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@danie�eferreira._ Sistemas de Acasalamento Monogamia de Machos Monogamia: o indivíduo tem somente um parceiro(a). Quando falamos de monogamia, não podemos nos referir ao caso, pois há casos em que a fêmea é monogâmica e o macho é poligínico, em outros casos o macho pode ser monogâmico e a fêmea poliândrica e também há casos em que ambos os indivíduos são monogâmicos. Comportamentos facilitadores da monogamia de machos ● guarda da fêmea ● suicídio sexual (guarda póstuma) ● cuidado parental Esses comportamentos seriam adaptativos, levando à uma maior representatividade do indivíduo na espécie. A monogamia é uma consequência de outros comportamentos ou de aspectos fisiológicos. No caso dessa abelha da imagem ao lado, após a cópula, o zangão deixa a genitália presa no abdômen da fêmea, o que atrapalha a próxima cópula dela (guarda póstuma). É um comportamento que pode ser selecionado, pois faz com que grande parte da prole seja daquele macho. A fêmea não é monogâmica por escolha, a monogamia dela é uma consequência da guarda póstuma do macho. Normalmente, os indivíduos dessa espécie evitam se dispersar por longas distâncias, pois sua camuflagem é difícil em alguns ambientes. Como a dispersão é custosa, quando o macho encontra uma fêmea, mesmo que ela não esteja em período fértil, ele a guarda por semanas, até que ela chegue ao período fértil. Há casos em que o macho chega a guardar a fêmea o ano todo, pois ao longo do ano ela fica receptiva apenas por 3 semanas. O grilo-do-campo é uma espécie ameaçada de extinção, e por isso há muitos estudos a respeito da sua reprodução. Sabe-se que o macho dessa espécie realiza a guarda da fêmea. O macho isolado sofre menos com ataques de predadores que a fêmea isolada. Porém, quando formam um casal, o macho deixa a fêmea se esconder primeiro quando um predador se aproxima, então os machos acabam sendo mais predados que as fêmeas quando eles estão em casal. Esse comportamento é adaptativo pois, como a fêmea se salva da predação, os genes do macho que copulou com ela são passados para diante na espécie. O macho de cavalo-marinho possui uma bolsa incubadora, onde guarda os ovos que recebe da fêmea. Dentro dessa bolsa cabem apenas os ovos de uma fêmea, e a fertilização dos ovos ocorre dentro da bolsa. Nessa espécie da foto ao lado, o macho incuba os ovos por 3 semanas e, após o nascimento dos filhotes, o macho procura a mesma fêmea para receber mais ovos. Isso é uma questão de sincronia: a maturação dos ovos pelo macho e a produção de novos ovos pela fêmea é sincronizado. Por isso, quando um dos indivíduos morre, o outro indivíduo muitas vezes não consegue encontrar outro parceiro. Nem sempre a monogamia de machos é adaptativa. Nessa espécie de besouro, por exemplo, a monogamia não é uma adaptação do macho e sim uma situação provocada pela fêmea. Quando o macho encontra carne para se alimentar, ele sobe nela e fica no ponto mais alto possível. Nesse ponto alto, ele libera feromônios para atrair as fêmeas. Enquanto o macho está interessado em copular com várias fêmeas, a fêmea está interessada em monopilar o recurso (carne) para que os filhotes tenham alimento. Então, quando a primeira fêmea chega, eles copulam, a fêmea ovipõe e o macho tenta ir para o topo de novo para chamar outras fêmeas. Então, a fêmea que já copulou com ele vai atrás e puxa a perna dele, para que ele caia e não consiga chamar outras fêmeas. E, através de experimentos, perceberam que realmente há interferência da fêmea na emissão de feromônio pelo macho. Ou seja, o macho é monogâmico pois é forçado pela fêmea. Nessa espécie de peixe, a monogamia é forçada por agressão fêmea-fêmea. As fêmeas mais velhas e maiores são as que mandam no local. A fêmea alfa expulsa as fêmeas que são competidoras pela cópula, então o macho acaba tendo apenas a fêmea alfa para copular. Então, a monogamia dos machos dessa espécie não é adaptativa, e sim forçada pela fêmea alfa. Monogamia em mamíferos Há muitas espécies de mamíferos em que os machos são monogâmicos, e há muitos motivos que podem levar a essa monogamia: ● infanticidio praticados por outros machos ● fêmeas difíceis de localizar ● fêmeas infrequentes ● maior sobrevivência da prole (cuidado paternal) ● território pequeno O macho de hamster-anão-siberiano auxilia a fêmea no parto e limpa os filhotes. Quando o macho não está presente, a taxa de sobrevivência da fêmea e dos filhotes é muito menor. No caso do rato-siberiano, a presença do macho também aumenta o número de filhotes. O cuidado paternal aumenta a representatividade do macho na espécie. Essa espécie