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Concessão de Serviço Público

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PONTO V – DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Concessão de Serviços Públicos. Fontes normativa constitucional e infraconstitucional. Modalidade de concessão. Natureza jurídica. Política tarifária, fiscalização e encargos do concedente. Responsabilidade e encargos do concessionário. Prazo da concessão, extinção e reversão.
Sabe-se que a função administrativa é dividida pela doutrina em: (i) serviço público; (ii) poder de polícia; (iii) ordenamento social; (iv) ordenamento econômico. Há quem inclua, ainda, o Fomento. O prof Diogo de Figueiredo sustenta que o fomento já está inserido no ordenamento: fomento social e fomento econômico. Vamos analisar, apenas, os serviços públicos. A execução dos serviços públicos tem por fim o atendimento da coletividade. Pode ser desempenhado por gestão direta (pelo próprio Estado), ou, por delegação às pessoas da Adm Indireta ou aos particulares em colaboração. Trata-se do fenômeno da descentralização, que pode ser: por delegação legal (= outorga legal) = Adm Indireta; delegação negocial (através de atos e contratos adm) = Particulares em colaboração.
FONTES NORMATIVAS: Constitucional: A concessão e a permissão de serviços públicos estão previstas no art. 175, CF: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação (aplica-se a Lei nº 8.666/93, exceto no que tange ao critério de julgamento, pois a Lei 8987/95 tem regra própria no art. 15, incisos I a VII), a prestação de serviços públicos.” A CF, ao tratar da partilha de constitucional, alude aos institutos da concessão e permissão de srviços públicos. São exemplos os arts. 21, XI e XII (competência da União); 25,&2º (competência do Estado); e 30, V (competência do Município).
Infraconstitucional: Lei nº 8.987/95
MODALIDADES: A lei distinguiu duas modalidades: (i) a concessão de serviço público e a (ii) concessão de serviço público precedida de obra pública.
(i) Concessão de serviço público: (conceito: art. 2º, II, Lei 8987/95) é contrato administrativo pelo qual a Administração pública (concedente) transfere à pessoa jurídica (não admite à pessoa física) ou a consórcio de empresas (concessionário) a execução (só transfere a execução, pois o serviço continua sendo público) de certa atividade de interesse coletivo, remunerada pelo sistema de tarifas pagas pelos usuários.
Na lição de CAIO TÁCITO, na concessão de serviço público há uma tríplice participação de sujeitos: o concedente, o concessionário e o usuário.
OBS.: O art.2º, II, da Lei 8987/95, exige que a licitação seja por concorrência. (EXCEÇÃO: A Lei 9074/95 previu também a modalidade de leilão de quotas ou ações nos casos de privatização.
(ii) concessão de serviço público precedida de obra pública ou simplesmente, concessão de obra pública: (conceito: art. 2º, III, Lei 8987/95) é o contrato administrativo através do qual o Poder Público ajusta com pessoa jurídica ou consórcio de empresas a execução de determinada obra pública, por sua conta e risco, delegando ao construtor, após a conclusão, sua exploração por determinado prazo. OBS.: Tecnicamente, a obra não pode ser concedida; o que o Estado concede é a atividade, ou seja, o serviço. Para tanto autoriza o concessionário a executar a obra previamente. Há, portanto, dois objetos: (i) a realização da obra por conta e risco do particular; (ii) a concessão do serviço a ser prestado após a conclusão da obra.
Qual é a diferença entre o contrato de obra pública e o contrato de concessão de obra pública? A diferença reside no fato de que na concessão, o concedente não remunera o concessionário pela execução da obra. O retorno do valor investido será auferido pela exploração do serviço público decorrente da obra. Ex.: serviços de construção, melhoramento e/ou conservação de estradas de rodagem que será remunerado pelo pedágio (tarifa). A lei se refere à construção, reforma, ampliação ou melhoramento de obras.
