Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Seiane - Medicina Embolia pulmonar CONHECIMENTOS GERAIS Êmbolo: é uma massa sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue para um local distante de seu ponto de origem; o A maioria deriva de um trombo desalojado – daí o termo TROMBOEMBOLISMO; o Tipos menos comuns de êmbolos são as gotículas de gordura, bolhas de ar ou nitrogênio, debris ateroscleróticos (êmbolos de colesterol), fragmentos tumorais, pedacinhos de medula óssea e líquido amniótico. o Se alojam em vasos muito pequenos, resultando em oclusão vascular parcial ou completa; o A consequência primária da embolização sistêmica é a necrose isquêmica (infarto) dos tecidos a jusante, enquanto a embolização na circulação pulmonar leva a hipóxia, hipotensão e IC direita. Embolia é a obstrução de um vaso sanguíneo ou linfático por um corpo sólido, líquido ou gasoso em circulação e que não se mistura com o sangue ou linfa. o Embolia pulmonar (EP) refere-se à obstrução da artéria pulmonar ou de um de seus ramos por material originado em outra parte do corpo. A incidência da embolia pulmonar é de 2-4 por 1.000 pacientes hospitalizados. Em mais de 95% dos casos, os êmbolos venosos originam-se de trombos nas veias profundas da perna proximais à fossa poplítea; é incomum a embolização dos trombos da porção inferior da perna; A maioria dos êmbolos pulmonares (60-80%) é de êmbolos pequenos e clinicamente silenciosa. Com o tempo, eles se submetem a organização e passam a se incorporar à parede vascular; FATORES DE RISCO/CAUSAS Os fatores de risco para EP isoladamente confirmam que eles são semelhantes aos do tromboembolismo venoso (TEV) em geral – tríade de Virchow; Os fatores de risco podem ser classificados como herdados (ou seja, genéticos) e adquiridos. o Vinte a trinta fatores genéticos para TEV foram identificados, incluindo o fator V Leiden e a mutação do gene da protrombina (20210-A). o Os fatores de risco adquiridos podem ser subclassificados como provocadores (por exemplo, cirurgia recente, trauma, imobilização, início de terapia hormonal, câncer ativo) ou não provocadores (por exemplo, obesidade, tabagismo pesado); o IC, IAM, paralisia de membros inferiores, obesidade, veias varicosas, parto, DPOC. TIPOS DE EMBOLIA Tromboembolismo sistêmico A maioria dos êmbolos sistêmicos (80%) surge dos trombos murais intracardíacos, dois terços estão associados a infartos ventriculares esquerdos e outros 25% ao átrio esquerdo dilatado (p. ex., doença de valva mitral secundária). O restante origina-se de aneurismas aórticos, trombos sobrejacentes a placas ateroscleróticas ulceradas, vegetações valvulares fragmentadas ou sistema venoso (êmbolos paradoxais); 10-15% dos êmbolos sistêmicos são de origem desconhecida; Diferente dos êmbolos venosos, os arteriais podem se deslocar para quase toda parte; Os locais de embolização arteriolar comuns incluem extremidades inferiores (75%) e sistema nervoso central (10%); intestinos, rins e baço são alvos menos comuns. As consequências da embolização dependem do calibre do vaso ocluído, do suprimento colateral e da vulnerabilidade do tecido afetado à anóxia; os êmbolos arteriais muitas vezes se alojam nas artérias terminais e causam infarto. Embolia gordurosa: o A lesão por esmagamento de tecido mole, queimaduras ou a ruptura de sinusoides vasculares medulares (fratura de osso longo) Maria Seiane - Medicina libera na circulação glóbulos de gordura microscópicos; o Patogenia: os microêmbolos de gordura ocluem a microvasculatura pulmonar e cerebral, tanto diretamente como por deflagração de agregação plaquetária. Esse efeito deletério é exacerbado pela liberação de ácido graxo dos glóbulos de gordura, causando lesão endotelial tóxica local. A ativação plaquetária e o recrutamento de granulócitos (com liberação de radicais