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HUMANAS 2: SOF - Semana 3 Conteúdo: Cultura & Sociedade Próxima aula: Trabalho & Sociedade (Semana 7) CULTURA & SOCIEDADE 1. Conceito de cultura; 2. Cultura material e imaterial; 3. Componentes da cultura; 4. Aculturação; 5. Contracultura; 6. Cultura de massa; 7. Cultura popular e cultura erudita; 8. Identidade cultural; 9. Etnocentrismo. 1. Conceito de Cultura O sentido antropológico da palavra cultura não é o mesmo da linguagem do senso comum. Na linguagem cotidiana, a palavra cultura é empregada com vários significados. Ora significa erudição, grande soma de conhecimentos, quando, por exemplo, se diz que “fulano tem cultura”, ora significa um determinado tipo de realização humana, como a arte, a ciência, a filosofia. No sentido sociológico, essa palavra não se limita a essas acepções. É, no entanto, tão amplo que não exclui nenhum desses significados. Na linguagem sociológica, cultura é tudo o que resulta da criação humana. A cultura, portanto, tanto compreende ideias quanto artefatos. É clássica a definição de Edward B. Tylor: “um todo complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade”. Neste caso, a cultura compreende todas as elaborações resultantes das “capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade”, pois a mesma não decorre da herança biológica do homem, mas de capacidades por ele desenvolvidas através do convívio social. Só o homem possui cultura. Todos os homens possuem cultura, no sentido de que, vivendo em sociedade, participam de alguma cultura. Ao contrário do que se afirma na linguagem vulgar, quando se diz que algum individuo não tem cultura, a cultura não é exclusiva das pessoas letradas, já que qualquer indivíduo normalmente socializado participa dos costumes, das crenças e de algum tipo de conhecimento da sua sociedade. Seguindo este raciocínio, podemos afirmar que todas as sociedades, e não apenas as que possuem escrita, têm uma cultura. Tanto a mais simples e isolada comunidade tribal quanto a mais complexa sociedade urbano ‐ industrial possui cultura. A cultura seria então o modo de vida próprio de cada povo. Ela é o fundamento da sociedade e o que distingue o homem dos animais não humanos. Cada povo, tem sua cultura, o que equivale dizer, seu modo de vida. 2. Cultura Material e Imaterial Pela necessidade do homem se relacionar com o meio natural e consequentemente, para sua sobrevivência, transformá-lo, é quando este produz cultura. As práticas e hábitos que derivam desta, e pela forma que se manifestam é o que chamamos de cultura material e imaterial. A material seria basicamente o fruto da transformação do meio natural, gerando a produção de bens, exemplo: roupas, construções e eletrodomésticos. A imaterial é a incorporação de signos e sinais que dão sentido a cultura material, o que faz o indivíduo se reconhecer e interagir espontaneamente com o meio em que vive, criando assim uma rede que engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, leis, línguas, danças, religiões e etc. Obs! A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas ― junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados ― que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.” São exemplos de bens registrados como Patrimônio Imaterial no Brasil: o Círio de Nazaré no Pará, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o Ofício das Baianas de Acarajé, o Jongo no Sudeste, entre outros. 3. Componentes da Cultura A cultura é um todo orgânico, um sistema, um conjunto de partes que se relacionam estreitamente. Para melhor compreender o que é uma cultura, estudaremos alguns de seus componentes: Traços culturais: A caneta que você costuma usar, seu lápis, o seu relógio e as suas ideias são traços culturais, os menores e mais amplos componentes representativos de uma cultura. É importante ter-se em mente que algo só é um traço cultural se a sociedade o considera como tal. Complexo cultural: Quando se reúne certa quantidade de traços culturais para uma única finalidade, tem-se um complexo cultural. É o caso de um autódromo, onde há juízes, carros, ou de um jogo de voleibol, em que há regras, juízes, quadra e bola. Área cultural: A região em que predominam complexos culturais específicos forma uma área cultural. Os gaúchos, os nordestinos, os paulistas, enfim, cada grupo social determina uma área geográfica, cujos traços culturais e costumes são semelhantes, delimitando uma área cultural. Padrão Cultural: É um conjunto de normas que rege o comportamento dos indivíduos que determinada cultura ou sociedade; é algo em que a maioria dos indivíduos de uma sociedade acredita, respeitando-o. Padrão é uma norma de comportamento, como a poligamia para os mulçumanos. 