Qual é a diferença ente concessão e permissão? Tradicionalmente a diferença residia em que a concessão de serviço público era caracterizada como contrato administrativo, ao passo que a permissão de serviço se qualificava como ato administrativo. Dessa distinção emanavam diversas conseqüências jurídicas, como as relativa à indenizabilidade, à precariedade, à estabilidade da delegação etc. Entretanto, a Lei 8987/95, de modo surpreendente e equivocado (é majoritária a crítica na doutrina), atribuiu à permissão de serviço a natureza de contrato de adesão (art.40), provocando enorme confusão sobre essa forma de delegação. Assim, para a corrente MINORITÁRIA (José dos Santos Carvalho Filho adotava a corrente majoritária, mas na sua última edição =10ª, mudou o posicionamento; Maria Silvia Zanella Di Pietro): atualmente inexiste, na prática, distinção entre a concessão e a permissão de serviço público (o que é um absurdo!!!). A doutrina MAJORITÁRIA (Hely, José Cretella Júnior, Tupinambá Miguel Castro do Nascimento, Carlos pinto Coelho Mota, Marcos Juruena Villela Souto, Diogo de Figueiredo Moreira Neto etc.) continua afirmando que a permissão de serviço, malgrado o teor do art.40, continua sendo ato unilateral e precário e não contrato. A CF prevê dois institutos: não teria sentido fazer menção a dois institutos iguais. Conclui-se que são diferentes, pois é regra de interpretação que não existem palavras inúteis na lei, quiçá na CF. A permissão é reservada a serviços que não exijam prévia obra pública e pode ser delegada a pessoa física. O negócio jurídico é realizado no interesse do particular, desde que não contrarie o interesse público. 
E A AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO, É PERMITIDA? O fato de a CF, no art. 175, não mencionar a autorização de serviço não afasta a sua existência; ao revés, há previsão no art. 21, XII, CF. Também a Lei nº 9.074/95, em seus arts. 4º, 6º e 7º, menciona a autorização de serviços de energia elétrica. Como a CF só exige licitação para concessão e permissão, deve a ADM observar os princípios do art. 37, CF, de modo a garantir a isonomia entre os administrados. Exs.: arts. 6º e 7º, Lei 9074/95: Usinas termelétricas destinadas à produção independente; aproveitamento de potenciais hidráulicos.
OBS.: art.2º&2º, Lei 9074/95: “Independe de concessão, permissão ou autorização o transporte de cargas pelos meios rodoviário e aquaviário.” 
OBS: A Lei 8987/95 previu aspectos que retratam a aplicação das cláusulas exorbitantes: (i) art. 23, V, que admite alterações no contrato; art. 37, que contempla a retomada do serviço pela encampação, fundada em motivo de interesse público.
QUEM PODE FIGURAR COMO CONCEDENTE? Art. 2º, I, Lei 8987/95: Poder concedente pode ser: a União, Estados, DF e Municípios, em cuja competência se encontre o serviço público. PODE UMA AUTARQUIA (AGÊNCIA REGULADORA) SER PODER CONCEDENTE? Sim, desde que tenha expressa previsão legal. EX.: As Leis 9427/97 (ANEEL) e 9472/97 (ANATEL) delegaram o poder de celebração de contratos de concessão de serviços públicos, e neles assumem, como sujeitos ativos, a qualidade de concedentes.
POLÍTICA TARIFÁRIA: Como remuneração pela execução do serviço, o Poder Público fixa a tarifa a ser paga pelos usuários. Trata-se de preço público e, portanto, fica a sua fixação sob a competência do Poder Concedente. É possível a revisão das tarifas, por força do Princípio do Equilíbrio Econômico-Financeiro do contrato. 
Em geral, a concessão de serviço público é remunerada pelos usuários do serviço, através de tarifas. Atento ao Princípio da Modicidade das tarifas, o art. 11 da Lei 8987/95, previu as chamadas receitas alternativas: serviços acessórios como postos de gasolina, restaurantes e painéis de publicidade em estradas. Tais receitas complementares devem ser expressamente previstas no edital e no contrato. Cláusulas essenciais (ver art. 23, inc. I a XV). 
