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REGULAÇÃO de SINISTROS para CORRETORES DE SEGUROS Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA EDUARDO GAMA ÍTALO RICARDO GÓES COUTINHO PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO E ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN RIO DE JANEIRO 2019 A Escola de Negócios e Seguros promove, desde 1971, diver sas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitali zação e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros ofe rece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitivi dade é cada vez maior. Seja bemvindo à Escola de Negócios e Seguros. REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS CONSIDERAÇÕES INICIAIS 6 1. SEGUROS 7 2. REGULAÇÃO DE SINISTRO 11 ETAPAS GERAIS DO PROCESSO REGULAÇÃO DE SINISTRO 12 OBJETIVO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO 13 A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO DE SINISTRO 13 PROCESSO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO 14 IMPORTÂNCIA DO REGULADOR DE SINISTROS 15 COMPETÊNCIAS DO REGULADOR 16 ETAPAS ESPECIFICAS DA REGULAÇÃO DE SINISTRO 16 AVISO DO SINISTRO 17 ANÁLISE DO AVISO DE SINISTRO 17 VISTORIA 17 ANÁLISE DA APÓLICE 19 DOCUMENTAÇÃO 20 PRAZOS 24 INDENIZAÇÃO 24 SUMÁRIO INTERATIVO REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO DE SINISTRO 26 PREJUÍZOS INDENIZÁVEIS 27 SALVADOS 27 RESSARCIMENTO 28 SUB-ROGAÇÃO 28 VERACIDADE E LEGITIMIDADE 29 FRAUDE 29 DESACORDO 30 DIFERENCIAIS QUE UM CORRETOR PODERÁ APRESENTAR NA REGULAÇÃO 31 Contratação do seguro 31 DICAS IMPORTANTES PARA ATUAÇÃO DO CORRETOR DE SEGUROS 31 Pró-atividade 31 Condições Gerais 32 Acompanhamento da vistoria de regulação 32 Atenção com a documentação 32 Indenização 32 Possível implantação de um setor de regulação na corretora 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 34 6REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS CONSIDERAÇÕES INICIAIS Contratar uma apólice de seguro é a maneira mais eficiente de proteger um patrimônio, um bem ou a própria vida. Como o próprio nome diz, o seguro surge da necessidade de segurança das pessoas e das empresas diante das incertezas e dos riscos que todos corremos em nosso cotidiano. Nesse contexto, o seguro possibilita a recuperação de posições financeiras que tinham antes da ocorrência de uma perda. Tal recuperação é possível por meio de uma indenização, baseada em valores previamente estabelecidos no momento da contratação. Atualmente, existem várias opções de seguro: Automóvel, Residencial, Vida, Equipamentos, Aluguel, Educacional, Acidentes Pessoais etc. Com exceção de pequenas perdas consequentes de pequenos acidentes, sem o seguro, poucas pessoas poderiam suportar as perdas financeiras asso ciadas às suas atividades e a seus bens. Nesse sentido, proprietários de imóveis estariam em dificuldades finan ceiras se necessitassem arcar com os custos de reparos ou aquisição de outra propriedade, no caso de um desmoronamento, uma explosão ou um incêndio de grandes proporções. Motoristas infratores teriam dificuldades para pagar por danos corporais ou prejuízos a bens de terceiros, pelos quais eles foram responsáveis. Indústrias poderiam sofrer perdas de renda se seus equipamentos e suas máquinas fossem danificados ou destruídos, e eles fossem obrigados a parar sua linha de produção. 7 UNIDADE 1 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ■ Conhecer os conceitos básicos de seguros Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Compreender a relação entre a contratação e o sinistro SEGUROS 01 8 UNIDADE 1 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS Este capítulo apresenta conceitos básicos de seguros. Para investigar e efetuar pagamentos de sinistros, os técnicos de sinistros ou reguladores devem ter conhecimentos sobre a operação de seguro, as seções de uma apólice de seguro, as partes que fornecem produtos e serviços de segu ros, a condição financeira de uma seguradora, entre outros conceitos. Seguro é um sistema de transferência de riscos (potenciais prejuízos financeiros) para companhias de seguros (seguradora) em consequência de perdas sofridas por pessoas e empresas (segurados). O Proponente, intermediado pelo corretor de Seguros, preenche a pro- posta: um questionário com condições do contrato. Nesse momento, o interessado pelo seguro manifesta suas necessidades junto ao corretor, que irá, ao longo dessa fase, auxiliar o interessado de modo que a apólice de seguros seja exatamente pertinente ao risco proposto. No contrato de seguro, o risco significa algum acontecimento que traz prejuízo ao segurado. A existência do seguro é diretamente ligada à possi bilidade de riscos: assalto, acidentes, falência, entre muitos outros. Alguns exemplos de risco segurado são: um veículo, uma residência, joias, uma indústria, ou seja, tudo aquilo que é segurável dentro das normas de uma seguradora. O Corretor de Seguros é o profissional legalmente habilitado pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) para intermediar o processo de contratação de uma apólice de seguros. Por meio de seu conhecimento técnico, o corretor busca as melhores opções de custobenefício ofere cidas pelas seguradoras para atender as necessidades de proteção dos segurados. Com a celebração de um contrato de seguro (chamado de apólice), o segurado compra uma promessa da seguradora de reembolsálo até um limite de valores previamente determinado (chamado de cobertura), caso este sofra prejuízos decorrentes de determinados eventos (chamados de risco). 