4. Aculturação Processo de transformação de culturas em contato com outras. O modo de vida de muitos povos resulta da fusão de outros modos de vida, isto é, de culturas de outros povos que, por algumas circunstâncias, entraram em contato. O processo de fusão de culturas em contato através da troca de seus padrões e da influencia múltipla é denominado, em Sociologia, de aculturação ou transculturação. O que resulta desse processo é um produto cultural novo, diferente das matrizes culturais que lhe deram origem. Entretanto, a utilização desse tipo de categoria vem sendo cada vez mais criticada e combatida por antropólogos e outros especialistas das ciências humanas; a crítica realizada a esse conceito combate a ideia de que uma cultura desaparece no momento em que entra em contato com os valores de outras culturas. No entanto, essa premissa se mostra equivocada por compreender que a cultura consiste em um conjunto de valores, práticas e signos imutáveis no interior de uma sociedade. Estudos de natureza histórica e antropológica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, demonstraram que as sociedades humanas estão constantemente reorganizando suas formas de compreender e lidar com o mundo. Dessa forma, a cultura não pode ser vista de uma forma estática. Um dos mais claros exemplos desse processo pode ser visto com relação às comunidades indígenas brasileiras. No começo do século XX, as autoridades oficiais acreditavam que a ampliação do contato entre brancos e índios poderia, em questão de décadas, extinguirem as comunidades indígenas. Contudo, o seu crescimento – a partir da década de 1950 – negou o prognóstico do início daquele século. Dessa forma, devemos compreender que a cultura é um processo dinâmico e aberto em que hábitos e valores são sistematicamente ressignificados. Por isso, a ideia de aculturação não pode ser vista como o fim de uma cultura, pois não há como pensar que um mesmo grupo social irá preservar os mesmos costumes durante décadas, séculos ou milênios. A cultura de um povo, para manter-se viva, deve ser suficientemente livre para conduzir suas próprias escolhas, inovações e permanências. 5. Contracultura Partindo para o campo das práticas culturais, podemos notar o desenvolvimento de costumes que vão justamente contra os pressupostos comungados pela maioria. Foi nesse momento em que passou a se trabalhar com o conceito de “contracultura”, definidor de todas as práticas e manifestações que visam criticar, debater e questionar tudo aquilo que é visto como vigente em um determinado contexto sócio-histórico. Um dos mais reconhecidos tipos de manifestação contracultural aconteceu nas décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos. Após a saída deste país da Segunda Guerra Mundial, um verdadeiro “baby-boom” foi responsável pelo surgimento de uma nova geração que viveria todo o conforto de um país que se enriqueceurapidamente. Contudo, ao contrário do que se podia esperar, essa geração desempenhou o papel de apontar os limites e problemas gerados pela sociedade capitalista. Rejeitando o elogio cego à nação, o trabalho e a rápida ascensão social, esses jovens buscaram um refúgio contra as instituições e valores que defendiam o consumismo e o cumprimento das obrigações. A partir daí foi dado o aparecimento do movimento hippie, que incitou milhares de jovens a cultuarem o amor livre, o desprendimento às convenções e o desenvolvimento de todo um mundo que fosse alternativo ao que fosse oferecido pelo sempre tão criticado “sistema”. No Brasil, essa ideia de contracultura pode ser observada com o desenvolvimento do movimento hip hop. Embalados pela “beat” eletrônica e letras com rimas ácidas, diversos jovens da periferia dos grandes centros