FISCALIZAÇÃO E ENCARGOS DO CONCEDENTE: Ver art. 29 e 30 Lei 8987/95.
RESPONSABILIDADE DO CONCESSIONÁRIO: Ao executar o serviço, o concessionário assume todos os riscos do empreendimento. Por esse motivo, cabe-lhe responsabilidadecivil e administrativa pelos prejuízos que causar ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo Poder Concedente exclua ou atenue essa responsabilidade. (art.25, L.8987/95). Entretanto, quando os prejuízos atingirem usuários ou terceiros, esta regra deve ser interpretada com base no art.37,&6º, CF, de modo que, embora a responsabilidade primária integral seja do concessionário, pode este exercer o seu direito de regresso contra o Poder Concedente, quando tiver havido ausência ou falha na fiscalização, porque nesse caso seus agentes foram omissos ou deficientes na fiscalização das atividades do concessionário, aplicando-se, portanto, a regra do art. 37, &º, CF.
OBS.: se o concessionário não tiver meios efetivos para reparar os prejuízos, pode o lesado dirigir-se ao concedente, que sempre terá responsabilidade subsidiária.
O SERVIÇO ADEQUADO – O Estatuto das Concessões (Lei 8987/95) define o serviço adequado como aquele que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. (art.6º, &1º).
PRAZO DA CONCESSÃO: Só podem ser outorgadas por prazo determinado. Não há norma expressa que indique o limite de prazo, pelo que a limitação ficará a critério do Poder concedente, de modo que assegure ao concessionário o ressarcimento do capital investido. 
EXTINÇÃO: Art.35, Lei 8987/95: Extingue-se a concessão: I – advento do termo contratual; II – encampação; III – caducidade; IV – rescisão; V – anulação; VI – falência ou extinção do concessionário.
Em que consiste a reversão? Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário. Pode ser gratuita ou onerosa (o concedente tem o dever de indenizar o concessionário, porque os bens foram adquiridos com seu exclusivo capital).
O que é encampação (também conhecida como resgate)? Art. 37 = é a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público (não há inadimplemento pelo concessionário. Trata-se de conveniência e oportunidade na realização do interesse púlico), mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização.
Em que consiste a caducidade? É o descumprimento, pelo concessionário. Ocorre quando há inexecução total ou parcial do contrato, nas hipóteses do art. 38. A declaração de caducidade deverá ser precedida da verificação da inadimplência em processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa. Após, a declaração se dá por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia (quando da indenização, serão descontadas as multas e os danos causados). 
E a rescisão? É o descumprimento, pelo concedente, das normas legais, regulamentares ou contratuais. A rescisão parte da concessionária que só poderá rescindir o contrato de concessão, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim, sendo que os serviços não poderão ser interrompidos ou paralisados, até o trânsito em julgado. (ressalvados os casos de liminar deferida em medida cautelar, autorizando a interrupção imediata).
b) Elementos do ato administrativo. Atos declaratórios, constitutivos e constitutivos formais. 
Os elementos que integram a estrutura morfológica do ato administrativo estão elencados no art.2º da Lei 4717/65 ( Lei de ação popular): Objeto, motivo, forma, finalidade e competência. Classificam-se, quanto aos efeitos, em: Atos constitutivos, declaratórios e enunciativos. Declaratórios: apenas declaram situação preexistente. Ex.: ato que constata irregularidade administrativa em determinado órgão; Constitutivos: alteram uma relação jurídica, criando, modificando ou extinguindo direitos. Ex.: a autorização, a sanção disciplinar, o ato de revogação. Enunciativos: indicam juízos de valor, dependendo de outros atos decisórios. Ex.: Pareceres.
c) Regime jurídico dos bens públicos. 
IV.	DOS BENS – Qual é a diferença entre coisas, bens e patrimônio? Nem todas as coisas úteis são consideradas bens, pois se existirem em abundância na natureza, ninguém se dará o trabalho de armazená-las. Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. Portanto, os bens têm caráter econômico e são mais abrangentes do que coisas. Coisas é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. Patrimônio é a universalidade de direito formada pelo conjunto de relações jurídicas ativas e passivas que têm valor econômico. O patrimônio do devedor responde por suas dívidas.