9 UNIDADE 1 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS Para garantir o cumprimento, por parte da seguradora, do que está estabe lecido na apólice, o segurado deve pagar uma quantia periódica (mensal, anual ou plurianual) chamada de prêmio (custo do seguro). Quando o evento (risco) previsto na apólice acontece (efetivase), dizemos que ocorreu um sinistro: a ocorrência de acontecimentos previstos no contrato de seguro, que ocasionam prejuízos ou responsabilidades. . Tais perdas podem resultar danos (corporais, materiais ou morais) ao próprio segurado ou a terceiros. Após a regulação do sinistro, a seguradora poderá pagar ou não uma indenização ao segurado. A indenização é a contraprestação da segura dora diante do pagamento do prêmio pelo segurado. Desse modo, se o segurado, por um lado, tem por obrigação pagar um prêmio à seguradora quando contrata um seguro, por outro, a seguradora tem por obrigação efetuar o pagamento de uma indenização ao segurado quando ocorre um risco coberto pelo contrato de seguro (sinistro). Resumindo: A Apólice é o contrato firmado entre seguradora e segurado. De modo geral, os componentes observados dentro de uma apólice são os seguintes: Dados cadastrais do segurado RG, CPF, CNPJ, ENDEREÇO DE CORRESPONDÊNCIA, entre outros. Dados gerais do bem segurado Efetivamente, o que está sendo segurado, por exemplo, um veícu lo, uma máquina agrícola, um imóvel residencial. Dados das coberturas contratadas Coberturas para o risco segurado, como incêndio, queda de raio, explosão, desmoronamento, vendaval, impacto de veículos, RCF. Valor de prêmio Valor que será pago pelo seguro. Vigência do seguro Períodode validade daquele seguro. Cláusulas contratadas As cláusulas são as regras que deverão ser levadas em considera ção quando da necessidade de regular um sinistro. Importâncias Seguradas Valores máximos que o segurado poderá receber mediante a cobertura contratada. 10 UNIDADE 1 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS Franquias Valores obrigatórios que serão cobrados ao segurado ou deduzidos da indenização, quando da ocorrência de um evento coberto a título de participação do segurado. O conhecimento do conteúdo de uma apólice é fundamental para as par tes contratantes – segurado, corretor de seguros e funcionário de uma área de seguradora –, uma vez que, em caso de sinistro, será o documento principal a ser analisado. REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS 11 UNIDADE 2 ■ Conhecer as etapas gerais do processo de regulação de sinistro ■ Compreender a importância da regulação de sinistro ■ Conhecer as etapas específicas da regulação de sinistro ■ Compreender a importância do regulador ■ Conhecer a importância da etapa de apresentação de documentos Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: REGULAÇÃO DE SINISTRO 02 TÓPICOS DESTA UNIDADE ETAPAS GERAIS DO PROCESSO REGULAÇÃO DE SINISTRO REGULAÇÃO DE SINISTRO OBJETIVO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO OBJETIVO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO DE SINISTRO PROCESSO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO IMPORTÂNCIA DO REGULADOR DE SINISTROS COMPETÊNCIAS DO REGULADOR ETAPAS ESPECIFICAS DA REGULAÇÃO DE SINISTRO AVISO DO SINISTRO ANÁLISE DO AVISO DE SINISTRO VISTORIA ANÁLISE DA APÓLICE DOCUMENTAÇÃO PRAZOS INDENIZAÇÃO ATUAÇÃO DO CORRETOR PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO DE SINISTRO PREJUÍZOS INDENIZÁVEIS SALVADOS RESSARCIMENTO SUB-ROGAÇÃO VERACIDADE E LEGITIMIDADE FRAUDE DESACORDO DIFERENCIAIS QUE UM CORRETOR PODERÁ APRESENTAR NA REGULAÇÃO DICAS IMPORTANTES PARA ATUAÇÃO DO CORRETOR DE SEGUROS 12 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ETAPAS GERAIS DO PROCESSO REGULAÇÃO DE SINISTRO Para reclamar o direito de receber a indenização (após sofrer uma perda que acredite estar coberta pela apólice), o segurado deve fazer um aviso de sinistro à seguradora, que então, iniciará um processo de investiga ção. (Regulação de sinistro). Quando o segurado faz um aviso de sinistro, a seguradora é convocada a honrar a promessa feita quanto emitiu a apólice. A regulação tem início com o Aviso de Sinistro do segurado à seguradora, passando depois por três etapas: ■ apuração de danos, que busca a comprovação dos danos e as circunstâncias de sua ocorrência para que se possa levantar as causas, a natureza e a extensão; ■ análise, que examina detalhadamente os laudos de vistoria e outros documentos bem como a apólice para verificar o que está coberto e se há riscos excluídos (não cobertos); ■ encerramento, com o pagamento da indenização ao segurado ou negativa de indenização, cabendo a seguradora fazêlo de forma justificada. A regulação de sinistro é a fase mais importante do processo de sinistro. 13 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS OBJETIVO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO A regulação tem por objetivo verificar se o sinistro está ou não coberto, bem como definir, em caso de indenização, quem será o beneficiário e qual o valor da indenização. A regulação de sinistro se baseia no levantamento e na coleta de um conjunto de informações necessárias para que se possa identificar se o direito reclamado é de fato devido, ou seja, é o meio pelo qual se examina a documentação, as coberturas contratadas, os procedimentos necessá rios a recuperação do patrimônio e o cálculo da indenização necessária para suprir as perdas sofridas. A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO DE SINISTRO Ao adquirir uma apólice de seguro, o segurado compra uma “promessa” de que receberá a indenização contratada se houver um sinistro. O seguro é ofertado não apenas como mecanismo para reparar a perda financeira do segurado, mas também para lhe dar tranquilidade. Para o segurado, o sinistro e suas consequências não são rotineiros e, na verdade, podem ser esmagadores. Nesse momento, o segurado preci sa lidar com uma situação adversa (roubo, furto, colisão, incêndio, entre outros) e, em muitos casos, não tem ideia de como proceder. É também, o momento em que o segurado reconhecerá os princípios do seguro através da assessoria e rapidez no atendimento dispensado pela seguradora e pelo corretor de seguros. Nessa fase, são verificadas as coberturas definidas na apólice para verifi car o que está coberto, se há riscos excluídos (não cobertos), a extensão dos danos e a apuração dos prejuízos que poderão resultar no pagamento da indenização. Também são examinados detalhadamente os laudos de vistoria e todos outros documentos. A maioria dos segurados desconhece os processos de regulação e liquida ção de sinistros. Geralmente só se interessam em conhecer as regras de indenização do seguro que contratou quando o sinistro já ocorreu. 