urbanos absorveram um gênero musical estrangeiro para retratar a miséria e violência que se alastravam em várias cidades do país. Atualmente, essa manifestação se diversificou e protagoniza a realização de diversos projetos sociais que divulgam cultura e educação. Com respeito ao conceito de contracultura, não podemos pensar que ele vá simplesmente definir a existência de uma cultura única e original. Pelo contrário, as manifestações de traço contracultural têm a importante função de revisar os valores absorvidos em nosso cotidiano e, dessa forma, indicar novos caminhos pelo qual o homem trilha suas opções. Assim, é necessário sempre afirmar que contracultura também é cultura. 6. Cultura de Massa A expressão “cultura de massa‟, posteriormente trocada por “indústria cultural”, é aquela criada com um objetivo específico, atingir a massa popular, maioria no interior de uma população, transcendendo, assim, toda e qualquer distinção de natureza social, étnica, etária, sexual ou psíquica. Todo esse conteúdo é disseminado por meio dos veículos de comunicação de massa. Antes do advento da cultura de massa, havia diversas configurações culturais: a popular, em contraposição à erudita; a nacional, que entretecia a identidade de uma população; a cultura no sentido geral, definida como um conglomerado histórico de valores estéticos e morais; e outras tantas culturas que produziam diversificadas identidades populares. Mas, com o nascimento do século XX e, com ele, dos novos meios de comunicação, estas modalidades culturais ficaram completamente submergidas sob o domínio da cultura de massa. Veículos como o cinema, o rádio e a televisão, ganharam notório destaque e se dedicaram, em grande parte, a homogeneizar os padrões da cultura. Como esta cultura é, na verdade, produto de uma atividade econômica estruturada em larga escala, de estatura internacional, hoje global, ela está vinculada, inevitavelmente, ao poderoso capitalismo industrial e financeiro. A serviço deste sistema, ela oprime incessantemente as demais culturas, valorizando tão somente os gostos culturais da massa. Edgar Morin define a cultura de massa ou indústria cultural como uma elaboração do complexo industrial, um produto definido, padronizado, pronto para o consumo. Esta cultura é hipnotizante, entorpecente, indutiva. Ela é introjetada no ser humano de tal forma, que se torna quase inevitável o seu consumo, principalmente se a massa não tem o seu olhar e a sua sensibilidade educados de forma apropriada, e o acesso indispensável à multiplicidade cultural e pedagógica. Com este manancial de recursos, é possível criar modalidades de resistência a essa cultura impositiva. Do contrário, com os apelos desta indústria, personificados principalmente na esfera publicitária, principalmente aquela que se devota sem pudor ao sensacionalismo, é quase impossível resistir aos sabores visuais da avalanche de imagens e símbolos que inundam a mente humana o tempo todo. Este é o motor que move as engrenagens da indústria cultural e aliena as mentalidades despreparadas. 7. Cultura Popular & Cultura Erudita Cultura, como vimos, é uma construção humana e se opõe à natureza, aquilo que não passa pelo trabalho do homem. Para não deixar o conceito tão amplo, algumas divisões são criadas, entre elas as de popular e erudita. Fala-se em cultura popular e cultura erudita como se houvesse um rio que separasse claramente as duas margens. Este rio não existe, mas a divisão tem alguma utilidade operacional. A cultura popular seria aquela que é produto de um saber não institucionalizado, que não se aprende em colégios ou academias; exemplo disso é o crochê, ou a culinária tradicional, ou ainda a literatura de cordel. A cultura erudita, por outro lado, pressupõe uma elaboração maior e por isso uma institucionalização do saber. Isto é: o domínio da cultura erudita passa não pela tradição familiar, mas por academias, bibliotecas, conservatórios musicais, etc, que selecionam o material e impõem regras rígidas e complexas elaborações. Bach, na música, e Picasso, na pintura, são exemplos disso. Evidentemente, os conceitos popular e erudito escondem também uma valoração. Por muitos anos, a cultura popular foi considerada inferior à erudita; e erudito mesmo era aquilo que era europeu, de preferência francês, inglês ou alemão. Os brasileiros eram os primos pobres, que tinham que beber naquelas fontes para se curar de seu incurável atraso. Esse pensamento foi se transformando ao longo dos anos, graças às contribuições de autores que, dominando o saber erudito, reconheciam o valor imenso da cultura popular (Gilberto Freire, Mário de Andrade e Guimarães Rosa são alguns desses autores). 