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Erro de tipo

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Art. 20 do CP: O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
O artigo 20 do CP determina que aquele indivíduo que atua em desconhecimento ou em erro acerca dos elementos constitutivos de um tipo penal não age com dolo e, consequentemente, não pratica um fato criminoso.
Erro: falsa percepção da realidade ou falso conhecimento de algum objeto. É um estado positivo.
Ignorância: completo desconhecimento da realidade. É um estado negativo.
Erro de tipo essencial 
É a falsa percepção da realidade quanto aos elementares, circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue à figura típica.
Exemplos de erro de tipo: agente que toma coisa alheia como própria; caçador que atira em outra pessoa atrás de um arbusto imaginando se tratar de um animal; ter relações sexuais com alguém menor de 14 anos supondo maior.
O erro de tipo, ao afastar a vontade e a consciência do agente, exclui sempre o dolo;
Todavia, há situações em que se permite a punição da conduta culposa, se houver previsão legal, nos casos do erro de tipo vencível, evitável ou inescusável. 
Espécies de erro de tipo essencial 
Escusável, inevitável, invencível ou desculpável: o agente não age com culpa. Ainda que tivesse atuado com a cautela e a prudência do homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade. Qualquer pessoa incorreria nesse erro, nas circunstâncias apresentadas. Portanto, exclui-se o dolo (também a tipicidade) e a culpa.
Exemplo: jovem que se relaciona sexualmente com menor de 14 anos, que se encontrava em festa para maiores de 18, bebendo, mentiu sobre a idade e tinha compleição física de adulta, não comete estupro de vulnerável. A conduta será atípica.
Inescusável, evitável, vencível ou indesculpável: o erro provém de culpa do agente, isto é, se tivesse atuado com mais cautela ou prudência, seria capaz de compreender o caráter ilícito. Exclui o dolo, mas permite a punição culposa.
Erro de tipo x erro de proibição 
No erro de tipo, o agente não sabe exatamente o que faz. O indivíduo possui uma falsa representação de realidade não possui dolo, consciência nem a vontade.
Já no erro de proibição, o agente sabe exatamente o que faz, porém ignora o caráter ilícito de seu ato. Exemplo: pessoa que possui algum tipo de desconhecimento quanto aos hábitos, a cultura e as condutas criminalizadas em uma sociedade ou comunidade distinta da sua.
Erro provocado por terceiro
Art. 20, § 2º, do CP: “responde pelo crime o terceiro que determina o erro.”
Fala-se neste momento do autor mediato do crime, do agente provocador, do terceiro que determina o erro. Nesse caso, quem responde pelo crime é o terceiro.
Assim, o agente não erra por conta própria, de forma espontânea, mas sim por obra de terceiro.
Exemplo: médico que ordena a enfermeira que administre dosagem letal de um medicamento.
Se a enfermeira não previu, nem lhe era previsível, saber do erro de prescrição, não responderá por crime algum; se percebe, quer ou aceita o resultado morte, pratica homicídio doloso.
O médico sempre vai responder pela conduta. No caso da enfermeira, a executora do crime, ela poderá ou não responder, dependendo das circunstâncias fáticas.
Erro de tipo acidental 
Esse não exclui o dolo. Não afasta a responsabilização penal, pois recai sobre dados secundários, periféricos, dados que não vão fazer a caracterização do crime.
Espécies de erro de tipo acidental:
– Sobre o objeto (error in objecto, não tem previsão legal);
– Sobre a pessoa (error in persona, art. 20, § 3º, CP);
– Erro na execução (aberratio ictus, art. 73 do CP – aplica-se o art. 20, § 3º, CP). Ex.: falha de pontaria;
– Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis, art. 74 do CP);
– Erro sobre o nexo causal.
Erro sobre a pessoa 
É o indivíduo que erra o alvo, erra a vítima pretendida. No momento em que ele erra a pessoa, ele continua a responder criminalmente. O erro quanto a pessoa não afasta a responsabilização criminal. Ele vai responder criminalmente, como se a vítima pretendida tivesse sido atingida.
Erro de tipo na execução 
No caso da aberratio ictus, ou erro na execução, não há uma representação errada da realidade. O fulano visualiza seu pai, mas no momento de atirar ele erra a pontaria e acerta em seu tio, que estava no cômodo do lado.
1) Aberratio ictus de resultado único: atinge apenas a pessoa diversa da pretendida. O agente responde pelo crime cometido considerando as qualidades da vítima virtual, pretendida, e não da vítima efetivamente atingida.
2) Aberratio ictus com resultado duplo ou unidade complexa: será punido pelos dois crimes, em concurso formal. A segunda pessoa acertada será feita de forma culposa.
Resultado diverso do pretendido – aberratio criminis ou aberratio delicti
Por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge bem jurídico distinto daquele que pretendia atingir.

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