14 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS O Corretor de Seguros, pela experiência e conhecimento técnico que possui, deve ser capaz de auxiliar o segurado durante todo o processo de sinistro, que pode se estender por vários dias, de acordo com a necessida de de análise identificada pela seguradora. PROCESSO DA REGULAÇÃO DE SINISTRO A regulação de sinistro é um processo da seguradora. Há muitas segurado ras no mercado que terceirizam esse processo para empresas reguladoras de sinistro. E o que seria uma reguladora de sinistros? A reguladora de sinistros é uma empresa especializada em elaborar perí cias, investigar eventos, liquidar os processos e encaminhar à seguradora os cálculos e critérios utilizados para alcançar o valor final da indenização do sinistro. É importante mencionar que cada seguradora possui crité rios avaliativos distintos quanto ao envio de um processo (ou não) para uma reguladora de sinistros. Dessa forma, é possível que o corretor tenha contato direto com a seguradora ou com uma reguladora de sinistros no momento da regulação. A equipe de regulação de sinistros – seja interna ou externa – deve, neces sariamente, ser especializada e ter conhecimento preciso das apólices que a empresa subscreve, clausulados, coberturas, riscos excluídos etc. Dada a multiplicidade de assuntos profissionais e técnicos envolvidos, a atividade costuma ser multidisciplinar, de modo que todos os ângulos do assunto possam ser abordados. Os diferentes tipos de sinistro – tais como danos corporais para sinistro de veículos, sinistro de riscos patrimoniais, responsabilidade civil e sinistro de acidentes do trabalho, dentre outros – requerem diferentes tratamentos por parte do regulador de sinistro para que sejam corretamente investi gados e liquidados. Nos sinistros de maior complexidade, o regulador de sinistro poderá solicitar auxílio de um Perito (engenheiro, bombeiro, eletricista, mecâni co, contador, advogado, inspetor da seguradora ou outros profissionais devidamente habilitados) para apuração das causas do acidente ou deter minação de valores de indenização. 15 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS Muitos seguros – notadamente, o seguro de responsabilidade civil – são eminentemente jurídicos. Isto posto, em um sinistro de responsabilidade civil, o exame do caso por um advogado é essencial pela necessidade de interpretar leis e normas que fazem parte do contexto da regulação. Ana logamente, em um sinistro de riscos de engenharia, é necessária a análise por parte de um engenheiro. A falta do profissional certo em cada caso poderá fazer com que a seguradora cometa erros, arriscando ser levada a responder no Judiciário ou no órgão regulador. IMPORTÂNCIA DO REGULADOR DE SINISTROS O papel do regulador de sinistro émuito importante, uma vez que, como já foi mencionado, é na etapa de regulação que o serviço contratado será entregue. O regulador atua como mediador entre o segurado e a segura dora. Com isso, ele atuará em um momento de pressão para o segurado. Como mediador, deverá ser imparcial, pois desenvolve um trabalho para ambas as partes. Em outras palavras, o regulador deve atuar como elo entre o segurador e o segurado, buscando dar ao procedimento regulatório um caráter consen sual, pois o ideal é que se obtenha um acordo entre as partes acerca da indenização que, efetivamente, faça jus o segurado. Atribuições do regulador de sinistros: ■ utilizarse de todos os instrumentos disponíveis para a apuração real dos fatos bem como dos prejuízos decorrentes do sinistro; ■ assegurar o registro correto dos sinistros, dos orçamentos e das estimativas; ■ atender aos clientes e aos corretores, esclarecendo suas dúvidas e orientandoos sobre o andamento do processo; ■ determinar o valor total dos bens cobertos pelo seguro (levanta mento do valor em risco); ■ apurar os prejuízos ocorridos, incluindo os valores dos bens sinis trados como novos, assim como os percentuais de depreciação por uso, idade, obsolescência e estado de conservação; ■ verificar se há impedimento ou limitação ao recebimento da indenização pelo segurado (é necessário estudar as possí veis transferências de propriedade e se há ônus sobre os bens segurados); 16 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ■ estudar a possibilidade de ressarcimento; ■ diligenciar no sentido de evitar maiores danos para o segurado ou os seguradores. COMPETÊNCIAS DO REGULADOR Para exercer a função com eficiência, o regulador deve ter plena cons ciência da responsabilidade que envolve a autorização do pagamento e possuir uma base de conhecimentos que contemple: ■ noções fundamentais sobre o seguro em geral; ■ noções sobre a legislação pertinente ao Sistema Nacional de Seguros Privados; ■ conhecimento das Condições Gerais, Especiais e Particulares das apólices; ■ conhecimento das técnicas de inspeção de sinistros para avalia ção dos danos decorrentes do sinistro; ■ noções sobre a legislação e o Código Nacional de Trânsito. ETAPAS ESPECIFICAS DA REGULAÇÃO DE SINISTRO De forma geral, os estágios da regulação são: ■ receber e analisar o aviso de sinistro; ■ acusar recebimento e aceitar o sinistro; ■ identificar a apólice; ■ fazer contato com o segurado ou o corretor de seguros; ■ investigar e documentar o sinistro; ■ determinar a causa e o valor do sinistro; ■ concluir o sinistro. 