8. Identidade Cultural A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma sociedade. Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha complexidade, podemos compreender a constituição de uma identidade em manifestações que podem envolver um amplo número de situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos. Durante muito tempo, a ideia de uma identidade cultural não era devidamente problematizada no campo das ciências humanas. Com o desenvolvimento das sociedades modernas, muitos teóricos tiveram grande preocupação em apontar o enorme “perigo” que o avanço das transformações tecnológicas, econômicas e políticas poderiam oferecer a determinados grupos sociais. Nesse âmbito, principalmente os folcloristas, defendiam a preservação de certas práticas e tradições. Por outro lado, algumas recentes teorias culturais desenvolvidas no campo das Ciências Humanas desempenharam o papel inovador de questionar o próprio conceito de identidade cultural. De acordo com essa nova corrente, muito em voga com o desenvolvimento da globalização, a identidade cultural não pode ser vista como sendo um conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o indivíduo e a coletividade a qual ele faz parte. Partindo dessas novas noções de identidade, antigos temas relacionados à cultura que aparentavam completo esgotamento ganharam um novo fôlego interpretativo. As identidades passaram a ser trabalhadas com definições menos rígidas. Diversos estudos vão contra a ideia de que uma população deve abraçar a sua cultura e garantir todas as formas possíveis de cristalizá-la. Dessa forma, presenciamos a abertura de novas possibilidades de entender o comportamento do homem com seu mundo. 9. Etnocentrismo Em Ciência Social, é a tendência humana universal a perceber e julgar culturas e sociedades diferentes através do crivo dos valores da sua própria cultura. Por exemplo, o homem ocidental que, por não compreender os padrões de comportamento da Índia, acha que essa é uma cultura inferior a sua. Nenhuma cultura pode ser compreendida a partir da “lógica” de uma outra, pois cada cultura possui sua própria “lógica”. O modo como cada povo organiza suas relações sociais para satisfazeras suas necessidades só pode ser compreendido a partir de si mesmo. QUESTÕES TRADICIONAIS 01) Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza. “Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro”, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial. Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de a) exclusão social. b) imposição religiosa. c) acomodação política. d) supressão simbólica. e) ressignificação cultural. 02) A África também já serviu como ponto de partida para comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco na África; em ambas, a África parece um lugar cheio de tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme americano ambientado na África, não chegava a contar com elenco de seres humanos. LEIBOWITZ, E. “Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê”. A produção cinematográfica referida no texto contribui para a constituição de uma memória sobre a África e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia, respectivamente, os seguintes aspectos do continente africano: a) A história e a natureza. b) O exotismo e as culturas. c) A sociedade e a economia. d) O comércio e o ambiente. e) A diversidade e a política. 