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1 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO Pólipos, Hiperplasia Endometrial e Câncer de Endométrio Patologias do corpo uterino Iremos começar a aula falando de dois processos do corpo uterino de caráter mais inflamatório. • Endometriose; o Pode acometer as mulheres, e acomete frequentemente; o É uma doença inflamatória de endométrio, e por tanto de corpo uterino; o Ao longo dos anos pode comprometer a saúde reprodutiva da mulher bem como sua qualidade de vida; o Dismenorreia, isso é, dores pélvicas, pode estar ligado a endometriose, mas não necessariamente é patológico. • Adenomiose. o Condição muito mais rara, clinicamente pode ser semelhante a endometriose. Vale lembrar sobre A DIP: A doença inflamatória pélvica (DIP) que na verdade dependendo do grau pode comprometer toda sua estrutura uterina, atingindo corpo, ou seja, sua cavidade, trompas, ovários etc. Quando pensamos em uma DIP, evoluindo para o endométrio, chamamos de endometrite. O ENDOMÉTRIO: • É a mucosa uterina constituída por epitélio cilíndrico simples, glândulas, estroma e vasos sanguíneos. o O que é muito importante saber: prestar atenção que quando estamos falando de corpo uterino dizemos sobre a cavidade propriamente dita. A camada mais espessa é o endométrio. Sua característica é cilíndrica e simples, que reveste toda a estrutura da mucosa. É um epitélio glandular, altamente especializado em produzir muco e em toda sua disposição vemos a presença de glândulas. Podemos ter alteração de miométrio, sem afetar endométrio, logo essas camadas variam. O miométrio tem papel importante na expulsão do feto, posto sua estrutura muscular. • Será que durante o ciclo menstrual, desde o dia zero até o último dia que culmina na menstruarão, essa estrutura do endométrio sofre alteração? o Sim, muitas. A alteraçao no endométrio no ciclo menstrual: A) Fase folicular: pouco muco; B) Fase secretora: marcada pela progesterona, as glândulas adquirem aspecto meio curvo, e aqui começa a produção de muco maior, e acontece tanto se houver a ovulação assim como se não houver. A maioria das mulheres tem um ciclo de 28 dias, sendo que na metade desse ciclo temos a ovulação, isso é, a liberação de um óvulo maduro pronto para ser fecundado. Uma mulher de 26 dias, a ovulação seria no dia 23, e isso portanto varia de acordo com a individualidade de cada mulher. A partir dessa marca, podemos dividir o ciclo em duas fases: • A inicial, entre 0 e 14, chamado de fase proliferativa; o Durante essa fase folicular ou proliferativa, o processo que vai acontecendo é a maturação dos folículos, e vai produzindo muito estrógeno. Essa fase que precede a ovulação, tem o aumento de estrógeno, oriundo do próprio ovário, das células foliculares; o O nível de progesterona nessa fase é mais estável e baixo. 2 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO o Quando o pico de estrógeno cai, permite a liberação de FSH e LH. • Daqui, podemos ver que as pílulas e métodos contraceptivos são a base de manter o estrógeno alto. • Mulheres que tem histórico de câncer de mama na família não podem tomar anticoncepcional muitas vezes, já que podem aumentar a sensibilização dos receptores e isso favorece o aparecimento de carcinomas de mama. o Imunohistoquimica e citogenética mostram o quanto os receptores de estrógeno estão presentes. 1) ENDOMETRIOSE: BRAINSTORM: • Idade fértil: o A endometriose é uma doença de mulheres em idade fértil, já que possui ligação direta com o fator hormonal. Ela pode passar uma vida toda com uma endometriose e ser diagnosticada mais velha; o Na menopausa pode regredir. • Infertilidade; o Acontece que as alterações morfológicas especialmente no útero da mulher, e não só no útero, pode comprometer ovário, tubas, podem levar a infertilidade. Logo, é recorrente a seguinte queixa: mulher não acontece engravidar, logo pode ser uma possível causa a endometriose. Apesar de ocorrer, a DIP é a causa mais comum de infertilidade. • Menometrorragia; o Alteração de fluxo menstrual, diz respeito esse termo a uma hemorragia uterina e pode ocorrer fora do período menstrual. Um pólipo, um câncer cervical, pode causar uma metrorragia. Quando colocamos meno, significa que pode ser um sangramento excessivo na mesntruação e excessivo fora do período menstrual. o Meno é quem menstrua ainda, metro não menstrual. • Dismenorreia; o É a conhecida e indesejada cólica menstrual. • Dor pélvica, constipações e disúria (dor para