17 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS AVISO DO SINISTRO Para que a seguradora tome ciência da ocorrência de um sinistro, deverá receber um comunicado formal, com a descrição da dinâmica do evento, chamado de aviso se sinistro. O comunicado poderá ser realizado pelo próprio segurado ou pelo corretor de seguros, por telefone, internet ou por aplicativos de celular, entre outros. Cada seguradora possui formas distintas para que esse procedimento seja efetivado. Cabe ao Corretor conhecer os procedimentos de cada segura dora para melhor orientação do segurado. Após a comunicação, será emitido um número de sinistro. ANÁLISE DO AVISO DE SINISTRO O passo seguinte é ler o aviso de sinistro, que é um dos documentos mais importantes do processo de regulação. Ele diz ao regulador o tipo, o local e a data precisa do sinistro; a cobertura que o segurado possui; o nome, endereço e número de telefone do segurado; o nome e endereço do cor retor de seguros que lhe vendeu a apólice; se há alguém mais que deva ser contatado e como contatálo, e se há alguma coisa para a qual o regu lador deva dar especial atenção. Observação É indicado que tanto o segurado, quanto o corretor, tenham em mãos, o número do processo de sinistro, sempre que for necessário fazer contato com as reguladoras ou seguradoras para consultar o andamento do processo de sinistro. VISTORIA Poderá ser necessária uma avaliação específica e criteriosa, por meio de uma visita ao local da ocorrência (vistoria) realizada pelo perito, pelo ins petor da seguradora ou do próprio regulador de sinistro. Vale ressaltar que, em diversos ramos, a vistoria de regulação de sinistro pode não ocorrer, e 18 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS será solicitada apenas documentação específica para andamento do pro cesso de regulação. Para cada ramo de seguro poderá ocorrer um critério distinto de regulação: ■ Vistoria no bem in loco e posterior solicitação de documentos para andamento do processo. ■ Solicitação de documentos para análise interna da seguradora ou reguladora. A partir dos contatos iniciais mantidos com o segurado e da vistoria no local do sinistro, o inspetor deverá informar a seguradora sobre a extensão dos danos ocorridos nos bens segurados, por meio do preenchimento do Relatório Preliminar de Sinistro. Atualmente, os processos, relatórios e estágios da regulação são registrados diretamente nos sistemas eletrônicos, aplicativos ou sites dis ponibilizados pelas seguradoras ou empresas terceirizadas, fornecendo facilidade de acesso e consulta por parte dos segurados, corretores e até terceiros prejudicados. Atuação do corretor É importante que o corretor saiba qual será a data da vistoria e acompanhe todo o pro- cesso para que posteriormente não haja dúvidas sobre o que foi realizado no local. Importante A qualquer tempo, desde que devidamente justificado, a seguradora poderá solicitar documentos ou vistorias complementares (mesmo após a apresentação da primeira remessa de documentos) ou até mesmo após a primeira visita ao local. Existem casos mais complexos em que diversas vistorias serão solicitadas no decorrer da regulação, a fim de assegurar que os valores pagos para o segurado, serão efetivamente condizen- tes com o que foi contratado. 19 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ANÁLISE DA APÓLICE Ao receber um aviso de sinistro, o regulador deve, desde logo, procurar a apólice de seguro a que se refere, analisandoa de maneira lógica e com pleta de modo a confirmar: ■ se existe cobertura para o evento avisado; ■ quais os limites de responsabilidade da seguradora; ■ se existem restrições e exclusões de risco, condições contratuais específicas; e ■ se foram realizadas alterações (endossos) durante a vigência da apólice. O regulador examinará, criteriosamente, todas as apólices, os endossos e os anexos relativos ao risco sinistrado. O estudo do seguro deve, preferencialmente, ser feito antes da apuração dos prejuízos, a fim de ser verificada, desde o início, a concordância ou não dos textos das apólices entre si e com o bem segurado. Esse estudo proporcionará ao regulador um pleno conhecimento das condições gerais das apólices. Na interpretação das apólices, o regulador deverá observar as seguintes regras: ■ As cláusulas particulares e especiais prevalecem sobre as condi ções gerais e as revogam. ■ As cláusulas claras, que expuserem a natureza, o objeto ou fim de seguro, servirão de regra para esclarecer as obscuras e para fixar a intenção das partes na celebração do contrato. No estudo do texto das apólices, o regulador verificará se houve, no risco, qualquer modificação que deveria ter sido notificada aos seguradores. Em caso afirmativo, essa modificação deverá ser assinalada, principalmente, se tiver acarretado agravação do risco (se o bem foi exposto a maiores riscos após a contratação da apólice). Conhecendo as condições gerais, especiais e a tarifa das apólices, o regu lador saberá se houve qualquer infração, bem como se a causa do sinistro e a natureza dos prejuízos estão cobertas. Também avaliará de acordo com os fatos apurados, se há prejuízos indenizáveis e não indenizáveis.Após avaliação, apresentará, em seu relatório, o enquadramento dentro das condições do seguro para a classificação dos prejuízos considerados como não indenizáveis e, consequentemente, a sua exclusão do cálcu 20 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS lo de indenização, considerando, no cálculo da indenização, só os danos indiscutivelmente cobertos. É aconselhável que o regulador mantenha o segurado informado das ativi dades de regulação, desfazendo possíveis divergências, a fim de que, no seu término, não haja impugnação dos resultados obtidos. Papel do corretor Existem algumas exclusões definidas nas condições gerais, sendo elas inerentes a bens não compreendidos ou riscos não cobertos. O corretor precisa ter um amplo conhecimento do produto de seguro que foi ofertado ao segurado quando da contratação, para que não ocorra surpresa negativa no ato da regulação do sinistro, assim como, precisa possuir destreza para se comunicar quando da ocorrência de exclusões existentes no contrato. Dificilmente o corretor de seguros ou sua equipe de funcionários, terão conhecimento de todas as cláusulas contratuais contidas nas condições gerais dos produtos de se- guro comercializados, contudo, indica-se a leitura com atenção pelo menos quando da ocorrência de um sinistro avisado. DOCUMENTAÇÃO A etapa de apresentação de documentos é bastante importante, em diver sos ramos, é um diferencial importante na determinação dos prazos totais de regulação e a efetiva liquidação para o pagamento da indenização. Em alguns ramos, como, por exemplo, em seguros patrimoniais, é possível que o regulador de sinistros elabore um documento denominado termo de Notas Existem ramos, em que, considerando o tipo de sinistro, poucos documentos serão solicitados. Exemplo: em um sinistro Roubo/Furto um de automóvel, apenas o aviso de sinistro e o “Boletim de ocorrência” serão solicitados para início do processo de regulação.. 