São bens imóveis por natureza o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente; imóveis por acessão – acessão significa justaposição, aderência de uma coisa à outra, de modo que a primeira absorva a segunda, ex.: a semente lançada à terra; os tijolos e canos que são móveis, mas que incorporados em caráter permanente ao solo, adquirem a categoria de imóveis. Imóveis por acessão intelectual ou destinação do proprietário (era previsto no art. 43, CC/16. O NCC/02 não o previu). Imóveis por definição legal – Art. 80 e 81, NCC. EX.: os direitos reais sobre imóveis; o direito à sucessão aberta. 
São bens móveis aqueles suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. (art.82,CC). Os suscetíveis de movimento próprio são chamados de semoventes (animais); Os que se movem por força alheia são móveis propriamente dito. Bens móveis por definição legal : as energias que tenham valor econômico; os direitos reais sobre objetos móveis; direitos pessoais de caráter patrimonial; ações.
Qual a relevância prática em se saber se o bem é móvel ou imóvel? 1) A propriedade móvel e a imóvel se adquirem de maneiras diferentes. Art. 1238 e 1260, CC; 2) Outorga uxória = pelo NCC, art. 1647, é permitida a venda de imóveis sem outorga uxória se o regime for o da separação absoluta; 3) os contratos de direitos reais sobre imóveis de vlr superior ao fixado em lei só se aperfeiçoam por escritura pública; 4) aberta a sucessão provisória do ausente, seus bens imóveis só podem ser alienados em caso de desapropriação, autorização judicial, ou conversão em títulos da dívida pública.
Bens fungíveis = podem substituir-se por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Bens consumíveis = o uso importa destruição imediata da própria substância ou destinados a alienação. Ex.: O livro é uma coisa consumível? Para o estudante é bem inconsumível, pois sobrevive à utilização; Para o livreiro é consumível, porque sua utilização (alienação) conduz ao seu perecimento para o alienante. A máquina é inconsumível para que a explora, mas é consumível para o fabricante que a produz e a destina à venda.
Bens divisíveis = são os que se podem fracionar sem alteração de sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. OBS.: as servidões são indivisíveis por força legal = art. 1386 CC; a indivisibilidade pode ser convencionada, ex.: as partes estabelecem que a dívida será indivisível, o que confere a possibilidade de o credor exigi-la por inteiro de qualquer devedor.
Universitas rerum = Universalidade de fato – pluralidade de bens singulares, que podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Ex. uma biblioteca.
Universitas juris = Universalidade de direito – pluralidade de relações jurídicas. Ex. herança, patrimônio, massa falida.
PRINCIPAL E ACESSÓRIO. O ACESSÓRIO SEGUE O PRINCIPAL – Art. 92, CC, principal é aquela coisa que existe sobre si, e acessória é a quela cuja existência depende da principal. Há uma relação de dependência. 
PERTENÇA – São bens que, não constituindo parte integrante da coisa, destinam-se de modo duradouro ao uso e ao serviço, ou aformoseamento de outro. A idéia de pertença está ligada à idéia de bem imóvel por acessão intelectual. Ex.: as luminárias de uma sala, o ar-condicionado, etc.
OBS.: art.95, NCC = apesar de ainda não separados do bem principal,os frutos e produtos podem ser objeto do negócio jurídico.
FRUTOS – são as utilidades que a coisa periodicamente produz. Podem ser: a) naturais, ex.: cria de animais, os frutos da árvore; b) industriais, intervenção do esforço humano, ex.: produtos manufaturados; c) civis, rendimentos tirados da coisa por outrem que não o proprietário, ex.: aluguéis, rendas, juros, foros.