urinar); o Fica constipada, sem conseguir defecar, e quando vai urinar sente dor. • Dispareunia: o Dor no ato sexual, geralmente oriunda de infecções vaginais também. Vale destacar que esses sinais e sintomas não são mandatórios dessa doença, e sim um achado que pode estar relacionado. • Atinge 10% a 25% das mulheres em idade reprodutiva; Presença de endométrio fora do útero (tecido endometrial ectópico) o A laparoscopia mostra a presença de tecido endometrial fora do útero, isso caracteriza a doença. • Ovários e ligamentos uterinos; • Septo retovaginal; • Fundo de saco; • Peritônio; • IG, ID e apêndice; • Colo uterino, vagina e tubas; • Cicatrizes e laparotomia. Glândulas endometriais (seta amarela) e estromas vistos (seta verde) em músculo liso do colón. Notar a presença de hemossiderina; Presença de glândulas endometriais e estroma em muscular de apêndice; IHQ+- CD10-Marcador de estroma endometrial; 3 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO O mais comum, é a presença de endométrio nos ovários, e é muito sangrante; A grande preocupação da mulher que tem endometriose é tanto a infertilidade como o aumento no risco de carcinoma de ovário. A patogenia: • Como o endométrio sai do útero e se depositam em outros lugares? o Existem 4 teorias aceitas, e desses a 1 é a mais aceita. 1) Teoria regurgitante; Mediadores químicos pró-inflamatórios e a enzima aromatase produzida pelo estroma endometrial exercem papel central na patogênese da endometriose; Quando os implantes endometrióticos se depositam em células adjacentes, elas respondem não só ao estrógeno (que induz hiperplasia), como também começam a apresentar características próprias como a produção de aromatase, o que não é algo comum. 2) Teoria das metástases benignas (ossos, pulmões, cérebro.); 3) Teoria metaplásica; 4) Teoria das células tronco extrauterinas. Os aspectos clínicos: Temos uma classificaçao: 2) Adenomiose: • Presença de glândulas endometriais e estroma na camada muscular da parede uterina (endométrio no miométrio); • Sintomas semelhantes a endometriose; • Sem caráter de malignidade; o Não vira câncer, é mais uma questão de diagnostico diferencia para endometriose; o Apenas acompanhamos. • Acima dos 40 anos; • Comum em associação com a endometriose. USG transvaginal mostra lesões em leque ou em raio, com espessamento de parede uterina. As neoplasias do corpo uterino: Quando temos uma sintomatologia de dor, sangramento intenso e se tratando de uma idade reprodutiva, o clínico deve se perguntar: seria isso uma neoplasia? Categorizamos em duas classes essas neoplasias: 1) Neoplasias de origem mesenquimal; A) LEIOMIOMA: • É o mesmo que mioma essa neoplasia, e é benigna e de músculo liso. • Vários fatores estão ligados, como: idade (mais velha) etnia (mulheres negras) nuliparas (pode já ter tido gestação de parto normal ou cesariana, mas existe uma situação diferente de a gente comparar uma mulher que já passou por uma gestação ou mais.) Obesidade também pode influenciar, já que temos a relação com os hormônios de origem lipídica, como estrógeno. • Menometroragia: pode sangrar muito no ciclo, como fora também; • Histerectomia, tirada do útero. • Dispareunia, é a dor duranterelações sexuais; Essa sintomatologia que é característico de um leiomioma não é específica, poderia ser um câncer cervical, de colo, infecção, um pólipo na regiao uterina, por isso a necessidade de biópsia, ultrassom. É improvável que um leoimioma vira um leiomiossacroma, ou seja, vire um câncer, ocorra malignização. Se a mulher é menopausada, devemos pensar que pode ser um carcinoma de endométrio. 4 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO O que devemos saber? • Neoplasia benigna de musculo liso; • Podem ser únicos ou múltiplos; e 50% é assintomático; • Apresentam forte correlação com níveis de estrógeno e progesterona elevados; • Alterações cromossômicas mais frequentem envolvem; o Genes (HMGIC E HMGIY) -sintetizam fatores de ligação do DNA que regulam a estrutura da cromatina e favorecem a transcrição, replicação, recombinação e reparo; o Gene (MED12) - Codifica complexo de proteínas que integra a ligação do DNA com genes promotores de crescimento- TGF, IGF, FGF etc. Qual a localizaçao? o leiomioma recebe sua classificação de acordo com sua localização, sendo que o mais comum é o intramural, que fica no muro da musculatura lisa. • Os miomas submucosos são mais fáceis de serem identificados na ultrassonografia vaginal. Análise macroscópica: B) LEIMIOSSARCOMA; • É mais raro, com um pico de incidência entre 40 e 60 anos; • O quadro clínico geralmente é sintomático, isso é, com sangramentos abundantes; • A sobrevida é de 5 anos em 40% dos pacientes; • Nódulos únicos, macios, carnosos, lamelares; • Extensa disseminação cavitária e a distância por via hematogênica (pulmão); • Tratamento: cirúrgico e, se necessário, quimioterapia. • A taxa mitótica, em termo diferencial, nesse caso é mais alta. 2) Neoplasias de origem epitelial. • Mudamos aqui nesse caso a página, com um olhar sobre o endométrio; • A queixa de quem apresenta um carcinoma de endométrio: o Mulher menopausada; § Queixas: o Metrorragia; o Pós- menopausa. A) CARCINOMA DE ENDOMÉTRIO/câncer de endométrio: • Está entre os 10 tipos de canceres mais comuns em mulheres; • 6540 mil casos em 2020. • Podem ser do tipo I e II, sendo que 80% dos casos são do tipo I O tipo I é um câncer hormônio dependente, logo, está associado com a questão hormonal. O estrógeno ocupa uma posição importante nesses fatores. No processo de desenvolvimento do câncer 5 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO endometrial do tipo 1, a hiperplasia é considerada uma lesão percursora com a influência do estrógeno. A síndrome metabólica é um fator de risco maior de desenvolver o câncer de endométrio, por conta disso devemos nos atentar aos sinais e sintomas dessa síndrome como gordura abdominal, diabetes, alta de pressão arterial. Os aspectos morfológicos: • O tipo I, endometrioide, com uma alta taxa proliferativa, e isso depende muito do grau de diferenciacao, quanto menos diferenciado, mais ele vai perdendo sua morfologia normal daquele local onde o câncer se desenvolve. • O tipo II, temos um carcinoma intraepitelial endometrial seroso, ou seja, seroso, célula clara, tumores mullerianos mistos também. As alterações genéticas: • O tipo I, temos: O que temos que saber de principal disso tudo, é que todo esse conjunto de modificação cromossômica, resultam na amplificação de uma via de sinalização para aumentar a expressão dos receptores de estrógeno, com uma hipersensibilidade de estrogênio, a via da beta catenina. O comportamento é mais indolente, ou seja, muitas vezes é mais difícil de ser diagnosticado e mais difícil de ter metástase. • O tipo II, temos a mutação drive a depleção do TP53, e uma neoplasia que começa com esse tipo de alteração tem um prognóstico ruim, já que o TP53 é muito importante para a detecção de erros na multiplicação celular. o É mais agressivo, e tem uma disseminação intraperitoneal e linfática. Diferenças entre os tipos 1 e 2: • Já na fase de hiperplasia, ou seja, aumento na proliferação dessa célula, já temos mutações, na faze um não é ainda o carcinoma, mas uma lesão percursora. No tipo I temos primeiro uma hiperplasia típica, aumentando o número de células, mas ainda são bem típicas do tipo de célula. Conforme vai se acumulando, temos uma fase que sucede essa hiperplasia típica, que é a hiperplasia atípica, aquilo que está mais próximo do carcinoma. Depois disso, com a mutação do ARIDI1A, evoluímos para carcinoma endometrioide do tipo I. • Já embaixo, no carcinoma seroso ou tipo II, começamos com o epitélio atrófico na mulher menopausada, mutação drive é o TP53, e o epitélio apresenta uma mutação altamente proliferativa até evoluir para o carcinoma seroso. Relembrando VIA BETA CATENINA: • Aumento de fatores de transcrição por conta dessa VIA, o que resulta no aumento da expressão dos receptores de estrógeno: Temos alguns fatores de crescimento importante para ativar essa via, como a insulina, e o EGFR, ativando PI3K. • No citoplasma da célula, temos a ativação da PI3K, e isso aumenta o AKT (fatores de transcrição); • A AKT regula a atividade da proteína P53, que é responsável pela indução de apoptose; • Induz também o momento que faz a liberação da beta- catenina, que é importante para a taxa de transcrição para os receptores de estrógeno (RE) no endométrio. Aumentou receptores, endométrio muito sensibilizado, células começam a proliferar. • Outro fator de transcrição é o mTOR, que no núcleo incita crescimento celular. Além disso, é necessário destacar que o PTEN é que regula a PI3K, e se na hiperplasia o PTEN está silenciado, esse controle não ocorre. A morfologia: 6 JEAN LUQUE | UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO Além disso, temos a seguinte lâmina Pensar no comprometimento dos estágios do carcinoma endometrial:
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