21 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS vistoria ou planilha de bens (apuração). Tais documentos possuirão infor mações do que foi apurado em vistoria. Existe a possibilidade de que, no ato da vistoria, toda a documentação necessária para a conclusão da regu lação seja apresentada ao segurado. Para comprovar os prejuízos, o segurado deverá apresentar, ao setor de regulação de sinistros, uma série de documentos, conforme a causa e o tipo do sinistro. No caso de um sinistro empresarial, os documentos quase sempre exigi dos em todos os casos são: ■ comprovante da razão social da empresa; ■ número de identificação no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa; ■ comprovante de endereço completo da empresa; ■ estatuto social vigente (cópia); ■ última ata de eleição da diretoria e conselho administrativo (cópia); ■ Contrato social e última alteração (cópia); ■ cópia da procuração (inferior a dois anos) outorgada pelos sócios (cópia); ■ cópias de CPF e documento de identidade dos sócios, dos tercei ros, dos beneficiários e dos representantes (cópia) e cartão CNPJ (cópia). Especificamente em um sinistro de incêndio, raio, explosão (garantia bási ca do seguro multirrisco empresarial), por exemplo, os documentos adicionais que poderão ser solicitados são: ■ formulário de aviso de sinistro; ■ declaração de inexistência de outros seguros; ■ certidão do Corpo de Bombeiros; ■ laudo do Instituto de Criminalística; ■ boletim meteorológico da região onde se encontra a empresa (queda de raio); ■ certidão atualizada de Registro Geral de Imóveis; ■ balanço patrimonial e demonstrativo de resultados do período de 90 dias anterior ao evento; 22 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ■ controle de estoque de mercadoria e equipamento; ■ controle de ativo fixo de móveis e utensílios; ■ contrato social e última alteração contratual; ■ contrato de locação (se houve); ■ três orçamentos visando à reparação ou substituição dos bens danificados; ■ comprovação das despesas incorridas em função do combate ao incêndio, proteção dos salvados ou redução dos prejuízos; ■ livro de entrada e saída de mercadorias; ■ relação dos bens danificados, com os respectivos valores de custo de reposição; ■ notas fiscais dos gastos efetuados e quaisquer outros documentos que possam ser importantes para aferição das características do sinistro. Em um sinistro de incêndio, raio, explosão ou implosão (garantia básica do seguro multirrisco residencial), por exemplo, os documentos que pode rão ser solicitados são: ■ contrato de financiamento do imóvel ou da promessa de compra e venda, com pagamento parcelado, se for o caso; ■ planta de localização do imóvel; ■ Identificação do imóvel (endereço, inscrição do IPTU, escritura etc). Em um sinistro de colisão, incêndio e roubo (garantia básica do seguro automóvel), por exemplo, os documentos que poderão ser solicitados são: ■ aviso de sinistro, com relato completo e detalhado do fato, infor mando dia, hora, local exato e circunstância do acidente; ■ nome, endereço e carteira de habilitação de quem dirigia o veículo; ■ se existem outros seguros em vigor para o mesmo veículo; ■ nome e endereço de eventuais testemunhas; ■ Boletim de Ocorrência; ■ RG, CPF e carteira de habilitação do motorista no momento do acidente. Em um sinistro de danos a safra por eventos climáticos (cobertura básica do seguro rural), por exemplo, os documentos que poderão ser solicita dos são: ■ croqui detalhado indicando a localização das quadras, com a área existente e a área sinistrada; 23 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ■ percentual do prejuízo apurado; ■ estágio de desenvolvimento da cultura na data do sinistro; ■ produção antes ou durante a colheita, quando for o caso; ■ prejuízos dimensionados em saca por hectare, tonelada por hecta re ou arroba por hectare; ■ laudo de inspeção prévia, de acompanhamento, quando houver. Em um sinistro de morte (garantia básica do seguro de vida), por exemplo, os documentos que poderão ser solicitados são: Em caso de morte natural: ■ certificado do seguro; ■ certidão de óbito; ■ certidão de casamento ou nascimento do segurado; ■ último contracheque; ■ declaração dos beneficiários. Em caso de morte acidental: ■ boletim de ocorrência policial; ■ laudo de exame cadavérico do Instituto Médico Legal (IML); ■ laudo de exame toxicológico e de dosagem alcoólica; ■ inquérito policial ou peças do inquérito, quando se tratar de homi cídio, suicídio ou tentativa; ■ carteira de motorista, em caso de acidente de carro, desde que o segurado tenha sido o condutor do veículo; ■ guia de recolhimento do FGTS; ■ cópia do último contracheque; ■ informações à Previdência (GFIP) do mês anterior à data do sinistro e, se for o caso, Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). 24 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS Atuação do Corretor O corretor precisa ficar atento aos documentos que serão apresentados para a regula- dora ou seguradora. Deverá ainda, analisar se os documentos apresentados estão devidamente de acordo com o que foi solicitado, se há alguma divergência de endereço, de numeração, proble- mas com boletins de ocorrência, laudos médicos ou técnicos ou qualquer divergência na documentação. É sempre importante questionar ao segurado se, por exemplo, os orçamentos de reparos (em casos de seguros patrimoniais) foram devidamente elabora- dos, ou seja, se efetivamente estão demonstrando todo o prejuízo ocorrido. Existem casos em que o segurado não apresenta todos os orçamentos ou não entrega toda a documentação solicitada o que, consequentemente gera atraso na indenização ou faz com que ela seja paulatina. Nesta etapa o corretor poderá apresentar um trabalhado diferenciado, como por exemplo, ser pró-ativo em acionaro segurado e explicar a importância de agilizar a entrega