03) A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente. MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas a) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos. b) perderam a relação com o seu passado histórico. c) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira. d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual. e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus. 04) O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte: sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos e provérbios, fábulas, histórias bobas e contos populares sejam representados; aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em seu caminho. UTLEY, F. L. Uma definição de folclore. O que é folclore. O texto tem como objeto a construção da identidade cultural, reconhecendo que o folclore, mesmo sendo uma manifestação associada à preservação das raízes e da memória dos grupos sociais, a) está sujeito a mudanças e reinterpretações. b) deve ser apresentado de forma escrita. c) segue os padrões de produção da moderna indústria cultural. d) tende a ser materializado em peças e obras de arte eruditas. e) expressa as vivências contemporâneas e os anseios futuros desses grupos. 05) Em 1697, publicou-se, em Lisboa, “A arte da língua de Angola”, a mais antiga gramática de uma língua banto, escrita na Bahia, para uso dos jesuítas, com o objetivo de facilitar a doutrinação de negros angolanos. Os aportes bantos ou “bantuismos”, palavras africanas que se incorporaram à língua portuguesa no Brasil, estão associados ao regime da escravidão (senzala, mucama, banguê, quilombo). A maioria dessas palavras está completamente integrada ao sistema linguístico do português brasileiro, formando derivados da língua com base na raiz banto (esmolambado, dengoso, sambista, xingamento, mangação, molequeira, caçulinha, quilombola). CASTRO, Yeda P. de. Das línguas africanas ao português brasileiro. Dado o fato histórico-linguístico de incorporação de “bantuismos” na língua portuguesa, conclui-se que a) os grupos dominantes recusam a cultura de setores menos favorecidos da sociedade. b) a língua é um fenômeno orgânico e histórico cuja dinâmica impossibilita seu controle. c) os jesuítas foram os responsáveis pela difusão da língua banto no Brasil. d) o idioma dos escravos tinha prestígio social, a ponto de merecer um estudo gramatical no século XVII. e) os vocábulos portugueses derivados das línguas banto evidenciam a ocorrência de uma ruptura entre essas línguas. QUESTÕES CONTEXTUALIZADAS 01) No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país. DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas. b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam. e) reprodução da cultura musical norte-americana. 02) Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por a) possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região. b) abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação. c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo. d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem. e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais. 03) O Baile Charme, uma das mais conhecidasmanifestações culturais do povo carioca, fica cadastrado como bem cultural de natureza imaterial da cidade. O decreto considera o Baile Charme uma genuína invenção carioca, e destaca a riqueza de sua origem na musicalidade africana, que abriga ritmos como o soul, o funk e o rythim’n blues, da fonte norte-americana, e o choro, o samba e a bossa- nova, criações nascidas no Rio. O Baile Charme é cultuado, principalmente na Zona Norte da cidade, seja em clubes, agremiações recreativas e espaços públicos como a área do Viaduto de Madureira. Disponível em: www.jb.com.br. Segundo o texto, o cadastramento do Baile Charme como bem imaterial da cidade do Rio de Janeiro ocorreu porque essa manifestação cultural a) possui um grande apelo de público. b) simboliza uma região de relevância social. c) contém uma pluralidade de gêneros musicais. d) reflete um gosto fonográfico de camadas pobres. e) representa uma diversidade de costumes populares. 