ocupa um território muito pequeno (rochas no deserto da Austrália). Como se dispersar no deserto é algo arriscado, os indivíduos que não se dispersam sobrevivem mais, o que justifica a monogamia. É uma monogamia forçada pela estrutura do habitat em que eles vivem. Monogamia em aves Nessa espécie, o cuidado parental leva à monogamia dos machos. Com o macho presente para ajudar a estabilizar a temperatura do ninho, nascem mais filhotes. Então, a representatividade do macho é maior quando ele participa do cuidado parental. Nessa e em algumas outras espécies de aves, a monogamia como consequência do cuidado parental tem influência hormonal. Se a testosterona for suprimida, o cuidado parental do macho com a prole aumenta, fazendo com que mais filhotes sobrevivam. Quando há testosterona extra, o cuidado paternal diminui, o que faz com que menos filhotes sobrevivam. Poliandria Poliandria: a fêmea copula com vários machos. O comportamento de poliandria é muito comum em aves que vivem em regiões que têm recursos abundantes. Nessa espécie (maçarico-maculado), a fêmea atrai o macho e o macho recebe uma ninhada de 4 ovos, que é o máximo que ele consegue incubar. Como a fêmea consegue produzir mais de 4 ovos, pois há grande disponibilidade de recursos, ela procura mais machos para cuidar dos seus ovos. Pode haver, inclusive, disputa entre fêmeas pelo macho. Os machos são forçadamente monogâmicos devido ao limite fisiológico de não conseguir cuidar de mais de 4 ovos. Vantagens da poliandria ● fecundação dos ovos (diluir machos inférteis) ● variabilidade genética ● compatibilidade genética ● acesso a recursos (comida, território, etc) ● garantia de proteção pelo macho ● redução de infanticídio por machos Desvantagens da poliandria ● predação (a fêmea se expõe mais se precisar manter um harém ou sair em busca de machos) ● doenças sexualmente transmissíveis ● gasto de tempo e energia Existem algumas evidências de que a poliandria aumenta a eficiência do sistema imunológico das fêmeas. Porém, há algumas críticas a esse trabalho, pois apenas o número de glóbulos brancos não serve como medida para eficiência do sistema imunológico. Exemplos de machos monogâmicos com fêmeas poliândricas Um estudo feito com o Yellow-toothed cavy mostrou que a poliandria tem um grande impacto populacional, pois, quando a fêmea copula com vários machos, a sobrevivência dos filhotes é maior. O macho é monogâmico e investe muito em alta produção de espermatozoides (competição espermática). Neste estudo, perceberam que a média de ninfas dessa espécie de pseudoescorpião é maior quando a fêmea copula com vários machos, ou seja, a sobrevivência é maior quando a fêmea é poliândrica. Ninhos de abelha em que há uma rainha e vários zangões há maior desenvolvimento do ninho. Acredita-se que isso se dá pois a variabilidade genética proporciona uma maior variedade de funções exercidas pelos indivíduos na colmeia. Poliginia Poliginia: macho que copula com várias fêmeas. Comportamentos facilitadores de poliginia ● defesa da fêmea (monopólio) ● defesa de recursos ● capacidade de procura ● exibição competitiva (Lek) Exemplos de defesa da fêmea (monopólio) O macho dessa espécie de morcego consegue guardar e proteger um grupo de fêmeas. Esse comportamento é custoso para o macho, mas também é muito vantajoso, pois ele consegue ter até 50 filhotes com as fêmeas do seu harém. Os machos que têm esse comportamentosão muito mais bem representados na população. As fêmeas dessa espécie de crustáceo moram dentro de pedregulhos e conchas. O macho gruda a “casa” de várias fêmeas ao seu próprio corpo, obrigando elas a ficarem com ele. Se a fêmea sai dali, ela corre mais risco de ser predada, então ela acaba sendo forçada a ser monogâmica. Exemplo de defesa de recursos O macho leva para o seu território uma concha que é usada como ninho pela fêmea, com a fêmea dentro. O macho forma um “bolo” de conchas, com várias fêmeas, e fica cuidando do seu harém. As fêmeas acabam sendo forçadas a serem monogâmicas. Exemplo de capacidade de procura O macho dessa espécie (esquilo-de-treze-listras) procura as fêmeas, e ele precisa ter uma memória muito boa para lembrar onde as fêmeas estão. Os machos com capacidade de procura melhor reproduzem mais. As fêmeas tendem a ser monogâmicas, principalmente se o macho for capaz de guardar um território grande. Exemplo de exibição competitiva (Lek) Comportamentos de Lek também aumentam o acesso de machos às fêmeas. Os machos fazem uma exibição, e geralmente um macho vai se sobressair. No caso dessa espécie, o acesso a mais fêmeas depende do macho ser experiente e estar no centro do lek.