dos documentos, pois sem estes, a seguradora fica impossibilitada de efetuar a indenização. PRAZOS A Circular SUSEP nº 256/2004 estabelece que o não pagamento da inde nização, após 30 dias da entrega de toda a documentação solicitada à seguradora, acarretará o pagamento de juros de mora, independentemente de eventual atualização prevista. A contagem do prazo pode ser suspensa quando a seguradora solicitar (com justificativa formal) novos documentos para esclarecer dúvidas na análise das informações sobre o sinistro. INDENIZAÇÃO O processo de indenização é o pagamento decorrente de um sinistro que a seguradora faz ao segurado ou aos seus beneficiários, observando as condições estabelecidas no contrato de seguro. Para auxiliar o segurado em sua obrigação de provar o sinistro, o regulador 25 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS deve acordar com o segurado o escopo exato da perda. Em um sinistro residencial, por exemplo, o regulador deve descrever as dimensões do imóvel; listar materiais, como molduras, pisos, revestimentos de parede e acessórios; dar informações sobre características especiais do imóvel (se houver). Conforme o caso, ele pode precisar de um especialista externo na avaliação e reparo do tipo de propriedade envolvida. O ideal é contratar dois especialistas que devem preparar estimativas detalhadas dos custos de reparo com base na avaliação do regulador. Com isso, o regulador deve preparar uma estimativa do custo dos reparos com base na comparação das estimativas feitas pelos especialistas. Para substanciar o escopo acordado, o regulador deve fazer um inventário fotográfico e escrito completo da local do sinistro, indicando qualquer fator que possa ter causado os danos, identificando e precificando os bens e materiais danificados ou não. Os bens intactos ou parcialmente danifica dos, que ainda possuem valor econômico, constituem os “salvados“ do sinistro. Em um sinistro de incêndio, se houver suspeita de ato crimino so, pode ser necessário entrar em contato com as autoridades policiais e bombeiros. O regulador deve determinar o valor real de todos os bens segurados. Se a apólice fixar a indenização pelo custo de substituição, também deve deter minar o custo para reparar ou substituir os itens danificados por outros do mesmo tipo e qualidade. Se houver cobertura para despesas adicionais, o regulador deve instruir o segurado sobre sua exata natureza. Deve obter os montantes das des pesas normais do segurado com pagamentos de eletricidade, gás, água, coleta de lixo, refeições, viagens, entre outros, de modo a calcular o que foi adicional ao gasto normal, já que somente o gasto adicional será objeto de indenização. Depois que os reparos forem concluídos e os itens perdidos ou danifica dos forem substituídos, o regulador entra em contato com o segurado para tratar da liquidação do sinistro, ou seja, o eventual pagamento em dinheiro que resta fazer para finalizar o processo. O tempo que leva para receber o pagamento dependerá da complexidade e gravidade do sinistro. Cada reclamação de indenização é diferente, mas o regulador consciencioso dedicará o tempo e a atenção necessários para resolver o caso que lhe coube analisar da maneira mais rápida e satisfatória possível. 26 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS Atuação do Corretor Nesse momento, o corretor poderá se manifestar sobre o que foi calculado ou apurado, ar- gumentando a favor do segurado sobre tudo que foi excluído ou incluído na indenização. No entanto, é importante ressaltar que existem condições que não podem ser revertidas, por exemplo: a aplicação da franquia, do procedimento de depreciação, aplicação dos dispositivos de cláusulas contratuais ou pedidos de valores indenizatórios que ultrapassem o limite máximo de cobertura contratada, entre outros. É importante ressaltar que, tudo que estiver estipulado na apólice, ou seja, tudo que estiver firmado por contrato não poderá ser alterado. PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO DE SINISTRO Após a regulação, iniciase a etapa de liquidação do sinistro, considera da como a etapa final desse processo. É o encerramento do processo de sinistro, que pode ocorrer com o pagamento da indenização ao segurado ou sem pagamento de indenização (quando a seguradora identifica que o risco não está coberto, que ocorreram irregularidades, condutas ilegais ou máfé por parte do segurado). A recusa de indenização deverá ser realizada por meio de justificativa formal. A exemplo do que ocorre com a regulação, a liquidação de sinistros é observada sob dois aspectos: Restritamente Ato de pagar a indenização (valor devido em consequência de um sinistro coberto) ou encerrar um sinistro sem indenização. Genericamente Execução das conclusões da regulação em seu sentido mais amplo. Apurados os danos e concluído o processo de regulação, cabe, então: ■ efetuar o pagamento da indenização ou encerrar o processo sem indenização; 27 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS ■ negociar eventuais salvados; ■ tentar o ressarcimento contra os causadores do sinistro. As atividades de verificação do valor da indenização, de possíveis prejuí zos indenizáveis, bem como da identificação de salvados e ressarcimento são iniciadas na regulação, mas finalizadas na liquidação de sinistro. PREJUÍZOS INDENIZÁVEIS São os prejuízos passíveis de indenização que devem estar previstos nos contratos de seguros. Geralmente, dependendo da modalidade de seguro contratada, são indenizáveis também, além dos danos materiais, as despe sas decorrentes de providências tomadas para o combate à propagação dos riscos cobertos, para salvamento e proteção dos bens descritos na apólice e para o desentulho do local. Essas despesas poderão ser indeni zadas, desde que obedecido o bomsenso no ato do desembolso. SALVADOS Dáse o nome de “salvado” a tudo o que restar dos bens segurados após o sinistro, a tudo aquilo que tiver valor econômico para qualquer das par tes contratantes – segurado ou segurador. Consideramse salvados tanto os bens que tenham ficado em perfeito estado quanto os parcialmente destruídos