04) A hibridez descreve a cultura de pessoas que mantêm suas conexões com a terra de seus antepassados, relacionando-se com a cultura do local que habitam. Eles não anseiam retornar à sua “pátria” ou recuperar qualquer identidade étnica “pura” ou absoluta; ainda assim, preservam traços de outras culturas, tradições e histórias e resistem à assimilação. CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. Contrapondo o fenômeno da hibridez à ideia de “pureza” cultural, observa-se que ele se manifesta quando a) criações originais deixam de existir entre os grupos de artistas, que passam a copiar as essências das obras uns dos outros. b) civilizações se fecham a ponto de retomarem os seus próprios modelos culturais do passado, antes abandonados. c) populações demonstram menosprezo por seu patrimônio artístico, apropriando-se de produtos culturais estrangeiros. d) elementos culturais autênticos são descaracterizados e reintroduzidos com valores mais altos em seus lugares de origem. e) intercâmbios entre diferentes povos e campos de produção cultural passam a gerar novos produtos e manifestações. 05) TEXTO I TEXTO II Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades, à medida que se impregna de um ethos urbano — seja por migração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão surgindo indivíduos que, na área da visualidade, gerarão uma obra de feição original, autoral, única. O indivíduo-sujeito recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim de criar seu projeto artístico, a sua identidade social. FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX). A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são pertinentes à criação popular caracterizam-se por a) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas. b) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais da arte acadêmica. c) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e recepção em museus e galerias. d) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo criação pessoal particular. e) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo ou região, gerando movimentos artísticos. QUESTÕES ESPECÍFICAS 01) A cultura é uma grande janela (juntamente com a linguagem e o trabalho), que, em nosso século, se abriu para o problema do homem. Certamente, o homem sempre fez cultura porque é essencialmente um ser cultural e não um ser natural. Com relação a esse assunto, analise os itens a seguir: I. Do ponto de vista antropológico, cultura indica a educação, a formação, o cultivo do homem. II. Cultura é o saber humano que resulta da intervenção do homem na natureza mediante o trabalho, da técnica e das ideias bem como dos produtos provenientes dessa intervenção transformadora. III. Cultura significa um conjunto de costumes, técnicas e valores, que caracterizam um grupo social, uma tribo, um povo, uma nação. IV. O homem é um ser cultural, independentemente de sua condição natural e histórica. V. A noção moderna de cultura implica elementos materiais e imateriais, apresentando o caráter religioso, moral, estético, técnico ou científico, comum a todas as partes de uma vasta sociedade. Estão corretos os itens a) I, II, III e V. b) I, III e V. c) II, IV e V. d) II, III e V. e) I e III. 02) Na perspectiva dialética e histórica, a ação do homem no mundo natural, à medida que seu crescente desenvolvimento biológico lhe vai permitindo, produz duas ordens de resultados: a criação de objetos artificiais e a de ideias, com que, cada vez, vai representando melhor e mais extensamente a realidade no pensamento. Ambos os tipos de resultados são cultura. Com relação a esse assunto, analise os itens a seguir: I. A cultura pode ser considerada um amplo conjunto de conceitos, símbolos, valores e atitudes, que modelam uma sociedade. II. A cultura não engloba tudo o que é relativo ao homem, sejam coisas e/ou acontecimentos; consequentemente, o conceito de cultura também não é coextensivo a tudo o que é humano. III. A ação humana não se esgota na sua dimensão prática. O homem também produz símbolos, isto é, valores, ideias, leis, linguagem, sonhos e fantasias. IV. O trabalho viabiliza a interferência consciente do homem na natureza; a cultura resulta da capacidade de reter e classificar, sob a forma de ideias, os resultados dessa interferência na natureza. V. O mundo cultural é um sistema de significados ainda por ser estabelecido de modo que, ao nascer, a criança encontra um mundo de valores a ser trabalhado, no qual começa a construir sua própria vida cultural sem interferência do processo já existente. Estão corretos os itens a) I, II e V. b) I, III e V. c) I, III e IV. d) II, IV e V. e) I, II, III, IV e V. 03) A cultura é o resultado do processo pelo qual existir adquire concretitude. O