livres, protease e eicosanoides) completam o ataque vascular; o Menos de 10% exibem achados clínicos. Os sinais clínicos e sintomas aparecem 1-3 dias após a lesão, como o início súbito de taquipneia, dispneia, taquicardia, irritabilidade e agitação, que podem progredir rapidamente para delírio ou coma. Pode haver insuficiência pulmonar, erupção cutânea neurológica, anemia, trombocitopenia e erupção petequial difusa. Embolia do Líquido Amniótico: o É uma complicação incomum do parto e do período pós-parto imediato; o A taxa de mortalidade aprox. de 80%, tornando-a causa mais comum de morte materna; o A causa de base é a entrada do líquido amniótico (e seus conteúdos) na circulação materna via lacerações nas membranas placentárias e/ou ruptura da veia uterina; o Achados são: acentuado edema pulmonar, dano alveolar difuso e trombos de fibrina sistêmica gerados pela coagulação intravascular disseminada. o O quadro no início caracteriza-se por dispneia aguda súbita, cianose e choque hipotensivo, seguidos por convulsões e coma. Se a paciente sobreviver à crise inicial, tipicamente se desenvolve o edema pulmonar, juntamente (em cerca de metade das pacientes) com coagulação intravascular disseminada secundária à liberação de substâncias trombogênicas provenientes do líquido amniótico; Embolia aérea: o Bolhas de gás na circulação podem coalescer e obstruir o fluxo vascular causando lesão isquêmica distal. o Causas: Ar entra na circulação por procedimentos obstétricos ou trauma na parede torácica; Uma forma particular de embolia gasosa, chamada doença da descompressão, é causada por alterações súbitas na pressão atmosférica. É tratada colocando-se a pessoa afetada em uma câmara de alta pressão, para forçar o gás a voltar à solução. o Patogenia: Quando o ar é respirado a alta pressão (p. ex., durante um mergulho marítimo profundo), maiores quantidades de gás se dissolvem no sangue e nos tecidos. Se o mergulhador ascender (despressurizar-se) rápido, o nitrogênio se expande nos tecidos, e bolhas da solução no sangue formam êmbolos gasosos, que causam isquemia tecidual. o A rápida formação de bolhas gasosas dentro de músculos esqueléticos e tecidos de suporte e nas proximidades das articulações é responsável pela condição dolorosa chamada “curvaturas”. o As bolhas gasosas na vasculatura pulmonar causam edema, hemorragias e atelectasia focal ou enfisema, levando à angústia respiratória, as chamadas sufocações. o Uma forma mais crônica da doença da descompressão é a chamada doença dos caixões, na qual êmbolos gasosos recorrentes ou persistentes nos ossos levam à necrose isquêmica multifocal; com mais frequência são afetadas as cabeças dos fêmures, tíbias e úmeros. FISIOPATOLOGIA Fonte do êmbolo: o Acredita-se que a maioria dos êmbolos surja das veias proximais das extremidades inferiores (ilíaca, femoral e poplítea) e mais de 50 por cento dos pacientes com trombose venosa profunda da veia Êmbolo de medula óssea na circulação pulmonar. Os vacúolos claros representam gordura medular que está alojada em um vaso distal. Êmbolos do líquido amniótico. Duas pequenas arteríolas pulmonares preenchidas por redemoinhos laminados de células escamosas fetais. Maria Seiane - Medicina proximal (TVP) têm EP concomitante na apresentação; o EP também pode surgir de TVP em veias não das extremidades inferiores, incluindo veias renais e das extremidades superiores, embora a embolização dessas seja menos comum. Os trombos fragmentados decorrentes de TVPs são transportados através de canais progressivamente maiores e, em geral, atravessam o lado direito do coração antes de pararem na vasculatura pulmonar. Dependendo do tamanho, a EP pode ocluir a principal artéria pulmonar, alojar-se na bifurcação das artérias pulmonares direita e esquerda (êmbolo em sela) ou passar para o interiorde arteríolas