Quanto ao seu estado os frutos podem ser: a) pendente, enquanto unidos à coisa que os produziu; b) percebidos ou colhidos, depois de separados; c) estantes, depois de separados ainda existem armazenados ou acondicionados para venda; d) percipiendos, os que deveriam ser, mas não foram percebidos; e) consumidos, porque não existem mais.
OBS.: estas definições são importantes para a parte especial. Os frutos naturais e os industriais reputam-se colhidos e percebidos logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia; os frutos pendentes, ao tempo em que cessar a boa-fé do possuidor, devem por ele ser devolvidos ao reivindicante. (art. 1214 e segs, NCC).
 
PRODUTOS - são as utilidades que se retiram da coisa diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Ex.: o carvão, o petróleo, etc.
Art. 96, CC - BENFEITORIAS – é uma espécie de acessório, com o objetivo de conservar (necessária); melhorar (útil) ou embelezar (voluptuária) determinada coisa.
Necessária – é realizada com o propósito de conservar a coisa, evitar sua deteriorização ou de poupar-lhe um estrago iminente. Ex.: reforma do telhado da casa; Útil – tem por fim melhorar a utilização da coisa. Ex.: construção de uma nova entrada para um prédio; construção de uma garagem; Voluptuária – sua construção almeja tão-só proporcionar maior deleite, sem aumentar a utilidade da coisa, embora possa torná-la mais agradável ou aumentar-lhe o valor. Ex.: construção de um jardim, a decoração de um aposento.
A distinção tem caráter prático e o problema se põe diariamente em juízo. A solução legal depende de se fixar, preliminarmente, a natureza da benfeitoria. Ex.: O art. 1219,CC diz que o possuidor de boa-fé receberá indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, podendo levantar as voluptuárias. Por outro lado, o possuidor de má-fé só se indeniza pelas benfeitorias necessárias (art.1220,CC), não tem direito de retenção, por conseguinte, em relação às benfeitorias úteis e não pode levantar as voluptuárias.
BENS PÚBLICOS E PARTICULARES – Art. 98, CC – Bens públicos são os do domínio nacional pertencentes à União, aos Estados, ou aos Municípios. Todos os demais são particulares. Qual o regime dos bens das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista? 
Art. 99, CC - Os bens públicos, segundo seu destino são: I - de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II – de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração, inclusive os de suas autarquias; III – os dominicais ou dominiais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Ex.: os créditos do Estado, as ações que tenha nas sociedades de economia mista, as terras devolutas, os terrenos de marinha (DL 9760/46 define terras devolutas, terrenos de marinha). Art. 2º - São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831; Art. 4º - São terrenos marginais, os que banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15 (quinze) metros medidos horizontalmente para a parte da terra, contados desde a linha média das enchentes ordinárias; Art. 5º - São terras devolutas, aquelas que não sendo próprias nem aplicadas a algum uso público (bens domicais), não se incorporam ao domínio privado. 
OBS.: A grande inovação do NCC/02 foi regulamentar o entendimento doutrinário-jurisprudencial pacífico, no sentido de que os bens dominicais podem ser alienados, tendo em vista que não estão afetados a uma finalidade pública. Confira: Art. 100 – “Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”. Podem estes bens ser desafetados por autorização legislativa, transformando-se em bens dominicais, e, posteriormente, serem alienados. Art. 101 – “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. (ver arts. 17 a 19 Lei 8666/93 = alienação de bens que exige: interesse público justificado; avaliação prévia; se imóvel, acrescente-se: autorização legislativa e licitação por concorrência).
OBS.: Embora os bem dominicais possam ser alienados, não são passíveis de usucapião, pois os bens públicos, seja qual for a sua natureza, NÃO podem ser usucapidos. Art. 183, ̕&3º e 191, CF.