que o existente objetiva transforma‐se em patrimônio comum. Por sua vez, existir demanda uma elaboração conceitual e um conhecimento ordenado da herança, que se recebe e que vem do mencionado patrimônio comum. CARVALHO, José Maurício. O Homem e a Filosofia. Com relação a esse assunto, analise os itens a seguir: I. A cultura é um espaço de criação humana, que nasce do homem na sua trajetória como ser existencial. II. O trabalho manifesta o caráter social do homem na transformação em conformidade com a cultura. O homem está satisfeito com seu trabalho, com suas técnicas, com seus equipamentos, portanto incessantemente satisfeito. III. Enquanto o animal permanece sempre o mesmo na sua essência, não se ensimesma, o homem tem a capacidade de ensimesmar‐se. O homem não se contentou mais em colher aquilo que a natureza lhe colocava à disposição. IV. A dimensão conceitual é singularidade do humano, enquanto o mundo do animal é um mundo sem conceito. V. A dimensão cultural é fruto do resultado da realização dos valores que o homem concretiza na prática transformativa da natureza. A cultura é, pois, uma extensão do homem na sua existencialidade. Estão corretos os itens a) I, II, III e IV. b) II, III, IV e V. c) III, IV e V. d) I, III, IV e V. e) II, III e V. 04) Atente ao texto que se segue sobre a ‘função e o valor existencial da linguagem’. A linguagem é importante não só pela função descritiva e comunicativa como também pela função existencial. Com efeito, além de descrever objetos e comunicar sentimentos, ela serve ainda para testemunhar aos outros e a nós mesmos a nossa existência. Com base no texto de Mondin, analise as afirmativas a seguir sobre a linguagem humana: I. Torna o homem capaz de reorganizar a experiência vivida numa outra perspectiva e de dar-lhe novo sentido. II. Por meio da representação simbólica e abstrata, permite o distanciamento do homem em relação ao mundo e também é o que possibilita seu retorno a este mundo para transformá-lo. III. Abre-nosà realidade. Nela ouvimos, percebemos, conhecemos, esperamos, imaginamos, calculamos. IV. É o instrumento privilegiado da comunicação e, também, da presença da sociabilidade. Estão corretos os itens a) I, II e IV. b) II, III e IV. c) I, II, III e IV. d) I, II e III. e) III e IV. 05) Observe o texto a seguir sobre a linguagem como atividade humana. As palavras e a linguagem não constituem cápsulas em que as coisas são empacotadas para comércio de quem escreve e fala. É na palavra, na linguagem, que as coisas chegam a ser e são. Com base no texto acima, examine as afirmativas a seguir sobre a linguagem humana: I. A linguagem humana em sua forma abstrata distancia o homem da experiência vivida, enquanto a linguagem animal objetiva a adaptação à situação concreta. II. A linguagem humana funciona como meio de comunicação do homem com o mundo e com o meio no qual vive, além de ser imprescindível à vida social, à política, à expressão do pensamento e das artes. III. A linguagem como atividade humana é o único instrumento na formação do mundo cultural, uma vez que permite ao homem se ater, apenas, ao mundo concreto material. IV. A linguagem humana se baseia em conceitos, e a linguagem de outras espécies animais, em sua riqueza de expressão, tem também um aspecto conceitual. Estão corretos os itens a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I e II. d) II e IV. e) II e III. QUESTÕES APROFUNDADAS 01) [...] a contraposição entre cultura e natureza é, em grande parte, fictícia. O homem “civil” se auto-representa fora da natureza, mas a própria natureza se torna, na experiência histórica, um modelo cultural consciente, uma escolha intelectual alternativa à da cultura. MONTANARI, M. Comida como cultura. O texto acima faz referência à oposição entre natureza e cultura. Considerando as suas aulas de sociologia, comente sobre a construção daquilo que é natural e daquilo que é cultural. É possível pensar o natural sem o cultural ou o cultural sem o natural? 