ou danificados – por exemplo, chamas, fuligens, calor, água ou por qualquer outro meio utilizado para extinguir ou evitar a propagação do risco coberto. Os bens destruídos podem ser considerados salvados sem valor comercial. Os salvados constituem a primeira e imediata preocupação do regulador de sinistros, pois o seu aproveitamento representa, na maioria dos casos, a única possibilidade de minimizar os prejuízos e, consequentemente, as indenizações devidas pelas seguradoras. O sinistro, qualquer que tenha sido a sua extensão, não dá ao segurado o direito de abandono dos salvados às seguradoras, com o fim de rece ber a respectiva indenização integral. Desse modo, cumpre ao segurado preservar os salvados, tomando todas as providências necessárias com urgência. Pela característica de boafé demonstrada, os gastos adicionais, 28 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS que comprovadamente o segurado realizou na tentativa de proteger os bens segurados, serão analisados e poderão ser incluídos no cálculo da indenização devida. RESSARCIMENTO O ressarcimento é a busca do reembolso feita pela seguradora no caso de uma indenização paga ao segurado, em consequência de evento danoso provocado por terceiros. É o exercício de direitos nos quais a seguradora se subroga, quando pagar uma indenização ao seu segurado por sinistro causado por terceiros. SUB-ROGAÇÃO No seguro, a subrogação ocorre quando, após o sinistro causado por um terceiro ao segurado, a seguradora pagará a indenização ao segurado e cobrará do terceiro judicialmente. Em outras palavras, quando o prejuízo sofrido pelo seguradotiver sido decorrente de ato doloso (intencional) ou culposo (involuntário, caracterizado pela negligência, imprudência ou imperícia) de um terceiro, a seguradora, após pagamento da indenização, subrogase (toma o lugar) no direito dele (segurado), podendo ingressar na justiça com uma ação de regresso, ou seja, pleitear contra o causador do prejuízo (terceiro) o ressarcimento da indenização paga ao segurado. A subrogação de direitos está prevista no Código Civil Brasileiro com a seguinte redação: Art. 786 – Paga a indenização, o segurador sub-roga-se nos limi- tes do valor respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano. § 1º Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins. § 2º É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do segurador, os direitos a que se refere este artigo. Nos Seguros de Pessoas, a subrogação de direitos é vedada pelo art. 800 do Código Civil Brasileiro. 29 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS O regulador deve obter do segurado um acordo de subrogação, isto é, o direito que a lei confere ao segurador de assumir seus diretos contra ter ceiros responsáveis pelo sinistro que gerou uma indenização. Quase todos os sinistros têm potencial para subrogação. O relatório final do regulador deve conter recomendações para a busca de subrogação e para aprovei tamento ou venda de salvados, caso existam. VERACIDADE E LEGITIMIDADE As apólices de seguro contêm cláusulas exigindo que o segurado coopere na investigação do sinistro e apresente, à seguradora, documentos e informa ções de apoio. A documentação é importante porque facilita a investigação da veracidade e legitimidade do pedido de indenização do segurado. Em determinadas circunstâncias, a seguradora fica isenta de qualquer obrigação de indenizar o segurado. Entre elas, estão os casos de sinistros que ocorrem por culpa grave ou dolo do segurado, de reclamações de indenização fraudulentas ou feitas de máfé, ou ainda declarações falsas do segurado ou beneficiário feitas com objetivo de obter de benefícios ilícitos do seguro. Essas são cláusulaspadrão nas apólices de seguro, e o departamento de sinistros deve, em apoio ao lucro justo da seguradora e à integridade das reservas (que são recursos de todos os segurados), estar alerta a ações desse tipo, negando a indenização. FRAUDE A fraude em seguros pode ser premeditada ou oportunista. A fraude premeditada ocorre quando, por exemplo, o segurado dá informações incorretas na contratação de seguros tendo por objetivo a redução dos prêmios de seguros, ou quando premedita ação visando obter vantagem de contrato de seguros a partir de ocorrência inexistente ou planejada de um sinistro. A fraude oportunista – também chamada de abuso – ocorre quando, em um sinistro verdadeiro, o segurado reporta danos preexis tentes ao sinistro, procurando obter vantagem exagerada do contrato de seguros. A frequência é maior nas fraudes oportunistas, mas os valores envolvidos são muito menores. Da sua própria definição, depreendese que a fraude é crime, igualandose ao estelionato e ao dolo, sendo passível de enquadramento no famoso artigo 171 do Código Penal. Infelizmente, os segurados estão pouco cientes desse fato e da importância de se evitar a fraude em seguros. 30 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS DESACORDO A maior parte dos sinistros é resolvida com a satisfação de todos. Mas há casos de desacordo e o melhor a fazer desde logo é contatar e obter ajuda do corretor que vendeu o seguro e é profissional especializado. Se a insatisfação permanecer, o segurado deve entrar em contato com a seguradora, que tem um processo estabelecido para atendimento de reclamações. Para a solução amigável de conflitos, as seguradoras colo cam à disposição do cliente um SAC – Serviço de atendimento ao cliente. O cliente também poderá recorrer à Ouvidoria Corporativa da seguradora, que tem o papel de atuar de forma independente e imparcial na defesa dos direitos dos consumidores em sua relação contratual com a seguradora. Se o segurado, ainda assim, entender que teve seu direto negado, pode recorrer aos órgãos reguladores do governo – a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) ou, no caso do seguro ou plano de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As informações sobre como fazer a reclamação e a documentação neces sária estão disponíveis nos sítios da SUSEP e da ANS na Internet. Outra instância de reclamação são os PROCON (Programa de Orientação e Pro teção