As terras devolutas podem ser usucapidas? Prevalece na doutrina que é possível, com base na interpretação teleológica do art. 188, CF que faz a distinção entre terras públicas e terras devolutas, tratando estas como bens dominicais. (ver pág. 148 Silvio Rodrigues). Outro argumento: Há um procedimento previsto na Lei 6383/76 para a ação de discriminação (objetivo é definir as linhas demarcatórias do domínio público e o privado) de terras devolutas, cuja sentença possui natureza constitutiva. Assim, antes da discriminação é possível a usucapião, pois se entende que seria bem particular. Após a discriminação da terra, portanto, ela passará a pertencer ao Poder Público e, conseqüentemente, não poderá ser usucapida. (ver pág. 59, item 8 – livro do Marco Aurélio).
OBS.: A REGRA é a de que as TERRAS DEVOLUTAS pertencem ao Estado (que transferiram a muitos municípios parte de suas terras devolutas. Portanto, União, Estados e municípios têm terras devolutas) (art.20,II e 26,IV, CF). No que se refere à prova das terras devolutas, temos: Se as terras eram originariamente públicas, passando ao domínio privado pelas antigas concessões de sesmarias e de datas, a conclusão lógica é que os particulares devem provar a transferência da propriedade por título hábil.
BENS PÚBLICOS SOB O ENFOQUE DO DIREITO ADM.
O que é domínio público? É o conjunto de bens móveis e imóveis destinados ao uso direto do Poder Público ou à utilização direta ou indireta da coletividade, regulamentados pela Administração e submetidos a regime de direito público.
O que é domínio eminente? É o poder político que permite ao Estado, de forma geral, submeter à sua vontade todos os bens situados em seu território, ainda que não seja proprietário de todos os bens. Assim, pode o Estado transferir a propriedade privada por meio da desapropriação; estabelecer limitações administrativas. 
Qual a NJ dos bens das Pessoas Administrativas Privadas (EP,SEM, fundações públicas de direito privado, v.g., fundação Leão XIII)? Controvérsia: 1) Hely = Bens públicos na sua origem, mas que possuem destinação especial e administração particular. 2) Carvalhinho, Lúcia Valle Figueiredo = são bens privados,mesmo que em certos casos a extinção dessas pessoas possa acarretar o retorno dos bens ao patrimônio da pessoa de direito público. O fator que deve preponderar é que estas pessoas têm personalidade jurídica de direito privado. 
OBS.: O NCC definiu a questão: art. 98 = “...os demais serão particulares, seja qual for a pessoa a que pertençam.” Assim, não há mais dúvidas de que tais bens são particulares. O STF julgando MS impetrado pelo Banco do Brasil contra ato do Tribunal de Contas, entendeu que os bens e direitos das SEM não são bens públicos, mas bens privados, não incidindo, o art. 71, II, CF, que fixa a competência do TCU para julgar as contas dos responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos.
OBS.: no que se refere à penhorabilidade dos bens e possibilidade de falência, deve-se ter em conta que o art. 242 L.6404/76 foi revogado, de modo que haverá distinção conforme a EP ou SEM explore atividade econômica (os bens sõ penhoráveis e estão sujeitas àfalência) ou preste serviço público (não penhoráveis e não sujeita à falência). 
Afetação e desafetação está relacionado à utilização dos bens em determinado fim público. 
Aquisição originária não há transmissão da propriedade por qualquer manifestação de vontade. Aqui na se discute os vícios de vontade ou vícios de legalidade quanto à transmissão do bem. Ex.: acessão por aluvião; desapropriação, caça e pesca. 
ALIENAÇÃO – É a transferência da propriedade a terceiros fundada no interesse público e observadas as regras do art. 17 L. 8.666/93 (licitação dispensada). A licitação dispensada é aquela que a própria lei declarou-a como tal (art. 17, I e II).
IMPORTANTÍSSIMO: as regras contidas nesta seção (art. 17 a 19) não são normas gerais, mas sim normas federais. Daí os estados e municípios não estarem vinculados, eis que poderão disciplinar a forma de alienação de seus bens da maneira que melhor lhes aprouver.
OBS.: Art. 17, caput - REGRA GERAL (QUALQUER BEM) = Toda alienação de bens da Administração Pública subordina-se: REQUISITOS: (i) existência de interesse público devidamente justificado; + (ii) avaliação prévia + (iii) autorização legislativa específica (nos móveis pode ser genérica).