02) Leia a notícia abaixo e responda a questão que se segue: Brasil 27: Caso Cooperart-Poty Quem visita Teresina, no Piauí, tem como parada obrigatória o Polo Cerâmico de Poty Velho, um dos maiores patrimônios culturais da cidade, onde se transforma argila em arte. Dentre as 51 oficinas e 284 famílias que compõem o polo, destaca-se a Cooperart – Poty (Cooperativa de Artesanato de Poty Velho) pela sua história, contada por meio da coleção de bonecas "Mulheres do Poty", o carro-chefe da empresa, composta por cinco peças: a mulher religiosa, a do pescador, a da olaria, a ceramista e a das continhas. A que tipo de patrimônio cultural a reportagem acima faz referência? Patrimônio material ou imaterial? Justifique sua resposta. 03) A capital do hambúrguer Na última década, São Paulo viu o hambúrguer virar mania. Das chapas das padarias, ele saltou para os cardápios das casas mais sofisticadas, onde passou a ser comido com garfo e faca e custar até mais do que alguns pratos. Agora, os excessos gourmets saem de moda para dar lugar a sanduíches menos complicados, quase retrô, feitos para ser devorados com as mãos. GALANTE, Helena. A capital do hambúrguer. Veja São Paulo. 10 jan. 2014. Apesar de incerta a sua verdadeira origem, o hambúrguer foi mundialmente conhecido devido às redes de fast-food norte-americanas. Como afirma a reportagem, em São Paulo – e também em outras cidades do país – esse tipo de alimento tornou-se bastante comum e apreciado. Explique, usando argumentos sociológicos, o fato de um alimento popularizar-se em um país que não é o seu de origem. 04) No ano de 2010, a Folha registrou uma mesa na Bienal do Livro de São Paulo sobre a repercussão internacional da literatura brasileira. Milton Hatoum detectou uma melhora nos últimos anos, com a tradução de clássicos e autores contemporâneos (ele mesmo foi traduzido para 16 línguas): "O que tenho notado é que o interesse pelo Brasil tem aumentado porque hoje temos um maior destaque internacional. Mas o fundamental é a qualidade da obra. Cedo ou tarde, bons livros serão traduzidos". A julgar pela reportagem, os debatedores precisaram omitir um detalhe para sustentar seu diagnóstico. Trata-se do fato de que o escritor mais lido no mundo, cujas vendas já bateram a casa dos 100 milhões de exemplares em 150 países, traduzidos em 62 línguas, é o brasileiro Paulo Coelho. É provável que não se trate de esquecimento, mas da desconsideração pura e simples do pertencimento de Coelho ao domínio culto da literatura. PINHEIRO, F. A recusa acadêmica em entender Paulo Coelho. A divisão entre cultura erudita e cultura popular segue um certo padrão que é compreendido por Pierre Bourdieu através da noção de distinção. Levando em consideração essa noção de Bourdieu, explique por que a obra de Paulo Coelho não está inserida no “domínio culto da literatura” brasileira. 05) Tenho uma filha, de sete anos e, ao chegar em casa depois da conversa sobre os índios, resolvi olhar o caderno dela para ver o que a professora havia feito no dia 19 de abril. Fiquei surpresa quando vi a folha de xérox colada no caderno dela, com uma figura de índio numa oca, de arco e flecha, no meio de árvores, e escrito "para colorir", e mais abaixo, em letras grandes, "19 de abril: Dia do Índio!" Parece que eu havia voltado no tempo. Era só uma imagem, mas fiquei pensando que é esse o índio que ficará guardado na memória das crianças, como ficou na minha, aquele homem sorrindo, nu, que vive com os animais e mora em uma oca. (Marta, Pedagogia) BONIN, Iara Tatiana. Narrativas sobre diferença indígena: como se produz um “lugar de índio” no contexto escolar. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. a) Identifique, a partir do relato acima, três exemplos de uma perspectiva etnocêntrica utilizada para caracterizar os povos indígenas brasileiros. b) Aponte dois procedimentos capazes de eliminar visões etnocêntricas acerca da condição dos povos indígenas brasileiros. Anotações QUESTÕES TRADICIONAIS Resposta da questão 1: [E] Resposta da questão 2: [B] Resposta da questão 3: [C] Resposta da questão 4: [A] Resposta da questão 5: [B] QUESTÕES CONTEXTUALIZADAS Resposta da questão 1: [D] Resposta da questão 2: [B] Resposta da questão 3: [E] Resposta da questão 4: [E] Resposta da questão 5: [D] QUESTÕES ESPECÍFICAS Resposta da questão 1: [A] Resposta da questão 2: [C] Resposta da questão 3: [D] Resposta da questão 4: [C] Resposta da questão 5: [C]
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