ao Consumidor). A instância final é, obviamente, a Justiça. FIGURA 1 : RESUMO DO PROCESSO DE SINISTRO Liquida indenização e recupera perdas Investiga indícios de fraudes Seguradora faz o registro inicial das comunicações de sinistro Analisa eventos e perdas com base no contrato Define valor da indenização 31 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS DIFERENCIAIS QUE UM CORRETOR PODERÁ APRESENTAR NA REGULAÇÃO Muitos sinistros não são nítidos e dão margem a dúvidas sobre os fatos e valores envolvidos. Muitos sinistros dependem de documentação com plexa e específica para sua comprovação. Alguns procedimentos exigidos pelos peritos da seguradora podem requerer certo grau de interpretação técnica, que somente o Corretor de Seguros terá habilidade para com preender e traduzir ao segurado. — Contratação do seguro A regulação é um dos processos finais de uma contratação de seguro. No entanto, a etapa de contratação (comercialização de um seguro) terá impactos na regulação de sinistro. Desse modo, o corretor deverá ficar atento, a fim de evitar que o segurado omita informações no momento da contratação com o objetivo de reduzir o custo pela aquisição do seguro, esclarecendo que, desta forma, aumentamse as possibilidades de recusas técnicas ao fim da regulação, causando a insatisfação do próprio segurado que omitiu informações. DICAS IMPORTANTES PARA ATUAÇÃO DO CORRETOR DE SEGUROS — Pró-atividade É necessário que o Corretor de Seguros acompanhe criteriosamente os estágios do processo de regulação, garantindo que o segurado tome ciência de seus direitos e de seus deveres, assim como, acompanhe se os prazos definidos por lei ou por contrato estão sendo cumpridos pela seguradora. Fique por dentro do que está ocorrendo! Em caso de dúvidas do segurado, não hesite em entrar em contato imedia tamente com a seguradora/corretora. Tenha sempre em mãos o número do sinistro para um rápido atendimento! 32 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS — Condições Gerais Tenha em mente que é quase impossível conhecer todo o conteúdo das condições gerais de uma apólice e o teor de todas as suas cláusulas, principalmente se consideramos que tais documentos passam por atua lizações periódicas, porém, adquira o hábito de analisálas sempre que estiver acompanhando um sinistro. — Acompanhamento da vistoria de regulação Sempre que possível, acompanhe o regulador de sinistros nas vistorias. Além de agregar conhecimento, faz com que a sua credibilidade junto ao segurado aumente consideravelmente. Desta forma o segurado se sente mais acolhido, principalmente em se tratando dos chamados “grandes ris cos” em que as perdas apresentam valores mais expressivos. — Atenção com a documentação Alguns corretores contribuem, mesmo que de maneira involuntária, para a demora na entrega da documentação, ou por desatenção aos prazos defi nidos ou até por desconhecimento. Sugerimos a criação de um cronograma ou agenda, contendo os itens e prazos para controlar toda a documenta ção recebida ou pendente, garantindo, desta forma, a agilidade na entrega dos documentos e consequentemente, na regulação e liquidação.Em alguns casos, a seguradora condiciona o adiantamento de parte da indenização à entrega de também parte dos documentos, portanto, nem sempre é necessário esperar para que o segurado entregue toda a docu mentação de uma só vez, para só depois ser direcionada à seguradora; Procure conhecer, na íntegra, as regras de entrega de documentação. — Indenização Conheça os valores contratados na apólice para identificar possíveis equí vocos ou distorções no que foi de fato indenizado pela seguradora. É função do corretor de seguros, controlar se tudo foi pago, no tempo certo e da maneira correta. Em última instância até mesmo acionar os órgãos competentes, caso algo que tenha prejudicado ou injustiçado o segurado seja identificado. 33 UNIDADE 2 REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS — Possível implantação de um setor de regulação na corretora Sabendose que a regulação do sinistro e o cálculo final de indenização do seguro é a entrega do produto final ao cliente, é importante considerar a contratação ou delegação de um funcionário (para corretoras de pequeno porte) ou a implantação de um departamento de sinistro (para corretoras de grande porte), exclusivamente destacado para focar nos processos de sinistro e em todas as complexas particularidades da regulação, fornecen do uma melhor experiência de satisfação ao segurado. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REGULAÇÃO DE SINISTROS PARA CORRETORES DE SEGUROS REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS. Diretoria de Ensino Técnico. Teoria geral do seguro/Supervisão e Coordenação metodológica da Direto- ria de Ensino Técnico. Assessoria técnica de Ildebrando Neres Junior. 5. ed. Rio de Janeiro: ENS, 2019, 186 p Sites: www.susep.gov.br www.tudosobreseguros.org.br www.estadao.com.br www.rbrs.com.br www.editoraroncarati.com.br www.revistaapolice.com.br http://www.susep.gov.br http://www.tudosobreseguros.org.br http://www.estadao.com.br http://www.rbrs.com.br http://www.editoraroncarati.com.br http://www.revistaapolice.com.br CONSIDERAÇÕES INICIAIS seguros Regulação de sinistro Etapas gerais do processo regulação de sinistro Objetivo da regulação de sinistro A importância da regulação de sinistro Processo da regulação de sinistro Importância do regulador de sinistros Competências do regulador Etapas especificas da regulação de sinistro Aviso do sinistro Análise do aviso de sinistro Vistoria Análise da apólice Documentação Prazos Indenização Processo de liquidação de sinistro Prejuízos indenizáveis Salvados Ressarcimento Sub-rogação Veracidade e legitimidade Fraude Desacordo Diferenciais que um corretor poderá apresentar na regulação Contratação do seguro Dicas importantes para atuação do corretor de seguros Pró-atividade Condições Gerais Acompanhamento da vistoria de regulação Atenção com a documentação Indenização Possível implantação de um setor de regulação na corretora referências Bibliograficas
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