OBS.: Na RETROCESSÃO (I) não há necessidade de autorização legislativa, porquanto o art. 519 NCC já prevê o instituto. (II) Dispensada a avaliação prévia, pois o preço a ser pago corresponde ao da indenização recebida pelo expropriado. (III) Desnecessária a licitação, pois o ex-proprietário é pessoa certa e determinada, sendo inviável a competição.
 1)	ART. 17, INCISO I - ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS - 
REGRA NA ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS = REQUISITOS: 
A) IMÓVEIS DA ADM DIRETA, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES: (I) autorização legislativa + (ii) avaliação prévia + (iii) licitação na modalidade de concorrência.
B) IMÓVEIS DAS EMP. PÚBLICA E SOC. ECONO. MISTA: Não necessita de autorização legislativa, basta (i) avaliação prévia + (licitação na modalidade de concorrência).
	
1.1) EXCEÇÕES AO DEVER DE LICITAR (IMÓVEIS) = LICITAÇÃO DISPENSADA
	a) DAÇÃO EM PAGAMENTO - art.......Código Civil
DOAÇÃO (art.......Código Civil), “permitida EXCLUSIVAMENTE para outro órgão ou Entidade da Adm Pública, de qualquer esfera de governo.”(STF - ADIN Nº 927-3/RS, válido só para a União) (ver art. 17, § 1º)(se for doação com encargo - ver art. 17, § 4º)
PERMUTA (art......Cod.Civil) - por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do art. 24, X. (STF - ADIN Nº 927-3/RS, válido só para a União)
INVESTIDURA (ver art. 17, § 3º) - 
VENDA A OUTRO ÓRGÃO OU ENTIDADE DA ADM PÚBLICA, de qualquer esfera de governo.
DESTINADOS A ÓRGÃOS OU ENTIDADES DA ADM PÚBLICA, especificamente criadas PARA PROGRAMAS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL. EX.: CEHAB/RJ.
	
ART. 17, INCISO II - ALIENAÇÃO DE MÓVEIS
OBS.: APLICA-SE A REGRA GERAL (QUALQUER BEM) = Toda alienação de bens da Administração Pública subordina-se: (i) existência de interesse público devidamente justificado; + (ii) avaliação prévia. OBS.: a autorização legislativa pode ser genérica, ou seja, referente aos bens móveis em geral, sem especificação do bem. O &6º permite a modalidade de leilão. 
2.1) EXCEÇÕES AO DEVER DE LICITAR (MÓVEIS) = LICITAÇÃO DISPENSADA
DOAÇÃO - permitida exclusivamente para fins de uso de interesse social. (se for com encargo - ver art. 17, § 4º)
PERMUTA - “permitida exclusivamente entre órgãos e entidades da Adm Pública.” (STF - ADIN Nº 927-3/RS, válido só para a União)
 e d) - VENDA DE AÇÕES E TÍTULOS - Ex.: Quando seja sócio de uma determinada sociedade.
	e) VENDA DE BENS PRODUZIDOS, por órgãos e entidades em razão de suas finalidades.
VENDA DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS para outros órgãos ou entidades da ADM Pública, SEM UTILIZAÇÃO PREVISÍVEL POR QUEM OS DISPÕE.
ARTIGO 18 - A fase de habilitação limita-se à comprovação do recolhimento de 5% da avaliação. EX.: O caso dos camarotes do maracanã. Na fase de habilitação, diversas empresas seriam desclassificadas. SOLUÇÃO: Aplicou-se o art. 18, por analogia, às permissões de uso, habilitando-se todos os licitantes que recolheram os 5% do valor. (quem pode o mais (alienar) pode o menos (permitir o uso).
OBS.: A alienação de bens públicos pode ser efetivada pelas formas de contratação adotadas no direito privado. Nestes casos o contrato se caracterizará como de direito privado e as partes estarão niveladas no mesmo plano jurídico. Não incidem, pois, as cláusulas exorbitantes.

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