosa; abdome doloroso (normalmente sem irritação peritoneal); comprometimento peritoneal (sinal de Cullen e de Gray Turner); febre; derrames cavitários; choque. - Sinal de Cullen: - Sinal de Gray Turner: - Diagnostico: clinico (dor abdominal característica com náuseas e vômitos), laboratorial e exames de imagem ⇾ o exame de imagem é utilizado quando o diagnostico clinico ou laboratorial não tiver sido fechado. - Laboratório na pancreatite aguda: hemograma; amilasemia (principal marcador de lesão pancreática; eleva-se 24-48h depois); lipasemia (eleva-se após 48-72h dos sintomas); calcemia (valor prognostico ruim se menor que 8mg/dL) - Amilase e lipase não são marcadores de gravidade, e sim marcadores de lesão. - Há amilase em outros locais (amilase salivar, entérica) ⇾ por isso, discretos aumentos que sejam menores do que 5x o valor normal da amilase não são indicativos de pancreatite aguda. - A amilasemia é um exame sensível, enquanto a lipasemia é um exame específico. - Necrose pancreática ⇾ dépositos de cálcio ⇾ saponificação. - Imagem na pancreatite aguda: • Radiografia simples de abdome: afastar pneumoperitônio (paciente em pé; avalia-se o hipocôndrio direito) e oclusão intestinal; avaliar íleo paralitico (alça sentinela); cálculos radiopacos (cálcio) em posição de vesícula • Radiografia de tórax: avaliar derrame pleural. • Ultrassonografia de abdome: exame ótimo para avaliar colelitíase; o pâncreas pode parecer normal em casos leves de pancreatite; hipoecogenicidade, aumento de volume; a USG é ótima para visualizar a vesícula e vias biliares, o que não acontece com o pâncreas; íleo paralítico e distensão gasosa dificultam a USG abdominal; o cólon inviabiliza a visualização da via vesicular distal. • Tomografia de abdome com contraste: - Pacientes com necroses acima de 30% fazem quadros mais graves, com mortalidade maior. • Colangiopancreatografia por RM: o “contraste” é o próprio liquido da via biliar (bile), que fica corado no exame; tudo que aparece preto é imagem negativa e sugestiva de cálculo biliar ⇾ coledocolitíase; a colangiopancreatografia por RM também é útil para avaliar cistos de pâncreas. - Prognósico: critérios de APACHE II; proteína C reativa (marcador isolado de gravidade); critérios de Ranson (sensibilidade 75%; especificidade 77%). - Os critérios de Ranson estão relacionados à resposta inflamatória sistêmica. Rebeka Freitas - Mortalidade de acordo os critérios de Ranson: • <2 pontos: menos de 15%; • 3-5 pontos: 15% • 5-7 pontos: 40% • > 7 pontos: 100% - O escore de Apache também leva em conta critérios de SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica): temperatura, pressão, FC, FR, oxigenação, pH, bicarbonato, sódio, potássio, escala de Glasgow, outros. - Tratamento: conservador; se o paciente estiver com pancreatite aguda leve, pode ir pra casa com a condição de retornar com qualquer sinal de piora. - Objetivos do tratamento: sedar a dor, combater o choque (hidratação), prevenir ou tratar alterações metabólicas, reduzir a secreção pancreática (jejum). e controlar as complicações.
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