menores, ramificantes. Chuva de êmbolos: múltiplos êmbolos pequenos, sequencialmente, provenientes de um trombo único e maior; um paciente com êmbolo pulmonar está em grande risco de ter mais trombos. Raramente um êmbolo atravessa um defeito atrial ou ventricular e entra na circulação sistêmica (embolia paradoxal). OBS: A circulação pulmonar é feita pela artéria pulmonar e pelas artérias brônquicas. Em indivíduos sem alteração circulatória prévia, as artérias brônquicas são capazes de suprir adequadamente o território eventualmente privado de sangue por obstrução da artéria pulmonar por embolia. Resposta fisiopatológica à EP: o Infarto: Em cerca de 10% dos pacientes, pequenos trombos se alojam distalmente nos vasos segmentares e subsegmentares, resultando em infarto pulmonar. Esses são mais propensos a ter dor torácica pleurítica e hemoptise, presumivelmente por resposta inflamatória intensa no pulmão e nas pleuras visceral e parietal adjacentes. o Troca gasosa anormal: A troca gasosa prejudicada pela EP é devida à obstrução mecânica e funcional do leito vascular alterando a relação ventilação / perfusão e também à inflamação resultando em disfunção do surfactante e atelectasia resultando em shunt intrapulmonar funcional. Ambos os mecanismos causam hipoxemia. A inflamação também é considerada responsável por estimular o impulso respiratório, resultando em hipocapnia e alcalose respiratória. Hipercapnia e acidose são incomuns na EP, a menos que haja choque. o Comprometimento cardiovascular: A hipotensão decorrente de EP é devida à diminuição do volume sistólico e do débito cardíaco. Em pacientes com EP, a resistência vascular pulmonar (RVP) está aumentada devido à obstrução física do leito vascular com trombo e vasoconstrição hipóxica no sistema arterial pulmonar. O aumento da RVP impede o fluxo do ventrículo direito e causa dilatação do ventrículo direito e achatamento ou arqueamento do septo intraventricular. Tanto a diminuição do fluxo do ventrículo direito quanto a dilatação do ventrículo direito reduzem a pré-carga do ventrículo esquerdo, comprometendo assim o débito cardíaco. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Macroscópicos: Localização anatômica: o Sela: se aloja na bifurcação da artéria pulmonar principal, frequentemente se estendendo para as artérias pulmonares principais direita e esquerda. o A maioria se move além da bifurcação da artéria pulmonar principal para se alojar distalmente nos ramos lobar, segmentar ou subsegmental principal de uma artéria pulmonar. Maria Seiane - Medicina EP pode ser bilateral ou unilateral, dependendo se obstruem as artérias à direita, à esquerda ou em ambos os pulmões. Microscópicos: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quadros: o Agudos: pacientes geralmente desenvolvem sintomas e sinais imediatamente após a obstrução dos vasos pulmonares. o Subagudos: Alguns pacientes com EP também podem se apresentar de forma subaguda dentro de alguns dias ou semanas após o evento inicial. o Crônico: Pacientes com EP crônica desenvolvem lentamente sintomas de hipertensão pulmonar ao longo de muitos anos (isto é, hipertensão pulmonar tromboembólica crônica; A clínica é geralmente inespecífica; Os sinais e sintomas dependem da localização e tamanho do trombo e do estado cardiorrespiratório prévio do paciente; A EP pode ser classificada em três síndromes clínicas: colapso circulatório, dispnéia não explicada e dor torácica do tipo pleurítica. Estas formas de apresentação clínica estão correlacionadas com os respectivos modelos fisiopatológicos: embolia maciça, embolia submaciça e infarto pulmonar; o A dor torácica do tipo pleurítica correlaciona-se com os êmbolos que alcançam a periferia dos pulmões, levando ao infarto ou à hemorragia pulmonar. o O infarto pulmonar ocorre quando as artérias brônquicas não são capazes de promover circulação colateral para o segmento pulmonar não perfundido. Nesses casos, a hemoptise pode estar presente. o A dor torácica com característica de angina de peito pode ser observada nos casos graves, em que a sobrecarga aguda do VD pode provocar isquemia miocárdica secundária; Dependendo da extensão do comprometimento pulmonar, pode causar dor e desconforto respiratório, por redução da hematose, sobrecarga pressórica do ventrículo direito (cor pulmonale) e/ou broncoconstrição por difusão de serotonina do interior das plaquetas alojadas no interior dos êmbolos. Manifestações mais comuns: Dispneia, Dor torácica ventilatória-dependente, tosse, hemoptise; A Sociedade Européia de Cardiologia, classificou clinicamente a EP em 3 grupos: o Embolias submaciças: dor torárica, dor pleurítica, taquipnéia, tosse, hemoptise, cianose, febre; o Embolias maciças: síncope, hipotensão arterial, choque, taquicardia, dispnéia, cianose. Podem ser observadas manifestações clínicas da insuficiência ventricular direita, como o aumento da pressão venosa jugular e o aumento do componente pulmonar da 2º bulha cardíaca. A taquicardia, também frequente, pode se associar à presença de 3º bulha, produzindo o ritmo de galope; Um sopro de insuficiência tricúspide pode ser auscultado em alguns pacientes, sendo um sinal da dilatação do VD. o Cor pulmonale agudo, secundário à EP maciça, apresenta alta mortalidade, sendo, porém, a apresentação menos frequente da doença COMPLICAÇÕES Um êmbolo grande que bloqueia uma grande artéria pulmonar pode causar morte súbita. A obstrução embólica das artérias de tamanho médio e a subsequente ruptura de capilares que se tornaram anóxicos podem causar hemorragia pulmonar. o Tal embolização normalmente não causa infarto pulmonar, uma vez que a área também recebe sangue através de circulação bronquial intacta (circulação dual). o Entretanto, um êmbolo semelhante no quadro de insuficiência cardíaca do lado esquerdo (e perfusão diminuída da artéria bronquial) pode levar a infarto pulmonar. Maria Seiane - Medicina A embolia para pequenos ramos pulmonares nas terminações arteriolares normalmente causa infarto. Múltiplos êmbolos, que ocorrem com o tempo, podem causar hipertensão pulmonar e insuficiência ventricular direita (cor pulmonale). DIAGNÓSTICO Para facilitar a avaliação da probabilidade na prática clínica foi criado o escore de Wells: Gasometrial arterial: hipoxemia (PaO2<80mmHg); é de baixa especificidade e moderada sensibilidade para o diagnóstico de EP; Marcadores de necrose miocárdica: (troponina e CPK podem estar elevados); ex: o infarto do VD desencadeado por um episódio de EP, com valores da creatinoquinase MB acima da normalidade. D-dímero; Exames de imagem; o Raio – x: As principais alterações correlacionadas com a embolia são áreas de hipoperfusão pulmonar (sinal de Westmark) – mais especifica –, imagens cuneiformes (sinal de Hampton), dilatação da artéria pulmonar (sinal de Palla), atelectasia, derrame pleural e elevação da hemicúpula diafragmática. o Angiotomografia pulmonar: Método de escolha na suspeita de EP; o Cintilografia pulmonar: A cintilografia de ventilação / perfusão (V / Q) é um teste de diagnóstico estabelecido para suspeita de PE; Nos pacientes considerados de alta probabilidade, a especificidade da cintilografia foi de 97%, com sensibilidade de 41%; o Ultrassonografia por compressão dos membros inferiores: Recomenda-se aceitar o diagnóstico de TEV (e EP) se uma USG mostrar TVP proximal em um paciente com suspeita clínica de PE; Se a USG mostrar apenas uma TVP distal, mais testes devem ser considerados para confirmar a PE; TRATAMENTO Profilaxia: Tratamento: o Heparina de baixo peso molecular o Heparina não fracionada o Anti-coagulantes orais o Trombolíticos o Embolectomia: TEPmaciça com contraindicação de trombolítico;
Compartilhar